O espetacular episódio ocorrido nos arredores da Vila de Trancas, na província de Tucumán, é um dos casos clássicos da Ufologia Argentina. O fato ocorreu em 21 de outubro de 1963, a três quilômetros do povoado. Ali ficava a casa de campo da família Moreno, que naquele dia encontrava-se reunida. Eram eles Antonio Moreno e a esposa Teresa Kairuz Moreno, suas filhas Yolanda Moreno Colotti e Argentina Moreno Chavez. O grupo era composto ainda por três meninos de pouca idade e a jovem Doura Martín Guzmán, encarregada das tarefas domésticas.
Às 21h30, Doura disse a seus patrões que estava acontecendo algo estranho em um lugar próximo da Ferrovia Belgrano, que passava a 250 m da casa. Curiosos, o senhor Moreno e sua filha Yolanda foram à janela e observaram o que se passava. No pátio da ferrovia estava estacionada alguma coisa cuja natureza não puderam precisar, que se parecia com “um pequeno trem recoberto por luzes de uma intensidade impressionante”, conforme descreveram as testemunhas. Ao seu redor movia-se um grupo de “pessoas”, como se estivessem realizando alguma tarefa. A primeira idéia que lhes ocorreu foi de que poderia se tratar de algum acidente ou que talvez os operários da ferrovia estivessem fazendo algum reparo.
Pouco depois, já alarmados, os Moreno imaginaram se tratar de alguma sabotagem com a empresa. Mas essas idéias foram sendo descartadas ao observarem as estranhas mudanças de cor nas luzes. Aquilo os induziu a pensar que estavam frente a algo inexplicável. Yolanda pediu à sua irmã que fosse até o portão averiguar o que ocorria. Havia cinco cães na fazenda que se mantiveram estranhamente mudos durante toda a duração dos acontecimentos. O silêncio foi seguido por várias dúzias de aves do galinheiro.
Canos de “luz sólida”
Em depoimento, o comissário Marcos Fidencio Hidalgo, subdiretor de segurança da Belgrano, informou ao chefe de polícia que a senhora Argentina Moreno Chavez saiu de dentro de casa para verificar o que estava ocorrendo. “Depois de cruzar o pátio, notou que entre as sombras da noite pairava no ar algo como uma espécie de prato gigante. Atemorizada, regressou à residência de campo e contou o que havia presenciado”. Alguns segundos depois as irmãs voltavam a sair e Yolanda iluminou o objeto com uma lanterna. De dentro do aparelho emergiu um potente raio luminoso que cegou as moças, produzindo a sensação de queimar seus rostos. “O objeto se iluminou completamente e começou a lançar feixes de luz violeta, enquanto uma densa neblina branca o envolvia e às irmãs”.
As mulheres correram aterrorizadas para casa e se trancaram, colocando móveis e objetos pesados atrás da porta, escondendo os filhos e presas de um pânico crescente. Contudo, o UFO, cada vez mais próximo da via férrea, prosseguia iluminando um grupo de vultos que se deslocavam de um lugar a outro. Novos objetos em forma de disco foram se aproximando da propriedade, dos quais partiam raios de “luz sólida” que não deixavam penumbras e iluminavam tudo como se fossem potentes “canos luminosos”. De suas janelas entreabertas os Moreno seguiam os movimentos e observavam os detalhes do incrível acontecimento. Yolanda revelaria mais tarde algo que não se atreveu a dizer em suas primeiras declarações: “A luz atravessava as paredes e iluminava o interior da parte da casa sem janelas, onde dormiam os meninos, que nesse momento começaram a suar. O mesmo ocorreu com os cães, que demoraram muito a ser acordados”.
Tocando a misteriosa luz
O brilho do UFO que permanecia sobre os canteiros da horta da propriedade era replicado por outros feixes de luz que provinham da ferrovia. O objeto de maior tamanho, com aproximadamente 25 m de diâmetro, expelia focos que iluminavam toda a área como se fosse dia. Assim mesmo, Yolanda informou que “a luminosidade parecia poder ser tocada, tanto que, em determinado momento, saí no pátio de casa e com meu antebraço toquei a luz, que se recolheu em seguida dentro do objeto”. As irmãs puderam observar que o artefato tinha seis janelas ao redor. Após 40 minutos os seis objetos menores levantaram vôo, afastando-se na direção da Serra de Medina. Junto com eles também foi o sétimo objeto, maior. Todos deixaram um espesso nevoeiro que permaneceu sobre o lugar por longo tempo. Após o desaparecimento dos artefatos, os cães começaram a uivar e mantiveram-se assim por várias horas e durante cerca de 20 dias seguintes.
As melhores evidências do Caso Trancas são as análises de substâncias pulverizadas encontradas onde as naves atuaram, parecidas com talco, realizadas pelo doutor Walter Gonzalo Tel, chefe do laboratório do Instituto de Engenharia Química da Universidade de Tucumán. Os resultados são impressionantes: 96,48% de carbonato de cálcio e 3,51% de carbonato de potássio. Isto é, cálcio quase em estado puro. Também foram encontradas bolinhas de cálcio e magnésio sobre as vias da Ferrovia Belgrano, que também tinham o mesmo estado de pureza.
No local onde estava a horta o solo ficou queimado e foi inútil voltar a semear por vários anos. Onde esteve o UFO maior foi descoberto um círculo perfeito com 25 m de diâmetro e terra seca, em que nada cresceu até cerca de seis anos após o acontecimento. Ficavam ali as impressões e as evidências físicas do fenômeno, assim como testemunhas pasmas com aquele espetacular incidente ufológico, um evento de suma importância para a casuística ufológica argentina.