Em pleno período de abertura política, sob os ventos da Perestroika e da Glasnost, a antiga União Soviética passou por uma onda de avistamentos ufológicos que chamou a atenção de todo o mundo. Ao contrário do que alguns jornais europeus escreveram, as aparições de objetos voadores não identificados no Leste Europeu não começaram de uma hora para outra. O interesse pelos UFOs na União Soviética tem uma longa história, que remonta a fatos ocorridos há mais de quarenta anos. A mais importante onda ufológica da ex-URSS, a que aconteceu em 1989, por exemplo, foi apenas um dos momentos culminantes na história da casuística daquela região. Sendo assim, para melhor compreender os fatos é preciso fazer um rápido panorama histórico e analisar mais detalhadamente o atual contexto da Ufologia russa.
No final da década de 40, tanto nos países ocidentais como nos do Leste europeu, registraram-se os primeiros avistamentos de UFOs, objetos e luzes misteriosas no céu. Existem notícias de aparições ufológicas na União Soviética desde 1943, incluindo uma pequena onda, contemporânea à epidemia de “foguetes fantasmas” na Escandinávia, em 1946, e outras concentrações de casos em 1949. Ao longo da história, houve muitos momentos em que a Ufologia foi usada pelo poder estatal soviético para manipular ideologicamente a população. Nada mais apropriado e conveniente para o governo, visto que, em épocas de Guerra Fria, ter o controle do pensamento coletivo era um grande trunfo.
Desde o início, os comentários da imprensa soviética a respeito de acontecimentos ufológicos foram marcados pelo negativismo mais absoluto: as reportagens sempre se referiam aos avistamentos ocidentais como se fossem armas secretas e manobras militares dos países inimigos. Em 1953, a Rádio Moscou lançou um refrão que caracterizou os anos da Guerra Fria: “Os discos voadores são uma invenção ocidental para amedrontar seus contribuintes e fazê-los aceitar elevadas despesas para a defesa”. Depois, a imprensa soviética manteve, durante vários anos, o mais completo silêncio sobre o assunto, induzindo a CIA a pensar que, na realidade, os UFOs pudessem ser uma arma da guerra psicológica.
MEMBROS DO GOVERNO DA URSS CHEGARAM A AFIRMAR QUE OS UFOs NÃO TINHAM NENHUM FUNDAMENTO REAL
Contudo, o silêncio denunciava de tal forma o embaraço das autoridades em relação aos avistamentos soviéticos que, em 1957, membros do governo chegaram ao ponto de afirmar que os discos voadores não tinham nenhum fundamento na realidade, sendo encarados apenas como fenômenos imaginários. Tudo isso para “tranqüilizar” os cidadãos soviéticos. Alguns anos depois, mais precisamente em 1962, foi publicado na URSS o primeiro livro sobre os UFOs, cujo autor era o célebre astrônomo norte-americano Donald Menzel. Sua obra sustentava a tese de que todos os avistamentos de UFOs poderiam ser reduzidos a causas convencionais, particularmente aos reflexos de luzes terrestres nas camadas de ar que separam zonas de temperaturas diferentes (inversões térmicas). Por muitos anos, este seria o único livro ufológico publicado em idioma russo, constituindo-se numa Bíblia para o ambiente científico soviético.
Entretanto a Ufologia era de grande interesse para os cidadãos da União Soviética, um país onde a ficção científica sempre foi muito difundida e a possibilidade da existência de formas inteligentes de vida extraterrestre sempre teve uma maior aceitação do que no Ocidente. Porém, devido à postura oficial de bloqueio do governo frente ao Fenômeno UFO, os interessados na pesquisa ufológica não encontravam fontes de informações. E necessário considerar que até 1990, na URSS, não existia nenhum modelo de imprensa como os que haviam nos países capitalistas ocidentais. Os meios de comunicação sempre estiveram muito ligados ao poder do Estado totalitarista, dependendo sempre da aprovação política. Entre os principais jornais russos da época da Glasnost estão o Pravda, que pertencia ao Partido Comunista, o Izvestija, que era do governo, o Trud, dos sindicatos, e o Krasnaja Zvezda, das forças armadas.
Um veículo de comunicação que também foi muito importante durante a Guerra Fria foi a agência oficial de notícias TASS (Agência Telegráfica da União Soviética), vinculada à Presidência do Conselho de Ministros. Por muitos anos, o interesse pelos UFOs continuou a manifestar-se somente em nível de contracultura subterrânea, através da difusão de notícias incontroláveis e relatos que, passando de boca em boca que acabam inevitavelmente deformados. Durante os anos 50 e na primeira metade dos anos 60 começaram a se infiltrar no Ocidente notícias de avista-mentos de UFOs na URSS. Muitos desses relatos chegavam a ser inacreditáveis, pois não havia possibilidade nenhuma de comprovação. Não por acaso, alguns dos casos de UFO soviéticos mais famosos, publicados pela literatura ufológica americana e européia, não encontraram nenhuma resposta junto aos estudiosos. Em alguns casos, os russos tomaram conhecimento de alguns avistamentos na URSS através de fontes ocidentais, e imediatamente os censuraram, sem mesmo os investigar.
