Cresce a cada dia a lista de militares que já não concordam mais com o sigilo imposto à presença alienígena na Terra. No final de outubro foi a vez do tenente-brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro, que recebeu a Revista UFO e concedeu entrevista exclusiva, fazendo significativas declarações sobre a manifestação de UFOs em nosso país. Monteiro foi ministro da Aeronáutica do Governo Collor, no período de 1990-1992, e ocupou inúmeras posições de destaque no meio militar brasileiro. A entrevista se deu em sua residência, no Rio de Janeiro, e foi conduzida pelo editor A. J. Gevaerd, pelo co-editor Marco Antonio Petit e pelos consultores Francisco Pires de Campos e Arthur Ferreira Neto. Foram mais de duas horas de interessante e proveitosa conversa, em que o oficial sentiu-se à vontade e sem qualquer constrangimento para falar sobre os discos voadores, como outros que também já prestaram depoimento à UFO.
Monteiro está na Reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) há anos, mas mantém vínculos com militares na ativa de vários setores do oficialato brasileiro. Tem memória extremamente lúcida de fatos marcantes sobre suas atividades e – de especial interesse para a Ufologia – sobre como o país lidou com a questão durante o tempo em que esteve na ativa. Como outros ministros, antes e depois dele, Monteiro também teve acesso as= informações de gravidade sobre a manifestação de outras espécies cósmicas em nosso país, relatando alguns casos. Apesar de ter sido piloto de vários tipos de aeronaves, inclusive de caça, nas quais tem mais de 5 mil horas de vôo, não teve experiências a bordo, mas em solo, junto de sua esposa.
O militar foi comandante do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1), em Brasília, fase em que esteve à frente do registro de ocorrências ufológicas em todo o país, em especial na área do Distrito Federal e Região Sudeste. Ele revelou que as observações de objetos voadores não identificados já eram constantes nas telas de radar do órgão bem antes dele assumir seu comando, que todos os casos eram meticulosamente anotados e que alguns acabavam sendo investigados pela Aeronáutica. Na ocasião ainda não se empregava o termo “tráfego hotel” para designar UFOs [Veja edição UFO 111].
Os arquivos ufológicos devem ser abertos e vocês devem continuar sua ação junto ao Governo para garantir que isso ocorra
– Brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro
“Tecnologia mais avançada que a nossa”
Em meio a várias ocorrências, Monteiro descreveu uma situação em que a estação de radar do Cindacta no Gama (DF) foi sobrevoada em baixa altitude por um objeto discóide de grandes proporções, e que seus homens, sem saberem como proceder, simplesmente abriram fogo contra o intruso. Ao saber disso, por telefone, Monteiro deu-lhes ordens expressas para interromperem o tiroteio imediatamente. “Eles têm uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa e não sabemos como reagiriam à nossa ação”, disse referindo-se aos tripulantes da nave, informando ainda que esta era a doutrina adotada na época, ou seja, não agredir para não sofrer as conseqüências.
O entrevistado também foi comandante do IV Comando Aéreo Regional (COMAR 4), localizado em São Paulo, órgão que controla o espaço aéreo da Região Sudeste. Assim, esteve sob sua jurisdição a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, ocorrida em 19 de maio de 1986, quando o Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás foram inundados com o aparecimento de mais de 20 esferas voadoras de cerca de 100 m de diâmetro cada, que acabaram sendo perseguidas por sete caças F-5E e Mirage da FAB, enviados das bases aéreas de Santa Cruz (RJ) e de Anápolis (GO).
Este é um dos casos ufológicos mais importantes do país e base da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Entre as testemunhas envolvidas estava o então presidente da Embraer Ozires Silva, que, a bordo de um avião Xingu em vôo entre Brasília e São José do Campos, avistou alguns dos objetos e chegou a persegui-los sobre o nordeste do estado de São Paulo [Veja edição UFO 140]. Como se sabe, o então ministro da Aeronáutica na época, brigadeiro Octávio Moreira Lima, chegou a ir à TV em rede nacional, no dia seguinte, para admitir a “invasão” do espaço aéreo brasileiro por UFOs [Veja edição UFO 049]. Ambos, Silva e Moreira Lima, são amigos de Monteiro e o primeiro lhe confidenciou detalhes de seu avistamento, que serão oportunamente revelados na UFO.
