
Naquela semana do começo de julho de 1947, um mês agitado, Perry Como emplacava sua música Chi Baba, Chi Baba na lista das mais ouvidas da Billboard e o filme com maior bilheteria nos Estados Unidos era Black Narcissus, com Deborah Kerr. Em tal época, altamente militarizado, o estado do Novo México era o mais vigiado e observado do país, senão do mundo. Lá ficava o Laboratório de Los Alamos, local onde foi desenvolvida a bomba atômica, além dos campos de testes de White Sands e Alamogordo, onde eram lançados mísseis V-2 capturados dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Não muito distante dali, em uma área chamada Trinity Site, foi detonada a primeira arma nuclear do mundo.
Naquele mesmo ponto do sul dos Estados Unidos também estava Roswell, cidade que abrigava a base aérea do 509º Grupo de Bombardeio, a única força atômica de ataque daquela época — foi dela que decolaram os dois aviões que destruíram Nagasaki e Hiroshima, no Japão. Mal sabiam seus moradores que o município faria parte de um dos maiores eventos da história da humanidade. Na madrugada de 03 de julho de 1947, centenas de relâmpagos atingiram o estado e, durante a tempestade, fazendeiros afirmaram ter ouvido o barulho de uma explosão diferente de qualquer trovão. Civis chegaram antes dos militares ao local e tentaram relatar o ocorrido ao xerife, enquanto outros, anos mais tarde, descreveriam um disco voador acidentado no chão do Novo México.
Nesta edição, a Revista UFO tem o privilégio de entrevistar um dos maiores especialistas — senão o maior — no ainda enigmático Caso Roswell. Trata-se do ufólogo norte-americano Donald Schmitt, ex-diretor de investigações especiais do Center for UFO Studies (CUFOS), fundado décadas antes pelo pioneiro J. Allen Hynek. Com esta entrevista, a publicação completa um ciclo de três trabalhos sobre o mesmo tema, ouvindo posições ora conflitantes, ora convergentes sobre o Caso Roswell. Em UFO 190 foi a vez do médico Jesse Marcel Júnior, que teria tido em suas mãos fragmentos do disco voador acidentado no Novo México. E, em UFO 191, vimos James Carrion, ex-todo-poderoso da Mutual UFO Network (MUFON), afirmar que o episódio nunca ocorreu. Agora é a vez de Donald Schmitt.
Forte presença na mídia
Schmitt se formou em artes pela Madison Area Technical College, no Wisconsin, e cursa atualmente justiça criminal. Don, como é conhecido, é autor de vários livros, entre eles UFO Crash at Roswell [Queda de UFO em Roswell, Avon, 1991] e Witness to Roswell [Testemunhas para Roswell, Career Press, 2007]. Na televisão, foi consultor dos estúdios Paramount em uma das séries que se produziu sobre as mais famosas manifestações da Ufologia Mundial, e convidado especial da rede NBC em Unsolved Mysteries [2005]. Além disso, já participou de muitos programas de entrevistas na TV norte-americana, como Oprah, Peter Jennings, Larry King Live e CBS 48 Hours. Suas participações no programa de rádio Coast to Coast, antes conduzido por Art Bell e agora por George Noory, são disputadas.
Considerado um dos melhores pesquisadores de campo do mundo, Don já viajou os quatro cantos da Terra proferindo palestras. Seus trabalhos serviram de base para muitos documentários, como The Roswell Crash [2001], vencedor por duas vezes do British Academy Award, Roswell, The Real Story [2002] e UFOs: 50 Years of Denial [2004]. Em 1989, 2002 e 2006 liderou três expedições arqueológicas no local da queda do disco voador em Roswell — em sua segunda tentativa, em 2002, seu projeto foi transmitido pelo SciFi Channel em comemoração aos 10 anos do canal. Atualmente, Donald Schmitt está organizando sua quarta empreitada ao ponto de impacto. “Esta será a melhor de todas. Teremos mais voluntários e equipamentos de última geração. Se ainda houver algo enterrado lá, e acho que há, vamos encontrar”.