Só ocasionalmente a cortina do silêncio parecia abrir-se para o problema UFO. Por exemplo, em 8 de janeiro de 1961, o jornal das juventudes comunistas Komsomolskaja Pravda publicou a foto de um UFO e chamou a atenção para uma onda de avistamentos de discos voadores à baixa altitude no Uzbequistão e no Tadjiquistão. Eram casos que aterrorizavam as populações e os animais, deixando também marcas circulares de aterrissagem. No dia seguinte, o jornal do partido comunista e voz oficial do poder, o Pravda, afirmou drasticamente que “…os cidadãos soviéticos que diziam ter visto estes discos são idiotas ou mentirosos incorrigíveis”, sublinhando que os avistamentos soviéticos eram iguais aos americanos. O Pravda chegou mesmo a acusar as testemunhas de serem traidoras da pátria que ouviam secretamente a emissora de rádio Voice of America, dos EUA.
O KAZAQUISTÃO FOI INVADIDO POR APARIÇÕES DE UFOs E O GOVERNO ENVIOU ESPECIALISTAS PARA TRANQÜILIZAR A POPULAÇÃO
Em 1960 a revista Literaturnaja Gazeta publicou com grande destaque a opinião do estudioso Matest Agrest, para quem alguns episódios descritos na Bíblia se refeririam na verdade a intervenções de seres extraterrestres, sendo que o próprio Jesus Cristo teria sido um ET e a Estrela de Belém sua astronave. A notícia teve grande ressonância no Ocidente, sendo freqüentemente citada e criticada pelos autores de Clipeologia e Arqueologia Espacial. Na realidade, as declarações de Agrest, bem como todo o rico filão de literatura russa sobre paleocontato, com autores populares como Alexandr Kazantsev, por exemplo, fazem
parte de uma forte campanha anti-religiosa [Editor: paleocontato refere-se ao estudo de contatos com ETs em tempos remotos, por nossos ancestrais].
Com a retomada do intercâmbio cultural e científico entre os países do Leste e Oeste, em meados dos anos 60, começaram a ser divulgadas novas ondas de avistamentos de UFOs sobre o território soviético. No ano de 1965, o Kazaquistão foi invadido por notícias de aparições de UFOs — tão distorcidas que atingiram dimensões preocupantes e o governo enviou à região especialistas para que “explicassem” os avistamentos e tranqüilizassem a população. O povo local interpretava esses fenômenos aéreos como sinais sobrenaturais que anunciavam uma catástrofe iminente, com um conseqüente e indesejado (para Moscou) reavivamento religioso.
Contudo, isso não contribuiu para que, no mesmo ano, a Rádio Moscou repetisse que os UFOs eram uma invenção do ministro norte-americano de Defesa, Robert McNamara, cujo objetivo era para alarmar o mundo. Em 1966 e 67, grandes ondas de avistamentos foram relatadas não só na URSS mas em todos os países que faziam parte do Pacto de Varsóvia. No ano de 1966, realizou-se em Moscou o Congresso internacional de Matemática e, naquela ocasião, o cientista e ufólogo franco-americano Jacques Vallée pôde proferir uma conferência sobre o Fenômeno UFO e publicar seus artigos nos jornais soviéticos. Vallée retornou ao Ocidente com informações sensacionais sobre o Fenômeno UFO na ex-URSS. Uma delas apontava que a aeronáutica militar soviética havia registrado cerca de 15 mil avistamentos de UFOs em um curto período de tempo. Esse número era bem maior do que o do Project Blue Book, norte-americano, para se ter idéia. Mas o maior efeito da visita de Vallée ao Leste foi encorajar pessoas interessadas por Ufologia há anos a darem continuidade às suas pesquisas e investigações. Uma dessas pessoas era o professor de Matemática do Instituto Aeronáutico de Moscou, Felix Zigel.
Em 18 de outubro de 1967, durante o Comitê inter-republicano de Astronáutica em Moscou, diante de nada menos que 400 pessoas, aconteceu a reunião constitutiva do primeiro — e verdadeiro — grupo ufológico soviético, para o qual foram nomeados como coordenadores o general de aviação Porfiry Stoljarov, o professor Zigel, o escritor Alexandr Kazantsev e o engenheiro Arkhadi Tikhonov. Além desses estudiosos, também faziam parte do grupo um cosmonauta, 18 cientistas e cerca de 200 outros pesquisadores. No dia 10 de novembro do mesmo ano, Zigel e Stoljarov apareceram na televisão estatal, no horário de maior audiência, mostrando fotos e desenhos de UFOs, afirmando que se tratava de “…um assunto sério que merecia estudo aprofundado”, e convidando testemunhas a entrarem em contato com o comitê. Os milhões de telespectadores surpresos, acreditando que o convite fosse de alguma entidade governamental, disciplinadamente começaram a relatar centenas de avistamentos em toda a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
O PROFESSOR FELIX ZIGEL, UMA DAS AUTORIDADES SOVIÉTICAS NO ESTUDO DOS UFOs, FOI OBRIGADO A CALAR-SE SOBRE O ASSUNTO
Mas o programa de televisão teve o efeito de um bumerangue nos meios de comunicação ocidentais, que anunciaram com alarde a constituição de uma comissão oficial de pesquisa ufológica na URSS, algo que seria paralelo à Comissão Condon, instituída naquela mesma época pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Inutilmente, a Academia de Ciências da URSS tentou esclarecer que não se tratava de uma iniciativa oficial, mas de um grupo de cientistas que se interessavam pessoalmente por um assunto considerado não científico. Um exemplo disso é que, num dos encontros da Seção de Física Geral e Astrofísica da ASC, foi até evocada a honra dos cientistas russos, que estavam se deixando ridicularizar aos olhos de seus colegas ocidentais.
