O rover Spirit da NASA parou de se comunicar com a Terra em março de 2010, e em maio do ano seguinte a agência espacial anunciou o final de sua missão. Contudo, os extraordinários resultados que obtive continuam sendo analisados até hoje. O Spirit chegou a Marte em janeiro de 2004, algumas semanas antes que seu gêmeo Opportunity que segue sua exploração do Planeta Vermelho. Agora, cientistas da Arizona State University (ASU) realizaram comparações entre os achados do Spirit na região conhecida como Home Plate e uma região rica em gêiseres no norte do Chile chamada El Tatio.
O artigo dos cientistas, com o título Depósitos de sílica em Marte com formações semelhantes à bioassinaturas hidrotermais em El Tatio no Chile, foi publicado no periódico Nature. O trabalho de campo no Chile, a cargo de Steven Ruff e Jack Farmer da Escola da Terra e Exploração Espacial da ASU, mostrou que estruturas em forma de nódulos em El Tatio são muito parecidas aquelas encontradas pelo Spirit em Marte, em locais reconhecidamente de depósitos sedimentares. No estudo os cientistas escreveram: “Embora processos não biológicos não possam ser descartados no caso das estruturas de sílica em Marte, eles satisfazem as definições de potenciais bioassinaturas”.
O Spirit encontrou em suas explorações na Cratera Gusev afloramentos de regolito e sílica opalina (SiO2nH2O) em um antigo sistema vulcânico hidrotermal. A comparação com El Tatio faz sentido, uma vez que esse local no Chile combina elevada altitude, alta taxa de evaporação anual, baixas temperaturas e alta irradiação ultravioleta, tornando-o um ambiente muito similar ao marciano. O trabalho publicado na Nature demonstra como os depósitos de estruturas de sílica relacionadas à ação de organismos vivos são muito semelhantes aos observados na região de Home Plate, em Marte, pelo Spirit, e Ruff e Farmer escreveram: “As similaridades levantam a possibilidade de que as estruturas de sílica marcianas se formaram de maneira comparável”. Ou seja, na presença de vida.
CRESCEM AS EVIDÊNCIAS DA PRESENÇA DE VIDA EM MARTE
A definição de uma potencial bioassinatura, conforme estipulado pela equipe de ciências da NASA, apontam o seguinte: “Um objeto, substância ou padrão que talvez possua origem biológica e assim incentive os pesquisadores a reunir mais dados antes de chegar a conclusões quanto à ausência ou presença de vida”. Ruff e Farmer escreveram: “Como não podemos nem provar nem desprovar uma origem biológica para as estruturas de sílica em Home Plate, elas constituem uma potencial bioassinatura de acordo com essa definição”. Eles chegam a sugerir uma nova missão a esse local de Marte, com instrumentação capaz de fazer uma análise microscópica das estruturas de sílica. Porém completam que uma evidência inquestionável talvez somente possa ser encontrada com o envio de amostras para a Terra, a fim de que uma análise nos melhores laboratórios de nosso planeta possa chegar a uma conclusão definitiva sobre a presença de vida em Marte.
Site oficial da missão de Opportunity e Spirit
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