Desde que a UFO recebeu em sua sede a visita do autor espiritualista Jan Val Ellam, em agosto, e este editor ouviu dele suas afirmações quanto ao que ele alega ter recebido de seus “orientadores espirituais e extraterrestres” sobre o futuro do planeta Terra, muita coisa aconteceu na Ufologia Brasileira. Nem tudo foi positivo, no entanto. Desde que Ellam informou que as tais “mensagens” continham duas importantes revelações – uma suposta explosão no Oriente Médio, em 04 de outubro, e o esperado contato oficial e definitivo com seres extraterrestres, para alguma data entre novembro e abril do ano que vem, culminando com aquilo que o autor interpreta como a volta de Jesus –, esta publicação tem buscado, a um custo razoável, fazer seu trabalho e cumprir sua missão: informar à Comunidade Ufológica Brasileira os fatos de que teve conhecimento e deixar seus leitores decidirem se os aceitam ou não e que providências julgam necessário tomar, se alguma.
Neste sentido, a primeira atitude deste editor foi iniciar uma entrevista com Jan Val Ellam – pseudônimo literário do empresário potiguar Rogério de Almeida Freitas –, que se deu parte em Campo Grande (MS), parte pela internet, com auxílio de outros três integrantes do Conselho Editorial da publicação. Ao longo do processo de formular perguntas e receber as respostas, que foi repetido várias vezes, ficou editorialmente claro que o conteúdo das revelações do entrevistado era definitivamente bombástico, tenham elas a capacidade de se realizarem ou não. Em pouco mais de uma semana a entrevista ficou pronta, e nos dias seguintes foi acomodada em 13 páginas da edição UFO 126, de outubro. O tamanho do material e a decisão de dar a ele a chamada de capa seguiram critérios claros, que norteiam qualquer publicação: a seriedade e reputação do anunciador dos fatos, conceitos sobre os quais não pairam dúvidas, e a contundência de suas afirmações. Tivesse o material sido menos impactante ou seu responsável menos respeitado nos segmentos nos quais atua – Espiritualidade e Ufologia –, a decisão quanto ao número de páginas dadas à entrevista e a adoção do destaque da capa poderiam ter sido outros.
Contundência que foge à rotina — Fechada a edição e enviada para a gráfica, a segunda atitude que este editor tomou seguiu uma tradição que já tem vários anos: informar aos leitores da revista, através da internet, o conteúdo que a edição do mês terá quando lançada. Fazemos isso mensalmente, de forma rotineira, valendo-nos principalmente de nossa lista de debates virtuais, a Revista UFO Online, da qual participam mais de 3,3 mil leitores. Mas no caso de UFO 126, dada à contundência do material da entrevista – que nada tinha de rotineiro –, fizemos o anúncio na rede mundial apresentando também alguns detalhes das afirmações de Ellam.
As críticas à entrevista e à decisão deste editor de publicá-la foram muito mais numerosas e arrojadas do que os comentários positivos. E partiram dos mais variados segmentos, inclusive dos próprios integrantes do
Conselho Editorial de UFO
Entre eles, a introdução deste editor à entrevista e três perguntas e respostas, de um total de mais de 30 que foram publicadas. Pretendíamos com isso preparar os leitores para os fatos que seriam conhecidos quando a edição chegasse às bancas, menos de duas semanas depois. Imediatamente após a postagem dos e-mails, uma comoção atingiu a internet brasileira, com discussões surgindo nos mais variados fóruns e listas de discussão, e com o conteúdo das mensagens sendo publicado em inúmeros sites e repassado para uma quantidade enorme de pessoas, ora por simpatizantes de Ellam, ora por seus críticos – mas sempre com a adição de comentários que a estes grupos são pertinentes. Em questão de dias estava instalada a maior polêmica que a Ufologia Brasileira já viu. As críticas à entrevista e à decisão deste editor de publicá-la, claro, foram muito mais numerosas e arrojadas do que os comentários positivos – e partiram dos mais variados segmentos, inclusive dos próprios integrantes do Conselho Editorial de UFO. Todas foram acolhidas e respeitadas, exceto, naturalmente, as manifestações extremadas de céticos de plantão, de um lado, e de exacerbados espíritas, de outro. O alarmante, no entanto, é que boa parte das críticas foram feitas à pessoa do entrevistado, o “mensageiro”, e não ao conteúdo da mensagem.