Em 29 de fevereiro de 1968, o Pravda publicou um artigo assinado pelos diretores dos Comitês de Astronáutica, Astronomia, Geofísica e Física da Academia, no qual era reafirmada a postura oficial soviética “…de que o mito dos discos voadores já havia sido esclarecido há muito tempo”. Depois desta publicação, dolorosa para os meios ufológicos, voltou o silêncio sobre o assunto na imprensa soviética, sendo que o chamado Comitê Stoljarov deixou de existir e alguns de seus membros foram constrangidos a desmentir a existência dos UFOs. Quanto ao professor Zigel, este foi proibido de dar entrevistas, em particular a jornais ocidentais, e foi impedido até de publicar o livro que havia acabado de escrever, que apresentava uma seleção de cerca de 200 avistamentos ufológicos na URSS — todos com base nos testemunhos recebidos da população.
Na realidade, as verdadeiras razões da eliminação deste primeiro grupo ufológico soviético eram outras: naquele mesmo ano, os russos estavam realizando experimentos secretos de lançamentos de mísseis das bases de Tyuratam e de Baikonur, com o objetivo de tentar colocar em órbita bombas de hidrogênio, em violação aos acordos firmados com os Estados Unidos. Além disso, no mesmo ano de 1967 foram iniciados os lançamentos de satélites-espiões do cosmódromo secreto de Plesetsk. A reentrada de um de seus foguetes transportadores, observada casualmente por um avião em vôo, foi descrita detalhadamente por um telespectador da TV estatal como sendo um UFO, e Felix Zigel, sem saber da verdade, publicou-o na revista Vida Soviética entre os seus casos ufológicos legítimos. As atividades dos ufólogos poderiam, em resumo, atrapalhar o sigilo das operações militares e por isso foram postas em silêncio.
Seguiram-se 10 anos de virtual silêncio sobre UFOs na URSS. Um fator significativo é que a maior parte dos avistamentos russos publicados em 1972 no livro Os UFOs além da cortina de ferro, do ufólogo romeno Ion Hobana, não passava de mera repetição conceituai de casos e mais casos conseguidos pelo autor não através de fontes russas, mas de revistas ufológicas ocidentais. Nos anos 70, uma parte das discussões sobre Ufologia na imprensa cientifica da União Soviética foi publicada no âmbito dos estudos sobre raios globulares, um assunto mais aceitável e sobre o qual até revistas técnicas e científicas aceitavam artigos, publicando muitas vezes textos e debates escritos não apenas por cientistas, mas também por estudiosos amadores e pelas p
róprias testemunhas. Entre os casos expostos, na verdade, mais que raios globulares alguns certamente poderiam ser definidos como ufológicos.
No entanto, entre 1976 e 77, avistamentos de UFOs aconteceram em várias regiões da ex-URSS. O que teve maior repercussão entre eles ocorreu em 20 de setembro de 1977, sobre a cidade de Petrozavodsk, onde milhares de pessoas observaram uma espécie de gigantesca medusa voadora que deixou a cidade em pânico, como se estivesse vivendo um ataque nuclear norte-americano. Surpreendentemente, enquanto os jornais soviéticos falavam em “fenômeno extraterrestre”, a verdadeira explicação para o fenômeno era o lançamento do satélite-espião Kosmos 955, da base de Plesetsk [Editor: ver o artigo URSS, a base secreta, em UFO 07, junho de 1989]. Também por esse propósito sucedeu-se algo estranho: o jornalista Henry Gris, do semanário sensacionalista norte-americano National Enquirer, voltou a entrevistar Felix Zigel, publicando uma série de artigos declarando que os russos tinham provas concretas da existência de UFOs. O fato pareceu muito suspeito, pois pelo que se conhece de Zigel, ele não poderia ler feito tais afirmações, por mais estrondosas que fossem suas declarações.
