No dia 18 de abril, o Espiritismo completará 150 anos. Apenas um pouco mais de dois meses depois, em 24 de junho, a Ufologia comemorará 60 anos. Dentre os mais leigos em cada uma destas disciplinas, a primeira pergunta que surge é: o que tem uma coisa a ver a outra? Onde a doutrina fundamentada nos postulados de Allan Kardec, ainda no século XIX, se relaciona com os estudos criteriosos do Fenômeno UFO, iniciados em 1947, após acontecimentos incomuns durante e depois da Segunda Grande Guerra? O que têm a ver os fenômenos espíritas, investigados por místicos e cientistas desde 1857, com os estudos de naves e seres espaciais em ação na Terra, cujos relatos foram encontrados em escritos contidos em livros sagrados, papiros, hieróglifos e até pinturas rupestres?
A resposta para esta questão, apesar de mostrar-se relativamente simples para quem dedica suas atenções a ambas as áreas, não é tão fácil de ser entendida por setores mais ortodoxos de nossa cultura. A lógica nos chama a atenção para o fato de que tanto o Espiritismo quanto a Ufologia têm nos seus objetos de estudo forte base calcada na existência de vida inteligente fora do nosso planeta – seja ela física ou em outros planos de existência multidimensional. Fica claro que está “lá fora” boa parte dos fatos que causaram e continuam a causar os fenômenos estudados por ambas as disciplinas. Contudo, ainda persistem sérias restrições conceituais e metodológicas na abordagem dual do Fenômeno UFO, tanto do lado de alguns espíritas quanto de determinados ufólogos. Os primeiros porque enxergam a doutrina kardecista exclusivamente de forma religiosa, enquanto os segundos não admitem em hipótese alguma que a Ufologia utilize informações que venham a ter alguma relação com qualquer tipo de fé.
Em meio a essas correntes divergentes, a barreira de entendimento, aparentemente intransponível, já foi categoricamente quebrada por grandes ufólogos multidisciplinares, que trafegaram com desenvoltura em ambas as áreas, podendo muito bem fazer uma ponte entre elas. Essas pessoas formam a vanguarda do que podemos chamar de Ufologia Holística, na falta de termo melhor, uma área que além de buscar informações em outras fontes, fora e além do Espiritismo e do cartesianismo, pode também ser entendida como uma espécie de Ufologia Espírita ou de um Espiritismo Ufológico. Em sua maioria diplomados e doutorados em universidades respeitadas, donos de um vasto conhecimento científico, tais homens notáveis podem ser encontrados em todos os países onde exista a prática da Ufologia e do Espiritismo. Obviamente, os ufólogos tidos como holistas não se submetem apenas às ciências acadêmicas, assim como o Fenômeno UFO também não. Atualmente, no Brasil, um dos responsáveis pela manutenção do estudo multidisciplinar de ambas as áreas é o administrador de empresas e autor Pedro de Campos.
De maneira apenas científica, considera-se que uma vez eclodida a vida na Terra, a seleção natural encarregou-se de evolucioná-la até o ponto em que está. Em outros mundos, algo semelhante deve ter ocorrido
Mentores espirituais — Dono de um currículo respeitável, esse médium paulista empregou toda sua bagagem, calcada em 44 anos de Espiritismo, no estudo da Ufologia. Como resultado, Campos escreveu quatro obras extremamente esclarecedoras e impactantes dentro da Doutrina Espírita e do estudo ufológico. Com o auxílio instrutivo dos seus dois principais mentores espirituais, a quem chama de Yehoshua bem Nun e Erasto, o médium brindou-nos inicialmente com Colônia Capella: A Outra Face de Adão [Lúmen Editorial, 2002], adaptando os saltos no desenvolvimento do cérebro humano à teoria evolucionista de Darwin, estudos de Kardec, Wallace e outros grandes cientistas que, se hoje vivessem, poderiam muito bem ser vistos como ufólogos. Depois Campos lançou Universo Profundo: Seres Inteligentes e Luzes no Céu [Idem, 2003], desmistificando por completo a Ufologia perante o Espiritismo. Em seguida veio UFO: Fenômeno de Contato [Idem, 2005], que nos mostrou de forma coerente as possíveis naturezas dos corpos, naves e ações dos alienígenas.
