Corrigindo notícia publicada anteriormente, o meteoro que caiu na Rússia, na cidade de Chelyabinsk, não passou pelo território brasileiro como alguns sites não especializados haviam informado, e que reproduzimos aqui. Os modelos computacionais sendo trabalhados pelos astrônomos indicam que o objeto começou a se partir a uma altitude entre 40 e 50 km sobre Bratsk, na região central da Rússia.
Após esse momento, os pedaços ainda percorreram mais de 3000 km antes da explosão sobre Chelyabinsk, ao sul dos Montes Urais. Evidentemente, essa trajetória torna absolutamente impossível que a rocha espacial tenha cruzado o território brasileiro, ainda mais oito horas antes, conforme a errônea interpretação da imagem do satélite Meteosat-9. O ponto brilhante naquela foto é na realidade o reflexo do Sol, comum naquela região do Brasil.
As mais recentes estimativas dão conta de que o objeto tinha cerca de 15 metros de extensão, com peso de 7000 toneladas. A explosão, ocorrida entre 10 e 15 km de altitude, foi calculada em 300 kilotons, ou 300.000 toneladas de TNT. A onda de choque resultante danificou centenas de prédios e feriu cerca de 1000 pessoas, a maioria por estilhaços de vidro e outros destroços. Foi o evento de impacto mais potente em mais de um século. Os cientistas calculam que o objeto que explodiu em Tunguska em 1908 tinha 40 m, destruindo 2137 km quadrados de florestas.
De acordo com a entidade CTBTO [Organização do Tratado de Proibição completa de testes nucleares], 17 de suas 60 estações que monitoram o cumprimento do tratado de não proliferação de armas nuclares registraram a onda de choque produzida quando o meteoro se partiu sobre a Rússia. Cientistas russos apresentaram no domingo, 17 de fevereiro, alguns fragmentos do meteorito, encontrados ao redor do Lago Chebarkul. As primeiras análises dão conta de que pelo menos 10% do material é composto por ferro.
Lamentavelmente, o que tem feito os mistificadores de sempre propagandear suas mentiras pela rede foi a coincidência da passagem, na mesma semana, do asteróide 2012 DA14 a 27.000 km da Terra, a mais próxima já registrada. Além do fato evidente de que o impacto russo ocorreu 16 horas antes da passagem do asteróide, as trajetórias dos dois objetos são completamente diferentes, como se podem ver em três gráficos diferentes, de três sites distintos que apresentamos abaixo. Nesse espaço de tempo de 16 horas, o planeta Terra percorreu 1 milhão de quilômetros pelo espaço, e o meteoro se movia do leste para o oeste, enquanto o DA14 se deslocava do sul para o norte. Portanto qualquer idéia de os dois eventos estarem relacionados é descabida e totalmente absurda.
Os mistificadores igualmente tentam culpar a NASA e os astrônomos por, em seu ponto de vista alimentado por uma completa ignorância no assunto, terem falhado na previsão do impacto na Rússia, ou até mesmo acobertado o fato. Em seu delírio conspiratório não percebem que a queda do meteoro se deu justamente no lado diurno do planeta, o que impediria qualquer telescópio de detectá-lo. Por cima, objetos tão pequenos e pouco brilhantes, com reflexão extremamente fraca da luz do Sol, igualmente são difíceis de visualizar, especialmente diante de sua alta velocidade, estimada no caso do objeto russo em mais de 64.000 km/h.
Alguns perguntam também porque não se tomaram medidas para impedir o impacto, o que novamente não é possível pela tecnologia atual. Mesmo que radares pudessem captar o objeto, o que é duvidoso, nada poderia ser feito a respeito. O uso de armas nucleares, teoricamente possível, teria todos os problemas de radiação e extremo brilho conhecidos, com sérias consequências para as pessoas. Além disso, o pulso eletromagnético derrubaria linhas de transmissão de energia e equipamentos eletrônicos por uma vasta área. Evidentemente até pretensos UFOs já foram apontados nos vídeos do fenômeno, como neste vídeo. Os objetos escuros são indiscutivelmente sujeira no parabrisa do carro, mas fatos concretos não satisfazem os mistificadores.
Os asteróides de maior tamanho próximos da Terra, como o próprio 2012 DA14, estão praticamente todos catalogados e tendo suas órbitas detalhadamente estudadas. O problema, como visto na Rússia, são objetos menores que podem igualmente causar danos severos. Respondendo a isso, o COPUOS [Comitê para Uso Pacífico do Espaço Sideral] da ONU, na reunião que está ocorrendo entre 11 a 22 de fevereiro em Viena do Subcomitê de Ciência e Tecnologia, está discutindo maneiras de combater a ameaça de impactos vindos do espaço.
A ONU tem, desde 2001, o Grupo de Ação 14, que analisa informações a respeito de NEOs [Objetos Próximos da Terra], para prover dados para as autoridades a respeito de possíveis ameaças de impacto. A discussão em Viena gira em torno de encontrar objetos potencialmente perigosos, prever suas órbitas futuras e alertar quanto a possíveis impactos com a Terra. Existe ainda o problema de uma resposta internacional coordenada para o caso de um objeto vir em nossa direção, a fim de elaborar planos para desviar sua trajetória. Também a Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano anunciou no dia 15 que irá realizar uma audiência nas próximas semanas para discutir como lidar com ameaças de asteróides.
Texto em inglês com gráficos do site Bad Astronomy
Texto em inglês com gráficos do site National Post
Texto em inglês com gráficos do site Wired
Documento elaborado em 2008 pela ONU sobre a ameaça dos asteróides
Saiba mais:
Livro: UFOs na Rússia
DVD: Destino Terra 2