Contados quase 70 anos de existência da Ufologia, muito material já foi levantado. Temos relatos, fotografias, filmagens. Mas o que não nos falta é documentação sobre a suposta presença de civilizações com tecnologia muito avançada nos visitando. Entretanto, apesar das pilhas de papéis e gigabits de informações, a pesquisa da presença alienígena na Terra ainda carece de organização, sistematização e análise do conjunto de dados que possui. Em parte, o problema é dos próprios ufólogos, uma vez que em algumas situações os estudiosos se preocupam apenas em dizer coisas que sabem que chamarão a atenção de um público ávido por novidades — e que nem sempre estão baseadas na realidade —, gerando informações de credibilidade duvidosa. E, por outro lado, os pesquisadores que se preocupam com uma maior precisão na qualidade das informações levantadas podem não ter conhecimento, e consequentemente domínio, de ferramentas de investigação que possam trazer avanços para a investigação ufológica.
Água líquida em Marte
Porém, não se pode negar o fato de que a existência de vida extraterrestre desperta muito interesse no grande público. Basta ver o que acontece nos maiores portais da internet brasileira quando há alguma notícia sobre a descoberta de exoplanetas [Aqueles situados em outros sistemas estelares] que sejam razoavelmente parecidos com a Terra — ela fica, invariavelmente, entre as mais acessadas do dia. O mesmo vale para o sobrevoo ou o pouso, em corpos celestes de nosso Sistema Solar, das sondas terrestres, maravilhas da engenharia do século XXI que trazem cada vez mais informações sobre a nossa vizinhança. Ou, ainda, a recente descoberta de existência de água em estado líquido na superfície marciana, que causou grande impacto na opinião pública. Mas, então, porque, apesar desse grande interesse popular em relação à vida extraterrestre, a Ufologia não catalisa esse processo e se torna um tipo de estudo de amplo alcance e grande repercussão?
De certa forma, a culpa, por assim dizer, é novamente nossa. Estudiosos, interessados e simpatizantes parecem gostar de ficar apenas “requentando” casos mais antigos e a Ufologia parece não evoluir, metodologicamente falando. Parte do público produtor e consumidor de conteúdo ufológico parece apenas querer aguardar o final do processo, que é a revelação de que somos visitados por inteligências de outras paragens, não se preocupando muito em como eles próprios podem contribuir para tal, colocando a mão na massa e descobrindo novas formas de abordar o fenômeno. Mal sabem eles que estamos apenas no começo da caminhada e que, para chegarmos a esse resultado, precisamos, no mínimo, de muito trabalho duro.
No entender deste autor, o trabalho consiste em um longo e penoso processo que necessita passar, invariavelmente, por duas fases. A primeira, que podemos chamar de “arrumação da casa”, consiste em a Ufologia criar processos e protocolos que a façam ter um nível satisfatório de honestidade intelectual e, a segunda, é o estabelecimento de um processo de argumentação que gere uma reflexão maior da população sobre a possibilidade da presença de outras civilizações em nosso planeta — e para isso, é necessário um firme processo de interlocução com segmentos específicos da sociedade, o que facilitará a absorção do conteúdo pela população.
Colocando a casa em ordem
A primeira fase envolve um enorme processo de “reinvenção” da Ufologia. Costumo dizer que, apesar de todos termos direito de opinar sobre o que quisermos, é necessário ter um mínimo de informação sobre o que estamos falando para não incorrermos em precipitações que induzem ao erro. Isso serve para se discutir tudo o que envolve um mínimo de raciocínio lógico: política, economia, esportes, cultura, ciência e, claro, Ufologia. A busca por informações concretas e conceitos precisos é fundamental, e esse esforço é muito mais difícil do que se possa imaginar. Apenas para que o leitor possa ter uma ideia do tamanho do desafio, um estudo realizado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), organização do Grupo Ibope voltada para projetos da área social em conjunto com a ONG Ação Educativa, 38% dos universitários brasileiros podem ser considerados analfabetos funcionais. Em outras palavras, mais de um terço de nossos acadêmicos, embora consigam ler textos simples, não são capazes de interpretar e associar informações distintas, analisar tabelas, mapas e gráficos ou mesmo de fazer contas um pouco mais complexas.