Mais recentemente, Campos surpreendeu a Comunidade Ufológica Brasileira com Um Vermelho Encarnado no Céu [Idem, 2006], uma obra de valor inestimável para quem sente a necessidade de encontrar respostas para os mistérios da Ufologia e do Espiritismo, e ainda entender a conexão entre ambas as áreas. Além de apresentar uma vasta gama de depoimentos, relatos de casos ufológicos e estudos científicos – característica presente também nas obras anteriores –, Um Vermelho Encarnado no Céu trouxe à tona, por meio de um método pioneiro de tratamento espírita, a insólita solução de um complicado caso de abdução, incluindo fotos, encontros visuais e comunicações telepáticas de vários médiuns com as entidades extraterrestres abdutoras.
Apesar do recente ingresso nas fileiras alinhadas com a fenomenologia ufológica e ao intrincado modus operandi alienígena, o autor se sente em casa. Consultor da Revista UFO desde 2005, já teve vários trabalhos publicados. Somando-se as edições de seus livros com as mais de quatro décadas de experiências espíritas, o resultado do trabalho de Pedro de Campos nada deixa desejar quanto àqueles que traçaram esses mesmos caminhos no passado. As particularidades de sua conduta metodológica, que percorrem uma lógica impecável, unidas ao rigor na busca por provas e informações fidedignas, fazem do entrevistado um importante aliado na busca pela verdade na Ufologia, bem como um elo fundamental que sela esta disciplina ao Espiritismo. Eis aqui a razão pela qual a Revista UFO publica a seguinte entrevista, concedida ao conselheiro especial Fernando de Aragão Ramalho, unido a Campos pela afinidade de seus pensamentos sobre o Fenômeno UFO.
Você considera que possa haver vida inteligente em alguma parte do universo? Naturalmente que sim! Embora nossa ciência não tenha encontrado até agora um outro planeta em que haja vida, ainda assim o universo é tão monumental que o simples bom senso nos aponta para a existência dela em algum lugar distante. Parece-me lógico que a confirmação científica da pluralidade dos mundos habitados seja apenas uma questão de tempo. Espero que eu possa ver isso. Alguma vida deverá ser encontrada nesse universo infinito, seja em mundos de matéria sólida, constituída de massa semelhante à nossa, seja em mundos menos materiais, organizada de modo sutil, numa composição ultrafísica.
Falando exclusivamente de vida sólida inteligente, como ela poderia existir em outros planetas? Esse tipo de vida não há nos demais planetas solares. Ela deverá estar em outros distritos do cosmos, muito mais distantes, e de modo semelhante ao da Terra. De maneira apenas científica, considera-se que uma vez eclodida a vida na Terra, a seleção natural encarregou-se de evolucioná-la. Em outros mundos, algo assim deve ter ocorrido. Aqui, o darwinismo pretende mostrar a tendência de todas as espécies de se afastarem de seu tipo original para formação de um tipo mais aprimorado de vida. Cada ser vivo, num movimento gradativo de avanço, transforma-se em outro mais complexo e mais diferenciado daquele que lhe antecedeu. A melhor adaptação ao meio-ambiente produz longevidade vital em todas as espécies. Portanto, os seres mais capazes vivem mais e passam os seus caracteres genéticos a seus descendentes. Prosseguindo assim durante as eras, a evolução prospera e chega-se ao homem de modo apenas material, com a natureza arranjando todas as melhorias corpóreas e intelectuais. Para a ciência, esse princípio evolutivo seria válido também para outros planetas. Contudo, segundo o Espiritismo, essa explicação é insuficiente, pois a evolução se faz a partir de uma matriz espiritual.
Você poderia explicar melhor por que esse postulado científico oficial é insuficiente ao Espiritismo? A ciência deu como boa essa idéia de evolução, mas não foi capaz de produzir vida em laboratório, para depois evolucioná-la até outro patamar de inteligência e de organização corporal, confirmando assim sua validade. Nunca ninguém criou vida em laboratório a partir da massa inerte. Nem tampouco pôde explicar o “mecanismo interno preciso”, esse algo imperceptível à nossa vista que modifica continuamente todas as formas vivas, tornando-as melhores, dando a elas mais funcionalidade, mais intelecto e beleza. As formas vivas se apresentam a nós como se dissessem: ‘Olhe! Mudei para melhor. Estou mais bonita, mais forte, mais inteligente”. Então nos perguntamos o que provoca todas essas modificações? Sem dúvida, além da genética está o espírito! Mas como explicar essa evolução a partir do espírito? Ora, a Teoria Evolutiva Espiritual explica! Ela mostra como o “motor psíquico espiritual” constrói e modifica todas as formas vivas. Em meu livro Colônia Capella isso foi mostrado em detalhes.