O Caso Roswell é considerado o maior e mais conhecido fato ufológico da história. Por quase duas semanas, a última de junho e a primeira de julho de 1947, jornais por todos os Estados Unidos e ao redor do mundo publicavam relatos de avistamentos de naves reluzentes, dando origem à Era Moderna dos Discos Voadores. Pilotos de diversos países ficaram em alerta 24 horas por dia e a segurança internacional parecia estar ameaçada naquela frágil trégua da Guerra Fria. “Em 08 de julho, o comandante da Base Aérea de Roswell, coronel William Blanchard, anunciava que a nação havia resgatado os restos de um disco voador”, anunciava um jornal da época, logo desmentido. Imediatamente após isso, muita coisa aconteceu e a espaçonave virou um simples balão meteorológico na versão oficial — que, somente 50 anos depois do incidente, seria revelado fazer parte de um suposto projeto secreto chamado Mogul.
Faltam as respostas
Mas e as dezenas de testemunhas que viram e manusearam destroços da nave alienígena, como Jesse Marcel Júnior, entrevistado de UFO 190? E as pessoas que afirmaram ter visto corpos de pequenos seres cinza com enormes olhos e cabeças desproporcionais? E quanto àqueles que foram coagidos a manter o segredo sobre o Caso Roswell pelo resto de suas vidas? “Tudo isso por causa de um balão? Não creio!”, resume Schmitt. Ele garante ter relatos da maioria dos envolvidos no acontecimento — inclusive militares que disseram a verdade décadas mais tarde ou mesmo em seus leitos de morte. “Temos a confissão escrita do então primeiro tenente Walter Haut, que afirma ter visto os restos do grande objeto voador e seus tripulantes. Sem falar nas afirmações da enfermeira Miriam Bush, que foi chamada à sala de autópsias de seu hospital e viu cadáveres que achou serem de crianças”.
Temos a confissão escrita do tenente Walter Haut, que afirma ter visto os restos do objeto voador acidentado e seus tripulantes. Sem falar nas afirmações da enfermeira Miriam Bush, que foi chamada à sala de autópsias de seu hospital e viu cadáveres de ETs.
Mas mesmo após entrevistar centenas de testemunhas, confirmar fatos diretamente de seus observadores e obter dezenas de documentos oficiais que comprovariam que um artefato extraterrestre realmente se acidentou na Fazenda Foster, em 1947, Donald Schmitt assume que o ocorrido ainda carece de uma derradeira prova material. “Precisamos do nosso ‘Santo Graal’. Temos que encontrar um pedaço de metal daquele UFO. E afirmo que, se não o acharmos em nossas escavações, já temos indícios de que uma empresa norte-americana desenvolveu ligas metálicas através de processos de retroengenharia dos destroços do disco voador resgatado”. Vamos à entrevista.
Um caso que intriga
Com tantos casos ufológicos ocorrendo ultimamente, por que se concentrar em um de 60 anos atrás? Infelizmente, a maioria dos avistamentos de discos voadores envolve uma única pessoa que relata estranhas luzes no céu. Isso, honestamente, não seduz investigadores veteranos. Observações à luz do dia são mais interessantes, claro, principalmente quando há várias testemunhas. Mas, novamente, são situações que não nos dão a grande prova que buscamos. Os episódios que deixam vestígios físicos, esses sim me atraem — como solo queimado, presença de radiação e vegetação alterada pela passagem de naves. Mas reconheço que também tais interessantes casos são inconclusivos, porque deixam apenas traços físicos secundários. Agora, as quedas de espaçonaves oferecem à Comunidade Ufológica Mundial a possibilidade de encontrar provas concretas.
O que você pretende com sua quarta expedição ao Novo México? Bem, se recuperarmos algum destroço da nave que caiu no Novo México, há 60 anos, poderemos provar definitivamente que estamos sendo visitados por seres inteligentes de outros planetas. O que sabemos hoje é que um grande objeto alienígena explodiu em milhões de pedaços sobre um pasto próximo da cidade de Corona, durante uma intensa tempestade, em 1947. Antes da chegada dos militares, diversos fazendeiros locais e seus filhos estiveram no local do impacto — a cerca de 60 km de lá, já próximo a Roswell, estavam os restos daquele artefato. Por isso Roswell é tão intrigante.
