
Um dos aspectos da Ufologia Brasileira que mais fascina quem se interessa pelo assunto, no país e no exterior, é a estrondosa onda de um fenômeno que se convencionou chamar de chupa-chupa, ocorrido nas décadas de 70 e 80 em certas regiões da Amazônia. Como já é amplamente conhecido, os casos envolvendo o misterioso fenômeno eram em geral graves e causavam seríssimas conseqüências às vítimas. Não seria exagero dizer que tal manifestação foi a maior e mais clara indicação de hostilidade que humanos já receberam até hoje de nossos visitantes exógenos ou extraterrestres. Os fatos eram tão intensos e graves – principalmente na região litorânea fluvial do Estado do Pará – que a Aeronáutica brasileira foi destacada para investigar as manifestações que se davam, tentando ao mesmo tempo entender o que se passava, o por quê das agressões e a origem do fenômeno. Para isso, em setembro de 1977, foi instituída a Operação Prato, a única iniciativa militar de investigação oficial de discos voadores de que se tem notícia em todo mundo.
Esta história é bastante familiar aos leitores que têm acompanhado em várias de nossas edições informações e matérias de grande significado, tanto sobre o chupa-chupa quanto sobre a referida operação militar. A ação da Revista UFO na divulgação dos fatos, há quase duas décadas, é tão reconhecida e respeitada que ela foi o veículo de comunicação escolhido pelo idealizador, comandante e responsável pela Operação Prato, o coronel Uyrangê Hollanda, para fazer revelações cruciais sobre o que se passou na Selva Amazônica, naquele período de grande atividade alienígena. Ele o fez procurando a revista para uma entrevista exclusiva, realizada em 1997, através da qual descreveu não somente fatos impressionantes sobre as observações, contatos e ataques de criaturas não humanas a moradores ribeirinhos da Amazônia, como também deu detalhes de como a missão militar que fora montada para investigar os casos agiu e a que resultados chegou.
A entrevista do coronel Hollanda, que cometeu suicídio apenas alguns meses após concedê-la, é hoje um marco da Ufologia Brasileira e foi traduzida e publicada em inúmeros países, tornando-se uma referência inquestionável. No entanto, por mais graves e contundentes que fossem as declarações do militar – ainda acrescidas de detalhes sobre a atuação do chupa-chupa, fornecidos por entrevistas adicionais que a Revista UFO fez com muitos outros envolvidos, testemunhas, vítimas e pesquisadores, civis e militares –, elas não representam tudo o que se sabe sobre as terríveis circunstâncias que envolveram as comunidades da floresta atacadas pelo fenômeno. O coronel Hollanda, aliás, não fora o primeiro a tratar do assunto, mas sim o primeiro militar a fazê-lo – e apenas após ter-se aposentado, quando não guardava mais qualquer compromisso com a Força Aérea Brasileira (FAB). Vários outros oficiais dariam pequenas declarações aqui e ali que acabariam, de uma forma marcante, somando-se ao quebra-cabeça que foi toda a intensa manifestação do estranho fenômeno na Amazônia. Muitos civis também tiveram participação semelhante na elucidação do quadro.
Enfim, duas décadas e meia do pico da manifestação já se passaram e as informações continuam, incrivelmente, a surgir, sempre sendo incorporadas ao ruidoso depoimento do coronel Hollanda, sempre confirmando a gravidade e a intensidade dos fatos, sempre estarrecendo ufólogos e ufófilos. Enquanto isso, as autoridades civis do Pará e dos demais estados da localidade, assim como os militares responsáveis por aquela vasta área, nada pronunciam, nada revelam. O estranho silêncio oficial praticamente reafirma a importância do fenômeno que se abateu sobre a Amazônia, de forma a estimular mais diligências, cada vez mais abrangentes e aprofundadas. Foi exatamente isso que este autor pretendeu fazer no meio do mês de agosto, ao passar vários dias visitando as regiões atingidas – principalmente a capital do Pará, Belém, e as ilhas fluviais mais próximas, Mosqueiro e Colares, epicentros do fenômeno.
Novos dados surgem — No entanto, minha expectativa, que era apenas a de coletar mais subsídios sobre os episódios, através de entrevistas com repórteres, médicos, investigadores, policiais e moradores de tais áreas, acabou sendo suplantada por uma avalanche de informações que ia surgindo a cada nova empreitada investigativa. Em face ao volume de novos dados sobre casos recentes e outros sobre fatos mais antigos, minha idéia inicial – que era de conceber um artigo despretensioso para sintetizar e atualizar os episódios relativos ao fenômeno chupa-chupa e à Operação Prato – foi imediatamente substituída por outra estratégia: proceder a uma investigação mais aprofundada das circunstâncias que envolveram a crise. Material para isso não falta. Ao contrário, será até mesmo uma difícil tarefa abordar tudo o que há de importante sobre as manifestações amazônicas. As novas diligências resultaram na obtenção de detalhes inéditos sobre os fatos citados – alguns bastante graves.
Para que o leitor tenha idéia, a citada operação militar de investigação dos acontecimentos, que sempre se acreditou ter sido composta de algo entre 10 e 15 homens, na verdade chegou a ter mais de 30! E seu municiamento de equipamentos pesados para a condução de suas tarefas, que antes era algo pouco conhecido, agora é tido como certo. Outra coisa que não se sabia, ou sobre pouco se sabia, era que animais domésticos e selvagens também foram atacados pela “luz vampira”, como o chupa-chupa foi apelidado em certas áreas. Outro fato novo que só agora poderá ser melhor conhecido foi o revelado pela médica Wellaide Cecim Carvalho, encarregada da Unidade Sanitária da Ilha de Colares, a 96 km de Belém, entre julho de 1977 e o primeiro semestre do ano seguinte. Ela declarou que pelo menos três pessoas faleceram em decorrência dos ataques do fenômeno, e o tratamento que as famílias dos mortos receberam das autoridades foi, no mínimo, desumano.
Enfim, são muitos os fatos e revelações novos sobre ocorrências antigas que agora podem ser somados ao quadro inicial montado pelo coronel Hollanda. E sua publicação na Revista UFO, nesta e nas próximas edições, através de um espaço próprio que criamos – o Dossiê Amazônia –, é uma tentativa de mostrar, desta vez com uma determinação e um detalhismo ainda maiores, que brasileiros e brasileiras de esquecidos rincões de nosso país foram sujeitos à ação nefasta de seres cuja origem e intenção desconhecemos. Mais que isso, é uma decisão de se apresentar de forma inequívoca que nossos m
ilitares acompanharam de perto a situação, interagindo com os causadores do fenômeno e sendo eles próprios testemunhas e vítimas, conhecendo detalhes da horrenda manifestação que ocorreu na Selva Amazônica, e, no entanto, escondem até hoje os fatos da população. Com novos depoimentos e entrevistas, que se iniciam nesta edição, o leitor será informado daquilo que quem tem a responsabilidade de informar, se recusa a fazê-lo.