Poderia nos dar uma idéia geral dessa Teoria Evolutiva Espiritual? Resumidamente, é o “fundamento espiritual” quem produz a vida e a faz evolucionar do simples para o complexo. O gérmen espiritual, em suas idas e vindas ao plano da matéria, aos poucos se faz mais completo. De início, ele avança apenas como memória fragmentária, estagiando no reino das plantas até conformar um princípio espiritual homogêneo. Nesse estágio, adentra no reino animal e aí prossegue na evolução. Como princípio espiritual, vai encadear-se na natureza e produzir outras bioformas, edificando seu intelecto gradativamente. A individualidade aos poucos se constrói, avança para o ramo primata e estagia nos hominídeos. Nesse ponto, recebe a “ajuda” de entidades mais evoluídas, assume a forma de espírito humano e transforma-se em veículo corpóreo, encarnando na espécie humana. É nela que a individualidade prossegue sua evolução até hoje. Em resumo, é o espírito que constrói aos poucos sua máquina corpórea, na medida em que seu intelecto avança. Ou seja, quem modifica continuamente a matéria é o espírito, e isso acontece em todos os planetas do universo, quer esteja neles o espírito revestido de uma massa corpórea densa ou de um aparato sutil.
É o espírito que constrói aos poucos sua ‘máquina corpórea’, na medida em que seu intelecto avança. Ou seja, é ele que modifica continuamente a matéria, e isso acontece em todos os planetas do universo, quer esteja neles um espírito revestido de uma massa corpórea densa ou de algo que chamamos de ‘aparato sutil’
Você já está no Espiritismo há 44 anos e seus livros dão uma visão espírita da Ufologia. Por que se fala em dois tipos de seres extraterrestres, um sólido e outro sutil? No Espiritismo é importante diferenciar o ser sólido da criatura sutil, ambos são mencionados por Allan Kardec, codificador da doutrina. Nossa ciência diz que não há vida de carne e osso nos demais planetas solares, e em razão de a Doutrina Espírita falar que neles há seres “menos materiais” – criaturas vivendo num estado etéreo, por assim dizer, numa outra vibração da matéria –, procuramos diferenciar bem uma entidade de outra para um melhor entendimento. São os espíritos que ajudaram a codificação da doutrina que falam da existência desses dois tipos de vida no universo. E como os contato regularmente, sei da realidade disso, acredito nessa informação. Além disso, a natureza rara do Fenômeno UFO nos dá mostras dessa matéria imponderável.
Como você define um ET sólido e como ele poderia chegar à Terra? Um ser extraterrestre (ET) pode ser definido simplesmente como uma criatura de fora do nosso planeta. Mas trata-se de um ser de corpo sólido, como o do homem, sem necessidade de ser igual na aparência e na constituição orgânica. Ainda assim, é uma criatura de natureza física, e por ser uma entidade biológica material, para vir a Terra ele precisaria de uma nave espacial ou praticar algum tipo de teleportação [Teletransporte]. Esse “ET sólido” não é do tipo que se materializa, mas que se transporta para chegar aqui.
E como seria esta criatura sutil? Nós, espíritas, chamamos essa entidade de ser ultraterrestre (UT). Trata-se de uma criatura também de fora da Terra, mas de corpo incomum, menos material que o do homem, como denomina o Espiritismo. É ultra porque está além da matéria física, invisível aos nossos olhos. Seria um habitante do que denominamos de “esferas sutis” dos planetas e também das profundezas etéreas do cosmos, conforme o que dizem os espíritos. É um ser de outra esfera vibratória, vivendo em regime de encarnação e desencarnação num corpo sutil, mas diferente do corpo espiritual.