Você acredita que ainda exista algum pedaço da nave acidentada enterrado no deserto do Novo México? Sim, e continuo a investigar o Caso Roswell especialmente por duas razões. Embora acreditemos que já existam indícios suficientes que comprovem que o que caiu na Fazenda Foster foi um UFO comandado por ETs, os maiores veículos midiáticos dos Estados Unidos, como o New York Times e várias redes de televisão, aceitam sem qualquer crítica as explicações absurdas da Força Aérea Norte-Americana (USAF) para o incidente. O segundo motivo é que estamos correndo contra o tempo, pois a maioria das testemunhas que chamamos de presenciais estão morrendo devido à avançada idade — nesse ritmo, em breve teremos apenas relatos secundários…
Destroços de um disco voador
Entrevistamos recentemente o major Jesse Marcel Júnior, que nos relatou como eram os fragmentos de metal recolhidos no local da queda por seu pai, em 1947. Após falar com centenas de pessoas, creio que você também poderia nos detalhar mais como eles eram. A descrição dos objetos vistos por Marcel Júnior é perfeita. As partes encontradas são dos mais variados tipos, mas as mais numerosas eram uma espécie de folhas metálicas, parecidas com papel alumínio do tamanho daquelas que embalam pacotes de cigarros. A pequena diferença é que pareciam indestrutíveis, embora extremamente leves e maleáveis, e não se podia cortá-las, furá-las ou queimá-las. Havia também metais em forma de varetas de bambu com estranhas inscrições, como os que o major Marcel Júnior levou para sua casa. Existe, entretanto, outro tipo de material recolhido que seria imediatamente reconhecido como não terrestre sem precisar ser analisado. Nós o chamamos de “Santo Graal de Roswell”. Ele foi descrito como sendo pequenas lâminas de papel metálico, incrivelmente leves e finas — segundo as pessoas que as viram e tocaram, quando amassadas e colocadas sobre uma superfície, elas se desdobravam sozinhas. Essa tecnologia não existia em 1947, mas o Instituto Battelle [Battelle Memorial Institute] pode estar a caminho de reproduzi-la. O Battelle é a maior instituição de pesquisas científicas sem fins lucrativos do mundo, com mais de 20 mil funcionários em mais de 100 locais diferentes — sua sede fica em Columbus, Ohio.
Tecnologia extraterrestre
Como assim? Há instituições nos Estados Unidos tentando reproduzir as características metálicas indestrutíveis dos fragmentos encontrados em Roswell? Sim, mas deixe-me explicar melhor. Tivemos pouco sucesso em nossa expedição arqueológica a Roswell em 2006, concentrada na Fazenda Foster. Isso me deixou muito abatido, mas a vida sempre nos guarda algumas surpresas. Assim, durante novas empreitadas conheci Anthony Bragalia, um empresário autônomo que por muitos anos investigou por conta própria a queda do disco voador sem publicar seus resultados — suas pesquisas se concentravam no que havia acontecido aos escombros do UFO após serem levados para a Base de Wright Patterson, em Ohio. Agora, o interessante é que sua investigação revelou documentos altamente sigilosos que mostram que a Força Aérea, por meio do Instituto Battelle e de outros laboratórios, como o da Universidade de Nova York, tentou replicar as propriedades dos metais da espaçonave.
Como Bragalia ficou sabendo disso? Tudo começou na década de 60, quando um de seus atuais empregados contou que havia sido designado para analisar destroços de uma nave alienígena quando estava trabalhando no Instituto Battelle. Sempre suspeitei — seja pelas suas atividades incomuns ou pela sua localização próxima à Base de Wright Patterson — que o Battelle estivesse envolvido com estudos do material extraterrestre recolhido, mas nunca tive qualquer prova concreta. Bragalia também suspeitava disso.
Mas como o empresário chegou à conclusão de que o que Battelle estava investigando eram fragmentos da queda de Roswell? Com muita pesquisa. Bragalia descobriu referências na literatura científica que citam um relatório que envolve a Base de Wright Patterson com o instituto em algo obscuro. É incrível, mas saiu publicado em revistas científicas que, nos dois anos seguintes à queda do artefato alienígena em Roswell, o Battelle estava desenvolvendo e testando um “material roswelliano” — esse foi o termo usado. Bragalia identificou os autores do relatório, escrito entre 1948 e 1949, como sendo os cientistas C. M. Craighead, F. Fawn e L. W. Eastwood, todos figuras importantes do instituto. Seus arquivos permanecem altamente secretos, embora os três já tenham morrido — e para dificultar um pouco mais a investigação, os empregados do Battelle e até mesmo ex-empregados têm que manter um juramento de silêncio quanto ao assunto pelo resto de suas vidas.
