Pode parecer um paradoxo, mas vivemos hoje em um mundo absorvido pela informação. A atual sociedade do conhecimento nos oferece as mais belas lições sobre descobertas e invenções. A abundância informativa sobre as diversas matizes do saber é espetacular. Nas bibliotecas adormecem relevantes obras literárias, capazes de colocar o homem no apogeu de sua escalada evolutiva. O cidadão desperto é resultado da incessante busca do iniciado. E entende-se por iniciado, neste caso, quem está envolto no redemoinho da vida. O professor, o militar, o advogado, o engenheiro, assim como o marceneiro, o enfermeiro e o estofador, todos estão unidos por um mundo midiático repleto de informações.
Assistir ao pulular dos acontecimentos, interpretados com a sórdida maiêutica dos sábios siderais, é algo que limita o universo dos que estão atentos aos fatos cobertos por uma mística deturpada e mentirosa. O bombardeio de notícias fantasiosas e ilusórias, às vezes expostas de forma propositada, reduz o poder interpretativo da maioria das pessoas. Aliada a isso, a mediocridade dos ensaios e as produções da indústria do entretenimento, quer na televisão, quer no cinema ou no teatro, e até mesmo na cultura popular, provocam o adormecimento social e cultural da pobre humanidade.
Esse foi o motivo pelo qual o homem mais prudente ousou se organizar em sociedades secretas, nas quais pudesse tratar de assuntos que fugiam à compreensão da maioria. As corporações de ofício, as guildas e as ordens associativas culminaram em inúmeras organizações fechadas que plasmam o mundo iniciático da atualidade. Rosacruzes, maçons, teosofistas e esotéricos surgem dessas vertentes do passado remoto. Mas é interessante dizer, no entanto, que o hermetismo de outrora não é mais guardado pelos guardiões dos templos, pois a sociedade do conhecimento desmantelou as chaves e travas que protegiam tais milenares ensinamentos. Hoje, tudo está exposto em diversificados canais da comunicação e parece que os hierofantes, os sacerdotes e os cultores das ciências ocultas foram despojados de suas funções.
Ritos de formatação esotérica
O cenário atual é promissor para quem busca a verdade. A internet, as livrarias e os sebos, assim como os programas televisivos dos canais fechados, expõem todo esse ensinamento antes secreto ou reservado. O ingresso em tais organizações, agora, já não é mais feito em câmaras herméticas ou em templos iniciáticos, e até a verdadeira ritualística dos ambientes de mistérios passaram por profundas transformações. Isso pode parecer doloroso para os mestres e neófitos das grandes sociedades secretas, mas é a realidade, uma verdade revestida do elevado saber da consciência. Assim, os ritos continuam com sua formatação esotérica, porém a admissão aos intrincados parâmetros das escolas de sabedoria está despertando para a beleza da erudição transcendental.
A interligação das células do saber caracteriza o iniciado contemporâneo. Vislumbrar e refletir sobre as conectividades do conhecimento global é estar na plenitude em que se localizam os mestres de sabedoria. Assim, reconhecer o elo entre as coisas, inter-relacionando matemática e música, química e arte, eletrônica e política, geografia e literatura etc, transforma o observador em super-homem. O ser mediano ou medíocre, mesmo que passe por profundos processos de ordem sagrada, sob os cuidados dos vigilantes de templos, não será batizado em conformidade com o que se espera dos que pretendem ter cosmovisão. Identificar onde está a fonte do conhecimento é transmutar o desconhecido. Interpretar o evento em sua essência, relacionando-o com outros, é ampliar a consciência. Despojar-se de preconceitos ortodoxos e liberar resíduos emocionais do passado é amalgamar uma nova situação conjuntural, construir novos cenários frente à contínua evolução do mundo.
Nesta perspectiva nova e desafiadora, a fenomenologia ufológica é o mais novo elemento delineador das situações que estão construindo a recente escola iniciática. Os discos voadores, cuja incidência em nosso meio remonta à Antigüidade e está abundantemente registrada em magistrais livros sagrados, vêm sofrendo um processo de banalização orquestrado por governos e entidades que não vêem interesse em olhar os fatos de frente. Mas a ciência, a tecnologia e a inovação são armas que removerão essa retrógrada demarcação, à medida que a luz das descobertas fragilize paradigmas fugazes, que não irão suportar a chegada dos novos tempos. Tratar desta questão é o objetivo do presente artigo, cujo eixo principal contém uma análise racional da fenomenologia ufológica diante do arroubo da ciência atual.