Então ambas as criaturas estariam encarnadas? Sim! Tanto o ET como o UT são entidades corpóreas encarnadas, não são espíritos da erraticidade. Já estes são entidades desencarnadas, seres universais que encarnam nos mundos materiais e nos menos materiais. O espírito não é ultra nem extraterrestre, porque isso é uma condição corpórea. Na Terra, o espírito de outro planeta é um estrangeiro, por assim dizer, não um ET. Aos espíritos nós fazemos preces, mas aos ETs, não. Eles estão encarnados, assim como nós. Por essa definição, compreende-se também que Jesus não era ET nem UT, mas um espírito puro que encarnou na Terra para realizar uma missão específica: dar exemplos de amor e ensinar espiritualidade aos homens.
Parece que é dessa confusão que surgiu a ufolatria, você não acha? Eu concordo! A Ufologia moderna surgiu em 1947, quando a Força Aérea Norte-Americana (USAF) entrou oficialmente no estudo dos UFOs e isso se disseminou na sociedade civil. Depois, motivadas pelo conteúdo paranormal das experiências ufológicas que se acumulavam, as pessoas enveredaram para o “contatismo”, uma prática esotérica de tentativa de comunicação mental com alienígenas. Hoje, em razão de uma suposta evolução daqueles seres, muitas pessoas enveredaram para a ufolatria, ou seja, para uma quase devoção aos UFOs e a seus operadores. Fazem cultos de adoração e os consideram, com engano de interpretação, emissários de Jesus, que para eles seria uma entidade extraterrestre. Para a Ufologia Científica, que tem na casuística sua base, isso não agrega valor.
Os espíritas vêem com muita desconfiança a Ufologia nos meios de comunicação. Seria por causa disso? Em parte, sim. Temos sempre muito cuidado ao associar Ufologia com espiritualidade. É preciso observar se as interpretações espiritualistas estão de acordo com os preceitos espíritas, para não absorver idéias falsas. Hoje, a internet está popularizada e tornou-se um importante instrumento de pesquisa. Mas como não existe uma conexão segura mostrando nitidamente os entrelaçamentos entre Espiritismo e Ufologia, e como não há um site exclusivo conectando ambos com a devida propriedade, por segurança se adota uma linha de estudos exclusivamente científica. Só depois se faz a conexão e se vislumbra a pluralidade dos mundos habitados de que fala a Doutrina Espírita. A linha espiritualista dos meios de comunicação pode distorcer o fundamento doutrinário. O propósito dos meus livros é distinguir as coisas, divulgando uma visão espírita da Ufologia.
Mas os espíritas ainda resistem em aceitar a Ufologia. Até certo ponto, mas nossa ciência oficial também não reconhece a questão ufológica. Segundo os espíritos, os alienígenas existem e chegam aqui com o uso de tecnologia. Enquanto uns são sólidos, outros são de “massa sutil”. No passado, houve quem imaginasse no Espiritismo pelo menos duas possibilidades: a de que os aliens eram espíritos e a de que toda a fenomenologia ufológica fosse um descontrole da mente humana. Mas essas duas teorias se mostraram insuficientes para explicar casos que estavam muito bem documentados, com provas irrefutáveis. Os aliens existem e se fazem presentes fisicamente na Terra, ou seja, estão encarnados e chegam aqui de maneira totalmente enigmática para a ciência. Dentre os espíritas, não foram poucos os que tiveram dificuldade para aceitar isso.
Você, em particular, teve dificuldade em aceitar o quê na Ufologia? Sem dúvida, tive muita dificuldade com os casos de abdução. Eu precisava de uma prova incontestável que elas eram reais. Foi aí que tive uma experiência marcante. Tudo começou quando uma pessoa seqüestrada por ETs me procurou, dizendo ter sido vítima de abdução. De início, pensei que os raptos fossem apenas uma emancipação da alma ou uma nova forma de loucura, mas depois da informação dos espíritos e de pesquisar muito o trabalho de médicos e especialistas que se detiveram em centenas de casos, compreendi que não se tratava de uma liberação da alma nem de uma nova forma de loucura. As abduções são físicas e as pessoas são levada de corpo físico para as naves. A questão é traumática para muitas vítimas, muito séria mesmo.