O estudo não abordou pessoas com menor grau de escolaridade, mas é razoável supor que a incidência de analfabetismo funcional possa ser no mínimo semelhante, para não dizer maior, entre os que têm escolaridade inferior. Com base nesses dados, fica patente que fazer com que todos busquem informações concretas — e entendam conceitos precisos — é um fantástico exercício que demanda um esforço sobre-humano, já que pelo menos para parte significativa da população que vive em nosso país, a chance de dominar expedientes aparentemente simples é bastante reduzida.
Para que as pessoas argumentem sobre uma ideia com base em fatos e conceitos corretos — e para que a Comunidade Ufológica Brasileira possa estabelecer uma interlocução com o restante da sociedade que envolva informações críveis —, devem-se cumprir cinco quesitos, que não precisam de uma ordem para serem aplicados. O importante é que sejam efetivamente colocados em prática. Todos são necessários para a correta utilização dos conceitos, tornando o estudo ufológico mais robusto na precisão das informações levantadas. Essas cinco características são:
1) Sempre estudar e buscar fatos concretos, sem cair na armadilha do “ouvir falar” sem se aprofundar.
2) Ter senso crítico e questionar quando uma informação parecer ser “boa demais para ser verdade”.
3) Possuir curiosidade intelectual para estudar o assunto checando fontes e pontos de vista diversos.
4) Ouvir a opinião de especialistas no assunto, pois é importante ler e escutar quem realmente entende sobre o assunto que estamos estudando.
5) Analisar situações envolvendo a notícia, sem preconceitos, e pensando o máximo possível de forma racional sem, portanto, se deixar levar por emoções como, por exemplo, compaixão, frustração ou ódio.
Descredibilização do estudo
Uma forma de se estudar Ufologia com bas
e em fatos, sem elucubrações, é evitar o uso do termo “eu ouvi falar”, muito recitado hoje em dia e invariavelmente com efeitos nefastos para a credibilidade do estudo. É muito mais fácil e cômodo ouvir uma informação de outras pessoas, acreditando na fonte e sem o mínimo de cuidado no tratamento das informações ouvidas, do que estudar, ler e entender um determinado assunto. Estudar mais a fundo demanda tempo e despende uma razoável energia. E mesmo com a enorme facilidade de acesso que hoje temos para obter informações, ainda deixamos muito a desejar no levantamento de dados concretos e na apropriação correta de conceitos e ideias.
É muito mais fácil e cômodo ouvir uma informação de outras pessoas, acreditando na fonte e sem o mínimo de cuidado no tratamento dos dados ouvidos, do que estudar, ler e entender um determinado assunto. Isso é um enorme prejuízo à Ufologia
A pandemia mundial de preguiça mental em que parecemos viver hoje obviamente inclui a Ufologia, que, até mais do que outros assuntos, necessita de um aguçado senso crítico para separarmos o (enorme) joio do (pouco) trigo. Como não passar para frente um vídeo falso que se transforma em um fake e é tido como verdadeiro mesmo que com efeitos especiais dignos de um filme B dos anos 30? Como não divulgar uma foto que mostra apenas reflexos de luz na câmera, mas que é proclamada como sinal de uma invasão alienígena na Terra? Antes de propagar algo que parece ser verdade, mas que tem boa chance de ser um material inverídico, que tal parar para pensar e buscar na internet se aquele vídeo ou foto de fato procede? A mesma internet por meio da qual acessamos material fraudulento é também um magnífico instrumento de investigação para se descobrir que determinados materiais são de procedência mais do que duvidosa. Se um site ufológico sério diz que aquela foto de “Nibiru entrando na órbita terrestre” nada mais é do que um borrão na câmera, por que não dar atenção ao aviso?
