João de Freitas Guimarães, aos 47 anos de idade, chegou no fim da tarde de 16 de julho de 1956, quase meio século atrás, a São Sebastião, no litoral norte do Estado de São Paulo, para cuidar de um caso de terras de cliente de seu escritório de advocacia, o que faria no dia seguinte no Fórum. Na ocasião ele era também professor de Direito. Hospedou-se em hotel e após jantar uma sopa, saiu a pé para um passeio pela praia que tem bem à frente e a poucos quilômetros de distância de Ilha Bela (SP). Após ler placa de bronze comemorativa à fundação da cidade, caminhou pequena distância em direção norte, no sentido de Caraguatatuba (SP), sentou-se e ficou ouvindo o marulhar e observando a natureza.
Subitamente viu um clarão e elevar-se um forte jato de água do mar parecendo o de uma baleia e um objeto veio voando até perto dele, onde pousou parte na água e parte na areia da praia sobre esferas de um trem de aterrissagem. O objeto tinha cerca de 20 m de diâmetro por seis metros de altura e parecia-se com dois arco-íris unidos formando uma tarja no centro. Tinha um cheiro ácido, acre, desagradável. Apagou-se e por uma abertura na parte de baixo desceu uma escada flexível e saíram dois vultos altos, que caminharam na direção do advogado, que se levantou e perguntou em português se tinha ocorrido algum desarranjo, se podia prestar algum serviço, se queriam alguma coisa dele.
Como não responderam, o doutor Freitas Guimarães insistiu perguntando o mesmo em francês, inglês, italiano, espanhol. Não responderam, mas ele intuiu que lhe disseram duas vezes “se quiser conhecer o nosso aparelho e fazer nele, mesmo, uma pequena viagem, venha”, e deu-se conta que estavam em franca comunicação telepática. Quando decidiu aceitar, um dos visitantes deu-lhe as costas e dirigiu-se ao disco voador, subiu os degraus com facilidade e o doutor Freitas Guimarães o acompanhou seguido pelo outro. Chegaram a uma sala onde havia uma espécie de cone cujo ápice estava no centro da nave e que separava compartimentos.
Ao fundo desse local havia espécie de divã, simples, feito de material desconhecido, parecendo couro, macio e acima do espaldar havia dois aparelhos com círculos concêntricos e iluminados contendo linhas quadriculadas com pontos, grupos de pontos e anotações escritas. No seu centro havia três agulhas sendo uma central mais longa e duas laterais menores que estavam em movimento. Anos depois, quando procurado pelo comandante do Navio Escola Almirante Saldanha, da Marinha Brasileira (que foi sobrevoado por um disco voador em 16/01/58), o doutor Freitas Guimarães foi informado que esse aparelho era um radar altamente especializado. Acima do sofá onde se sentou havia vigias que permitiam visão externa.
O doutor Freitas Guimarães caminhou até o hotel, acertou o relógio que tinha parado, pagou a conta e voltou para Santos pela rodovia [naquela época ainda não havia a rodovia Rio-Santos e a viagem se fazia em estrada sinuosa por cerca de oito horas]. Chegou em Santos por volta de sete a oito horas depois, de madrugada e contou o ocorrido para sua esposa. Depois falou sobre o assunto apenas a poucos amigos íntimos, mas cerca de um ano depois a história vazou e o político doutor Lincoln Feliciano a revelou para um jornal que a publicou com erros, poucas semanas antes do encontro com os ETs, o que provocou grande interesse jornalístico. A partir desse episódio o Guimarães passou a ter intuições inexplicáveis e verificou que isso ocorre com outras pessoas que tiveram experiências similares, baseado em cartas que recebeu, inclusive de militares norte-americanos que se sentiam dominados pelos ETs.
Passeio sideral
Dentro da nave havia um total de cinco tripulantes. Os três avistados tinham cabelos longos e loiros, olhos claros e um olhar de muita clareza. Pele sem rugas, trajavam uma espécie de macacão cor de cana, verde claro, estreitado com barras no pescoço, punhos, cintura e tornozelos. Usavam uma botina flexível de material parecido napa. A seguir ouviu um ligeiro ruído, percebeu um pequeno trepidar, sentiu que decolaram, e viu que caiu água no lado de fora das vigias arredondadas e Guimarães perguntou se era chuva. Telepaticamente lhe foi respondido que havia um rotor na base do aparelho que girava e formava um vácuo até certa altura do cilindro central e isso sugava água que borrifava.
O aparelho parecia duas calotas unidas pelas bordas, com formato mais ou menos ovóide. A claridade interna era muito forte. Pouco depois o doutor Freitas Guimarães viu um céu incrivelmente estrelado, uma área escura e outra cor de violeta, e a seguir era dia, com a luz do Sol batendo sobre nuvens, fazendo um espetáculo maravilhoso. A impressão que tinha era que a nave estava parada e as nuvens se moviam. A velocidade era enorme. Em certo momento o aparelho trepidou, o advogado se assustou, quis perguntar, mas antes teve telepaticamente a explicação que tinham acabado de deixar a atmosfera de nosso planeta e que tinham “mudado o regime de navegabilidade”.
