Mesmo não oferecendo uma afirmação cabal, seja em defesa da origem terrestre ou extraterrestre do fenômeno chupa-chupa, um pesquisador brasileiro se distingue em toda essa discussão quanto aos fatos ocorridos na Amazônia, nas décadas de 70 e 80, principalmente no período da Operação Prato. Trata-se do consultor da Revista UFO e mestre em história pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) Cláudio Tsuyoshi Suenaga, que inseriu um adendo bastante interessante relativo à missão militar justamente em sua dissertação de mestrado na disciplina, proferida há quase 10 anos e a primeira tese de que se tem notícia a envolver Ufologia em condição de pós-graduação no Brasil.
Suenaga, um dos mais atentos, cautelosos e bem informados ufólogos do país – e assim amplamente reconhecido por todos que estão na área –, aventou em sua tese uma hipótese sobre a exploração das riquezas minerais amazônicas em conexão com o chupa-chupa. O estudioso destacou os ricos mananciais da região, que podem e de fato despertam muitos interesses escusos, nacionais e estrangeiros. Em sua dissertação, o historiador demonstrou ver com reservas a possibilidade de que as manifestações e ataques provenham exclusivamente de fontes extraterrestres. Ele crê que uma parte tenha, sim, origem alienígena, mas nem toda a vasta casuística compartilharia tal natureza – outra seria causada por seres bem humanos, brasileiros e estrangeiros.
O historiador destaca em seu trabalho que, “para algumas fontes, os fenômenos se deviam às operações do Projeto Radam, que pretendia realizar um levantamento sobre os recursos do solo e do subsolo da Amazônia e permitiu um maior conhecimento do Território Brasileiro em suas potencialidades minerais, tipos de solo, relevo, associações vegetais etc”. Suenaga tem razão. Ele lembra que, em agosto de 1977, inaugurou-se a primeira etapa das obras da hidrelétrica Curuá-Una, a 70 km de Santarém. O mestrando cita em sua tese o jornalista Álvaro Martins, outro que teve acesso aos detalhes dos ataques, já na época da Operação Prato. “Martins selecionara três explicações plausíveis para eles: (a) os UFOs eram aparelhos de sondagem petrolífera pertencentes à Petrobrás; (b) artefatos secretos militares; (c) conforme os moradores do município Viseu (PA), artifícios utilizados por contrabandistas internacionais, comandados por agentes franceses operando sigilosamente junto à Ilha do Meio e às margens dos rios Marajó e Emborai (PA)”.
Serra de Carajás — O objetivo dos ataques, segundo Suenaga, seria afugentar curiosos das áreas da extração de areia monazítica, uma concentração natural de minerais pesados que têm alta densidade, elevada estabilidade química e grande resistência física ao transporte. Há muita lógica em sua análise. O Pará é riquíssimo em minérios e só na Serra dos Carajás há uma reserva de ferro calculada em 18 bilhões de toneladas, com teor de pureza de mais de 60%, além de cobre (1 bilhão de toneladas), manganês (56 milhões), bauxita, níquel e ouro. O Estado apresenta também reservas de cassiterita, calcário, chumbo, molibdênio e talco. “No Médio Amazonas, a Petrobrás descobriu uma das maiores bacias de sal-gema do mundo, que se estende de Montes Claros, norte de Minas Gerais, ao Amazonas. Analisando detidamente os relatos das vítimas, observamos que a quase totalidade dos UFOs relatados corresponde ao feitio de armas secretas norte-americanas”, declara Suenaga.
Para ele, não se pode descartar que testes estivessem sendo conduzidos justamente nessa área remota e desolada do Brasil. “Ora, haveria lugar mais perfeito para tanto?”, indaga. Os experimentos estariam sendo feitos com uma “fachada” extraterrestre. Além de esferas luminosas, muitos reportaram naves em forma de helicópteros, pipas, peixes e arraias. Um exemplo disso é o relato do colono Oswaldo Pinto de Jesus, 45 anos, do pequeno vilarejo Coração de Jesus, localizado no interior do município de Vigia (PA). Jesus declarou, no final de outubro de 1977, que ele e seus conterrâneos ouviam muitas histórias sobre o tal aparelho que andava rondando a região, até que apareceu em Coração de Jesus. “Na madrugada de um fim de semana, minha mãe Maria Assunção viu o artefato e nos chamou. Aquilo voava devagar, sem fazer barulho. Visto de baixo parecia um helicóptero. Tinha muitas luzes coloridas na cauda e um foco bem forte na ponta. Como se notasse a nossa presença, o objeto apagou as luzes e desapareceu na escuridão”.
De forma corajosa e sem medo de ir de encontro à idéia da maioria dos ufólogos brasileiros, o professor Suenaga exprimiu em seu trabalho uma pequena mostra de sua responsabilidade informativa, comprovando bom senso ao abordar tão delicado e às vezes difamado assunto em sua vida acadêmica. Mostrou também que a teoria terrestre para se justificar os fenômenos amazônicos tem fundamentos e merece ser considerada.