Por André Luiz Pereira Nunes, jornalista
Em um dia histórico, ufólogos foram recebidos na Câmara dos Deputados na Comissão de Legislação Participativa. Essa conquista se deve ao trabalho, muitas vezes silencioso, da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e da Revista UFO.
Foram convidados para palestrar na Comissão, Thiago Ticchetti (editor da Revista UFO), Marco Antônio Petit (presidente da CBU), Vitório Pacaccini (consultor da Revista UFO) e Fernando Ramalho (vice-presidente da CBU).
Ao fazer uso da palavra, o parlamentar Chico Alencar ressaltou a seriedade do tema e, por conseguinte, da audiência, ainda relembrando que o país possui uma vasta documentação já liberada e inúmeros casos registrados.
“Vale ressaltar que um OVNI não significa uma nave extraterrestre. O termo é utilizado para descrever algo que não pode ser identificado por quem observou o fenômeno”, acrescentando que entender a observação de objetos desconhecidos é importante para a defesa do País.
Segundo o parlamentar, o Brasil possui um vasto acervo de registros de óvnis e, após ações de ufólogos, alguns dos documentos já foram divulgados pelas autoridades no Arquivo Nacional, como os relatórios do SIOANI (Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados), órgão que funcionou de 1969 a 1972, e da Operação Prato, ocorrida no norte do Brasil, em meados dos anos 70.
Thiago Ticchetti fez uma apresentação acerca das audiências públicas que vêm sendo realizadas sobre o tema nos Estados Unidos. Segundo ele, até mesmo o Pentágono não possui explicações sobre determinados avistamentos.

“Desde 2022, o Congresso Norte-Americano vem realizando audiências públicas após inúmeros vídeos de UFOs terem sido vazados e divulgados pela imprensa. Desde então, alguns parlamentares cobram explicações e a liberação de documentos por parte do governo. Os EUA e países como China e Japão, têm se preocupado com a segurança nacional, afinal esses objetos entram e saem do espaço aéreo e não são identificados. O Brasil deve fazer o mesmo”, salientou em rica e detalhada explanação.
Por sua vez, Vitório Pacaccini, consultor da Revista UFO, detalhou em sua emocionada fala o Caso Varginha, ocorrido, em 1996, e considerado um dos mais importantes no que tange à casuística brasileira e internacional.

Segundo Pacaccini, o caso não se resume a apenas uma criatura. “Pelo menos cinco ou mais foram capturadas de forma extremamente sigilosa, contando com o apoio das forças militares. A cidade de Varginha foi palco da maior história de ufologia do mundo”.
Marco Antônio Petit, presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos e co-editor da Revista UFO, desde o seu lançamento, começou a sua fala presenteando o deputado Chico Alencar com a terceira edição de seu livro “Varginha, Toda Verdade Revelada”, em que esmiúça de maneira brilhante os acontecimentos relacionados ao evento, relembrando que, à época do lançamento, a obra foi protocolada no Ministério da Defesa como denúncia contra o próprio Exercício, que acobertou os fatos. Em seu depoimento, citou diversas interações que teve com autoridades militares ao longo de sua longínqua trajetória como pesquisador, evidenciando que lhe foi informado o protocolo militar de que não se atira em Ufos, caso haja interação desses objetos com a Força Aérea Brasileira.

“O que tivemos em 1986 foi uma invasão do espaço aéreo brasileiro por UFOs que chegaram a velocidades de MACH 15, ou seja, 15 vezes a velocidade do som. Se isso não é uma ameaça à defesa nacional, o que seria?”, relatou Petit.
Fernando Ramalho, vice-presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos, agradeceu o apoio do deputado Chico Alencar e citou vários documentos que foram liberados, graças ao empenho da Comissão Brasileira de Ufólogos em sua luta contínua pela busca da verdade. Ramalho, profundo artífice da luta pela liberação dos documentos, fez um panorama histórico da CBU e deu a entender, em seu pronunciamento, que o que foi revelado até o momento é, em suas palavras, “perfumaria”.

O deputado Chico Alencar ressaltou a importância da audiência, deixando claro que outras ocorrerão, e que militares, cientistas e acadêmicos serão convidados a participar.
“A ufologia brasileira está amadurecendo. Não estamos apenas buscando espaço para que ufólogos participem de audiências públicas, estamos abrindo portas para que militares da ativa e da reserva que tiveram experiências com UFOs; professores, cientistas e acadêmicos que queiram contestar ou até mesmo defender a hipóteses de vida extraterrestre, tenham a oportunidade de comparecer à audiências como essa. As forças armadas também terão espaço para responder aos pedidos dos ufólogos e mostrar seu ponto de vista. E mais importante do que “discos voadores”, é defendermos o direito do cidadão de ter acesso à informação. Isso é um direito constitucional! Nesse dia histórico, tivemos a presença de alguns dos maiores ufólogos do Brasil sendo recebidos na Casa do Povo, em um ato democrático”, enfatizou o editor da Revista UFO, Thiago Ticchetti.
Ao final da sessão, a palavra foi franqueada para o público presente e os ufólogos puderam responder dúvidas e comentar críticas.

Também estiveram presentes na audiência e fizeram considerações outros dois membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU): o Secretário da CBU Carlos Odone e a antropóloga e ufóloga Lallá Barreto.
O fato de o Congresso federal se debruçar publicamente sobre os UFOs/UAPs, legitima a discussão, tira o tema do campo do sensacionalismo ou do tabu, e coloca em nível de política pública. Isso pode aumentar a confiança da população de que existe espaço para questionamento oficial. Também pressiona por práticas mais transparentes, visto que vigilância pública pode gerar demandas por informações, baseadas inclusive na Lei de Acesso à Informação.
Assista na íntegra a audiência no canal da Revista UFO no Youtube.