Para explicar essa estranha informação, outro ufólogo soviético, Nikita Schnee, nas páginas da revista ufológica inglesa Flying Saucer Review, acusou Zigel de ser pago pela KGB, o antigo serviço secreto soviético. Schnee também acusou Zigel de sabotar outros ufólogos soviéticos, prestando-lhes desinformação e passando-lhes dados contraditórios. Uma pesquisa conduzida pelo grupo ufológico de Schnee sobre alguns avistamentos citados por Zigel teria demonstrado que eram inventados do início ao fim. Para ele, Zigel não seria mais que um agente da contra-informação soviética que, diferentemente de 1967, não hesitava em dar crédito às histórias de visitas extraterrestres para encobrir atividades militares secretas. Mas o interesse pelos UFOs representava ainda, nos anos 70, alguma coisa desagradável às autoridades, como demonstraram os acontecimentos vividos pelos ufólogos da Estônia.
SOB SUSPEITA DE PERTENCEREM A GRUPOS SUBVERSIVOS, UFÓLOGOS ERAM CONSIDERADOS DISSIDENTES E AMEAÇADOS DE PRISÃO
Na cidade de Tallin existia, até os primeiros anos da década de 70, um ativo grupo de apaixonados pela Ufologia, ligados ao jornalista Juri Lina. Este repórter fazia circular traduções clandestinas de artigos ufológicos ocidentais e relações de avistamentos locais. Sob a suspeita de pertencerem a um grupo religioso e potencialmente subversivo, tais ufólogos, em 1975, passaram a incomodar órgãos como a KGB. Considerado dissidente, Lina perdeu o emprego, foi ameaçado de prisão e internado num manicômio. Somente em 1978, com a ajuda de ufólogos finlandeses, Lina conseguiu sair da ex-URSS, expatriado com a desculpa de um falso casamento. Mas a KGB continuou a persegui-lo mesmo na Finlândia. O jornalista então decidiu transferir-se para a Suíça, onde vive até hoje. Menos sorte ainda teve o ufólogo Vyaceslav Zaitsev, de Minsk, que em 1978 foi condenado a cinco anos de prisão na Sibéria por “propaganda religiosa”.
UFÓLOGOS AFICCIONADOS, ENTRE OS QUAIS ALGUNS CIENTISTAS E MILITARES, FORMARAM EM MOSCOU UM GRUPO DE ESTUDOS UFOLÓGICOS
Se era impossível impedir a formação de associações ufológicas em nível particular ou privado naquela época, pelo menos algumas mudanças conseguiram ser implantadas no ambiente científico soviético. No final dos anos 70, o físico Vladimir Azhazha, vice-diretor da Seção de Pesquisa Submarina da Academia de Ciências da URSS. havia feito uma série de conferências sobre Ufologia, cujos textos circulavam em Moscou em forma de samiszdat (textos datilografados, recopiados por mimeógrafo e distribuídos clandestinamente). Em 1978, Azhazlia e outros aficcionados ufólogos (entre os quais diversos cientistas e militares) constituíram em Moscou um grupo para estimular a criação de uma comissão de estudos ufológicos. O grupo, que na prática objetivava trazer à luz a atividade do dissolvido Comitê Stoljarov depois de dez anos, teve logo um difícil início.
Desde o começo do governo Gorbachev na ex-URSS, o direito de associação deixou de existir. Os grupos ufológicos não podiam ser formados, a não ser que se camuflassem com o nome de seções no âmago de associações profissionais já reconhecidas. Sendo quase impossível mencionar explicitamente a expressão UFO [Editor: Neopozhannje Lietajushkie Objecti (NLO) em russo], o grupo de Azhazha foi formalizado em 1979 com o nome de Seção para Pesquisa Eletrônica de Civilizações Extraterrestres nas Vizinhanças da Terra. A entidade estaria camuflada como que fazendo parte da Sociedade Técno-Científica Popov de Rádio, Eletrônica e Comunicações. Poucos meses depois, esta Sociedade obrigou o grupo a mudar o nome para Seção para Pesquisa dos Fenômenos Atmosféricos Anômalos, que parece explicitar melhor seu verdadeiro objetivo.
Em 1979, a Academia de Ciências da URSS publicou o primeiro relatório russo sobre Ufologia, ainda que sob denominação de fenômenos atmosféricos anômalos. O texto era assinado pelo astrônomo L. Gindilis, pelo físico D. Menkov e pela pesquisadora I. Petrovskaya, todos do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia. Era um estudo estatístico com 256 casos de fenômenos atmosféricos anômalos ocorridos na ex-URSS — a maior parte durante a onda de 1967. Nele, se sustentava que uma parte das observações não era explicável por causas conhecidas, o que exigiria um estudo mais aprofundado. O trabalho teve certa ressonância tanto no Ocidente, onde foi traduzido e publicado (na França, Estados Unidos e Brasil), quanto na União Soviética, onde contribuiu para mostrar a posição oficial da Academia de Ciências a respeito do Fenômeno UFO [Editor: no Brasil, o texto recebeu o título de Discos Voadores e Extraterrestres na Cortina de Ferro, sendo a edição 3 da Coleção Biblioteca UFO. Veja matéria nesta edição].
