O cenário pode parecer inóspito, mas não para a comunidade de bactérias que habita o fundo da geleira Taylor, na Antártida Oriental. Pesquisadores norte-americanos conseguiram analisar a salmoura que sai debaixo do bloco de gelo e determinaram que se trata de um grupo muito saudável de microrganismos, utilizando o ferro e o enxofre do local para se reproduzir há pelo menos 1,5 milhão de anos, com zero teor de oxigênio. A pesquisa, divulgada na revista Science, foi coordenada por Jill A. Mikucki, da universidade Harvard. A cientista e seus colegas explicam que as bactérias, de origem marinha, ficaram presas nessas águas, que foram se tornando cada vez mais salgadas.
Em episódios cuja razão ainda não é bem conhecida, essa salmoura, às vezes, escapa debaixo da geleira, entrando em contato com o oxigênio do ar, formando óxidos de ferro, que dão ao vazamento a cor avermelhada acima. Apesar do isolamento, do frio e da completa falta de oxigênio, os micróbios conseguem usar elementos na água e na rocha debaixo da geleira para sobreviver e prosperar. As condições lembram as existentes em locais como Europa, a lua gelada de Júpiter que possui um oceano debaixo de uma grossa camada de gelo. Se a vida consegue se estabelecer em locais como essa geleira, não é impossível que ela também floresça em Europa e em outros lugares remotos do Sistema Solar.