E você acabou tendo a prova de que precisava para saber isso? Sim, tive! E foi um evento marcante. Antes, conversei com muitos abduzidos, mas sempre restava alguma dúvida. Até que em certo momento uma pessoa assistiu a uma palestra minha e procurou-me em seguida. Dizia que seres alienígenas a tinham levado à nave e feito com ela algumas experiências. Ela se sentia monitorada e pediu-me assistência espiritual. Chamava-me a atenção o fato de ela ser espírita, com sólida formação na doutrina e trabalhadora em uma das casas espíritas mais conceituadas do Brasil – além de ser equilibrada e de ter formação universitária. A orientação espiritual que tive foi para ajudá-la. Então conversei com um espírito-médico [Espírito que realiza curas em centros], que se prontificou a dar sua contribuição. Foi aí que fizemos algo novo no Espiritismo: realizamos no centro espírita uma “sessão especial de desabdução”, um ato de amor e compaixão para com o assistido. O fato foi presenciado por 22 pessoas com sólidos conhecimentos, tendo sido relatado em detalhes em Um Vermelho Encarnado no Céu.
Nessa obra você narra a experiência extraída de um trabalho espírita pioneiro, envolvendo a comunicação mediúnica com seres grays [Cinzas] materialistas, que nos tratam como cobaias. Mas você diz também que existem seres evoluídos executando curas e monitorando as ações nefastas dos primeiros. Haveria nisso uma guerra de forças? Na sessão de desabdução que fizemos, ficou claro que aqueles alienígenas tinham interesse de estudar nossos minerais e os seres vivos da Terra, conhecendo nossa constituição, fisiologia e comportamento – as abduções são feitas justamente para eles terem tal conhecimento. Mas não sabemos em que irão aplicar. Já os cinzas são materialistas, seres evoluídos na ciência, mas fracos na moral. Todavia, segundo os espíritos, o universo tem uma variedade infinita de mundos habitados. Há aqueles em que os seres são muito desenvolvidos, tanto na ciência quanto na moral, estando bem além dos cinzas. Não se trata de haver uma guerra de forças, porque o melhor dotado não precisaria desse artifício. Que vantagem levaria o homem de neanderthal sobre nós, por exemplo? Nenhuma! Algo assim deve acontecer entre essas criaturas insólitas.
Depois daquele evento de desabdução, você considera imprescindível o contato com ETs para o nosso progresso? Eu posso dizer com certeza que quem participou daquela sessão aprendeu muito. É algo que realmente marca nossa vida, principalmente no meu caso, que avistei o UFO, registrei o fato num pequeno filme e fiz inúmeras fotos, algumas das quais publicadas em Um Vermelho Encarnado no Céu. Mas não considero que seja imprescindível hoje um contato com alienígenas para avançarmos na evolução. Ela pode se fazer sem isso. Porém, devo reconhecer que um contato assim poderia mudar nossa visão de mundo e intensificar o intercâmbio com a espiritualidade – e nossa escalada evolutiva poderia ser muito acelerada!
Li seu livro e vi que os seres descritos tinham características diferentes das nossas. Se você fizesse contato com uma civilização semelhante à terrestre, o que perguntaria a seus enviados? Se me fosse dado fazer contato com uma civilização adiantada e fisicamente compatível com a nossa, não teria dúvida em perguntar coisas para nos beneficiar. Assim como no passado descobrimos a cura de muitas doenças, seria irresistível acelerar esse processo e perguntar como eles resolveram o câncer, o diabetes, as doenças genéticas, o sofrimento na velhice etc. Ou então, quais seriam os parâmetros técnicos e a tecnologia a ser desenvolvida por nossa espécie para fazermos contato regular à distância, através de ondas de rádio, por exemplo, para troca de informações em tempo real e benefício mútuo. Sem dúvida, isso seria muito bom ao homem, melhoraria suas condições de vida e ele poderia se preocupar mais com o altruísmo. Hoje, o pensamento humano está muito voltado à obtenção de coisas materiais, para sustentação de uma vida digna. Nesse contexto, a fraternidade ficou relegada a um plano inferior, e isso teria de ser invertido. Segundo os espíritos, a maioria das civilizações exteriores está num patamar evolutivo superior ao nosso. Por certo, quando a Terra deixar de ser um “mundo de expiações e provas”, como dizem, elevando-se com méritos próprios à categoria de “mundo regenerado”, o homem estará de coração mais fraterno e fará contato formal com civilizações mais avançadas, prosperando ainda mais na escalada evolutiva.
