Felizmente, os grandes eventos de Ufologia no Brasil estão de volta — e, em boa parte, graças à Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. Foi lá que se realizou, entre 13 e 15 de abril, como parte do calendário oficial da cidade, o 8º Encontro Ufológico de Peruíbe, simultaneamente à 2ª Conferência Internacional Sobre Vida Extraterrestre da Jureia, em referência à vizinha Estação Ecológica de Jureia-Itatins, paraíso ecológico que detém abundante repertório de fenômenos ufológicos. O evento foi organizado pela Revista UFO, convocada para a tarefa pela prefeita Milena Bargieri e pelo secretário municipal de Turismo João Fioribelli Júnior, e se deu no Centro de Convenções da cidade, atraindo participantes de todo o Brasil e exterior, e catalisando o interesse da região para o tema.
Peruíbe já é amplamente conhecida na Comunidade Ufológica Brasileira por contar com o primeiro Roteiro Ufológico do país, construído com recursos públicos do município em razão da elevada quantidade de avistamentos e contatos já registrados na região, que ultrapassa muito a média brasileira [Veja edição UFO 162]. Desde observações de UFOs sobre o mar até contatos com sondas nas montanhas ao redor da cidade, há de tudo por lá — inclusive a alegação de supostos portais dimensionais e de bases intraterrenas encravadas na serra. Aterrissagens de naves, encontros com tripulantes e abduções também não são incomuns, e tudo isso dá a Peruíbe o título de recordista nacional em ocorrências ufológicas. “A Ufologia precisa e merece ser tratada com seriedade, e isso é o que fazemos aqui. Realizar um evento como esse é valorizar o que muitos habitantes da cidade nos relatam, seus avistamentos e contatos”, disse Fioribelli, forte apoiador do tema.
Mudando o perfil da Ufologia
O que Peruíbe faz, além de promover um congresso de grandes proporções e mostrar a seriedade com que trata do assunto, é servir de exemplo para outras cidades do país, algumas das quais também com elevada incidência ufológica. Uma consequência imediata dessa atitude foi proporcionar à Ufologia uma credibilidade que ela ansiava e merecia. Agora, com o sucesso atingido e os eventos permanecendo no calendário oficial da cidade, comprovou-se de maneira inquestionável que a Ufologia pode contar com apoio do poder público — embora os exemplos nessa área sejam raros. “Se sensibilizarmos mais prefeituras a fazerem o mesmo que Peruíbe, em pouco tempo mudaremos o perfil da Ufologia Brasileira”, disse o editor de UFO A. J. Gevaerd, que coordenou o evento.
O objetivo do 8º Encontro de Ufologia de Peruíbe e da 2ª Conferência Internacional Sobre Vida Extraterrestre da Jureia foi promover uma ampla discussão não apenas da casuística ufológica local, mas também mundial, assim como realizar uma análise do que ela significa para a humanidade e examinar suas tendências atuais. Para fazê-lo, a Revista UFO convocou mais de uma dúzia de importantes ufólogos do Brasil e de quatro países, representando variadas linhas de pensamento sobre a questão. Dos Estados Unidos, por exemplo, compareceu uma das maiores autoridades da pesquisa científica do Fenômeno UFO, o ex-diretor internacional da Mutual UFO Network (MUFON) James Carrion, que apresentou um tema de grande interesse — afinal, quem são os verdadeiros homens de preto? Em sua conferência, deixou clara a realidade desses agentes, que se infiltram inclusive em entidades ufológicas para desinformar, criar mitos e embaralhar informações legítimas obtidas com investigações.
Despistamento e abduções
“Esses indivíduos viajam em grupos de dois ou três, seus veículos têm placas que não podem ser rastreadas e apresentam identificações falsas de organizações não existentes. Agem principalmente confundindo e desconfigurando casos reais, implantando informações falsas e criando pseudotestemunhas, além de chantagearem protagonistas diretos de casos ufológicos”, alertou Carrion. Ele também mencionou as características que são próprias desses misteriosos agentes — como andar e falar de forma estranha, o aparente uso de maquiagem e interesse especial por UFOs e suas testemunhas. Para Carrion, os MIBs não são apenas folclore e tema de produções hollywoodianas.
Da Argentina, o convidado do 8º Encontro foi o ufólogo e psicólogo Gustavo Cía, consultor da UFO em seu país e especializado nos aspectos mais incomuns das abduções alienígenas, entre eles as chamadas visitas de dormitórios. “As experiências de abdução parecem nos mostrar um caminho de acesso a uma nova maneira de entender a realidade e as formas em que ela se relaciona com a consciência”, informou em sua palestra, altamente técnica. Para Cía, existem cada vez menos dúvidas de que as vítimas dessas abordagens sofrem uma experiência psicologicamente real e merecem ser vistas como sãs.
“Os resultados dessa investigação podem mudar nossa concepção a respeito da realidade e do universo”, completou.
Ufologia oficial e Vaticano
Julio Chamorro, atual piloto civil e ex-piloto militar da Força Aérea Peruana (FAP), assessor da Escola Superior de Guerra Aérea (ESFAP) de seu país e um dos fundadores do órgão oficial de pesquisas ufológicas Escritório de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (OIFAA), demonstrou incomum intimidade com o Fenômeno UFO e declarou a certeza de que sua origem extraterrestre deve ser levada seriamente em consideração. Exemplificou alguns casos ocorridos em seu país envolvendo aeronaves civis, militares e objetos voadores não identificados. “Os UFOs são ainda mais complexos do que supomos. Nos Estados Unidos, mais de dois milhões de pessoas dizem ter sido abduzidas e os militares estão sendo cada vez mais cobrados para liberarem seus arquivos secretos”, comentou Chamorro — que também é consultor da Revista UFO — durante sua conferência. Para ele, institutos científicos e acadêmicos precisam participar das pesquisas e constatar o que já sabemos.
