Em período de grande onda ufológica, como esta em que o Caso Riolândia causa grande expectativa, um morador de cidade próxima relembra o episódio em que foi abduzido em 1973. Abaixo, a matéria do Diário da Região onde o senhor Pátero relata o ocorrido.
Onílson Pátero ainda não sabe, mas está preste a protagonizar um dos casos mais integrados de abduções por extraterrestre que se tem notícia. Ele segue com seu Opala azul, quatro portas, de Osvaldo Cruz para Catanduva. Viagem cansativa noturna, mas a alegria pelos progressos no trabalho faz valer o esforço. Liga o rádio do carro para ter companhia. É maio de 1973 e, a um ano da Copa do Mundo, os boletins esportivos já falam da perspectiva do Brasil em conquistar o tetracampeonato.
Quando Passa pela ponte do Salto de Avanhadava, em Penápolis, Pátero vê do outro lado alguém sinalizando.
-Vai ver é o guarda rodoviário. Há essa hora!
Quem cena, na verdade, é um rapaz simpático e bem vestido.
– Está indo pra Catanduva?
-Vamos embora!
Pátero desliga o som do carro e tenta puxar conversa com aquele jovem de comportamento insuspeito. Não consegue porém, tirar, mas que algumas palavras do carona. Fica sabendo apenas que seu nome é Alex, que se antecipa a quase todas suas perguntas. Repara que o jovem não carrega bagagem, nem pasta de trabalho. Traz com sigo apenas uma caixinha dourada. Parece uma cigarreira.
– Você fuma?
– Não.
A resposta curta e objetiva satisfaz o motorista que decide parar num posto de gasolina na entrada de Rio Preto. Oferece um café a Alex, mas ele prefere apenas água mineral.
– Estranho, botou menos de um dedo de água no copo, pensa.
Sob as luzes do pátio do estacionamento do posto consegue observar melhor o rapaz. Mede cerca de 1.75, cabelo amarelo aparado, rosto redondo, olhos azuis e grandes, orelha boca e nariz pequeno. Calça cinza sapato preto e jaqueta. Pátero acende um cigarro e prosseguem a viagem. Na Washington Luis, ao ver os primeiros sinais de Catanduva, avisa:
– Costumo entrar por aqui pelo aeroporto, tudo bem?
– Na verdade estou indo para Itajobi e a essa hora não tem mais ônibus para lá.
O motorista, livreiro de oficio, relações-públicas da editora onde trabalha, mostra-se solícito e decide levar Alex até seu destino final. Retornam a rodoviária e seguem até Itajobi. O rapaz indica a praça central e antes de saltar do carro, diz olhando fixamente para Pátero:
– Qualquer dia desses eu irei visitá-lo.
– Mas como… Pátero não entende as palavras de Alex, porém não consegue concluir a pergunta.
– Você mora na rua (-), número (-), diz o carona antes de saltar do carro e partir.
Com aquelas palavras ecoando dentro da cabeça – “Qualquer dia desses irei visitá-lo” – Pátero segue o caminho de volta para Catanduva. Próximo do quilometro sete da estrada, bem no ponto onde há um linhão da rede elétrica, algo estranho começa a acontecer. O rádio voltara a fazer-lhe companhia, mas começa a sofrer forte interferência. O carro começa a falhar. Ele reduz gradativamente até parar no acostamento. Um feixe de luz incide sobre o painel do carro. É uma luz redonda, que se movimenta da esquerda para direita. À medida que o foco de luz passa pelo painel deixa tudo que toca transparente.
– Como pode? Estou vendo o motor funcionando, o comando de válvula, o virabrequim, todo o motor!
Pátero se pergunta o que estaria acontecendo, enquanto aquela luz intensa se movimenta. Passa sobre o assoalho do carro deixa todo o asfalto à mostra.
– De certo é um curto-circuito no automóvel. Só pode ser.
Até aquele momento o livreiro procura manter a situação sob controle. Esforça-se em ordenar os pensamentos, mas as luzes não cessam e mudam de formato. Surge no espaço um filamento de luz, uma espécie de linha azul, cortante, em linha reta, que bate em cheio no seu rosto.com a visão ofuscada, Pátero tapa os olhos com um dos braços.
– Vai ver é um caminhão desgovernado e com luz alta. De repente, se eu sinalizar, o motorista baixa a luz e muda de direção. O foco, porém, torna-se ainda mais forte a indicar que esta muito próximo. Quando já bem encima do Opala, Pátero tira os óculos, coloca sobre o painel do carro e protege os olhos com as mãos à espera do impacto inevitável.
– Vai trombar!
Ele permanece imóvel por mais de um minuto, a espera da batida. Mas nada acontece. Pátero baixa os braços e vê a mais ou menos 20 metros de distância um objeto parado na estrada, boiando no ar. Tem o formato de duas bacias emborcadas. Mede uns sete ou oito metros de diâmetro por mais ou menos 20 metros de altura.
