A casuística ufológica baiana não se restringe apenas a ocorrências em lugares ermos, afastados ou de difícil acesso. Na Bahia, há também várias manifestações do Fenômeno UFO, inclusive pousos, em regiões centrais e bem freqüentadas. Como o Caso Dias D\’Ávila, acontecido na cidade de mesmo nome, em que foram testemunhas o senhor Fritz Abbebusen e sua esposa dona Margarida (ambos já falecidos), Iracema e Elmer Ramos, funcionários do Hotel Dias D\’Ávila, entre outros. Este caso, com dois episódios marcantes, um em 1972 e o outro no ano seguinte, reveste-se de inúmeros detalhes e fenômenos físicos. Alguns apresentaram efeitos eletromagnéticos, radiação, vegetação queimada por raio de luz, presença de tripulantes altos e baixos, marcas de pouso e roubo de amostras.
Na noite de 13 de dezembro de 1972, o senhor Fritz e sua esposa estavam em sua residência assistindo ao Jornal Nacional, da Rede Globo, quando as luzes enfraqueceram e a transmissão do programa sofreu uma interferência muito forte. Senhor Fritz saiu à varanda da casa e, nesse instante, viu passar sobre o telhado um objeto muito luminoso e de grandes proporções dirigindo-se a uma montanha distante uns 5 km. Após o UFO distanciar-se, o aparelho de televisão voltou a funcionar normalmente. Interessado em descobrir a causa dos acontecimentos, a testemunha pediu à sua esposa os binóculos e sentou-se numa cadeira na expectativa de continuar observando os detalhes do fenômeno, até quase a meia-noite, quando, não resistindo ao sono, foi dormir. Enquanto isso, o objeto permaneceu ali durante todo o tempo.
Com o auxílio dos binóculos, o senhor Fritz pôde ver as características da nave em que predominava uma luz fluorescente na parte inferior e outra na superior, com janelas nas cores vermelha e alaranjada que planava a alguns metros do solo, sobre a parte alta do Morro Cantagalo. Em seguida, senhor Fritz viu três pares de luzes que saíram do objeto maior, “… parecendo brasas na escuridão”, e rumavam em diferentes direções, uma das quais, sua casa. Dona Margarida e a empregada, Valdete de Lima, foram ao quintal, pois a visibilidade lá era melhor. Passados cerca de 15 minutos, duas das luzes sumiram na base de um dos morros.
Nesse momento, as testemunhas viram surgir, a menos de 50 m de distância, duas silhuetas, “… como de crianças muito magras, caminhando na ponta dos pés suspendendo muito os joelhos e mantendo os cotovelos juntos ao corpo. Parecendo esquiadores segurando bastões”, declarou a senhora. As duas mulheres puderam notar que os seres vestiam roupa colada ao corpo, de cor branca ou prateada, porém não viram se usavam máscaras, capacetes ou algo assim, já que na escuridão e temerosas como estavam, saíram aos gritos chamando o senhor Fritz. Entretanto, quando este chegou ao local, nada constatou.
INCÊNDIO NA VEGETAÇÃO — Depois de retornar à cadeira que estava posta no meio da rua, Fritz viu dois faróis cor de rosa iguais aos de um carro se acenderem no morro, próximo ao objeto maior. Pouco depois, eles se apagaram — ou desapareceram — quando chegaram à sua vertical. Enquanto isso, um novo facho de luz que emanava do objeto grande varria os arredores e, quando se fixava por alguns instantes num mesmo local, a vegetação começava a se incendiar, mas apagava logo que a luz mudava de posição. Isso aconteceu várias vezes naquela mesma noite.
Elmer e Iracema Ramos, que trafegavam pelas redondezas, tentaram uma aproximação, juntamente com outro casal que decidiu acompanhá-los. Uma das testemunhas desceu do carro. Quando se encontrava próxima a um dos UFOs, instantaneamente, um deles avançou em sua direção, lançando um facho de luz que a cegou momentaneamente. Aterrorizada, a vítima se refugiou dentro do veículo. Mais adiante, encontraram uma árvore totalmente queimada. Seu tronco estava carbonizado e a casca externa praticamente intacta. Para corroborar, outra testemunha, um rapaz conhecido por Duda, conseguiu acender um cigarro em meio às brasas tamanha era a temperatura e o calor no local.