Os fragmentos encontrados no local da queda de Roswell são dos mais variados tipos, mas os mais numerosos eram folhas metálicas que pareciam indestrutíveis, embora extremamente leves e maleáveis, e não se podia cortá-las, furá-las ou queimá-las.
São conhecidos os resultados obtidos pelo Instituto Battelle nesse projeto com os fragmentos do disco voador acidentado em Roswell? Em parte, sendo que a descoberta mais importante que se fez foi a de um metal chamado de nitinol, uma amálgama de níquel e titânio puro que tem a propriedade de se desamassar sozinho. Ele tem alta resistência, cor de alumínio, é ultraleve e capaz de suportar elevadas temperaturas. Segundo algumas pistas que encontramos, a Força Aérea permitiu que o laboratório da Marinha norte-americana o introduzisse oficialmente na comunidade científica, no final dos anos 60. Hoje, o nitinol é usado em aparelhos médicos, antenas, armações de óculos e muito mais. Outra variante está sendo desenvolvia pela NASA para criar uma segunda camada protetora para suas espaçonaves — segundo Bragalia, a maleabilidade desse material é o que faz com que os UFOs mudem de forma, de acordo com vários relatos de testemunhas.
Interessante. Existem rumores também de que grandes empresas, como a IBM, teriam utilizado tecnologia extraterrestre para desenvolvimento de seus produtos, como a fibra ótica. O que você acha disso? É provável. Como se sabe, as Forças Armadas norte-americanas não produzem nada — desde tanques de combustível para aviões e navios até botões de painéis de controle, tudo é contratado e comprado do setor privado, de empresas como a que você citou, a IBM.O mesmo pode ser dito quanto ao destino dado aos pedaços de fragmentos encontrados em Roswell, que foram destinados a elas para pesquisas. Há anos recebemos informações de pessoas do Escritório de Patentes, da General Electric, da Hughs Aircraft, do Instituto Battelle e até da Rand Corporation descrevendo tentativas de recriar tais materiais através de engenharia reversa — a retroengenharia. Mas os resultados obtidos até agora, ou até onde sabemos, indicam que pouco se conseguiu. Veja bem, o objetivo principal das autoridades militares dos Estados Unidos é ter uma tecnologia idêntica à do artefato que caiu, não adianta ter algo parecido. Tem que ter as mesmas propriedades, e isso ainda está longe de acontecer.
Governo infiltrado
Você foi diretor e coeditor da revista do Center for UFO Studies (CUFOS), uma das mais prestigiosas do mundo. Qual é a importância de uma organização como essa na investigação do fenômeno ufológico? É enorme. Atualmente, e isso em grande parte se deve à internet, a maioria das organizações ufológicas se tornaram apenas sombra do que foram um dia. Elas não têm como competir com as informações e notícias que circulam online. Entretanto, são sede confiável de arquivo de investigação de campo da maioria dos melhores relatos de casos ufológicos, que não estão na internet, exceto quando reproduzidos. Essa é a importância essencial de entidades de pesquisas: dar o acesso à informação ao público. E o mais importante: sem ridicularizar quem faz o relato e quer manter o seu anonimato.
Você crê que existam órgãos ufológicos civis trabalhando secretamente para o governo de seu país? Sim, e isso ficou especialmente evidente com o antigo National Investigations Committee on Aerial Phenomena (NICAP). Imediatamente após o encerramento do Projeto Blue Book, em dezembro de 1969, foram feitos esforços para desacreditar o NICAP e sabotar qualquer tentativa de legitimar a investigação das manifestações ufológicas que ele conduzia, em uma intenção de fazer a entidade prestar serviços ao governo. Para mim, existem fortes indícios de que certos poderes governamentais acabaram mesmo tomando conta do NICAP — também se suspeita que a MUFON e o CUFOS estejam infiltrados ou ligados às lideranças políticas dos Estados Unidos. Mas a verdade é que são as rivalidades internas e as diferenças ideológicas dos membros que estão ameaçando a continuidade dessas duas grandes organizações.