Em 1981, o próprio Gindilis constituiu uma nova entidade ufológica, desta vez denominada Seção para Estudo dos Fenômenos Atmosféricos Anômalos, dentro da Comissão de Radioastronomia da Academia de Ciências da URSS. Uma seção análoga surgiu no Instituto para Estudo do Magnetismo Terrestre, da lonosfera e da Difusão das Ondas de Rádio, da mesma academia. Esta nova seção, embora com outra denominação, também passou a tratar dos chamados fenômenos atmosféricos anômalos — termo que, na extinta União Soviética, era sinônimo de nave extraterrestre em visita à Terra…
A primeira conferencia de âmbito nacional sobre fenômenos aéreos anômalos da ex-URSS se de
u em Kiev, no ano de 1981, com a participação de 12 pesquisadores universitários e 45 laureados em disciplinas científicas. Um dos participantes, o famoso astrônomo e membro correspondente da Academia de Ciências, Vsevolod Troitsky, resumiu as conclusões da conferência para a revista Ciência e Religião, sublinhando a amplitude e a complexidade do estudo do Fenômeno UFO, além da importância interdisciplinar do problema. Já na segunda conferência, ocorrida em 1982, participaram 50 especialistas, dentre os quais vários acadêmicos. Nesta ocasião, Edward Ermilov, professor de Rádio-Eletrônica e Cibernética da Universidade de Gorky e membro de um clandestino mas ativo grupo ufológico, aceitou fazer parte do conselho de redação da revista ufológica científica inglesa Research in Progress, publicada por uma cooperativa editorial. Era a primeira vez que o nome de um ufólogo soviético figurava entre os redatores de uma revista ufológica ocidental.
Em fevereiro de 1984, foi criada a Comissão Social Moscovita para Estudo dos Fenômenos Anômalos, sob responsabilidade do Conselho Inter-republicano da Sociedade Técno-Científica da União Soviética, dirigida pelo acadêmico Troitsky e pelo cosmonauta Pavel Popovich. Na prática, a partir dos anos 80 passaram a existir na União Soviética dois tipos de Ufologia: a oficial seria representada por cientistas e pesquisadores universitários, geralmente vinculados a institutos acadêmicos, favoráveis a hipóteses naturais (interações Sol-Terra, eletricidade atmosférica etc) e declaradamente contrários à hipótese extraterrestre. Entre estes estudiosos os mais famosos são Vladimir Migulin e Yuliy Platov. Já a \’\’segunda Ufologia”, a privada, era camuflada no interior de associações ou de sociedades técnico cientificas, constituídas por apaixonados, na maior parte favoráveis à hipótese extraterrestre, com algumas nuances parapsicológicas. Grupos de ufólogos aficcionados já existiam há anos nas principais cidades soviéticas, ente elas Moscou, Leningrado, Kiev, Gorky, Tallin, Jaroslav.
OS NOVOS TEMPOS DA GLASNOST REABREM AS PORTAS DA UFOLOGIA NOS PAÍSES DA UNIÃO SOVIÉTICA E REVELAM A VERDADE
Nos últimos dois ou três anos antes da separação das repúblicas soviéticas, o interesse pelos UFOs ganhou crescente simpatia junto ao público e a imprensa. Talvez seja melhor dizer que a política de Gorbachev da Glasnost tenha estimulado a liberdade de imprensa e de opinião, liberando um tema como a Ufologia, que até pouco tempo era considerado tabu. Ao longo do ano de 1988, por exemplo, foram realizadas as primeiras pesquisas de opinião pública na URSS consideradas verdadeiras e legítimas. A primeira, efetuada pelo Centro de Pesquisas da Liga dos Jovens Comunistas, revelou que 80% dos entrevistados, numa amostra de 420 estudantes e jovens intelectuais de Moscou e Leningrado, se declararam interessados nos fenômenos paranormais e ufológicos, o que não deixa de ser um percentual significativo, que nenhum país ocidental atingira até então, diga-se de passagem. Contudo, o mais fascinante da pesquisa foi o fato de que as pessoas consultadas se revelaram favoráveis ao Fenômeno UFO, mesmo sem nunca terem tido acesso a qualquer tipo de literatura ufológica.
Para atender esse enorme interesse popular pelo assunto, os jornais soviéticos passaram a dar um espaço cada vez maior ao assunto, com base na lógica de mercado. Não por acaso, o notável escritor e comentarista político G. Borovik afirmou que “… os discos voadores aparecem na URSS mais freqüentemente quando está em curso alguma campanha de assinaturas de jornais e revistas”. Mas segundo os mesmos ufólogos soviéticos, há alguma coisa de verdadeira nessa caçada “Alguns periódicos”, sustenta o ufólogo célico V. Musinskij, “encontraram na Ufologia um tema que traz dinheiro sem problemas, no qual nem todos se preocupam com a autenticidade daquilo que publicam, contanto que seja escrito de modo incisivo e atraente”.
Algumas das noticias publicadas pelos jornais são, de fato, não só inacreditáveis mas também infundadas. Um exemplo é a história do UFO que teria aterrissado na cidade siberiana de Spassk-Dalny, do qual teria saído um enorme tentáculo que tentou agarrar algumas crianças nas proximidades, chegando a matar uma delas. Os diretores dos jornais locais, interpelados por ufólogos de Jaroslav, confirmaram a aterrissagem e a chocante experiência da criança que, no entanto, estaria viva e com boa saúde. Num dia desses, em Moscou, rapidamente se alastrou o boato de que um UFO teria aterrissado num subúrbio da capital, deixando no terreno uma marca circular de 9 m de diâmetro. Tanto o jornal dos sindicatos, o Trud, como o jornal econômico do governo, o Sotsialisticheskaya Industryia, repetiram sem qualquer crítica aqueles boatos, inclusive entrevistando o ufólogo Alexander Kuzovkin. O estudioso teria dito que, ao tocar a marca deixada pelo UFO, era possível até queimar os dedos e “… que uma pilha descarregada colocada no interior do círculo se recarregaria sozinha…”
Desta vez, entretanto, a própria agência TASS desmistificou o caso: na realidade, a marca era o que restou de um fardo de feno que havia se queimado acidentalmente, como confirmaram os bombeiros que acorreram ao local para controlar o pequeno incêndio. Essa postura sensacionalista da imprensa — talvez devido à uma certa ingenuidade dos jornalistas soviéticos — explica algumas histórias inacreditáveis publicadas por diversos jornais russos e de outros países da Europa, segundo os quais os jornalistas teriam feito contato telepático com extraterrestres. Outro boato espalhado pela Europa garante que alguns cientistas até confirmaram a veracidade de alguns contatos, utilizando a hipótese de “projeções de imagens estereoscópicas\'”. Além desses rumores, houve quem garantisse também que certas comissões de estudiosos da Academia de Ciências teriam conseguido observar e fotografar objetos luminosos giratórios, isso tudo sem falar nas aberrações que se publicou sobre “bilocações” e “rochas extraterrestres” de Voronezh…
Além disso tudo, medidas como a Glasnost e a Perestroika também parecem haver tirado proveito dos UFOs, utilizando-os numa das primeiras tentativas de espírito empreendedor. Já no final do processo de abertura da ex-URSS, foi publicada pelo jornal Sovietskaja Turgovlia (que significa Comércio Soviético) a notícia de que a Cooperativa
Stalker, batizada com o título de um célebre filme russo de ficção científica, organizava viagens de três dias a Voronezh para visita ao local da aterrissagem da nave extraterrestre, por apenas 59 rublos! Em todo caso, a vida dos ufólogos na ex-URSS ficou muito mais fácil quando os jornais, especialmente os locais, passaram a publicar um número sempre maior de avistamentos ufológicos. Além disso, o novo clima de liberdade que se passou a respirar na era Gorbachev também trouxe um efeito positivo às atividades dos ufólogos soviéticos, pois o reconhecimento do direito de associação levou rapidamente à formalização dos grupos ufológicos, até aquele momento semi-clandestinos.
Paralelamente aos grupos oficiais e aos considerados camuflados como “seções para estudo dos fenômenos anômalos” das várias associações técnico-cíentíficas existentes, também se proliferaram os chamados grupos de iniciativa social, isto é: livres associações formadas por pessoas apaixonadas pela Ufologia que adquiriram a liberdade de usar abertamente o termo NEO. O primeiro grupo a se formar estava localizado na república báltica da Estônia, Em 1987, o grupo ufológico que tinha sido dirigido por Juri Lina, e que depois de sua expatriação havia prosseguido suas atividades clandestinamente, foi finalmente reconhecido pelo governo local. Atualmente, os grupos ufológicos reconhecidos são mais de 100 em todo o território das Repúblicas Soviéticas. A liberdade de publicação também teve reflexos diretos sobre a Ufologia soviética.
Em 1988, foi publicado abertamente o primeiro livro ufológico escrito por um soviético, Vladimir Gakov, com uma tiragem inicial de 200 mil cópias. Além disso, os boletins datilografados e clandestinos (samiszdat) foram substituídos por verdadeiras publicações: atualmente são publicados pelo menos 6 boletins ufológicos, em Moscou, Leningrado e em Jaroslav.
Poucas semanas antes de acontecer o caso Voronezh, há alguns anos, o físico Vladimir Azhazha, eleito presidente da Comissão Ufológica da Sociedade dos Engenheiros da União Soviética, teve a iniciativa de abrir uma escola técno-científica de Ufologia em Moscou, com cursos de introdução à Ufologia, aspectos filosóficos, Paleoufologia, Astronomia, Metodologia de Pesquisas e outras matérias técno-práticas. Naquele mesmo período, foi organizada em Moscou uma mostra de fotografias e desenhos de UFOs no Museu do Espaço. [Editor: em 1992, o ufólogo e contatado Valeri Uvarov chegou a planejar a realização de um mega-evento ufológico na cidade de São Petersburgo (antiga Leningrado). Uvarov enviou cartas ao exterior e convidou nada menos do que HO conferencistas de cerca de 60países. A idéia era reuni-los por pelo menos 15 dias numa universidade local e permitir o perfeito entrosamento entre estudiosos com pensamentos diferentes, promovendo fantástica e inédita troca de idéias].