Depois disso, Duda sofreu fortes dores de cabeça e disenteria, além de apresentar furúnculos pelo corpo. Quando os acontecimentos se tornaram públicos, dois indivíduos que se diziam investigadores da Aeronáutica — porém, recusaram-se a se identificar — tentaram pressionar as testemunhas para desmentirem suas declarações. Passados alguns dias, uma grande parte da árvore desapareceu e na areia próxima a ela ficaram marcas das esteiras de um trator.
CÍRCULO NA VEGETAÇÃO — Durante a noite em que voltávamos a Salvador, após intensas pesquisas na região, houve outro pouso na área, e novamente se verificou que diversos pontos no matagal tinham pegado fogo. A notícia nos chegou no outro dia, e no fim de semana seguinte retomamos a Dias D\’Ávila. Após uma cansativa caminhada pelos areais, dona Iracema Ramos e o filho Luiz — hoje integrante da Sociedade de Estudos Ufológicos de Lauro de Freitas (SEULF) — levaram-nos até a área atingida, exatamente na metade do caminho entre Dias D\’Ávila e o pólo petroquímico de Camaçari.
O que tinha sido um imenso terreno alagadiço era, agora, uma enorme mancha de terra queimada em formato oval, com 90 x 60 m de área. A lama parecia cozida, adquirindo uma textura semelhante a couro, a vegetação estava desidratada e numa extremidade havia um círculo de cinzas brancas com um metro de diâmetro e, provavelmente, mais dois de profundidade. Também encontramos algumas pegadas bastante danificadas, e apenas uma em condições de ser fotografada. Decidimos pernoitar na cidade para fazer moldes de gesso e tirar mais fotografias no dia seguinte. No entanto, uma das mais violentas tempestades desabou sobre a localidade, provocando inclusive um blecaute que atingiu todo o Nordeste.
Numa terceira visita a Dias D\’Ávila, decidimos escalar o Morro do Cantagato, onde o UFO esteve planando na primeira noite. No morto, de aproximadamente 90 m de altura e 500 de superfície, em forma de platô, vimos um terreno por demais curioso. Nele havia uma grande quantidade de rochas despregadas, em aparente desordem, como torrões de terra removidos por um arado e supostamente expostos ao fogo, porém a vegetação não tinha sido queimada. As pedras, aparentemente, possuíam elevado teor de ferro e algumas pareciam ter sido soldadas umas sobre as outras, sendo impossível desuni-las. Silêncio absoluto. Não havia nenhuma ave, nem insetos, à exceção de uma jibóia dependurada num galho de árvore.
Recolhemos quase dois quilos de amostras que trouxemos para serem analisadas e, atrav&
eacute;s de Antônio Jorge, as entregamos ao responsável pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que prometeu nos dar uma resposta em poucos dias. Este profissional ficou muito curioso e perguntou de onde eram ou tinham sido tiradas e qual era nosso interesse por elas. Desconversamos e ficamos surpresos quando o vimos rabiscar — dissimuladamente — no canto da página de anotações a sigla UFO.
Alguns dias depois, num contato telefônico com Antônio Jorge, o laboratorista disse ter achado nas amostras resíduos de urânio, césio, rubídio e outros elementos químicos artificiais. Posteriormente, foi encontrado potássio e tório. Pedimos então que nos fornecesse um laudo por escrito, para nossos arquivos. No dia 22 de maio de 1973, o jornal A Tarde, de Salvador, apresentava a manchete: “Suspensa a busca e lavra de minerais em Camaçari”, município a qual pertence Dias D\’Ávila, acrescentando que o veto era extensivo não apenas a instituições particulares. Voltamos ao Instituto de Geociências na data marcada para apanharmos o laudo e o professor falou taxativamente que não nos conhecia e que jamais estivera conosco e muito menos recebera qualquer tipo de material para analisar… Essa grande mentira, infelizmente, tirou-nos a possibilidade de atestarmos a veracidade do fato.