Sugestionabilidade mental
Por Javier Peláez – Tradução e adaptação: Paulo Poian
Alguns meses atrás me convidaram à Neuromagic – Os Enganos da Mente, um interesante encontro entre neurocientistas e mágicos com o objetivo de compartilhar conhecimentos e encontrar respostas aos diferentes mecanismos pelos quais nosso cérebro nos engana em algumas ocasiões. A experiência de presenciar como os mágicos e ilusionistas utilizam as carências do cérebro para poder nos enganar e fazer seus truques foi realmente interessante e aprendi muitas coisas.
Uma das muitas lições foi um conceito chamado \”atenção conjunta\”. A idéia é simples e asseguro que todos já passaram por isso em numerosas ocasiões: olhamos onde outros olham. Isto significa o seguinte: não podemos ver tudo, nosso cérebro não pode analisar todos e a cada um dos detalhes da realidade, de modo que tende a se fixar no que ele considera mais importante. Nosso cérebro organiza a realidade e lhe dá mais importância a certas coisas que outras, isto é, focaliza sua atenção em determinadas cenas.
Esta \”atenção conjunta\” é muito utilizada pelos mágicos. Nosso cérebro fixa-se no que os outros olham, isto é, olhamos o que outros estão olhando e, portanto, o mágico se fixa em uma carta conseguindo que você também olhe onde ele quer. E, claro, enquanto faz o truque por outro lado.
Agora, imagine que vai andando pela rua e se encontra com um grupo de pessoas esquadrinhando o céu… todas fixam seu olhar ali acima e apontam algo entre as nuvens. O que faz você e o resto dos transeuntes? Pois o normal, olhar também para cima.
Essa tem sido a simples armadilha, um truque conhecido há séculos pelos mágicos, que utilizam alguns \”amiguinhos\” para realizarem vídeos falsos de UFOs que, por incrível que pareça, tem saído em numerosos meios de comunicação.
Junta-se um grupo de amigos e colocam-se de acordo para olhar todos ao mesmo tempo para o céu. Todos olhando para cima e apontando ao mesmo tempo para as nuvens, atiçando a curiosidade das pessoas, que também se põem a olhar para um céu no qual, absolutamente, não há nada.
Gravam tudo em vídeo e depois um profissional que se dedica aos efeitos especiais, insere os UFOs com um programa informático. O resultado é um vídeo falso [Veja Os \”UFOs\” de Londres] e que muitos simplesmente crêem inocentemente.
Hoje em dia e com a tecnologia que temos, fazer um vídeo ou uma foto de UFO está ao alcance de qualquer indivíduo. Como diz o astrofísico Mike deGrasse Tyson, \”não se pode vir com uma fotografia e me dizer que é uma prova de nada, e não serve porque, atualmente, com qualquer editor de fotos como o Photoshop é possível inventar qualquer coisa\”. Nota: É necessário investigar, pesquisar com afinco, seriedade e, sobretudo, consciente de que ao menos 95% do que se fala sobre o assunto – alarmantemente mais na Internet – é baseado em ilusões e equívocos! Ou continuarão zombando dos ufólogos idôneos misturando-os no mesmo balde dos demais.
Assista a este trecho com Tyson falando sobre UFOs e o \”argumento de ignorância\” [Legendado em espanhol], na universidade de St. Petersburgo em 2010. Infelizmente (sim, acho lamentável, porém ele tem razão):
Ao mesmo tempo, veja como ele aceita indubitavelmente a pluralidade da vida no cosmos e a pequenez humana: