Como escritor de ficção científica, comecei a carreira na segunda metade dos anos 1990. Depois de várias tentativas com livros e romances, decidi que deveria experimentar também com histórias menores, e comecei a escrever contos.
Com o tema da Ufologia, o primeiro é intitulado Zé da Pinga, que tive o prazer de ver publicado na edição 62, de dezembro de 2002, da revista Scifi News. Abaixo, um trecho:
\”- É verdade, seu moço. A luz veio de lá do morro, “alumiando” tudo por estas bandas!
– E “tumém” ali no fundo, na chácara de “seo” Armando, onde dizem que o “bicho” pousou.
O casal, simplório mas muito solícito, explicava tudo o que haviam testemunhado três noites antes. Célia perguntou:
– E os senhores têm visto essas luzes há quanto tempo?
O homem coçou os ralos pêlos que cobriam seu queixo, e por fim disse:
– “Óia”, dona, pelo que a gente se “alembra”, faz bem uns dez dias…
Célia trocou olhares com Marcos. Renato digitava o relato do casal com uma rapidez fenomenal no laptop, enquanto os irmãos Kássia e Leonardo andavam pelos arredores buscando mais evidências.
Salto do Avanhandava, pequena cidade do interior paulista a cerca de cinquenta quilômetros de Campinas, estava a poucos dias de comemorar os vinte anos de sua emancipação e transformação em município. Contudo, para alguns de seus pouco mais de seis mil habitantes, não era aquele o assunto principal naqueles dias, mas sim a grande quantidade de visões de estranhas luzes durante as noites. Na verdade, toda a região era assolada, há semanas, por uma onda de aparições de ovnis, mas, conforme o testemunho que acabavam de tomar de seu Waldir e de dona Iracema, sua esposa, há dez dias os fenômenos se concentravam nas menores cidades daquela região, em especial sobre Salto do Avanhandava.
– O que os senhores acham que é isso?
Seu Waldir perguntou com legítimo interesse, mostrando uma curiosidade típica da região para tudo que era novidade. Renato, no entusiasmo de seus 23 anos, respondeu:
– É uma onda ufológica como há tempos não víamos, seu Waldir! Praticamente desde o Caso Varginha não temos nada assim! Pelo visto, os “extras” estão se animando de novo!
– O padre Reginaldo diz que é tudo coisa do capeta, disse Iracema.
Sem que ninguém pudesse impedir, Renato continuou:
– Que nada, dona Iracema! Acreditamos que eles vêm de outros planetas, outros sistemas solares! Não tem nada do diabo nisso. Até mesmo o
papa disse recentemente…\”.
Um aviso, o \”Renato\” do texto é um personagem, coincidentemente homônimo do autor, bem entendido! Que desejar ler todo o conto, convido a visitar meu blog pessoal, o Escritor com R, clicando aqui. Anos depois escrevi um novo conto, em que os personagens de Zé da Pinga interagem com os de meu livro De Roswell a Varginha, incorporando-os todos ao mesmo universo. Mas isso fica para uma próxima oportunidade.