– Será um helicóptero? Talvez o piloto esteja com problemas e está tentando pousar na rodovia, conjectura Pátero.- Isso não é um helicóptero coisa nenhuma, é oval e grande demais! Ele abre a porta do carro.
Coloca o pé esquerdo no asfalto, o outro no estribo e deixa o braço direito apoiado na porta. Vê descer do objeto não identificado um tubo iluminado que começa a baixar lentamente. E quando está a mais ou menos um metro do asfalto, Pátero da um salto e grita:
– Meu Deus, esse é um daqueles discos voadores que o pessoal tanto fala por ai!Imediatamente sai correndo, tentando fugir daquele foco de luz intensa. Mira para o lado de Catanduva, mas acha perigoso passar sob o linhão e corre na direção contraria, sentido Itajobi. Enquanto planeja a estratégia de fuga, pensa já ter corrido cerca de 40 metros. Na verdade, nem chega a sair do lugar. Fala em voz alta, mesmo sabendo estar sozinho:- Me jogaram uma tira de borracha pela cintura. Estou preso!Nesse momento o objeto não identificado lança um novo foco, de cor azulada, que bate no automóvel e deixa-o transparente, como se fosse vidro. Pátero só tem tempo de exclamar:- Meus Deus, derreteram o meu automóvel!
Enquanto é suspenso para dentro da nave, perde os sentidos e desmaia, até desaparecer por completo. Quando recobra a consciência, Pátero esta caído no asfalto, com o rosto mergulhado dentro de uma poça d\’água já é de manhã e um motorista que passa pelo local avisa a polícia, pensando tratar-se de um acidente. Quando o policial rodoviário toca em seu corpo estranhamente seco apesar da chuva que caíra até minutos antes, Pátero da um salto. Pensando ainda estar sob o do domínio de extraterrestres, tenta fugir.
Levado para um hospital psiquiátrico de Catanduva é medicado e submetido a uma série de exames, inclusive de sanidade mental. Seu corpo apresenta manchas esverdeadas na altura do abdômen e o cabelo, castanho claro, está escuro. Refeito, Pátero mal tem tempo de ver a família e é levado para São Paulo, onde é submetido à hipnose regressiva. Diante de especialistas, um dos poucos detalhes surge apenas após muita insistência. Acorda assustado por diversas vezes, até que consegue balbuciar uma única frase:
– Estou dentro da nave cercado por três seres, são homens de peito de a&cce
dil;o. Pátero é liberado da hipnose, retorna para Catanduva, mas tem sensações que sua vida nunca mais será a mesma. A imprensa toma conhecimento do caso e não tardam a sair às primeiras manchetes sobre “os homens peito de aço”.
O livreiro retorna suas atividades na editoria. Em 26 de abril de 1974, em outra viagem rotineira e trabalho á noite, Pátero viaja pela SP-333 quando perto de Guarantã – SP, por volta das 23h30, revive a mesma experiência de um ano atrás. Mais uma vez próximo de um linhão da rede de energia elétrica, avista intenso feixe de luz azul:
– Meu Deus são eles. De novo não!
Mas seu carro, desta vez um fusca, é interceptado e Pátero é obrigado a parar no acostamento. Ele avista a poucos metros de distância um objeto em forma de disco percebendo que a novela iria se repetir, tenta fugir. Não tarda, porém, em ser capturado pela nave através de um forte facho de luz. No interior do UFO, Pátero tem uma enorme surpresa ao ver Alex, o carona antes da primeira abdução.
– Alex é você?
– Sim amigo, fique calmo que nada de mal irá lhe acontecer.
Ele então é levado para outro compartimento, onde é amarrado por cintas de aço á uma cadeira metálica por três seres encapuzados. Pátero é submetido a análises em seu corpo por meio de instrumentos e luzes. Em seguida, uma série de pessoas em fila indiana iniciam uma espécie de desfile em sua frente. Mais um enorme susto:
– Espere um pouco, este ai sou!
Pátero não se contém ao ver o último da fila:
– É alguém igualzinho a mim, com as mesmas roupas e os óculos que eu usava na primeira vez em que fui raptado, como pode?
Seria o primeiro caso de clonagem humana durante uma abdução? Nem mesmo Pátero tinha respostas. Ele percebeu apenas que passou por lugares desconhecidos no interior da nave e que seis dias depois, no meio da madrugada, foi deixado no alto de um morro na região de Colatina – no Estado do Espírito Santo. Estava a cerca de mil quilômetros de distância de onde fora capturado.
Encontrado sujo, cheio de carrapichos e desorientados por um fazendeiro local, Pátero viu finalmente terminar seu pesadelo. Pôde em fim avisar a família, que chegava a considerar a possibilidade de que estivesse morto, vítima de assalto. No entanto, não escapou da curiosidade da população e da imprensa. No dia seguinte antes do regresso a Catanduva, ainda ouviu um garotinho a gritar no centro de Colatina:
-Extra, extra, não percam a incrível história do homem que caiu do céu! Pai e filhas foram abduzidos em Washington