Tomara! Haveria espíritos de outros planetas encarnados aqui na Terra e vivendo entre nós? Sim, e na verdade eles são muitos. Estima-se que a população global dobrará em cerca de uma década. Hoje somos 6,2 bilhões de almas, e em 2017 seremos 12 bilhões. O crescimento sobrará em intervalos cada vez menores, até que a população estabilize num certo ponto e seja possível ao homem viver em harmonia. Segundo o Espiritismo, esse aumento populacional se justifica com a vinda de espíritos de outros orbes para a Terra. Caso contrário, almas teriam de ser criadas na hora do nascimento, como diz a igreja, ou então, uma enorme quantidade de princípios inteligentes animais deveria passar ao estágio humano e evolucionar nele pela primeira vez, fato característico de um orbe primitivo e fase que a Terra já ultrapassou. Portanto, o aumento populacional se faz com espíritos estrangeiros, oriundos de outros orbes do infinito. E isso enseja também a visita de outras civilizações à Terra, para rever entes queridos.
E os seres alienígenas, estariam eles infiltrados em nosso ambiente e vivendo entre nós disfarçadamente? Isso seria possível dentro de condições muito específicas. Meu mentor espiritual registrou no livro Universo Profundo que houve tentativas de hibridização por parte de certas entidades extraterrestres, mas que não lograram êxito. Durante a psicografia que fiz desse mentor, soube que os alienígenas podem chegar até nós e ficar um certo tempo por aqui. Mas não podem viver na Terra indefinidamente, porque nosso planeta não é para eles um ambiente compatível. Noutras palavras, podem estar entre nós, mas apenas de passagem.
O acobertamento que as autoridades impõem ao Fenômeno UFO tem dificultado muito as investigações. Qual é sua opinião sobre a razão que as leva a esconderem informações relacionadas a contatos com extraterrestres? Há vários motivos para isso. Geralmente, o contato com alienígenas não deixa uma prova científica cabal, capaz de certificar sem equívoco que seja um evento não terrestre. Neles, os seres não se apresentam em público formalmente, nem tampouco fornecem coisas materiais que certifiquem sua origem extraterrestre. Os cientistas não costumam aceitar os relatos de pessoas contatadas, alegando que seriam frutos de sua imaginação, quando não de uma doença mais séria ou de alguma impostura. Também relutam em aceitar como prova os filmes e as fotos dos acontecimentos, dizendo que poderiam ser forjados. E como não há vida nos demais planetas do Sistema Solar, além das distâncias interestelares serem enormes – exigindo milhares de anos de viagem de uma estrela à outra –, os céticos dizem que um contato direto com ETs não seria possível. Assim, fincam o pé nas limitações da ciência e preferem o velho chavão que diz “não pode ser…, então não é!”
Estou plenamente de acordo. Entre os ufólogos, alguns deles cientistas de renome, os casos ufológicos são absolutamente reais, inclusive acidentes de naves. O resgate de UFOs que caíram em vários lugares, até com tripulantes, são fatos concretos. As provas aí são irrefutáveis. Roswell, Varginha e Operação Prato não são provas cabais? Sem dúvida, são provas inquestionáveis para nós, ufólogos. Mas os órgãos de governo, quando têm essas provas em mãos – tais como a nave caída e os ET capturados em Varginha, além do farto material obtido na Operação Prato – não as fornecem ao público por insuficiência científica. As autoridades não sabem como “eles” chegaram aqui. Não há explicação científica para sua vinda à Terra. Como não há vida nos demais planetas do Sistema Solar e não há explicação cientificamente válida para justificar a chegada aqui de criaturas vindas de tão longe, as autoridades julgam que o melhor é despistar. Acreditam que acobertando os fatos estariam evitando o pânico da população, porque a fraqueza e a vulnerabilidade das nossas instituições são grandes diante da questão alienígena.