A fronteira da religiosidade
Na busca pela inovação, o homem vem desbravando enormes desafios intelectivos para o domínio e a pacificação dos obstáculos a que a fria matéria planetária o expõe. Dominar e conhecer os segredos das leis naturais é o eterno desafio do ser humano desde que habita este planeta, há alguns milhões de anos. Desde a charrete, no final do século XIX, até as viagens espaciais com sondas teleguiadas e telescópios orbitais, no final do século XX, o homem mostra que é capaz de uma saga extraordinária, buscando o topo de sua trajetória. Microeletrônica, genética, nanotecnologia, telecomunicação por satélites etc são algumas das fronteiras do saber.
Novas aplicações de matéria-prima abrem possibilidades para escalarmos outras dimensões. Entre elas está o silício, elemento de liga em biocondutores, ou o zircônio, revestimento de auto-fornos e útil na indústria eletrônica, ou os chamados elementos terras raras, usados em processos de levitação magnética e na construção de aeronaves invisíveis. Ou ainda o nióbio, facilitador na construção de turbinas aeronáuticas. Enfim, é no delineamento da estrutura atômica da matéria, para entender sua ordenação molecular, com vista à obtenção de outras substâncias ainda não conhecidas, que surge o alquimista do século XXI. Desta forma, o sopro da vida começa a ser decifrado por um ser que, à medida que adentra as entranhas da substância primordial, torna-se devoto de um Deus universal, construtor dos mundos visíveis e invisíveis.
O maior santuário existente
Seu estado de consciência se amplia e provoca a neuroplasticidade de seu cérebro, como uma espiral evolutiva da sua inteligência. Neste instante, é penetrar nos pensamentos de Louis Pauwels e Jacques Bergier, quando, na belíssima obra O Despertar dos Mágicos, afirmavam que “os cíclotrons são como as catedrais e a matemática como um cânti
co gregoriano, onde as transformações se operam, não apenas no seio da matéria, mas nos cérebros. É neles que as massas humanas de todas as cores se agitam, onde a interrogação do homem faz vibrar suas antenas nos espaços cósmicos, onde a alma do planeta desperta”. É o homem tentando compreender o milagre da ciência e o relacionado à moderna religião. Mas não a religião dogmatizada ou fundamentalista, e sim a dotada da verdadeira religiosidade, inerente aos gigantes que marcaram a história das grandes descobertas e da profunda espiritualidade.
Os ambientes da busca do saber se assemelham. É na biblioteca de pesquisas que se acumulam obras literárias que exalam o puro pensar, semelhante à intangível estrutura produzida pelo adepto no seu retiro espiritual em prática meditativa. Os laboratórios atuais, com seus ensaios e testes, são análogos ao monastério. E um observatório astronômico, que tem seu instrumento apontado para o céu, vislumbra o maior santuário que existe: o universo. Aquele que não perceber que a matemática influencia a harmonia da arte, e que esta, por sua vez, reflete na música, que, em última instância, psicologicamente, exalta o sentimento de unidade, estará fora do diedro da evolução humana.
O processo de compreender o milagre do conhecimento, ou seja, a mística do avanço da ciência, não separa religiosidade de tecnologia. Ambas são uma coisa só. Esse é o insight para a escalada do verdadeiro saber. É justamente o avanço da ciência que favorecerá o futuro encontro do homem com outras inteligências cósmicas, propiciando o alargamento mental da espécie humana. A conquista espacial proporcionará o contato entre as civilizações, o que dará um novo sentido a vida. Quem ainda não percebeu esse fato está em sono letárgico paralisado no palco da evolução. Ou, envolto na trivialidade e cego por não identificar as potencialidades do homem, e mantém-se primitivo. O profano do misticismo científico emparedou-se com o reducionismo da Idade da Razão. “Veja quem tem olhos para ver e ouça quem tem ouvido para ouvir”, diz o ditado.