Especialistas em tudo
Isso nos remete à questão da curiosidade intelectual, que é o simples fato de se estudar um assunto com um mínimo de profundidade, checando fontes e analisando diversos pontos de vista. Antes de sair por aí divulgando teses extraordinárias a partir de uma simples foto que não revela nada de surpreendente, é fundamental estudar um pouco sobre técnicas e métodos básicos de fotografia. Associado a este conhecimento, entre outros, é primordial entender um pouco de mecânica celeste para saber que não há a mínima chance, pelo menos nos próximos milhares de anos, de um planeta estranho como o tal Nibiru entrar na órbita dos planetas interiores do nosso Sistema Solar. Com informação adequada, a mediocridade se propaga em uma velocidade muito menor.
Além de tudo isso, ouvir a opinião de especialistas é muito importante. Infelizmente, o brasileiro se considera especialista em tudo. Basta nos lembrarmos do que acontece em época de Copa do Mundo, quando todos sabem mais de futebol do que o técnico da seleção ou quando há um acidente aéreo, todos são pós-doutorados em análise de desastres aeronáuticos. Quando há eleição, todos são especialistas em pesquisas eleitorais, mesmo nunca tendo visto como elas funcionam. A impressão que temos e a de que os analfabetos funcionais resolvem “sair do armário” e destilar sua ignorância. Especialistas, seja de área que forem, não somam uma quantidade significativa de pessoas e o senso comum não existe em áreas que possuem conhecimento especializado. Com a Ufologia não é diferente. Por isso, se um ufólogo tarimbado diz que a chance de se ver discos voadores todos os dias é praticamente nula, é uma opinião que deve ser levada em profunda consideração.
Outro mal do ofício ufológico é o que eu chamo de “atirar primeiro e perguntar depois”. O preconceito é péssimo hábito em qualquer situação. Já dizia o sociólogo e filósofo Max Weber que, em uma investigação científica, os preconceitos jamais serão dirimidos, mas há a obrigação de diminuí-los o máximo quanto possível. Na Ufologia, um preconceito pode significar a diferença entre uma opinião respeitada e a ridicularização. Quando há alguma evidência física, como uma foto ou filmagem, por exemplo, a hipótese extraterrestre é sempre a última a ser testada. É um balão? Um meteoro? Um planeta? Um asteroide? Um avião? Um pássaro? Um inseto? Se a evidência não caminhar para alguma dessas explicações, aí sim se pode começar a pensar em um eventual disco voador.
Pela experiência do Grupo de Análises de Imagens da Revista UFO, 99% do material recebido são explicados por fatores que podem ser chamados de convencionais. Entretanto, muitas vezes o que se vê, principalmente na internet, é a afirmação imediata que um determinado objeto fotografado ou filmado é um disco voador, sem que se olhem primeiro as outras possibilidades. Para evitar esse tipo de engano é que não podemos esquecer os cinco passos que precisamos praticar para colocar a “casa ufológica” em ordem — com eles, a chance de se falar bobagem cai significativamente, e isso também vale para qualquer outro assunto que discutirmos.
Processo de argumentação
Em uma sociedade na qual o que vale é o que está registrado e o que pode ser provado de alguma forma, a Ufologia só conseguirá alguma credibilidade efetiva na sociedade — seja brasileira, seja de outros países — se fizer a lição de casa, que é se livrar dos “achismos” e começar a utilizar instrumentos que a efetivem como algo que valha a pena ser estudado. Ela não conseguirá ser crível se não parecer crível. Histórias mirabolantes sobre naves invisíveis sobrevoando capitais brasileiras, que somente os videntes poderiam observar e que anunciavam um “desencarne em massa” — sim, caro leitor, essas bizarrices existem —, não têm credibilidade nem nos meios ufológicos. Pode-se imaginar o quanto uma história como essa, sobre a qual não se pode comprovar nem as causas e nem os efeitos, gera estragos se contada no mainstream?
A Ufologia precisa parar de correr em torno de si mesma e partir para um discurso argumentativo com a população, tratando de evidências concretas e focando em três seguimentos que podem ser considerados formadores de opinião — eles são a chave para que se promova um salto qualitativo na compreensão da sociedade em relação ao estudo da vida extraterrestre. É importante ressaltar que não se deve focar apenas um seguimento de cada vez e que
também nenhum é mais importante do que o outro. O primeiro desses públicos-chave são os jornalistas.
