O aspecto mais delicado de todo o Caso Varginha é, sem dúvida, o da morte do policial Marco Eli Chereze, um dos dois integrantes da área de inteligência da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais que, conforme já foi divulgado, teriam participado da captura da segunda criatura, na noite de 20 de janeiro de 1996.
Durante quase um ano o laudo relacionado à sua necropsia foi mantido em sigilo, e mesmo o delegado da cidade, que presidia um inquérito aberto por solicitação da família para apurar sua morte, não conseguira ter acesso ao documento. Seus familiares, o delegado e os investigadores do Caso Varginha só conseguiram o relatório relativo ao falecimento do policial depois que o fato foi denunciado no primeiro aniversário do episódio, em janeiro de 1997, durante uma reunião em que estiveram presentes vários jornalistas.
Infecção generalizada
Insatisfatório, o referido documento revela apenas que Marco Eli Chereze morreu de infecção generalizada, mas a causa da mesma não é vislumbrada. Também não teria sido detectada a presença de qualquer vírus estranho ou uma bactéria desconhecida em seu corpo, que pudesse ter levado o jovem policial — com apenas 23 anos e esposa grávida de gêmeos na época — à morte. O próprio inquérito policial aberto pela família, por suspeita de que teria havido alguma falha médica relacionada à retirada de um furúnculo em uma de suas axilas, surgido após seu contato com a criatura, não detectou nada de anormal.
O mesmo aconteceu em relação aos procedimentos médicos posteriores, desenvolvidos no Hospital Bom Pastor, e, em seguida, no Hospital Regional, para onde foi levado com o agravamento do seu quadro. O policial veio a falecer na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) daquela instituição. As referidas ações médicas em Chereze também foram investigadas durante o procedimento policial que apurou sua morte. Simplesmente não havia a quem culpar, e como pode ser observado na documentação do inquérito resultante, foi feito todo o possível para salvar o policial.
Com o passar do tempo, uma nova e surpreendente informação foi obtida por Ubirajara Rodrigues — um dos principais investigadores do caso, que na época era co-editor da Revista UFO — através do depoimento de um dos médicos que trataram de Chereze e acompanhou seus últimos momentos de vida, o doutor Cesário Lincoln Furtado.
Desinformação
Segundo o profissional, que é cardiologista e perito judicial, o militar da PM faleceu em função de uma perda total de seu sistema imunológico — os antibióticos nele ministrados não alcançavam qualquer efeito. Mas Chereze não tinha AIDS nem qualquer doença imunossupressora que pudesse explicar seu quadro, como atestaram os exames realizados, ainda segundo o mesmo médico. Em seu depoimento, Furtado também descartou a possibilidade de qualquer ligação entre a retirada do furúnculo e sua morte [Veja edição UFO Especial 034, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Estas informações, obtidas em época posterior ao Inquérito Policial Militar (IPM) desenvolvido pela Escola de Sargento das Armas (EsSA), desmentem categoricamente as declarações do comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, tenente-coronel Maurício Antônio Santos, prestadas em seu depoimento no referido procedimento. Em suas declarações, como pode ser lido na página 220 do IPM [Veja como obter cópia em box nestas páginas], ele afirma que Chereze morreu por conta de uma simples infecção hospitalar, que o militar relaciona à extração do furúnculo, um quisto ou caroço, segundo ele.
Na ocasião em que a história de Marco Eli Chereze veio a público, o comando da PM mineira chegou até a afirmar que o soldado não estava de serviço na noite de 20 de janeiro, quando houve a captura da segunda criatura. Mas a declaração também foi firmemente desmentida por sua família, incluindo o pai. A morte de Chereze continua a ser um dos grandes mistérios relacionados ao Caso Varginha. E não devemos esquecer que o militar participou justamente da captura da criatura que faleceu nas dependências do Hospital Humanitas. Haveria alguma ligação entre as duas mortes?