Atividades espaciais: limites e cuidados
A década de 50 foi o marco da evolução da humanidade, em termos de conquista científica. Aqueles anos significaram o momento da melhor visão do homem em relação ao horizonte temporal de suas possibilidades diante das interrogações que ainda pairavam, principalmente sobre o encanto da estrutura atômica e do espaço sideral ao seu redor. Era o início do rock and roll, mas também da conquista espacial. Russos e norte-americanos se alternavam na descoberta do vôo em grandes altitudes, bem como na ousada aventura de alcançar a órbita terrestre. Tudo isso devido ao pós-guerra, possibilitando a aplicação da tecnologia voltada aos interesses da sociedade civil em época de paz. O Centro de Controle de Vôos Espaciais da então União Soviética noticiava o sucesso do Sputnik e a NASA lançava os foguetes da série Atlas, do Projeto Mercury. Os russos colocaram Yuri Gagarin em órbita terrestre, para, logo a seguir, Alan Shepard fazer a mesma epopéia do lado norte-americano.
A tecnologia do motor à reação avançava amplamente, culminando nas turbinas a jato. Estas, cada vez mais aperfeiçoadas, projetavam cápsulas na direção do espaço sideral, encenando os primórdios do domínio do cosmos. Talvez tenha sido esse entusiasmo pelo desconhecido e a euforia em compreendê-lo que fizeram com que a divulgação ufológica tomasse dimensões avantajadas, nas décadas de 50 e 60, pois já transparecia que um contato oficial com inteligências extraterrestres seria inevitável. Ambos os lados do pós-guerra não se preocupavam em noticiar seus feitos, a ponto de a denominação corrida espacial forçar a aceitação da informação bem articulada, com o fim de apresentar a supremacia de um país sobre o outro.
O método de guerra psicológica adotado por Joseph Goebbels, ministro da propaganda do Terceiro Reich na Segunda Grande Guerra, apresentava cenários favoráveis aos alemães. Já os Estados Unidos fracassaram no Vietnã porque a televisão mostrava, em horário nobre, os filhos da classe média norte-americana tombarem na selva do sudeste asiático, propaganda altamente negativa para o governo. Desde aquela época até hoje, percebe-se que a mídia é uma faca de duas lâminas. E esse foi o motivo pelo qual todo esforço em alcançar a Lua, em 1969, foi transmitido em tempo real, principalmente pelo lado norte-americano. Apesar das telecomunicações serem precárias, mesmo ao Brasil e a outros países chegavam os feitos heróicos do complexo espacial dos Estados Unidos, mostrando sua grandiosidade tecnológica.
Religiosidade na corrida espacial
A trajetória da exploração lunar comportou momentos sublimes, como a beleza da mensagem dos tripulantes da Apollo 8, transmitida à Terra às vésperas do Natal de 1968. O astronauta Frank Borman, ao vislumbrar nosso planeta a partir do espaço, repaginou um fato da Gênese bíblica, exclamando: “No princípio, Deus criou os céus e a Terra. A Terra estava sem forma e era vazia. Deus disse: faça-se a luz, e a luz foi feita. Deus então viu a luz e viu que era boa, e dividiu a luz das trevas”.
E concluiu Borman: “Deus abençoe a todos vocês, que estão na boa Terra”. Suas palavras soaram como uma melodia sagrada diante da beleza do cosmos e dos efeitos da astronáutica. Havia tudo de místico nas afirmações daquele astronauta. Outra mensagem existente na guerra das informações foi o “telefonema” do presidente Richard Nixon aos astronautas da Apollo 11, por ocasião da primeira alunissagem: “Com certeza, esta é a ligação mais histórica já feita. Não tenho palavras para expressar o orgulho que todos sentimos. Para os norte-americanos, este deve ser o
dia de maior orgulho de suas vidas. Durante um instante inestimável da história, todas as pessoas neste planeta são apenas uma”. Não é difícil entender que ambas as locuções eram revestidas do mais profundo senso de religiosidade, já que conclamavam pela união da espécie humana em seu despertar para a magia dos enigmas do universo.