Condenação do mensageiro — Mas o pior deste cenário é o fato de que, a esta altura, a edição UFO 126 sequer tinha chegado às bancas, e portanto os críticos se basearam exclusivamente em 10% do conteúdo da entrevista para julgá-la por inteiro! Ou seja, um momento verdadeiramente especial da Ufologia Brasileira – quando fatos, sejam eles capazes de se realizar ou não, acordam praticamente todos os seus integrantes, como raramente se viu antes – foi encoberto por uma atitude no mínimo esdrúxula e no máximo uma falta de ética que pode ser vista como o cúmulo da precipitação. Sim, uma precipitação que levaria, como levou, a inúmeros equívocos, ao acirramento de ânimos, à condenação a priori do mensageiro etc, sem sequer ser analisada a íntegra de sua mensagem.
A Revista UFO e este editor não foram poupados, nem mesmo dos históricos amigos da publicação, muitos dos quais a acompanham desde seu surgimento, mais de duas décadas atrás. A decisão editorial de publicar o material – e fazê-lo no tamanho e com o destaque que se viu após a circulação da revista – foi duramente atacada. Mas as críticas recebidas, sobre as quais nos debruçamos com cuidado, eram mais do que esperadas. Ora, em momento algum este editor e seus colaboradores mais diretos tiveram a ilusão de que elas não viriam! Como em nenhum instante de sua história, a Revista UFO, que denunciou os piores esquemas ilícitos da Ufologia Brasileira, assim como anunciou seus fatos mais marcantes, omitiu-se ou desprezou informações que considerou imprescindíveis para os leitores com temor das críticas que receberia. Ou seja, ainda que falhando em vários momentos de sua trajetória, o que humildemente reconhecemos, UFO buscou sempre cumprir sua missão jornalística, ainda mais em se tratando da única publicação nacional sobre o Fenômeno UFO, e a mais antiga do mundo.
Interesse na elevação da Ufologia — A revista acolheu e considerou cada uma das críticas recebidas, ou pelo menos aquelas que foram formuladas por pessoas interessadas na elevação da Ufologia, com consistência e respeito. Mas elas não terão o condão de extinguir a discussão. Pelo contrário, como se verá nesta edição, os debates continuam acalorados. A
s páginas seguintes contêm mais de uma dezena de manifestações de autores brasileiros a respeito das previsões de Jan Val Ellam. O leitor constatará que a maioria delas é contrária – e algumas até veementes – a tudo aquilo que o entrevistado afirmou. Estas manifestações e a de seus simpatizantes estão sendo publicadas, apesar de algumas terem sido formuladas antes do conhecimento integral da entrevista, porque seus autores oferecem subsídios aos leitores para que, ouvindo os dois lados da questão, façam suas próprias análises e tirem suas próprias conclusões.
UFO se limita a oferecer este espaço, que tomou quase a totalidade da edição, para mais uma vez fazer cumprir seu papel. Ao final dos debates, o próprio Ellam faz suas considerações, que, a exemplo dos autores que o antecedem, também merece a atenção do leitor. A Revista UFO continuará a acatar para publicação, em suas futuras edições e no Portal UFO [ufo.com.br], qualquer reação a esta polêmica que venha a receber, tanto positiva quanto negativamente, sem artificialmente mudar os números de aceitação ou rejeição das previsões do entrevistado, quer para favorecer ou reprovar sua postura. Isso é imparcialidade! Mas devemos fazer a necessária ressalva de que tais reações devem ser formuladas por pessoas que tenham intenção genuína de contribuir com a Ufologia, além de responsabilidade e amadurecimento ao fazê-las – e somente quando seu propósito for o de confrontar as afirmações de Ellam, e jamais sua pessoa e honra, coisa que infelizmente já aconteceu. Isso é ética! Enfim, UFO, que iniciou o debate, não o encerrará por sua decisão, mas cederá suas páginas para sua continuidade, em benefício da Ufologia Brasileira.