O homem encontrou vida em Marte. Esta notícia, típica dos filmes de ficção científica, está mais próxima da realidade do que imaginamos, segundo o cientista americano Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington. Uma teoria apresentada por ele à Sociedade Astronômica dos Estado Unidos defende que, na verdade, este encontro pode já ter acontecido. Mas, como as missões realizadas no Planeta Vermelho sempre procuraram por organismos semelhantes aos existentes na Terra, não teriam sido capazes de identificar os seres vivos marcianos.
“As condições na superfície de Marte são bastante difíceis. Para viver num local assim, é preciso ser especialmente adaptado a elas e, portanto, diferente dos organismos terrestres” afirmou Schulze-Makuch, em entrevista na terça-feira (9) ao Globo Online. De acordo com o cientista, a vida em Marte pode ter evoluído por meio de uma mistura de água e peróxido de hidrogênio (água oxigenada). Seria uma adaptação às baixas temperaturas do planeta, já que a substância se mantém líquida em temperaturas de até 56,5 graus negativos e não destrói as células quando se descongela.
“Não temos na Terra organismos cujas células tenham esta mistura em seu interior, mas há vários exemplos de organismos em um pré-estágio, como o besouro bombardier (que solta um jato da substância como mecanismo de defesa). A idéia é que esta seria a adaptação bioquímica ideal para o ambiente marciano”, explicou. A teoria pode influenciar, a curto prazo, a exploração de Marte. Schulze-Makuch contou que tem conversado com a equipe da Nasa responsável pela missão “Phoenix”, que será lançada em agosto deste ano para investigar o ambiente do planeta. Ele, porém, reconhece as dificuldades para se comprovar sua hipótese: “É como procurar por agulha no palheiro.
Para se encontrar microorganismos, é necessário fazê-los se multiplicar. Isto é complicado principalmente quando se desconhece sua fisiologia”. Mesmo assim, o especialista defende que as missões em Marte já colheram informações suficientes sobre o ambiente do planeta e que deveriam agora buscar formas possíveis de vida. “Encontrar vida em Marte é uma questão muito mais política do que científica. É como conseguir a jóia da Coroa. Os cientistas têm medo de falhar e perder apoio público para mais investimentos. Então, eles querem dar um passo de cada vez”, considerou ele.