Um dos maiores mistérios com que a humanidade de defronta é a razão pela qual nosso Universo reúne condições tão favoráveis para a existência de matéria, estrelas, planetas e vida. As quatro forças fundamentais da natureza, gravitacional, eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca estão perfeitamente sintonizadas, e qualquer pequena variação em uma delas daria a nosso Universo um aspecto muito diferente, até mesmo tornando-o inabitável. Essa é uma das constatações que têm alimentado a teoria de que o nosso deve ser apenas um entre um número infinito de universos, reunidos em uma entidade muito maior chamada multiverso.
A sonda WMAP da NASA já havia encontrado na radiação cósmica de microondas de fundo (CMB) algumas indicações nesse sentido. Mais recentemente o satélite Planck da Agência Espacial Europeia (ESA) obteve dados mais precisos. Agora, com base nestes uma equipe, chefiada pelo astrofísico Ranga-Ram Chary da Universidade da Califórnia, propôs em artigo recente que a luz captada nas profundezas do Universo pelo Planck, que em determinados pontos é mais quente do que o previsto, pode ser evidência do choque de nosso universo com outro, causando um vazamento da matéria daquele no nosso. O artigo defende a teoria de que a inflação cósmica, que produziu a expansão exponencial de nosso universo frações de segundo após o Big Bang, nunca teve fim. Esses universos paralelos, similares a bolhas, estariam a distâncias imensas do nosso, porém ocasionalmente, em poucas oportunidades, poderiam vir a se aproximar e colidir entre si.
A teoria diz que, se a inflação não termina, incontáveis universos paralelos podem ser produzidos, conforme diz Alan guth, do Instituto de Tecnologia de Massachussets: “Muitas versões da inflação de fato levam à inflação eterna, produzindo um grande número de outros universos”. A inflação é alimentada pela energia do vácuo, e sua quantidade varia de lugar para lugar. Regiões do Universo podem ter parado de se expandir, enquanto em outras a expansão prossegue, podendo dar origem a outros universos-bolha. Cada um desses universos terá suas próprias leis físicas, alguns podendo ser similares ou idênticos ao nosso, outros muito diferentes. Os cientistas que defendem essa teoria afirmam que, em um multiverso onde a inflação é eterna, qualquer coisa que pode acontecer efetivamente acontecerá, e provavelmente diversas vezes.
BUSCA POR COMPROVAÇÃO E EXPLICAÇÕES ALTERNATIVAS
Chary aponta no artigo que podem existir outras explicações para o sinal detectado, como grãos de poeira cósmica obscurecendo nossa visão de como era o Universo há bilhões de anos. Essa foi a razão dos dados obtidos por uma equipe trabalhando, em 2014, no telescópio Bicep2 no pólo sul, cujos dados poderiam ter representado uma grande mudança nas leis cosmológicas. Porém o pesquisador está confiante nos dados estutados por sua equipe. Estes apontam a existência de padrões em certas regiões do céu, na radiação cósmica de fundo, que são mais brilhantes que o esperado. Tais padrões aparentam vir de uma era poucas centenas de milhares de anos após o Big Bang, mostrando a recombinação inicial entre elétrons e prótons. Os dados do Planck mostram pontos 4.500 mais brilhantes do que a recombinação deveria ser. Isso poderia se dever a um aumento súbito no número de partículas, e a teoria de Chary é que estas vieram de um universo colidindo com o nosso. Espera-se que novos instrumentos ainda mais sensíveis ajudem a resolver a questão.
Confira o artigo de Ranga-Ram Chary
Michio Kaku fala sobre o Multiverso
O universo vai acabar! Saiba como a ciência nos permite uma fuga espetacular
Stephen Hawking afirma que buracos negros podem ser passagens a outros universos
Vida pode ter existido logo após o surgimento do Universo
Sonda Planck pode ter encontrado evidências de outros universos
Imagem do Pálido Ponto Azul completa 25 anos
Telescópios da NASA captam galáxias do princípio do Universo
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Buscando Vida Fora da Terra
Enquanto cientistas de diversas áreas buscam respostas para a origem e o futuro da humanidade terrestre, a exobiologia vasculha vastas regiões do universo à procura de outras formas de vida. Com exuberantes imagens obtidas pela NASA e usando avançados recursos de computação gráfica, este documentário mostra como seriam as espécies que encontraremos no espaço e deixa claro que esta é apenas uma questão de tempo.