Foi a transmissão televisiva direta da conquista espacial e a eclosão de mensagens como as de Borman e Nixon que asseguravam a vitória norte-americana na conquista espacial. Mas, em contrapartida, surgia ali o vazamento de outras notícias, como as que davam conta da observação de UFOs em todo o mundo, que se alastravam a cada dia. Ocorrências ufológicas eram noticiadas nos Estados Unidos, Inglaterra, Japão, México, Austrália, Canadá e tantos outros países, deixando patente que um fenômeno global estava em andamento. No Brasil, nos anos 50, o coronel-aviador João Adil de Oliveira, em íntima ligação com os ufólogos da época, analisava o que se passava em nossos céus. No final dos anos 60, o então recém criado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), órgão oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) para pesquisa ufológica, sob a supervisão do major-brigadeiro José Vaz da Silva, investigava observações de naves e contatos com seus tripulantes.
A continuidade do establishment
Naqueles anos dourados, todos os canais da mídia noticiavam avistamentos de discos voadores com um ar de intimidade sobre o fato em si. A imediata percepção da ausência de vida na Lua e nos planetas do Sistema Solar, principalmente em Marte, fez com que o poder mundial reinante mudasse sua postura, optando por uma atitude retraída de aquietação e até de sonegação de informações — foi quando teve início o acobertamento ufológico. Era interessante manter o status quo para se prevalecer a continuidade do establishment. A partir daquele momento, os vôos interplanetários e a própria convivência nas estações espaciais passaram a ser revestidos de grande obscurantismo, especialmente no que tange aos pequenos acontecimentos durante as missões. As transmissões se limitaram ao Centro de Controle de Houston, podendo seus técnicos, após filtrarem cuidadosamente as informações, liberarem apenas o que era permitido.
Vidas marcadas por discos voadores
Iniciava-se, assim, a omissão e manipulação de informações relativas aos vôos tripulados. As experiências dos astronautas já não podiam mais ser “vazadas” ao público e a blindagem de tudo o que ocorria além da nossa atmosfera era a nova palavra de ordem. Começou desta forma o hermetismo de fatos inusitados que dariam outro sentido às novas descobertas. Nascia ali a mais nova sociedade secreta, em plena era interplanetária. Como as corporações da Idade Média e, em especial, a dos pedreiros maçons, que ocultavam o significado das dimensões das velhas catedrais e palácios, agora era vez de enclausurar os conhecimentos de fatos anômalos que ocorriam nas fronteiras da escuridão cósmica. Surgiu, com isso, uma diminuta casta de especialistas exclusivamente dedicados a compreender as condições de habitabilidade dos mundos vizinhos, em substituição aos sacerdotes dos templos sagrados de outrora.
Parece que a onírica aventura do homem milenar, que antes se intimidava diante das estrelas, retomava seu curso. Era a apoteose da espécie humana em busca de seu novo patamar, o cosmos. Lamentavelmente, no entanto, essa vitória, traduzida na amplitude de uma nova percepção das coisas, não difere de como ocorreu no passado, sendo restrita a uns poucos. Logo, o ocultamento de detalhes das superfícies da Lua e de Marte, bem como de eventos inexplicados ocorridos do espaço e relacionados a ação de UFOs, estaria contido nos centros de controle das agências espaciais dos países que dominavam a astronáutica, que negavam sumariamente tais informações à humanidade.
A história da pesquisa ufológica é composta de um grande volume de casos emblemáticos em que pessoas tiveram suas vidas marcadas por se interessarem por um assunto profundamente controverso. Depoimentos de autoridades em todo o mundo, ao se referirem à ação de outras espécies cósmicas na Terra, mobilizaram o interesse da sociedade com significativas repercussões, em um primeiro momento, para então acabarem sendo alvos de sutil deboche. Por que o noticiário sobre Ufologia faz fronteira com a zombaria? Qual é o sentido da negação do fenômeno, quando ele esbarra na esfera do poder público? E mais: é prudente uma pessoa de prestígio omitir-se diante de uma experiência pessoal com UFOs? Estes e outros questionamentos fornecem munição para promover ou instituir as mais profundas análises sobre um assunto de significância tão relevante para a humanidade atual.
De certa forma, no âmbito dos governos, a fenomenologia ufológica é tratada com severo cuidado, para não se cair na direção do ridículo e da gozação. Um dos pesquisadores que melhor expressa esse sentimento é o inglês Nick Pope, consultor da Revista UFO e autor da obra Céus Abertos, Mente Fechada [Madras, 2007]. Pope foi funcionário do Ministério da Defesa da Inglaterra e, no período de 1991 a 1994, exerceu a função de chefe do conhecido UFO Desk, um setor que tratava dos relatos de avistamentos de UFOs feitos ao governo britânico. Sua experiência foi exuberante, desde o convívio com chefes que pouco se interessavam pelo assunto até o enfrentamento de uma mídia irônica, a ponto de veicular crônicas como Seria sua Sogra uma Alienígena? ou Um ET Vagabundo Roubou meu Calção, entre outros títulos igualmente grotescos, com objetivo de desacreditar o Fenômeno UFO imediatamente após ocorrências marcantes nos céus da Inglaterra.