Como recém tinham saído de São Sebastião, o advogado quis ver quanto tempo tinha se passado e observou que seu relógio estava parado às 19h40. Através de telepatia aceitou convite para um novo encontro no dia 12 de agosto de 1957. Os quatro ficaram na mesma sala, mas havia mais duas pessoas na nave tanto submarina (OSNI – objeto submarino não identificado), como voadora (UFO), que pousou no mesmo local cerca de 40 minutos após a partida. Abriu-se a escotilha no chão e Guimarães desceu sozinho pela escada e quis correr, mas como no local há uma gramínea muito resistente, percebeu que poderia cair e não quis demonstrar medo.
O major Coqueiro da Força Aérea Brasileira (FAB) visitou o advogado e professor e pediu para ele desenhar o disco voador, informando então que era igual ao que sobrevoou a Base Aérea em Gravataí (RS), e o fez desistir do encontro ao informar que caças a jato armados estariam no local marcado. Várias testemunhas, incluindo jornalistas, viram nessa ocasião tanto o disco voador como os aviões da FAB sobre São Sebastião e declararam isso em programa de televisão.
O doutor Freitas Guimarães foi entrevistado por vários órgãos da imprensa, incluindo a Tribuna de Santos e pelo médico, ufólogo e escritor doutor Walter Karl Bühler, da Sociedade Brasileira de Estudo dos Discos Voadores (SBEDV) que publicou amplas matérias, duas vezes pela TV Tupi de São Paulo e duas por TV do Rio. Pronunciou várias conferências a respeito, inclusive na Biblioteca Pública de São Paulo, e em 1980, na Loja Maçônica de São Paulo, deu inúmeras informações detalhadas sobre o disco voador, o vôo e seu relacionamento com os tripulantes, material que foi gravado em cassete.
Os militares e os discos voadores
O programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, passou um vídeo de nove minutos em 22 de maio de 2005, no qual oficiais da FAB mostraram a ufólogos em Brasília (DF) os monitores dos radares onde os UFOs aparecem e brigadeiros declararam que desde 1952 pesquisam e arquivam informaç
ões sobre os mesmos, ou seja, já faziam isso quatro anos antes do passeio do doutor Freitas Guimarães. Convém lembrar que São Sebastião fica exatamente abaixo da rota aérea mais movimentada do Brasil, obrigatória para aviões que vão do Rio de Janeiro a São Paulo e outras cidades do sudeste e sul.
Os militares possivelmente sabem que esse jurista contou a verdade. O deputado federal e jornalista Celso Russomano entrevistou em 2002 o então comandante do Comando de Defesa Aérea Brasileira (Comdabra), que lhe mostrou, fechado, um grosso volume com os registros dos 90 UFOs captados pelos nossos radares em 2001, e essa reportagem foi transmitida pela TV.
Outras viagens
Há aproximadamente 15 meses após o passeio ufológico do doutor Freitas Guimarães, de 15 a 16 de outubro de 1957, outro brasileiro viajou de disco voador, em companhia de seres bem diferentes – o fazendeiro mineiro Antônio Villas Boas, que foi induzido a manter contacto sexual com uma extraterrestre a bordo. Voltando de carro de férias no Canadá, os norte-americanos Betty e Barney Hill, cuja história foi contada em um filme e dois livros, foram levados a bordo de um disco voador na noite de 19 de setembro de 1961 e, diferentemente dos brasileiros que se lembravam conscientemente do ocorrido, sofreram uma amnésia e foram os primeiros que se conhece cuja memória do evento foi recuperada através de hipnose regressiva feita pelo doutor Benjamin Simon, em Boston, no ano de 1964.
Quando os militares brasileiros das três armas declararem publicamente que têm documentos comprovando a autenticidade desses casos e das muitas abduções contadas nos livros, haverá necessidade de total revisão das matérias ensinadas nos cursos de psiquiatria, psicologia, história, aerodinâmica, biologia etc, além de um incrível desenvolvimento industrial e de muitas outras áreas do saber humano.
Freitas Guimarães
O doutor João de Freitas Guimarães morreu em 1996, aos 87 anos de idade. Estudou até o terceiro ano de Medicina na faculdade da Praia Vermelha no Rio de Janeiro, depois foi bacteriologista e trabalhou no comércio de café. Bacharelou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), advogou, foi professor fundador em 1952 de faculdade em Santos, lecionou Sociologia, Direito Romano, Direito Civil e Introdução à Ciência do Direito.
Foi secretário da OAB de Santos, presidente da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, autor do Vocabulário Etimológico do Direito e outros livros especializados, juiz do Trabalho, presidente da 1ª Vara do Trabalho de Santos e é patrono do edifício do Fórum Trabalhista da Praia Grande/SP, inaugurado em 2003. Foi casado e teve quatro filhos e muitos netos e bisnetos. Tanto ele como sua família sofreram muitas ofensas dos céticos. Seus milhares de amigos, colegas e ex-alunos sempre o estimaram e respeitaram muito.
Mário Nogueira Rangel é hipnólogo em Ufologia e autor. E-mail: mário.rangel@terra.com.br.
Bibliografia:
Livro Branco dos Discos Voadores – Editora Vozes, 1983, de Guilherme Pereira & Walter Karl Bühler.
O Portal – Contatos Alienígenas – Madras Editora, 2001, de José Guilherme Raimundo.
Conferência do doutor João de Freitas Guimarães, em 1980, na Loja Maçônica de São Paulo, gravada em áudio (cassete).