“Onde estão todos?”. Com essa pergunta o físico italiano Enrico Fermi resumiu, nos anos 50, a situação da busca por vida extraterrestre. Até os dias de hoje ainda não conseguimos localizar evidências suficientemente fortes a respeito da existência de outras civilizações no Universo. Contudo, em recente artigo intitulado “Trânsitos de Exoplanetas são a Fundação de uma Rede de Comunicações Interestelar”, o dr. Duncan H. Forgan da Universidade St. Andrews propõe que civilizações extraterrestres podem se comunicar entre si por meio de trânsitos produzidos artificialmente em suas estrelas natais.
Duncan Forgan, que é também membro do Centro de St. Andrews para Ciência de Exoplanetas foi além dos recentes estudos e descobertas de exoplanetas, nas quais a observação de trânsitos, quando o planeta passa diante de sua estrela em nosso ponto de vista, é de importância fundamental para a astronomia. Trânsitos permitem uma medição precisa do tamanho de um mundo alienígena distante, e conforme os raios da estrela passam por sua atmosfera podemos encontrar pistas, por meio da espectroscopia, da constituição de sua camada gasosa. O artigo analisa os problemas de meios de comunicação interestelar há muito especulados. Transmissões via rádio contendo mensagens envolvem custos proibitivos para atingirem distâncias interestelares. Comunicações ópticas com laser precisam de menos energia, mas para serem visíveis precisam ser precisamente cronometradas.
Pelo contrário, conforme explica Forgan, trânsitos planetários são fenômenos previsíveis uma vez que a tecnologia necessária esteja disponível. Ele explica: “Uma Inteligência Extra-Terrestre (ETI) A quer se comunicar com a ETI B. Se B está observando trânsitos planetários no sistema de A, esta última pode se fazer perceber por meio de trânsitos de grandes estruturas artificiais em órbita da estrela, ou emitindo sinais para B durante trânsitos visíveis por esta última. Isso permite um gasto de energia muito menor do que em esquemas anteriormente apresentados teoricamente”. Duncan Forgan explica que uma espécie avançada pode chegar à conclusão de que a melhor forma de se comunicar com seus vizinhos cósmicos é criar megaestruturas artificiais para produzir fenômenos de trânsitos observados a distâncias interestelares. Observando esses trânsitos, outras civilizações chegariam à conclusão de que existem civilizações avançadas nesses sistemas.
PODEMOS JÁ TER OBSERVADO TENTATIVAS DE COMUNICAÇÃO DE CIVILIZAÇÕES EXTRATERRESTRES
O leitor provavelmente descobrirá que é um assunto familiar, e de fato é, se lembrarmos do maior mistério da astronomia atual, o impressionante comportamento da estrela KIC 8462852, também conhecida como Estrela de Tabby. Em setembro de 2015 a equipe da astrônoma Tabetha Boyajian da Universidade Yale (daí o apelido da estrela) divulgou ter encontrado, nos dados do telescópio espacial Kepler, estranhos fenômenos de trânsito desse sol distante 1.500 anos-luz daqui, diminuindo a luz estelar de 15 a 20%. Em seguida o astrônomo Jason Wright, da Penn State University, sugeriu que o fenômeno era consistente com um colossal projeto de engenharia de uma avançada civilização alienígena. Até o momento nenhuma das hipóteses convencionais para explicar o comportamento de KIC 8462852 foi aceita, e permanece a possibilidade de ser nossa primeira detecção de outra civilização. Essas observações se encaixam perfeitamente na teoria de Duncan Forgan, que estima ser a comunicação por meio de trânsitos planetários uma forma relativamente econômica que poderia conectar civilizações através da galáxia.
De acordo com ele, o alcance de qualquer comunicação seria limitado somente pela duração de uma civilização. O método permite que inteligências em etapas de desenvolvimento diferentes se comuniquem, onde inclusive povos em situação intermediária retransmitiriam mensagens entre civilizações mais avançadas. Além disso, seria necessário certo desenvolvimento tecnológico a fim de poder se unir a essa rede de comunicação, prevenindo que civilizações menos evoluídas soubessem da existência de outras sem estarem preparadas. Além disso, como as comunicações acontecem em períodos de trânsito planetário, seriam bastante previsíveis, evidentemente levando em conta o próprio movimento das estrelas ao longo da galáxia, além da própria variação da órbita dos planetas ao longo do tempo. Forgan até afirma que uma estrutura artificial poderia ainda enviar mensagens mesmo que a civilização que a criou se extinguisse. Assim, a razão de ainda não termos detectado alienígenas seria de que ainda não nos demos conta de que estes estão tentando se comunicar conosco. Com novos equipamentos como o Telescópio James Webb e o Satélite de Pesquisa de Trânsitos Planetários (TESS), ambos da NASA, talvez possamos finalmente localizar nossos vizinhos cósmicos.
Leia o artigo de Duncan Forgan
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Saiba mais:
Livro: Guia da Tipologia Extraterrestre
Há séculos a espécie humana assiste à chegada de estranhos seres geralmente bípedes e semelhantes a nós, que descem de curiosos veículos voadores sem rodas, asas ou qualquer indício de forma de navegação. Quase sempre estas criaturas têm formato humanoide e não raro se parecem com uma pessoa comum, mas com um problema: elas não são daqui, não são da Terra. O que pouca gente sabe é que existem dezenas de tipos deles vindo até nós, alguns com o curioso aspecto de robôs, outros se assemelhando a animais e há até os que se parecem muito com entidades do nosso folclore. O Guia da Tipologia Extraterrestre faz uma ampla catalogação de todos os tipos de entidades já relatadas, classificando-as conforme sua aparência e características físicas diante de suas testemunhas, resultando num esforço inédito para se entender quem são nossos visitantes.
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