Você acredita na possibilidade de o governo dos Estados Unidos usar Hollywood para testar a reação do público quanto a alguns casos de avistamentos e até de contatos diretos com seres extraterrestres? Hollywood tem a reputação de ser o reflexo emocional e das fantasias da sociedade norte-americana há décadas. Embora possa ser verdade que no passado o governo tenha usado o entretenimento para esse fim, nos dias de hoje não vejo nenhuma tentativa de preparar a população para uma eventual abertura ufológica por meio do cinema. Muito pelo contrário, invasores do espaço sideral continuam a fomentar nosso pavor do inimaginável.
Eles não eram verdes
Voltando a Roswell, uma das histórias que mais impressiona sobre o caso está relacionada ao dono da Fazenda Foster, onde o disco voador caiu, Mac Brazel. Existem partes de seu relato que poucas pessoas sabem, não é? De fato. O fazendeiro Brazel se surpreendeu quando, em uma manhã, encontrou seu pasto cheio de restos metálicos de algo que ele não sabia o que era. Depois de conversar com alguns vizinhos sobre o que tinha descoberto, ficou sabendo que um jornal estava pagando três mil dólares para quem apresentasse provas da existência de discos voadores, e pensou que aquela era sua chance — foi aí que estimou que aquilo em sua fazenda não era desse mundo. Ele então colocou alguns fragmentos em sua caminhonete e dirigiu mais de 100 km, até Roswell. Chegando lá, foi diretamente ao escritório do xerife George Wilcox, que ficou estarrecido com aquela pilha de escombros enquanto ouvia o relato do fazendeiro. Foi quando o telefone da delegacia tocou. Era Frank Joyce, repórter da rádio KGFL querendo notícias para o seu programa, que Wilcox sempre lhe dava. Dessa vez, no entanto, o xerife disse que tinha algo realmente quente e colocou Brazel na linha com Joyce.
Essa parte da história é conhecida, mas você sabe de algo mais sobre ela, não? Sei detalhes porque investiguei a fundo. Brazel começou a contar a Frank o que tinha visto em seu pasto e chegou a reclamar sobre quem iria limpar toda aquela sujeira na sua propriedade. O jornalista não levou a sério a história até que o homem, muito exaltado, disse: “O cheiro é horrível, é algo nojento. Eles estão mortos”. Joyce perguntou quem estava morto e o fazendeiro respondeu que eram pequenas criaturas, que estavam no meio dos escombros. Ao ser questionado se não seriam macacos, pois na época a Força Aérea fazia experimentos com eles em seus foguetes, ele explodiu e desligou o telefone: “Claro que não. Eles não são macacos e nem são humanos!”
O que fez o radialista após ouvir a história de Mac Brazel? Frank Joyce decidiu colocar no ar uma entrevista sobre o acontecimento e, então, levou Brazel para a casa do dono da rádio, Walt Whitmore. Foi lá que gravaram seu depoimento, mas depois ainda pretendiam partir para a KGFL, a fim de fazer a entrevista ao vivo. Só que isso nunca aconteceu, pois o Exército levou o fazendeiro e a gravação sob custódia para a Base Aérea de Roswell. Em outra ocasião em que o jornalista encontrou Brazel, ele o chamou para a entrevista, mas sua história já havia mudado — dessa vez acompanhado por militares, ele se sentou em frente a um microfone da rádio e disse que havia encontrado partes de balões meteorológicos em sua fazenda. Isso deixou Frank Joyce muito irritado e ele acompanhou Brazel até a porta da estação, dizendo que aquilo não era a que ele havia lhe contado antes. “É verdade, mas minha situação não ficaria nada boa se eu não fizesse o que eles mandaram”, disse Brazel a ele ao se despedirem, se referindo aos militares. Não satisfeito e um pouco irônico, Joyce então perguntou sobre os homenzinhos verdes que ele havia relatado. Então, o fazendeiro parou lentamente, se virou e disse: “Eles não eram verdes!”