Interessante é que Pope transitava entre esses dois extremos com militares e funcionários civis simpáticos à fenomenologia ufológica, mas revestidos de reservas quanto à demonstração de seus interesses pelo estudo do tema. A partir desse comportamento, podemos inferir mais uma vez que o medo do ridículo leva a uma genuína barreira ao inexorável avanço da ciência. A demanda em proveito do c
onhecimento ufológico é grande, porém os meandros e as implicações de sua demonstração parecem forçosamente irrelevantes para as elites, servindo de protagonistas de crendices infundadas — e todo o cuidado é pouco para não se acabar em crendices infundadas quando o assunto é Ufologia.
Ufologia, silêncio e discrição
Imagine se em uma dinâmica de grupo ou mesmo em uma apresentação individual de alunos universitários ou candidatos a vagas de emprego, a psicóloga solicitasse, como um dos itens de preferência pessoal a ser externado, que o pretendente dissesse que se interessava por Ufologia. Com toda certeza, seria olhado de forma diferente pelos demais. Ou seja, seu hobby pode ser música, literatura, cinema ou qualquer outro entretenimento, mas não Ufologia! Demonstrar interesse pelos discos voadores é o mesmo que se excluir do processo de seleção ou, então, passar a ter seus passos vigiados pela equipe de recursos humanos, uma vez que o preconceito irá rotular o candidato como exótico ou pouco confiável para a função a que concorre.
Infelizmente, esta é a tendência nas repartições públicas e privadas. Assim, o melhor para uma convivência harmoniosa e isenta de dúvida é o silêncio e a discrição. O tema é um código proibido e comprometedor para qualquer carreira profissional. E esse conceito atravessa o testamento de juristas, de profissionais de saúde e de militares, dentre outros. Nas Forças Armadas, mesmo sendo a Defesa e a Segurança Nacional seu objetivo principal, os UFOs não são levados em consideração neste contexto, o que pode ser considerada uma atitude desconexa do elenco de estratégias influenciadas, atualmente, por uma ciência e uma tecnologia alcançando níveis de excelência cada vez maiores. Esse é o motivo pelo qual o tratamento do fenômeno ufológico passa por uma meticulosa análise interpretativa, principalmente dos órgãos de inteligência, assemelhando-se ao que se discute nas escolas iniciáticas de que falamos no começo deste trabalho.
Jacques Vallée, o astrônomo franco-americano que se dedicou a pesquisar as características mais subjetivas do Fenômeno UFO, chegou a afirmar, com tristeza, que seu estudo especializado tem lugar apenas na categoria de bizarrice ontológica. Vallée concluiu alegando que o tratamento da temática com certa tranqüilidade só deve ocorrer em fóruns específicos, como em colégio invisíveis. Ora, a histórica Escola de Sagres, que tantos descobridores lançaram ao mundo, funcionava nesses moldes, ou seja, era um estabelecimento de estudo em que astrônomos, geógrafos, matemáticos, filósofos, geômetras e navegadores discutiam a esfericidade da Terra e a conseqüente possibilidade de navegação de forma hermética. Deve-se fazer o mesmo com o Fenômeno UFO? Ou isso já vem sendo feito?
A Ufologia e suas características ocultas
Eram assim também as investigações primordiais da vida nos templos e lojas da primitiva Maçonaria. Hoje, o estudo ufológico, entre aqueles investidos do poder temporal dos governos, deve passar pelo que denomino de Colégio dos Magos, uma vez que tais “magos”, por prudência, não devem se expor. Seus interesses por Ufologia, relacionados ao sofisticado avanço da tecnologia, têm que ser analíticos e racionais, a fim de neutralizarem opiniões desabonadoras e preconceituosas oriundas de uma sociedade apática por assuntos mais profundos, em conseqüência do inconsciente coletivo moldado por uma mídia infame e mentirosa.