O que os espíritos mentores dizem sobre essa política governamental de acobertamento? O estágio evolutivo da humanidade ainda estaria submetido ao cerceamento da verdade, perpetrado pela dita ciência oficial? Quem poderia dar um fim nisto, “eles” ou nós? Nós já estamos mudando isso. Estamos vivendo um momento histórico. Em 24 de junho completaremos 60 anos da Era Moderna dos Discos Voadores. No início, o acobertamento foi vigoroso, mas agora as coisas estão diferentes. Vemos os mentores espirituais falando abertamente “deles” nos livros espíritas, fato que não ocorria antes. Os militares estão vindo a público contar a verdade, tal como ocorreu com o coronel Philip Corso, dos Estados Unidos, o Uyrangê Hollanda, da nossa Aeronáutica, e agora com o capitão do Exército chileno Rodrigo Bravo [Veja seção Mensagem do Editor de UFO 132]. As autoridades brasileiras já reconhecem parcialmente o Fenômeno UFO, os chilenos dizem que eles “são um perigo”, os mexicanos já filmaram naves e deram as imagens ao público etc. Veja que agora a França, desde 22 de março, abriu os seus arquivos oficiais na internet, com milhares de casos. Enfim, acho que estamos vendo muita coisa acontecer nos últimos tempos.
Se eu pudesse fazer contato com uma civilização adiantada e compatível com a nossa, perguntaria coisas para nos beneficiar. Assim como no passado descobrimos a cura de muitas doenças, seria irresistível acelerar esse processo e perguntar como ‘eles’ resolveram o câncer, o diabetes, as doenças genéticas etc. E qual seria a tecnologia a ser desenvolvida por nossa espécie para fazermos contato regular com ‘eles’
Mas como eles chegam aqui? É possível especular sobre isso? A palavra especular aqui é muito apropriada. Não há como pensar em viagens próximas à velocidade da luz e, ainda assim, ter de gastar dezenas, centenas ou milhares de anos para transpor as monumentais distâncias cósmicas e chegar à Terra. A decifração do enigma da viagem espacial está seguramente em atravessar o espaço por uma via desconhecida para nós, talvez viajando fora dele. Usando a teoria dos buracos de minhoca, os alienígenas talvez viajassem através de tubos que interligariam as várias dimensões do espaço-tempo, transpondo até universos paralelos para adentrar no ambiente terrestre através de portais, supostamente abertos com potentes aceleradores de partículas. Embora essa teoria seja de difícil aceitação, ela é a que melhor explica os fatos – e hoje é a menos medíocre. A outra é negar tudo, como vem sendo feito, embora sem sucesso, porque os alienígenas não se importam com isso e continuam a fazer suas incursões em nossos céus. As naves acidentadas, as abduções e os implantes provam a chegada deles à Terra, embora não se saiba como venham.
Devemos temer uma ação externa mais incisiva dos alienígenas? Na verdade, esta indagação interessa e por certo deve preocupar as forças armadas de países adiantados, responsáveis pela segurança global e pelo controle do espaço aéreo de seus territórios. Causa apreensão aos ufólogos que existam nações sem chances de defesa, além daquelas que declaradamente ignoram o Fenômeno UFO. O fato de os alienígenas serem supostamente oriundos de planeta sólidos, assim como a Terra, é motivo de preocupação, pois seus valores poderiam contrariar o que julgamos ser lógico e sensato. Não se trata de temer um contato, mas de ter bom senso para tomar medidas prévias de defesa, ser precavido nas ações e guardar a máxima cautela em tudo.
Estaríamos preparados para um contato direto com civilizações extraterrestres? O que poderia advir disso? A preparação da humanidade para um contato com civilizações alienígenas é relativa. Seus graus de avanço científico e moral fazem a diferença num contato. Quanto mais esses graus estiverem próximos aos nossos, mais preparados estaríamos. Mas na medida em que eles se distanciam, então nossa preparação para um contato formal decai. É fácil entender esse diferencial observando a história da humanidade. Quando o Brasil foi descoberto, que preparação tinham os índios para contatar os portugueses? Eles estavam 10 mil anos atrás dos conquistadores. Por isso tiveram que se submeter à cultura portuguesa, mais adiantada que a deles. Com isso, o livre-arbítrio do índio foi embora. Certamente, uma cultura alienígena muito desenvolvida e espiritualizada, milhões de anos à nossa frente, não desejaria fazer o que foi feito aos índios, pois saberia que temos de caminhar passo a passo na escalada de progresso. Creio que respeitaria nossas limitações e talvez nem sequer o contato formal fosse feito. Isso não os impediria de ajudar-nos veladamente. Mas o mesmo não se poderia dizer para civilizações apenas alguns milhares de anos à nossa frente. Neste caso, haveria contato, mas não sabemos a priori qual seriam os graus de avanço científico e moral da civilização visitante, para avaliarmos suas conseqüências. Seja como for, em qualquer contato a desvantagem terrestre seria grande – e a lógica aqui se encarrega de projetar outras situações.