Cadáveres de extraterrestres
Essa foi a confirmação! Em seu livro Witness to Roswell você fala da enfermeira Miriam Andrea Bush, que trabalhou na Base Aérea de Roswell e teria visto os cadáveres, que para lá foram levados. Poderia nos contar um pouco mais? Sim. Em certa noite, Miriam chegou em casa e se pôs a chorar durante o jantar. Em estado de choque, ela contou aos seus irmãos George e Jean — dos quais recolhi esse depoimento —, que estava fazendo seu trabalho normalmente no hospital quando o chefe do centro médico, o tenente coronel Harold Warne, a pegou pelo braço pedindo que lhe acompanhasse até a sala de exames. Quando chegou lá, Miriam viu algo espantoso. “Mas esses corpos não são de crianças”, teria dito ao ver os pequenos ETs mortos. Mas logo percebeu que suas cabeças eram muito grandes e que sua pele tinha uma cor cinza, quase marrom. Seus olhos eram grandes, negros e profundos. Ela estava em pânico, quando, de repente, um dos seres se mexeu — esse ocorrido marcou sua vida e ela jamais foi a mesma.
Sim, marcaria a de qualquer pessoa. E o que ocorreu a Miriam? Em dezembro de 1989, Patrícia Bush, sua cunhada, teve um último contato com Miriam, que dizia que estava sendo vigiada. No dia seguinte a esta conversa, a enfermeira, já aposentada, deu entrada em um hotel na cidade de Fremont, na Califórnia, e na manhã seguinte seu cadáver foi encontrado com um saco plástico na cabeça. Segundo o médico legista, ela teria se suicidado. Mas como teria feito isso? Sua família afirmou ter encontrado marcas de arranhões e contusões em seus braços. Ou seja, seu temor pode ter tido fundamento.
Hollywood tem a reputação de ser o reflexo emocional e das fantasias da sociedade norte-americana há décadas. Mas hoje não vejo nenhuma tentativa de preparar a população para uma eventual abertura ufológica por meio do cinema.
Há alguma testemunha ainda viva que tenha visto os alienígenas mortos na queda do disco voador em Roswell? Sim, temos Elias Benjamin, nome fictício de um piloto da Força Aérea que teme perder sua aposentadoria e sua vida. Ele era recruta de primeira classe com acesso top secret em operações mais sigilosas — podia entrar em muitas instalações e ver muitas coisas que outros pilotos sem tal acesso não podiam. Na manhã de 07 de julho de 1947, ele foi acordado por seus superiores com ordens de montar guarda no hangar P-3 da Base Aérea de Roswell. Lá foi encarregado, junto a outro colega, de colocar em um caminhão quatro pequenos caixões cobertos com lençóis que iriam para o hospital do quartel. “Um deles parecia que estava se movendo”, contou Benjamin. Quando estavam carregando a última caixa, o pano caiu e ele pode ver o rosto de um ser com grandes olhos negros, sem cabelo e com pele acinzentada. Naquele momento ele concluiu que as criaturas não eram humanas — tempos depois ele ouviu que um dos seres estava vivo e teria sido transportado para uma base secreta em Alamogordo e, depois, para o Texas ou Ohio.
A prova definitiva
Após décadas da revelação do caso, você ainda se surpreende com alguma nova descoberta? Sim, eu continuo a procurar mais testemunhas que preencham as peças do quebra-cabeça e frequentemente surgem pessoas que nos surpreendem com novas informações. Isso é sempre excitante. Certamente, a descoberta de uma prova física abrirá os olhos do mundo para a veracidade do episódio e nós estaremos lá quando isso ocorrer. Por exemplo, conseguimos um dado original com o testemunho de um coronel aposentado que trabalhava na área de testes da Base de White Sands no início dos anos 50. O local fica a apenas duas horas de carro de Roswell, onde a primeira bomba atômica foi detonada em 1945.
O que lhe disse o coronel aposentado? Que uma unidade militar especial foi enviada de White Sands para Roswell naquela época, para auxiliar no resgate da espaçonave que caiu. Segundo o oficial, que tem alta patente, lhe permitiram examinar manualmente os destroços do veículo na sala do comandante. Ele descreveu o material que tocou como sendo uma lâmina de metal bem fina, como um pedaço de papel, que não podia ser arranhada ou cortada, e que, quando amassada, voltava a sua forma original sem marcas. Era esse o nosso “Santo Graal”.
Você já organizou três expedições arqueológicas ao local da queda em busca de algum destroço da nave, mas nada encontrou. E agora planeja uma quarta jornada àquela área. Ainda espera encontrar alguma evidência física? Sim, espero, pois não somente existem várias testemunhas que afirmam ter encontrado artefatos do acidente muitos anos mais tarde, como também eu e minha equipe nos mantemos otimistas quanto ao fato de que nenhuma operação militar poderia ser tão precisa que teria retirado dali, da areia, todos os fragmentos. Nós já recolhemos pedaços de metais incomuns em outras escavações e, agora, nessa quarta excursão, esperamos encontrar mais.