Portanto, é imperativo manter a atitude equilibrada de quem vive o jogo do poder e aceita a possibilidade de que inteligências extraterrestres estejam espalhadas pelo universo. O mestre de sabedoria, como gestor de corporações empresariais e governamentais, neste caso, se assemelha aos sacerdotes dos templos de grandes civilizações do passado. De Pitágoras e Sócrates a Peter Drucker e Bill Gates, as nações contaram com sábios-administradores que proporcionaram luz à humanidade. Sob este ângulo, aqueles que têm o poder das decisões no século XXI atuam como mediadores das inevitáveis incertezas que advirão do despertar do já chamado Homo tecnologicus, provável parceiro dos seres estelares.
Se existe um seleto grupo de pessoas em governos autorizadas a lidar com o Fenômeno UFO, principalmente nos Estados Unidos e na Rússia — já que este autor não acredita que o mesmo ocorra em outros países e, principalmente, no Brasil —, é igualmente ativo e diligente o movimento ufológico em todos os rincões do mundo. Na verdade, esta grande associação de mentes para tratar de Ufologia vem se transformando em imensa confraria, constituída de interessados interligados em diversos níveis pela rede mundial de computadores, a internet, às vezes sob a coordenação de grupos ou centros organizados que estabelecem verdadeira arquitetura comunicativa. É a partir desse fato que se forma uma inteligência coletiva e possuidora de amplo conhecimento sobre o assunto, base para extensa memória que ultrapassa fronteiras e limites geográficos e culturais.
Aqueles que se interessam pela pesquisa e estudo da presença alienígena na Terra, como são excluídos do acesso oficial às informações, na maioria dos casos, senão todos, recorrem a tais centros de estudos para satisfazerem sua busca por conhecimento. E tais entidades, por serem reservadas e discretas, deixam os interessados livres da exposição demasiada em seus locais de trabalho, no âmbito familiar ou mesmo na vizinhança onde residem. E mais: é com a convivência com outros que pensam de forma idêntica ou semelhante, seja em suas convicções pessoais ou em suas metodologias de pesquisa, que se intensifica a troca de experiências, resultando no aumento do conhecimento da manifestação ufológica. Este processo se assemelha ao ingresso e atuação do aspirante em escolas iniciáticas atuais, ou então do monge das remotas ordens de cavalarias, como os Templários.
Evidentemente, o movimento ufológico não é uma confraria destinada ao estudo da sabedoria milenar, como a Maçonaria, que tem ritualística em níveis de aprendizado, palavras chaves e símbolos de identificação entre seus membros. Mas, em um centro de estudos ufológicos, apesar de não se utilizarem tais recursos, os simpatizantes agregam idiossincrasias para lidar com o universo insondável, em forma de respeito e ad
miração, sentimentos facilmente reconhecidos por seus afins. Desta forma, um centro de estudos ufológicos se insere em uma teia de ramificações planetárias, cujos membros se sintonizam sem colocarem em risco suas preferências sobre a possibilidade de vida extraterrestre diante de reprovações obscuras produzidas por uma sociedade adormecida — mas que podem, infelizmente, prejudicar a imagem de autênticos idealistas em prol da expansão da consciência do ser humano.
UFOs e a segurança nacional
Pode-se dizer que astronautas como Gordon Cooper e Edgar Mitchell, respectivamente das missões Gemini 5 e Apollo 14, ou mesmo militares como o saudoso general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, encontram-se dentro desse espectro. E como se sabe, o movimento ufológico abriga dentro de si várias vertentes, entre elas a que propugna por uma interpretação mística do fenômeno, a que vê nas abduções alienígenas todas as explicações, a que entende a ação de outras espécies cósmicas na Terra como cataclísmica etc. E ainda temos a corrente que se dedica aos agroglifos, a que analisa as aparições marianas, a que trata das ocorrências inusitadas, a mentalista etc. A mais recente e que poderá envolver os sistemas de defesa dos governos é a que relaciona os discos voadores com a vigilância do espaço aéreo. O citado Nick Pope, na Inglaterra, tal como o Comitê Cometa, na França, e alguns funcionários da NASA, nos Estados Unidos, além deste autor, aqui no Brasil, dentre outros nomes espalhados pelo mundo, olham o Fenômeno UFO sob a ótica da segurança nacional.