Kardec falou sobre a segunda vinda de Cristo, confirmada pelos espíritos codificadores. Mas Cristo voltaria à Terra não num corpo de carne, e sim em espírito. Em momento nenhum fala em nave espacial. Segundo a Bíblia, quando os tempos forem chegados, ele irá julgar o mérito e o demérito dos espíritos, as obras de cada um, separando assim o joio do trigo
Gostaria agora de finalizar falando de religião. A Bíblia e os evangelhos apócrifos estão cheios de relatos ufológicos, especialmente envolvendo a encarnação e desencarnação de Jesus, seu nascimento e ressurreição, bem como de seus feitos extraordinários, tidos como milagres. Na visão da Doutrina Espírita, no caso de um ente tão elevado quanto Jesus, originário direto de “outro reino”, não seriam necessárias condições especiais no corpo em que ele encarnaria, justificando a ação genética de ETs e UTs muito evoluídos tecnológica e espiritualmente? Ou teria sido tudo apenas conseqüência da ação de espíritos geneticistas? É certo que encontramos na Bíblia eventos ligados à Ufologia. Um exemplo típico é a narrativa do profeta Ezequiel, da sugestiva nave alienígena por ele descrita. Há no livro sagrado fatos espirituais e ufológicos, principalmente ligando os planos angelicais, onde estão os espíritos elevados, e as entidades UTs, seres de alta hierarquia. Mas aqui temos de nos concentrar na parte evangélica da Bíblia, nas narrativas sobre Jesus. Como espírito puro encarnado na Terra, seus dons mediúnicos avançaram muito além daquilo que vemos nos centros espíritas e nas igrejas. Ele fazia curas com a irradiação de seu espírito. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo [1864] há um capítulo primoroso, intitulado Meu Reino Não é Deste Mundo, frase dita por Jesus a Pilatos. Segundo os espíritos, a idéia dada por Jesus era a da vida futura e espiritual, que é infinita, enquanto a corporal é apenas passageira. O “outro reino” a que ele se refere é o da vida espiritual, aquele que nos aguarda após a morte. É nesse reino que Jesus reina. Ele tinha um corpo humano, de carne e osso, que sentia dor e sangrava – o divino nele era sua alma.
O que Allan Kardec escreveu sobre isso? Kardec publicou seu Estudo Sobre a Natureza do Cristo no livro Obras Póstumas [1867], que vale a pena ler. Em síntese, a melhoria corporal no homem se deve a sua evolução espiritual, obtido no decorrer das eras. A interpretação espírita dessa passagem não deixa dúvida, por isso quem não a enxerga assim fica fora de seus postulados. Se um ET vier aqui e mostrar como se eclode e faz evoluir as espécies de vida, inclusive a humana, então todas as escrituras estarão revogadas. Contudo, não descarto a possibilidade de entidades alienígenas de alta hierarquia, conforme nos sugere a Bíblia, terem em algum momento da pré-história sido instrumentos de espíritos geneticistas, entidades responsáveis pela implantação da espécie humana na Terra.
E o que o Espiritismo nos tem a dizer sobre as promessas de retorno dessa entidade suprema, Jesus? No livro A Gênese [1868], Kardec falou sobre isso num capítulo específico, A Segunda Vinda de Cristo. Os espíritos codificadores confirmam que Jesus falou em uma segunda chegada, quando então voltaria à Terra, mas não num corpo de carne, e sim em espírito. Em momento nenhum fala em nave espacial. Segundo a Bíblia, quando os tempos forem chegados, ele irá julgar o mérito e o demérito dos espíritos, as obras de cada um, separando assim o joio do trigo. Os espíritos bons herdarão a Terra, os demais irão encarnar em outros orbes do universo, segundo seu merecimento individual. Então a geração atual desaparecerá gradualmente e A Nova Geração – também um capítulo do mesmo livro – lhe sucederá, sem nada mudar na ordem natural das coisas. Isso registrou o Espiritismo em seu nascimento, permanecendo válido ainda hoje, neste 18 de abril de 2007, quando se comemora os 150 anos da Doutrina Espírita.