O trabalho argumenta que o homem de Neandertal usou uma caverna em Gibraltar pelo menos 2.000 anos depois da última data em que a presença da espécie é bem documentada em outros lugares. Neandertais sobreviveram milhares de anos além do que os cientistas imaginavam até agora, com pequenos bandos encontrando refúgio em grandes cavernas do sul da Espanha, sugere uma nova pesquisa. O trabalho argumenta que exemplares do homem de Neandertal usaram uma caverna em Gibraltar pelo menos 2.000 anos depois da última data em que a presença da espécie é bem documentada em outras partes da Europa e da Ásia, dizem pesquisadores. “Talvez esses fossem os últimos”, disse Clive Finlayson, do Museu Gibraltar, que informa a descoberta no website da revista Nature.
O artigo afirma que amostras de carvão de fogueiras acesas pelos neandertais têm 28.000 anos, e talvez apenas 24.000. Especialistas discordam sobre a força dos argumentos apresentados no trabalho. Neandertais eram caçadores atarracados e fortes, que surgiram na Europa e Ásia ocidental há 200.000 anos. Eles desapareceram depois que o ser humano moderno chegou à Europa, entre 35.000 e 40.000 anos atrás, e se espalhou pelos territórios ocupados, até então, pelo neandertal. Os últimos dias do neandertal são uma fonte de fascínio: eles foram extintos pela competição com os humanos modernos, porque pegaram novas doenças ou por causa de uma mudança climática? Os dois grupos tiveram muito ou pouco contato? E de que tipo? Não parece ter havido encontros entre neandertais e humanos modernos na caverna Gorham, em Gibraltar.
Mais de 5.000 anos separam os últimos vestígios do neandertal dos primeiros vestígios do homem moderno, diz Finlayson. Ele acredita que neandertais e modernos podem ter coexistido na vizinhança da caverna, mas a paisagem é ampla e variada, então não está claro se os dois grupos chegaram a se encontrar. Especialistas dizem que Gibraltar é um lugar provável para se encontrar os últimos vestígios do neandertal, porque se trata da extremidade de um beco sem saída que se estende a partir da Europa Central. Segundo Eric Delson, do Museu de História Natural de Nova York, a data de 28.000 anos apresentada no artigo parece segura, mas o argumento a favor da presença de neandertais no local depois disso é mais fraco.
Mas mesmo a data mais antiga é a única evidência da presença de neandertais na Terra depois de 30.000 anos atrás. Mesmo assim, já houve outras alegações da descoberta do “último neandertal”, e nenhuma delas resistiu à análise crítica. Finlayson se diz confortável com a data de 24.000 anos atrás, e diz que a estimativa de 28.000 é conservadora. Ele alega que não há evidências de contaminação do sítio por materiais mais recentes, e que a localização dos artefatos de neandertal encontrados na caverna mostra associação dos objetos com o carvão analisado.