A relação entre Stranger Things e o lendário Projeto Montauk é um dos temas mais explorados por pesquisadores de conspirações, historiadores da ufologia e estudiosos de operações secretas do governo dos Estados Unidos. A série dos irmãos Duffer, embora apresentada como ficção, incorpora uma série de elementos que coincidem de maneira quase precisa com relatos históricos, testemunhos e documentos alternativos sobre o que teria ocorrido na Estação da Força Aérea de Montauk, situada na ponta leste de Long Island, Nova York. Mais do que mera coincidência, muitos acreditam que a produção dramatizou – de forma estilizada – experimentos reais envolvendo controle mental, manipulação dimensional, crianças com habilidades psíquicas e até interação com inteligências não humanas.

O Projeto Montauk, segundo os denunciantes, teria funcionado entre o fim da década de 1960 e meados dos anos 1980 como uma continuação direta de outros programas secretos, como o Projeto Filadélfia, supostamente realizado em 1943 para testar tecnologias de invisibilidade e teletransporte utilizando campos eletromagnéticos intensos. A operação teria causado efeitos catastróficos, incluindo desorientação temporal, fusão física entre homens e metal, e perturbações no espaço-tempo. Embora negado oficialmente, esse experimento seria a base filosófica e científica para uma linha de pesquisa voltada não apenas à camuflagem militar, mas ao domínio da realidade em si.

Com o final da Segunda Guerra Mundial e a incorporação de cientistas alemães por meio do Projeto Paperclip, os Estados Unidos herdaram pesquisas avançadas em tecnologia de campos, psicotrônica, manipulação da consciência e fenômenos aéreos anômalos. Vários desses especialistas alemães já investigavam objetos desconhecidos observados durante a guerra – os famosos Foo Fighters – e tentavam replicar seus princípios. Montauk seria, portanto, a culminação de décadas de estudos que uniam psicologia, física experimental, engenharia eletromagnética e o crescente interesse pelos UFOs.

A Estação de Montauk, oficialmente um grande radar SAGE de defesa aérea, fornecia a cobertura ideal para projetos clandestinos. O local era isolado, possuía estruturas subterrâneas extensas e queda de energia frequente – fatores que permitiam testar equipamentos que consumiam quantidades massivas de eletricidade. Foi ali que, segundo Preston Nichols, Al Bielek e outros envolvidos, se desenvolveram experimentos que tentavam amplificar habilidades psíquicas humanas através de tecnologia eletromagnética, criando um híbrido de ciência e paranormalidade.
Um dos aspectos mais controversos é o uso de crianças e adolescentes nos testes. Os relatos afirmam que jovens com alto potencial psíquico – supostamente identificados desde cedo em programas escolares ou através de testes psicológicos militares – eram levados à base para servirem de “antenas humanas”. A função deles era interagir com máquinas que convergiam ondas eletromagnéticas e frequências mentais, criando um campo que poderia influenciar objetos, ambientes e até outras pessoas. Nichols descreve experimentos de telecinese, visão remota, espionagem psíquica e manipulação de emoções. Alguns adolescentes conseguiriam visualizar realidades paralelas ou acessar dimensões além da nossa.

É exatamente neste ponto que Stranger Things parece deixar de ser coincidência e se torna espelho: Eleven é uma menina submetida a testes brutais que ampliam habilidades como telecinese, percepção extrassensorial e visão remota – exatamente as capacidades descritas nos relatos de Montauk. Além disso, a série mostra que a abertura de portais interdimensionais foi consequência do uso excessivo dessas habilidades, algo idêntico ao que denunciantes afirmam ter ocorrido em agosto de 1983 na verdadeira Estação de Montauk.

Segundo Nichols, naquele experimento final, um adolescente ligado ao equipamento do projeto teria materializado uma criatura gigantesca oriunda de outra dimensão, alimentada pelo medo, caos e energia psíquica. O ser teria destruído instalações internas da base, obrigando os cientistas a encerrar o experimento e desativar as máquinas – um relato que guarda paralelos inequívocos com o “Demogorgon” da série, que surge após a manipulação de habilidades psíquicas e abre caminho para o chamado “Upside Down”.
A relação com o fenômeno ufológico se aprofunda quando se analisam os princípios teóricos do projeto. A hipótese interdimensional, defendida por nomes como Jacques Vallée, sugere que muitos UFOs não vêm necessariamente de planetas distantes, mas transitam por camadas paralelas da realidade, manipulando o tecido espaço-temporal de maneiras desconhecidas. As descrições de portais, distorções eletromagnéticas, objetos que emergem de campos energéticos e aparições repentinas se alinham a inúmeros relatos de testemunhas de UFOs, especialmente casos envolvendo avistamentos próximos, como o ataque de Colares (Operação Prato), o incidente de Rendlesham e episódios de teleportação parcial observados por militares.
Nichols e Bielek afirmam que várias das tecnologias usadas em Montauk derivavam de engenharia reversa obtida após quedas de UFOs – incluindo Roswell – e de acordos secretos com inteligências não humanas, uma narrativa que aparece frequentemente em documentos alternativos relacionados ao Majestic-12. Nos supostos laboratórios subterrâneos da base, experimentos tentariam replicar o funcionamento dos discos voadores, especialmente sua capacidade de manipular campos gravitacionais através de ressonância eletromagnética.



Relatos de ex-militares mencionam ainda a presença de entidades não humanas na base, algumas colaborando com o projeto e outras observando os experimentos como se estudassem a evolução tecnológica humana. Há depoimentos que falam de “seres translúcidos”, “entidades de luz” e criaturas que pareciam “sólidas e gasosas ao mesmo tempo”, atravessando paredes ou mudando de forma – descrições que, curiosamente, lembram os seres apresentados no próprio Upside Down.
O Projeto Montauk teria sido encerrado oficialmente em 1983, após o experimento do portal ter saído do controle. A base foi desativada, e testemunhas alegam que cientistas e participantes foram submetidos a lavagem mental para esquecerem seu envolvimento. Ainda assim, décadas depois, histórias continuaram surgindo, alimentadas por documentos alternativos, depoimentos e estruturas subterrâneas que permanecem lacradas no local até hoje.

A conexão entre Montauk e Stranger Things não é mera especulação. Os irmãos Duffer inicialmente planejavam chamar a série de Montauk, e a história se passaria exatamente em Long Island. Quando a produção foi transferida para Indiana e o nome foi alterado, a essência permaneceu: experimentos secretos, uma criança psíquica criada em laboratório, falhas catastróficas que abrem portais dimensionais e o surgimento de criaturas de outra realidade. Tudo isso está presente nos relatos originais do Projeto Montauk, tornando impossível ignorar a relação direta entre ambos.
Se parte dessas histórias for verdadeira, Montauk representa um dos capítulos mais obscuros e avançados da pesquisa militar dos Estados Unidos, unindo ciência de fronteira, experimentos psíquicos, tentativas de manipular dimensões e o estudo profundo do fenômeno ufológico. Stranger Things pode ser, portanto, não apenas entretenimento, mas uma ficção que esconde fragmentos de uma realidade que talvez nunca tenha sido totalmente revelada ao público. Para ufólogos, pesquisadores de segredos militares e estudiosos da mente humana, Montauk permanece como um modelo perturbador do que governos podem ter feito – e talvez ainda estejam fazendo – em nome da ciência e do poder.




