A ficção científica afirma isso há décadas. Mas agora passa a ser “seguro” também para os cientistas aventurarem-se por esse paradigma: um cientista francês e um alemão publicaram um artigo que demonstra que os buracos negros podem ser portais para outros universos.
Buracos negros
Na visão científica atual, buracos negros são corpos dotados de uma gravidade tão grande que nada, nem mesmo a luz, consegue escapar deles. Isso, obviamente, torna impossível que se observe um buraco negro diretamente. Mas os cientistas conseguem detectá-los graças ao efeito que sua enorme força da gravidade exerce sobre toda a matéria que está ao seu redor.
Mas Thibault Damour, dos Instituto de Altos Estudos Avançados da França e Sergey Solodukhin, da Universidade de Bremen, Alemanha, afirmam que os buracos negros podem ser “buracos de minhoca”, verdadeiros portais que podem levar viajantes espaciais de um ponto a outro do universo ou até mesmo de um universo a outro.
Buracos de minhoca
Segundo os físicos, um buraco de minhoca é tão parecido com um buraco negro que seria impossível distinguir um do outro. Ambos afetam a matéria à sua volta da mesma maneira, já que os dois distorcem o tecido do espaço-tempo ao seu redor da mesma forma.
O que poderia distinguir os dois seria a radiação de Hawking, uma emissão de partículas e luz que somente se originaria nos buracos negros. Mas essa radiação, com seu espectro de energia característico, é tão fraca que seria completamente tragada por outros fontes de energia – até mesmo pela radiação de fundo, um “brilho” de microondas deixado por todo o espaço pelo Big Bang.
Outra diferença seria que o buraco de minhoca não possui horizonte de eventos, a fronteira além da qual nada consegue escapar de um buraco negro. Isto significa que algo poderia entrar no buraco de minhoca e sair novamente, o que não é possível nos buracos negros. Os teóricos afirmam que existem até mesmo buracos de minhoca em circuito fechado, cuja saída coincide com sua própria entrada, não levando a outros universos.
Portais para outros universos
O problema é que, dependendo de seu formato, percorrer um buraco de minhoca inteiro pode levar bilhões de anos. Ou seja, algum objeto que tenha entrado em um desses logo depois do Big Bang pode não ter tido tempo ainda para sair.
Buracos de minhoca tão grandes certamente causam grande frustração a todos os amantes da ficção científica, onde as viagens espaciais são feitas em horas e não em bilhões de anos. Mas há uma esperança.
Se um buraco de minhoca microscópico pudesse ser encontrado ou até mesmo construído, seria possível atravessá-lo em segundos. Como ele não possui horizonte de eventos, uma nave espacial poderia utilizar seu combustível para sair do outro lado e explorar o novo universo. E poderia voltar rapidamente para contar o que encontrou.
Origem dos buracos negros
A teoria é consistente, mas ainda faltam formas de comprovação. Com a tecnologia atual é impossível testar se um corpo celeste é um buraco negro ou um portal para outros universos.
Solodukhin e Damour afirmam que um buraco de minhoca pode se originar da mesma forma que um buraco negro – pelo colapso de uma estrela, por exemplo. Até agora era tido como razoável que um processo assim somente formaria buracos negros, mas os dois físicos propõem que os efeitos quânticos podem parar o colapso instantes antes da formação do buraco negro, levando a um buraco de minhoca.
Eles afirmam que um mecanismo assim será inevitável em uma teoria mais completa da física que unifique a gravidade e a mecânica quântica – um sonho longamente perseguido por todos os físicos.
Buracos negros microscópicos
E pode haver uma forma para se testar essa nova teoria: utilizando-se buracos negros microscópicos. Alguns físicos afirmam que experiências em aceleradores de partículas podem produzir buracos negros microscópicos.
Esse buracos negros microscópicos emitiriam uma quantidade mensurável de radiação de Hawking, o que comprovaria que não são buracos de minhoca. Se a radiação não for detectada, então a nova teoria estaria correta, e os físicos estariam diante de buracos de minhoca microscópicos.