As provas da invasão do espaço de Belo Horizonte e de outras localidades mineiras por supostos discos voadores em julho de 1972 estavam mesmo nas gavetas do Ministério da Aeronáutica. Edison Boaventura Junior, presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG), conseguiu cópias de depoimentos de testemunhas das aparições, confirmando reportagem publicada pelo Estado de Minas. Um dos documentos contém relato do sargento Raphael Antônio Santarém de Morais, então chefe da torre de controle do aeroporto da Pampulha. Ele não só viu os objetos como recebeu chamados de pilotos de pelo menos três vôos alertando sobre as luzes.
A história mais contundente é a do general de Divisão Médica Joaquim Vieira Froes, então na reserva. Ele viajava de ônibus com a família do Rio de Janeiro para Vitória da Conquista (BA). Na BR-116, perto de Realeza, distrito de Manhuaçu, Zona da Mata, o coletivo foi estudado por cerca de 30 segundos por um objeto voador, na noite de 26 de julho. O militar chegou a sugerir ao país procurar meios de entrar em contato, caso se tratasse mesmo de seres de outro mundo, e propor um acordo para evitar uma invasão. Os relatos, além de confirmarem as visões, quebram um silêncio de anos imposto pelo medo da ditadura (as pessoas evitavam comentar o que não podiam explicar).
Os ufólogos [Através da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, o Dossiê UFO Brasil e apoio da Revista UFO] conseguiram a liberação dos documentos no ministério amparados pela Lei 11.111/2005 [Veja edições UFO 155, 156, 158, 160, 170, 171, 174 e 180]. O depoimento do sargento Raphael Morais foi tomado em 27 de julho. Ele falou que na noite do dia anterior teve a atenção chamada pelo comandante do avião prefixo PP-VJO sobre objetos não identificados no espaço da capital. “Imediatamente, vimos pelo binóculo uma réstia de luz esbranquiçada desaparecer rumo a Nova Lima”. Contou ter recebido chamadas também dos vôos SC 107 e Vasp 234 relatando aparições.
Morais deu nomes de outras testemunhas: o soldado dos bombeiros de plantão no posto do aeroporto, o rádioamador Paulo Castro (estava de carro na Avenida Prudente de Morais quando viu as luzes) e Edson Alves Rocha. “Os objetos tinham aparência de avião a jato e iluminavam uns aos outros”, disse Rocha. Décio Lourenço Pinto, também citado, estava numa rodovia e parou o carro para melhor observar: “Parecia um cardume, todos com rastros luminosos e se movendo em grande velocidade”. Esse relatório foi assinado por José Francisco dos Santos, então chefe do comando da 3ª Zona Aérea, subcomando de Apoio Militar, Divisão de Proteção ao Vôo do Ministério da Aeronáutica.
Surpresa
O depoimento do general Joaquim Vieira Froes foi tomado na Seção de Informação de Segurança do Ministério da Aeronáutica. Com ele, o genro, sargento Sérgio Augusto Amaral Lima, também testemunha da aparição. “Seguíamos viagem eu e minha família do Rio para Vitória da Conquista, no ônibus 919 da Viação Itapemirim. O tempo estava bom, seco, céu limpo e luar claro, quando eu e minha mulher vimos um objeto voador a uma distância aproximada de dois quilômetros, à esquerda da rodovia (BR-116), a uma altura entre 600 e 800 m. O objeto voava do oeste para leste, em velocidade que considerei média”, contou o militar.
Segundo ele, nos 20 ou 30 segundos que o aparelho levou do ponto inicialmente visto até passar sobre o ônibus, apresentou-se, primeiramente, “como um grande prato côncavo-convexo, de um azul diáfano e brilho intenso”. E adicionou: “Depois, tive a impressão de que ele girou sobre seu eixo e, ao parar, instantaneamente sobre o ônibus, desceu a 400 ou 500 m, mostrando então, aos meus olhos atônitos, toda a sua face central (côncava)”.
“A aeronave ou espaçonave (difícil afirmar com segurança) apareceu nesta posição como um grande e assombroso cromo (coisa do outro mundo, o que não acredito muito), dando a impressão de que havia parado por um instante sobre o ônibus. Devia ter 80 a 100 m de diâmetro. A estrutura do aparelho era relativamente simples: compunha-se de quatro grandes discos escuros, como se fossem casas de máquinas, aparentemente imóveis, encimados, cada um, por uma cúpula correspondente à quinta parte do tamanho do disco, intensamente brilhante. (…) Os discos apresentavam abertura nos ângulos”, continuou.
Sem medo
O general revelou por que resolveu não guardar segredo: “Como há dúvidas sobre a origem desses aparelhos voadores, achei melhor relatar o que vi. (…) Se se trata de artefato de uma potência amiga e sensata, como os EUA, nada temos a temer. Os jornais noticiaram no dia seguinte, 27 de julho, a passagem desses objetos por uma localidade de Minas, distante de Realeza, onde baixou sobre um campo de futebol, em pleno funcionamento. No entanto, se procedem de outros astros, podem se constituir em patrulhas de reconhecimento que há muito nos observam e cada vez se aproximam mais, como fizeram sobre nosso ônibus, o melhor seria procuramos, por todos os meios ao nosso alcance, entrar em contato com esses viajantes do espaço e fazermos um acordo possível, ou, então, continuarmos nosso caminho e imitarmos o avestruz: esconder a cabeça sob as asas e aguardar os acontecimentos.”
Outro depoimento
“Tinha 25 ou 26 anos. Eu e amigos fazíamos esculturas na Casa dos Artistas Mestre Amilcar de Castro, em Ouro Preto (MG). Na Praça Tiradentes, fomos cercados por militares armados. Pediram identidades e carteiras de trabalho. Me identifiquei, tremendo, com uma carteira funcional do Palácio da Liberdade, onde trabalhava. Sem ela teríamos sido transportados para o Dops, em Belo Horizonte. Antes e depois do golpe, aprendi muitas coisas e tive contato com pessoas como o governador Magalhães Pinto e o general Mourão. Me sentia na obrigação de manter a ética palaciana, ver, ouvir e nada mais. N&ati
lde;o que o sistema político me obrigasse a calar. Fui um dos que viram os objetos e ficaram calados porque não havia ninguém interessado. O falatório no país não se abria para cogitar sobre outra coisa senão da situação militar e a sociedade.” — G.V., uma das testemunhas das aparições em Belo Horizonte que se recolheram ao silêncio.
Os documentos sobre o caso citado estão na pasta http://ufo.com.br/documentos/Documentos_liberados_oficialmente/1970/CENDOC_ENVELOPE_03_1972.pdf. Os calhamaços completos, desde a primeira liberação, mais o que já estava em posse dos ufólogos civis, estão em http://ufo.com.br/documentos/.
Atenção: Pedimos aos interessados que baixem, imprimam, divulguem e compartilhem à vontade tais documentos, de acesso público irrestrito e total, mas que não se esqueçam de citar a fonte, a Revista UFO, e que tais materiais estão sendo disponibilizados por iniciativa da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
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