Para o meio militar, o processo de argumentação deverá passar por uma via institucional, tal como já ocorre em países como Chile, Argentina, Peru e Uruguai, com a criação de órgãos de pesquisa conjunta entre militares e ufólogos
Sabemos que o contato dos ufólogos com a classe jornalística ocorre principalmente quando há algum fato suspeito ocorrendo em alguma localidade. Porém, os ufólogos não podem se dar ao luxo de serem ingênuos a ponto de acreditarem que a cobertura jornalística será isenta e se prestará a divulgar as informações passadas de forma precisa. Neste cenário, a lógica do “quanto pior melhor” cai como uma luva. Parte significativa dos veículos midiáticos perdeu, há tempos, o compromisso de prestar informações com precisão e qualidade para o público, seja sobre o que for — o que comanda a mídia, hoje, é a busca pela audiência, e quanto mais sensacionalista for a matéria, maior será a audiência.
Dado esse contexto e lembrando que a relação da Ufologia com a mídia também envolve outros fatores, que não trataremos neste artigo, dois cuidados devem ser tomados: o primeiro é tentar entender qual é a intenção do veículo de comunicação, principalmente observando-se o histórico dele com o assunto. O segundo é a avaliação dos próprios ufólogos quanto à qualidade da informação técnica prestada. Se mesmo prestando informações corretas não há garantias de uma divulgação fidedigna, cair na leviandade de querer dar um show midiático, como acontece algumas vezes é, no mínimo, uma atitude infantil.
Infelizmente, há vários casos de ufólogos, no Brasil, que prestam certa consultoria para órgãos de imprensa e dão asas à imaginação, fazendo, por exemplo, um caso simples, que fornece já no início da investigação fortes evidências de haver uma explicação totalmente terrena para os fatos, se transformar em um caso misterioso com grandes chances de atuação alienígena. Só depois de muita enrolação, alavancando a audiência por algumas semanas ou meses, é que se chega à conclusão de que aquele é um caso com origem convencional, algo que já deveria ter sido esclarecido logo na primeira semana.
Os ufólogos e a mediocridade
Sabendo que é possível utilizar esse expediente não ético, qual a credibilidade que a imprensa dará à classe ufológica em casos futuros? O receio, neste caso, é de que os ufólogos fiquem ainda mais estigmatizados como “àqueles doidos que fazem a imprensa ter uns pontos a mais de audiência” e que não se prestam a passar as informações como deveriam. A necessidade narcisista não pode se sobrepor à busca por fatos corretos e concretos. Isto acaba por impactar, e muito, a credibilidade da Ufologia no meio jornalístico, pois de um lado existem veículos que apelam para o sensacionalismo e, de outro, ufólogos que apreciam a mediocridade. O resultado é, certamente, o prejuízo da imagem do estudo ufológico para o grande público — quando esse círculo vicioso for quebrado, a questão do sensacionalismo poderá ser trabalhada de melhor forma, mas para isso é preciso união da classe.
O segundo público-chave são os militares. Guardiões da terra, ar e mar dos países do planeta, as Forças Armadas ocasionalmente registram contatos de natureza ufológica, o que acaba refletindo no registro de rico material que tem servido para o deleite dos estudiosos sérios do fenômeno. É o seguimento formador de opinião, em que o processo de argumentação está mais adiantado, mas muito ainda precisa ser feito. No Brasil, onde a ação inicial já foi dada por meio da campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, iniciada em 2004 pela Revista UFO e Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), e que resultou em mais de 7.000 páginas de documentos liberados pela Aeronáutica, a relação, embora pudesse ser mais intensa, costuma ser amigável. Para o meio militar, o processo de argumentação deverá passar, necessariamente, por uma via institucional, tal como já ocorre em países como Chile, Argentina, Peru e Uruguai, com a criação de órgãos de pesquisa conjunta entre militares e ufólogos. Esse caminho certamente reforçará a Ufologia como um tipo de estudo com maior credibilidade.