UM CONGRESSO DE TOMSK REÚNE INEDITAMENTE A NATA DA UFOLOGIA SOVIÉTICA PARA O MAIOR DEBATE JÁ REALIZADO NO CONTINENTE
A recém estabelecida liberdade de movimentação na antiga URSS e, em seguida, nos países membros da atual Comunidade dos Estados Independentes, favoreceu contatos e encontros entre estudiosos de todos os cantos do continente. Basta pensar que, entre os dias 18 a 24 de abril de 1988, aconteceu na cidade siberiana de Tomsk um seminário de estudos organizado pelo Comitê Ufológico da Seção Local da Academia de Ciências e pelo Instituto Politécnico de Tomsk, sobre o tema fenômenos transitórios não periódicos na atmosfera. Noutras palavras: UFOs! Os trabalhos foram divididos em 7 seções que discutiram lemas diversos, desde a abordagem filosófica e metodológica da Ufologia até áreas como a crise metodológica da moderna Física Teórica, os micro-léptons, um novo tipo de campo magnético, bases teóricas sobre a natureza dos UFOs e uma nova classificação dos dados existentes a respeito dos fenômenos anômalos.
No congresso discutiu-se também assuntos teóricos e práticos, tais como as conexões cósmicas, as ressonâncias não lineares no sistema solar e previsões de terremotos, além de pesquisas sobre civilizações extraterrestres e as análises físico-químicas de uma misteriosa substância encontrada em Dalnegorsk, onde, em 1986, teria caído um UFO. Os temas foram inesgotáveis fontes de conhecimento e indagação a respeito do Fenômeno UFO: interações atmosférico-terrestres relacionadas aos raios globulares, litosfera e campos físicos ligados a alguns fenômenos naturais que geravam avistamentos, tecnosfera e correlações com o meio ambiente etc. Também se debateu os efeitos fisiológicos do plasma em interferências causadas por UFOs, marcas biológicas, discussões acerca da Bioenergética e das técnicas de bilocação e, por fim, aspectos técnicos da Ufologia, sistematizando e organizando pesquisas com métodos instrumentais de levantamento de dados.
Por esses temas observa-se que a Ufologia Russa seguiu caminhos cujas tendências são voltadas para a evolução, integrando-se a outros países que também se dedicam a este tipo de estudo. Nos dias em que aconteceram as conferências do Congresso de Tomsk, foram apresentadas nada menos do que 250 exposições e palestras, diante de 400 participantes provenientes de mais de 50 cidades soviéticas — entre os quais 25 professores e 116 pesquisadores universitários, além de outros estudiosos da comunidade. Pela primeira vez foram publicados na extinta URSS os atos de um congresso ufológico, em três pesados volumes. Nunca se fez nada semelhante em abrangência e profundidade no exterior, em nível civil.
CONTATOS COM UFÓLOGOS DO EXTERIOR ABREM AINDA MAIS A JÁ EXPANSIVA UFOLOGIA SOVIÉTICA, PROPORCIONANDO INTEGRAÇÃO COM O LESTE
Outro fato sem precedentes para a Ufologia Soviética é que hoje os ufólogos da Comunidade dos Estados Independentes podem viajar livremente por qualquer lugar do mundo. Em 1988. por exemplo, ocorreu a primeira participação de um ufólogo russo em um congresso no Ocidente. Vladimir Rubtsov, docente do Instituto Politécnico de Kharkov, participou de um Congresso Europeu organizado em Bruxelas e até aceitou se tornar o representante soviético da organização norte-americana Mutual UFO Network (MUFON). Da mesma for
ma, o Ocidente também passou a participar de acontecimentos ufológicos na Cortina de Ferro, sendo que, em 1989, o escritor e ufólogo inglês Timothy Good, em visita à União Soviética, não só pôde encontrar-se livremente com os estudiosos locais, mas também participar de um programa de entrevistas a convite de televisão de Leningrado para falar sobre Ufologia.
Este novo clima tem aproximado cada vez mais a Ufologia Soviética da Ocidental, o que é um sinal da mudança dos tempos. Atitudes que há poucos anos eram consideradas impossíveis, hoje já são facilmente realizáveis. Mesmo assim, as vezes parece inacreditável que um ufólogo russo se permita escrever ao Ministro da Defesa Militar fazendo questionamentos e contestações que poucos anos antes o teriam levado a um campo de trabalho forçado na Sibéria. Mais surpreendente — e agradável — ainda é saber que o Ministério de Segurança responde às cartas dos ufólogos e ufófilos locais com educação e cortesia.