Realizar um evento como esse é valorizar o que muitos habitantes da cidade nos relatam, seus avistamentos e contatos
— João Fioribelli
Da Itália, o pioneiro, jornalista, cientista político e social Roberto Pinotti, um dos mais destacados ufólogos de todos os
tempos e autor de vários livros consagrados — entre eles OSNIs: Objetos Submarinos Não Identificados [Código LIV-022 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br] — compareceu com um volume espantoso de informações. Editor da revista Notiziario UFO, dirigente do Centro Ufológico Nazionale (CUN) e correspondente internacional da Revista UFO em seu país, Pinotti ainda atua como consultor do governo italiano para assuntos ufológicos. Ele abordou com propriedade o interesse das autoridades europeias quanto à presença alienígena na Terra, relembrando casos pesquisados por governos de todo o mundo — e falou também da lenta, porém significativa, abertura da Igreja com relação ao tema, que pode resultar na aceitação definitiva da questão nos meios religiosos do planeta. “Eu não tenho mais dúvida de que o Vaticano está se adaptando interiormente para essa nova realidade e pode nos oferecer boas surpresas em breve”, afirmou.
Além dessas estrelas da Ufologia Mundial, alguns dos melhores e mais produtivos ufólogos do país também apresentaram trabalhos de alto nível em Peruíbe. Entre eles, falando sobre a casuística regional brasileira, estavam os consultores da UFO Rafael Amorim (RS), Wallacy Albino (litoral de SP), Paulo B. Werner (MG) e Jackson Camargo (PR), expondo suas investigações e comprovando a variedade e semelhanças de casos existentes no Território Nacional. Já a médica e presidente da Casa do Consolador Mônica de Medeiros abordou as abduções e expôs, inclusive, suas próprias experiências com o fenômeno — com as quais convive desde a infância.
Iniciativa inédita
O também médico e cardiologista paulista Marco Aurélio Seixas comparou aspectos científicos comuns entre medicina e Ufologia, propondo o estímulo das discussões metodológicas e a elaboração do que seria a primeira “Diretriz Brasileira de Estudos dos Objetos Voadores Não Terrestres”. Ainda na área da casuística ufológica, os pesquisadores Paulo Aníbal G. Mesquita e Marco Aurélio Leal — que recebeu na ocasião convite para integrar a Equipe UFO e passa a fazer parte do Conselho Editorial da publicação a partir desse mês — fizeram o lançamento de seu livro Caçadores de OVNIs [Crearte Editora, 2011], em que a dupla relata as investigações que realizou em vários estados do Brasil, especialmente o sul de Minas Gerais e o litoral sul de São Paulo. “Em muitas viagens e milhares de quilômetros rodados, encontramos nessas regiões muitas pessoas simples que tiveram sua vida alterada por experiências ufológicas intensas”, disse Leal.
De Brasília, o coeditor da Revista UFO Fernando A. Ramalho, que também é coordenador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), alertou sobre os próximos passos da entidade, que pretende nesse ano acionar a Lei Geral de Acesso à Informação, de 18 de novembro de 2011, que regula o inciso 33 do artigo 5 da Constituição Federal. Segundo Ramalho, a partir dos próximos meses teremos novidades na campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. O coeditor também tratou da reabertura do Caso Varginha e do recente acordo entre órgãos oficiais de pesquisa ufológica do Uruguai e Chile, respectivamente a Comissão Receptadora e Investigadora de Denúncias de Objetos Voadores Não Identificados (Cridovni) e o Centro de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA), lembrando a proposta de reativação do órgão brasileiro Sistema de Investigação de Objetos Aéreos não Identificados (Sioani), extinto em 1972.
Troca de informações
Em sua palestra, Inajar Toni Kurowski, perito criminal, conselheiro especial da UFO e coordenador do grupo de análise de imagens da publicação, explanou os equívocos mais comuns recorrentes em fotos e filmagens que chegam até sua equipe técnica de investigação. Já o ufólogo Edison Boaventura Júnior, do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG), mostrou documentos e relatórios de casos brasileiros obtidos nos Estados Unidos por meio de contatos com entidades e grupos internacionais, escritos em inglês e reforçando a comprovação de que as duas nações trocam dados ufológicos desde sempre — os norte-americanos teriam interesse especial pelo que ocorre na Ufologia Brasileira. Mencionou também a presença do multimilionário Robert Bigelow, fundador da Bigelow Aerospace, há alguns anos no país e como andou abordando ufólogos e grupos de pesquisa em busca de possíveis tecnologias extraterrestres presentes em Território Nacional — inclusive membros da Revista UFO.
Toda condução e o encerramento do evento, realizado em clima de verdadeira maratona, com entra e sai de palestrantes, ficou a cargo do editor da UFO, Gevaerd. Ele enfatizou e agradeceu a presença maciça do público presente em Peruíbe — cerca de 1.000 pessoas compareceram a todas as seções, que duraram três dias. Enfim, palestras, debates e contato direto com a população, além da união e sintonia fina entre os conferencistas presentes — todos valorosos integrantes da Comunidade Ufológica Nacional e Mundial —, marcaram definitivamente o acontecimento na história da Ufologia Brasileira com o que há de mais atual e relevante na pesquisa e reconhecimento da presença alienígena na Terra no século XXI.