Em uma tarde de maio de 1973, a pequena localidade de Pueblo Achar, no departamento uruguaio [Estado] de Tacuarembó, foi agitada por uma grande explosão nos arredores de uma fazenda arrendada por Isidro Tito. Três anos depois, em 1976, durante uma grande onda ufológica na mesma área, aproximadamente uma centena de possíveis marcas de pouso de UFOs surgiram exatamente naquele local. Passado mais algum tempo, no início de 1977, foi possível investigar o lugar in loco, após a avalanche de relatos de avistamentos na região no ano anterior. Das dezenas de marcas lá encontradas, uma com forma de ferradura e 18 m de diâmetro era a mais impactante — tinha espessura de 30 cm e estava rodeada por fungos.
A impressionante marca foi descoberta dias depois que moradores viram pousar ali uma grande luminosidade, que gerou algumas estranhezas — segundo Tito, o gado preferia comer o pasto sobre a marca ao que estava no resto do campo, algo que já se observou também em outros casos de pousos, em que coelhos se alimentaram exclusivamente do pasto sobre outra marca de aterrissagem de UFO. Outro fenômeno encontrado no local também chamou a atenção. Um formigueiro que ficou dividido, com metade de seu corpo dentro da figura e metade fora, apresentava uma curiosidade: as formigas que viviam na parte externa abandonaram o formigueiro e migraram para o lado afetado pelo sinal de pouso.
Investigação in loco
A investigação do cenário cada vez mais indicava que ali poderia estar enterrado algo insólito. Amostras de terra, pedras da cratera, fungos etc foram colhidas para análise na Argentina. Mas, permanecendo no local, outro investigador obteve, ao longo de meses de trabalho, uma impressionante quantidade de um estranho material da cratera, cerca de 4,7 kg de algo duro como aço e leve como alumínio. Foi somente em meados de 1988 que se organizou uma operação para coleta daquela estranha liga para fins de pesquisa. Parte do trabalho de investigação também consistiu em recapitular em grupos os episódios ocorridos na localidade desde 1973, quando se verificou que entre 1978 e 1985 houve um período praticamente nulo em termos de avistamentos ufológicos no local — que voltaram a ocorrer a partir do inverno de 1985, porém em menor intensidade que antes.
Entre os estudiosos uruguaios que faziam parte da equipe de investigação estava Leonel Montes de Oca, que, com amigos, conseguiu escavar e extrair as amostras metálicas que constituíam a peça mais contundente do Caso Tacuarembó. Uma vez extraídas do local, no entanto, elas já não conservavam mais seu magnetismo anormal, demonstrado com uma bússola quando ainda estavam na cratera. Aos poucos, os 4,7 kg originais do material se transformaram em 1,5 kg, por desaparecimentos e perdas. Ao longo dos anos que se passaram, militares da Força Aérea Uruguaia (FAU) e até mesmo membros de uma comissão científica chinesa e um coronel israelense compareceram ao local. Não se sabe com que propósito.
Pesquisa tumultuada
A investigação do Caso Tacuarembó teve momentos difíceis e até desagradáveis, como o surgimento inusitado de policiais, a apreensão de um rolo de filme fotográfico e interrogação exaustiva dos filhos de Oca. Por fim, o retorno à Argentina da equipe de pesquisa acabou sendo um sucesso, especialmente por ter sido possível levar para análises, de forma disfarçada na bagagem, o estranho material metálico em três peças, totalizando 165 gramas. Nossas medições iniciais detectaram a presença de bolhas nas amostras, talvez como resultado de sua exposição ao calor — também não havia qualquer magnetismo ou mesmo radiatividade no material.
As amostras foram levadas ao Instituto de Geologia Aplicada (INGEA) da Faculdade de Ciências Naturais e Museu da cidade de La Plata e entregues ao geólogo Raúl de Barrios. Ele procedeu a exames de raio-x e confirmou por análise difratométrica, com um equipamento da marca Rigaku, um pico de maior intensidade correspondente à presença de alumínio no material, segundo o padrão nesse tipo de análise estabelecido pela Sociedade Americana de Testes e Materiais. Outro pico, de menor intensidade, se devia à presença de titânio, e um terceiro pico, de muito baixa intensidade, tinha valores que não puderam ser determinados.
Material de alta refletividade
O estudo calcográfico de amostragem polida se realizou com o corte de um pedaço de uma das pedras e inclusão em resina sintética, com o objetivo de fazer seu desgaste e polimento final com elementos abrasivos especiais e pasta de alumina. Foram então identificadas três fases sólidas: um material de alta refletividade, baixa dureza e cor esbranquiçada, que correspondia ao alumínio e era a base fundamental da liga. Outro, de mediana refletividade, duro e cinza-azulado, que corresponderia ao titânio. E um terceiro e mais duro, de mediana refletividade, cinza-esbranquiçado e ligeiramente azulado, que corresponderia às menores proporções da liga.
Resumindo, podemos dizer que os elementos encontrados na estranha liga de Tacuarembó indicam com clareza que ela era artificial, ou seja, que foi construída em laboratório ou indústria e submetida a mais de 660º C, temperatura em que começa a fundir o alumínio — invalidando assim a possibilidade de se tratar de algo natural, de um meteorito ou seus restos, devido à ausência total de ferro. Foram recomendados exames complementares específicos, alguns deles realizados na Faculdade de Engenharia da Universidade Nacional de La Plata, especificamente no Laboratório de Metalúrgica do Departamento de Mecânica e tendo como responsável o engenheiro Alfredo C. González. A análise química da amostra resultou no que se vê na tabela acima.
Foi ainda realizada uma análise mecanográfica das amostras, procedida com microscópio óptico com 150x de aumento e sobre uma peça sem ataque químico e outra atacada com fluoreto de hidrogênio a 0,5%. Como resultado, concluiu-se que a estrutura corresponde a uma liga fundida, com segregação dendrítica típica desse tipo de processo. Essa segunda análise, embora apresente pequenas diferenças com relação à primeira, especialmente na proporção de titânio, corrobora ser a liga artificialmente fundida e dá mais detalhes. Para se obter ainda mais segurança nos resultados, foi realizada uma terceira verificação na Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA), chamada de difração de raio-x.
Realizou-se lá uma varredura com detectores ao largo de toda a banda da amostra, com o objetivo de captar sua composição metálica, sendo mais uma vez determinada a presença de alumínio como elemento fundamental. Foi, enfim, finalizada a etapa das análises e houve a constatação de que bem poucas vezes em Ufologia se realizaram exames dessa natureza em amostras possivelmente relacionadas ao Fenômeno UFO, assinados por cientistas de entidades reconhecidas. Porém, claro, tais testes nã
o mostrariam nos espécimes qualquer material ou elementos desconhecidos na Terra — mas sim uma liga produzida com materiais existentes em todo o universo, de natureza claramente artificial.