Certa vez, o general Filimonov escreveu a um ufólogo o seguinte: “Caro camarada: sua carta de 22 de março de 1989, ao Ministro da Defesa, foi levada atentamente em consideração. As organizações militares não se ocupam com o estudo dos UFOs nem com questões relativas aos objetos voadores não identificados ou problemas relacionados às atividades na Terra de civilizações extraterrestres. Portanto, não há nenhuma coleta de informações referente aos UFOs, com exceção dos fenômenos anômalos naturais abertamente publicados por órgãos dos Ministério da Defesa, compreendidos aqueles por eles mencionados. Não tenho conhecimento de nenhum programa de pesquisas sobre astronaves extraterrestres que estivesse em mãos da URSS”. Apesar das gentilezas, claras na carta, os pesquisadores têm consciência de que os governos da Comunidade de Estados Independentes ainda tratam com receio tal assunto.
Alguns jornais ocidentais ressaltaram a contemporaneidade entre a onda de avistamentos na Rússia e o interesse crescente pela Ufologia, além de outros fenômenos paranormais e sobrenaturais observados na extinta URSS. O ano de 1989 não foi somente marcado pelas constantes aparições de naves extraterrestres, mas também por muitos fenômenos de outras naturezas — uns mais inexplicáveis que os outros. Por exemplo, pessoas juraram ter visto monstros nos lagos de Moscou e fantasmas na Biblioteca Lenin, além de outras aparições insólitas. Os intelectuais mais céticos dizem que essa onda de acontecimentos estranhos talvez seja reflexo social das dificuldades encontradas pela Perestroika gorbacheviana.
Com isso, é possível perceber que o governo russo se aproveitou da casuística ufológica para instaurar poderes ideológicos. Com relação a este assunto, o repórter do jornal italiano II Piccolo, Paolo Rumiz, escreveu o seguinte: desmantelamento do dogma materialista e a descoberta do céu como projeção do sobrenatural é a válvula de escape das frustrações terrenas na extinta URSS. Ou então, uma súbita utilização consciente da emoção coletiva, a que faz ver um mundo diferente ou simplesmente faz distrair o olhar do mundo existente. Em um país estrangulado por necessidades elementares, minado por conflitos étnicos, subjugado por greves e filas de comida, há a esperança de que, no final das contas, a emoção dê lugar à transcendência. Porém, num país materialista, ao invés de aparições religiosas, isso se manifestará sob a forma de UFOs e extraterrestres”.
Sem dúvida, o contexto social e cultural da extinta URSS gorbacheviana (Perestroika e Glasnost) forneceram um ambiente favorável à difusão de noticias e comentários sobre avistamentos ufológicos naquele continente, além de estimular o renascimento da Ufologia Soviética. Mas não achamos que isso é suficiente para gerar os próprios avistamentos, especialmente aterrissagens e contatos imediatos, em assim tão grande número e difusão. O Fenômeno UFO é algo real e não pode mais ser utilizado por organizações governamentais com objetivo de manipulação ideológica.
Caso Nicolai Zemskov: avistamento em estradas da Rússia
Nicolai Zemskov, morador da antiga Leningrado, atual São Petersburgo, trabalhava como motorista na cidade de Puskino e testemunhou uma das mais insólitas aparições de UFOs ocorridas em todo o território soviético. Acompanhado de sua esposa e seu pai, Zemskov dirigia seu automóvel fazendo a rota Criméia-Leningrado, na noite de 8 de agosto de 1978. Quando passava pela rodovia Moscou-Leningrado, avistou uma espécie de disco que se movia lentamente em direção ao seu veículo. Com muito cuidado, parou o carro no acostamento para observar o objeto — que flutuava suavemente pelo céu. O disco parecia estar a 50 ou 100 m de altitude e era muito grande, medindo aproximadamente 100 m de diâmetro. As testemunhas tiveram certeza de que esse era o tamanho real do objeto, visto que alcançava dois postes telefônicos distantes 50 m um do outro.
O UFO inclinou-se velozmente em direção ao carro de Zemskov, de onde podia-se notar uma luz avermelhada emitida pelo objeto. Outras luzes, porém pequenas e de cores variadas, brilhavam ao seu redor em movimento sincronizado. Isto fez com que a esposa de Zemskov chegasse à conclusão de que o objeto poderia ser movido por um sistema de propulsão. A parte superior do UFO tinha grandes dimensões, não emitia luz e possuía uma fileira de janelas triangulares, de onde saía uma luz esverdeada. A princípio, ninguém ouviu nenhum barulho ou ruído, porém, quando a nave se aproximou mais do carro, ouviu-se algo parecido com o som abafado de um motor a jato.
Embora voasse a baixa altitude, o objeto não iluminava nada ao seu redor, tendo assim o céu permanecido em total escuridão durante todo o tempo do avistamento. O UFO era circundado por algumas luzes independentes que pairavam no céu sem que nada as segurasse. Sem fazer nenhum tipo de contato com as testemunhas e deixando todos perplexos, a nave extraterrestre repentinamente se moveu em direção à luz maior, formando um ângulo oblíquo e elevando-se no ar até sumir por completo. Esse é mais um exemplo de como a casuística soviética é rica, especialmente recheada de casos ainda não completamente investigados.
Equipe UFO