Mac Brazel disse que o cheiro dos cadáveres dos extraterrestres que encontrou em sua fazenda era horrível, algo nojento. Eram pequenas criaturas acinzentadas, magras e com grandes olhos negros.
Onde estariam hoje os fragmentos encontrados pelos militares lá, além daqueles que foram enviados às indústrias de que falamos? Tanto civis quanto oficiais que guardaram “lembrancinhas” do acidente um dia receberam a visita de militares ou agentes do governo que confiscavam tudo — ou tais “lembrancinhas” simplesmente sumiram de forma misteriosa de suas casas. O mais impressionante é que isso ocorria logo que vazava a informação de que alguém tinha um desses tesouros. Membros das Forças Armadas, para manterem o acobertamento da verdade, no dia seguinte batiam na porta da pessoa determinando que devolvesse o que os agentes diziam ser propriedade do governo e assunto de segurança nacional. Mas, mesmo assim, vamos para a nossa quarta expedição e continuamos as pesquisas para encontrar a prova física definitiva para mostrar ao mundo — só que antes que alguém bata em nossa porta.
Agulha no palheiro
Qual é sua metodologia de escavação? É baseada nas descrições das testemunhas e ocorrem em todo o alegado local da queda? Como saber onde ela ocorreu de fato? Primeiro nós mapeamos toda a área e a dividimos por quadrantes. Depois marcamos as regiões com maior potencial, que seriam as próximas a arbustos, árvores e buracos de cercas. Também utilizamos um método padrão para determinar erosões causadas pela água e pelo vento. De equipamentos nós usamos peneiras para limpar o solo, detectores de metais, medidores de campo magnético e radar para análises subterrâneas. Eu mantenho minha esperança porque dessa vez estamos aplicando uma técnica que não havíamos usado ainda — por segurança eu não posso entrar em detalhes, mas asseguro que estaremos não só utilizando uma nova tecnologia, como também expandindo a cobertura da pesquisa. Por essa razão vamos dobrar o número de participantes dessa expedição.
Já recolhemos pedaços de metais incomuns no local da queda, em outras escavações. Agora, na quarta expedição, esperamos encontrar mais. Usaremos peneiras, detectores de metais, medidores de campo magnético e radar para análises subterrâneas.
Na entrevista que fizemos com o major Jesse Marcel Júnior [Veja edição UFO 190, agora disponível na íntegra em ufo.com.br], ele foi categórico ao dizer que seu pai lhe contou que todas as áreas com fragmentos foram literalmente aspiradas pelos militares. Será que algo foi deixado para trás? É possível. Veja que o filho de Mack Brazel encontrou partes da nave alienígena meses após os militares terem limpado a área. Por isso, eu ainda confio que o vento ou as chuvas possam ter escondido algo, e vamos achá-lo. O velho ditado de que será como procurar uma agulha em um palheiro cai muito bem nesse caso. Nenhuma operação é perfeita e vários fatores climáticos podem influenciar. Lembre-se de que muitos destroços do artefato eram leves e poderiam ter sido levados pelo vento…
Você acha que a imprensa ainda está interessada no Caso Roswell? Para ser bem honesto com os leitores da Revista UFO, eu vejo o interesse da mídia maior hoje do que antes. Ainda estamos à procura da melhor prova para confirmar o caso e a cada dia surgem novas informações. Dois filmes sobre o assunto estão sendo rodados, muitos documentários estão sendo produzidos e já nos pediram para escrever mais três livros sobre nossos estudos. Enfim, Roswell é o “avô” de todos os casos ufológicos, porque agrega todos os elementos do Fenômeno UFO em um só evento. E o mais importante a seu respeito é que foi o próprio governo dos Estados Unidos que anunciou ao mundo, em 08 de julho de 1947, que tinha capturado um disco voador, ainda que depois tenha se desmentido. Isso é um fato histórico! Alguma coisa caiu lá, foi recuperada e conta com centenas de testemunhas. Se elas estão contando a verdade, e claro que acredito que sim, então a pergunta sobre estarmos sendo visitados por seres alienígenas está respondida — e o governo norte-americano tem a prova física dessa resposta.