O terceiro seguimento ou público-chave de grande importância é justamente aquele com o qual a relação precisa, mais do que nunca, ser mais bem trabalhada. Se os veículos de imprensa tratam a Ufologia com algum sensacionalismo e os militares prestam atenção à temática ufológica de forma lenta, gradual e segura, entre o público acadêmico a reação à Ufologia e aos ufólogos passa, ainda, por um significativo grau de escárnio. Contundente na necessidade de provas, o meio acadêmico precisa, mais do que os outros públicos formadores de opinião, de fatos concretos para que o processo de argumentação ufológica seja profícuo. Guardiões dos métodos científicos de estudo — e muito embora muitas universidades tenham virado grupos de consenso, criando algo que pode ser chamado de tudo, menos de ciência —, apenas a utilização de instrumentos do chamado método científico podem ser validados.
Realidade do Fenômeno UFO
Atualmente, estudos com a temática ufológica têm sido realizados em especialidades como psicologia, sociologia, antropologia e história, o que é, sem dúvida, um grande avanço. Mas mesmo os estudiosos dessas áreas dentro da academia sofrem chacotas dos colegas arautos do conhecimento absoluto. Isso se deve, em parte, ao fato de que a academia precisa ter o disco voador e o extraterrestre em mãos — além disso, o discurso de origem extraordinária exige, do método científico, uma explicação também extraordinária, o que coloca o estudo ufológico em uma situação desfavorável, uma vez que não há provas concretas que acompanhem o discurso. Dada a impossibilidade de se mostrar o disco voador e o extraterrestre, portanto, o caminho lógico a ser trilhado não envolve a realidade objetiva do Fenômeno UFO, mas a interação dos seres humanos com ele. A psicologia, a sociologia, a antropologia e a história são ciências nas quais os estudos ufológicos podem encontrar inspiração.
A psicologia já possui bibliografia sobre o assunto cuja quantidade é significativa fora do Brasil, principalmente sobre fenômenos anômalos, o que também envolve o avistamento de espíritos, fenômenos parapsicológicos e o contato com o sobrenatural. Metodologicamente falando, o contato com discos voadores e seres extraterrestres também se encaixa como fenômenos situados além daquilo que pode ser considerado “normal”. Como exemplo dessa contribuição, o psicólogo Leonardo Martins, consultor da Revista UFO, realizou sua dissertação de mestrado [Contatos Imediatos: Investigando Personalidade, Transtornos Mentais e Atribuição de Causalidade em Experiências Subjetivas com Óvnis e Alienígenas, defendida em 2012] e tese de doutorado abordando os experienciadores de casos ufológicos. Uma vez que a realidade objetiva — presença de um disco voador ou um ser alienígena — não pode ser analisada, em seu trabalho de mestrado o foco foi o funcionamento da mente dos vivenciadores. Afinal, quem relata ter visto um disco voador ou alega ter um contato mais próximo com os tripulantes de uma nave tem um nível de sanidade mental diferente de quem não passou pela experiência?
Um ponto de partida
Colocando de forma muito resumida, a conclusão do estudo de Martins, embora ele próprio recomende mais trabalhos nesse sentido, é de que os experienciadores não têm um nível de sanidade mental significativamente diferente de quem não presencia esse tipo de fenômeno. Este é, sem dúvida, um importante ponto de partida, mas ainda há muito que ser feito pelas ciências humanas para contribuir no entendimento acadêmico da Ufologia. Se, por um lado, a academia, e consequentemente a ciência, não conseguem chegar ao fato concreto, o estudo por meio das ciências humanas e da relação da mente e das sociedades humanas com o assunto podem fornecer subsídios importantes para dar um caminho seguro aos estudos ufológicos e contribuir para sua maior credibilidade junto à população.
Este artigo é um estudo preliminar. Muito ainda deve ser feito para caminhar tanto no processo de amadurecimento da Ufologia quanto no processo de argumentação com públicos formadores de opinião. Nem todas as facetas, tanto do que a Ufologia pode fazer para arrumar a casa, quanto da relação com jornalistas, militares e acadêmicos, foram abordadas neste trabalho. O intuito é evoluir no desenvolvimento dos conceitos e dos caminhos que a Ufologia pode trilhar com o passar do tempo. Fica, neste momento, a reflexão para toda a comunidade ufológica.