“Certa forma de inteligência”
Como se soube através da edição UFO 160, o Governo Federal acaba de liberar um documento importantíssimo sobre a Noite Oficial dos UFOs no Brasil, em que admite que os artefatos observados eram “sólidos e refletiam certa forma de inteligência”, além de realizarem manobras espantosas. O documento pode ser acessado no Portal UFO [ufo.com.br]. Devido à esta liberação, o assunto central da entrevista com Monteiro, naturalmente, foi a ocorrência de 19 de maio de 1986, que foi confirmada de diversas formas pelo militar, inclusive com detalhes até então desconhecidos. A ele são atribuídas algumas contundentes declarações sobre os fatos, prestadas na época. Por exemplo, ele teria dito que “há muitos anos esses casos vêm sendo registrados pela Aeronáutica” e que os UFOs “passaram de 250 para 1.500 km/h em fração de segundo”. Monteiro também teria afirmado que “a FAB filmou todo o evento em vídeotapes”. Tais fatos foram agora complementados por ele.
Referindo-se aos UFOs sempre com o termo “anomalias eletrônicas”, segundo ele devido “à falta de uma explicação melhor para o que eram aqueles objetos”, o entrevistado disse que sua velocidade era realmente estarrecedora e que os caças conseguiam se aproximar deles apenas por alguns instantes, porque em seguida os intrusos disparavam com fantástica rapidez. “Não havia como nos aproximarmos mais, e então acabamos abandonando as buscas, que duraram muitas horas naquela madrugada”. Há referência de que os UFOs chegaram a atingir a velocidade de Mach 15, ou seja, 15 vezes a velocidade do som, o que Monteiro disse ser possível, embora os instrumentos tivessem medido apenas perto de 3.500 km/h. “Depois disso podem ter sofrido distorções naturais de leitura”.
Quanto à Força Aérea Brasileira (FAB) ter gravado os fatos em videotapes, como afirmado na época dos acontecimentos, Monteiro disse que, na verdade, o órgão – em especial o Cindacta – sempre anotava sistematicamente o que ocorria nas telas de radar, e que tudo aquilo foi registrado em gravações apropriadas feitas a partir dos instrumentos. Mas disse que a cada 30 dias as fitas são apagadas e reutilizadas, não sabendo se estas que contêm informações sobre os fatos de maio de 86 também o foram.
Outras espécies
O entrevistado foi cauteloso o tempo todo. Inicialmente fechado, foi cedendo à pressão dos entrevistadores e deixando claro que, assim como outros graduados militares brasileiros, ele também tem clara noção de que estamos sendo visitados por outras espécies cósmicas. Mesmo que no início da conversa tenha se referido aos UFOs como anomalias eletrônicas, aos poucos foi falando em “eles” para designar seus tripulantes, em “naves” para efetivamente descrever o que eram seus veículos, mencionando ainda sua “tecnologia”. Também se referiu abertamente às inteligências por trás do fenômeno, sugerindo de forma explícita que estamos diante de civilizações superiores.
Esta foi a afirmação mais contundente de Monteiro, que ele deu ao final da entrevista, quando voltou a se referir ao caso em que seus homens atiravam num disco voador sobre a estação de radar do Gama, e que ele teve que intervir imediatamente, “pois a reação deles poderia ser trágica para nós”. Para tanto, usou como analogia o Caso Mantell, ocorrido nos Estados Unidos em 1948, em que o piloto Thomas Mantell encontrou a morte e seu avião foi destroçado após a perseguição a um UFO. “Por isso, quando perseguiam tais ‘anomalias eletrônicas’, nossos caças o faziam com cautela”.
Apoio à liberdade de informação
Ao fim da conversa, quando já estava mais confortável diante das perguntas da Equipe UFO, passou a se referir a tais anomalias praticamente rindo de sua própria interpretação do fenômeno e admitindo que usava a expressão apenas “por não ter um UFO nas mãos para poder dizer exata-
mente o que são”.
Enfim, o tenente-brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro é mais um homem do meio militar brasileiro que, reconhecendo a séria missão dos ufólogos da Revista UFO em levantar detalhes da presença alienígena na Terra para informar à sociedade, oferece seu apoio à campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, conduzida pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) através da publicação. Como seus colegas anteriormente entrevistados – entre eles o brigadeiro José Carlos Pereira e os coronéis Uyrangê Hollanda, Gabriel Brasil e Antonio Celente Videira –, ele admite a seriedade da manifestação ufológica em Território Nacional e a necessidade de se tratar dela de forma transparente.
No encerramento dos trabalhos, Monteiro declarou: “Os arquivos ufológicos devem ser abertos e vocês devem continuar sua ação junto ao Governo, para garantir que isso ocorra”. O conteúdo integral desta entrevista será publicado na próxima edição da Revista UFO. O editor deseja agradecer à leitora e colaboradora Magaly Mendonça Lima, que convenceu o militar a concedê-la, e ao consultor Francisco Pires de Campos, por viabilizá-la.