O movimento ufológico global atual tornou-se um verdadeiro Colégio dos Magos, “magos” que têm suas reservas resguardadas pelas paredes intangíveis dos diversos centros de estudos espalhados pelo mundo. São militares, advogados, engenheiros, professores, médicos, psicólogos, biólogos, profissionais liberais, empresários e cidadãos comuns, todos sintonizados com a causa ufológica. Dentro deste contexto, existem até pessoas de boa índole, generosas e bem intencionadas, mas que, por suas taras ufológicas exacerbadas, tiram conclusões imediatas e simplistas sobre a fenomenologia, sem o necessário aprofundamento, e lançam opiniões desvairadas através da mídia, comprometendo todo um trabalho de pesquisa sério que vem sendo praticado em todo o mundo nos últimos anos.
Aqui no Brasil, a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) é talvez um dos maiores conglomerados a reunir outras agremiações dedicadas ao estudo dos discos voadores. Seus membros compõem um mosaico de especialidades, já que fazem parte deste quadro profissionais de corporações privadas e públicas, associações, universidades e centros de pesquisa, resultando em espetacular soma de experiências, todas oriundas de diversas fontes. A CBU se constitui em um capital intelectual indispensável a estratégias efetivas a qualquer plano exeqüível na era do conhecimento.
Arquitetura para interesses múltiplos
Por tudo isso, a entidade se tornou uma sociedade de referência, arrastando atrás de si cérebros altamente qualificados para o estudo ufológico. São capazes também de elaborar análises racionais em outras áreas, relacionadas à nova ordem mundial. É, portanto, uma organização difusa, cujo fluxo da informação que gera ou manipula extrapola o fator espaço-tempo, podendo assim contribuir como uma arquitetura voltada para interesses múltiplos. A CBU é uma organização virtual com lastro em todo território nacional, que dispõe de um veículo de comunicação para dar satisfação aos interessados em suas ações. É a Revista UFO, a mais antiga do mundo a tratar do tema ufológico, com 27 anos. Com mais de 300 integrantes em seu Conselho Editorial, cobrindo mais de 60 países, é uma verdadeira teia interativa dentro da pesquisa ufológica.
Fato notório é que os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), ou da Revista UFO, mantêm intenso contato com pesquisadores civis e militares, alguns ligados a quadros de governos, inclusive de agências de inteligência, levando-os a absorverem dados estratégicos relevantes à construção de uma rica base de informação. Sob este ângulo e levando em consideração já ter recebido mais de 24 milhões de consultas até hoje, o Portal UFO [ufo.com.br], site através do qual se manifestam a publicação e a CBU, poderia servir de instrumento para auxiliar as atividades da Aeronáutica. Sem sombra de dúvida, a CBU guarda semelhança com corporações herméticas, de extensa planificação, já que faz parte de uma malha sinérgica em que o tráfego informativo e de idéias circula naturalmente entre os seus elos.
O despontar dos novos horizontes
O chamado “caos fractual” é a paisagem que mais transparecerá nos novos tempos. O desmantelamento da atual ordem das coisas será o fator que despontará principalmente para o cidadão mediano que ocupa todas as posições da sociedade. Já o observador atento não se impressionará, porque percebe na hermenêutica dos fatos o fluir concatenado dos acontecimentos. Sua visão prospectiva e iniciática relaciona eventos e ambientes, entendendo-os como um grande emaranhado cuja ordenação é justamente o que lhe dá esperança em ver eclodir um novo amanhecer.
O ufólogo sério e dedicado pode muito bem ser visto como um “perscrutador de insólitos” e, inserido na sociedade, se destaca dos demais seres humanos por agir como um espectador no topo de uma colina, de onde tudo pode ver, principalmente a dinâmica humana em busca de uma suposta felicidade. Sua vantagem está na certeza que nutre da existência de outras inteligências estelares habitando muitos orbes do universo, por acreditar na potencialidade do homem, como um deus, e também por saber que a ciência e a tecnologia serão a nova plataforma de onde melhor se vislumbrará o que está por trás das fronteiras do desconhecido.
O perscrutador de insólitos está circunscrito a uma pequena seita secreta, mas encadeada por fluxos informativos que gerenciam o insumo do conhecimento atemporal e transgeográfico, tomando para si, assim, o poder dos sábios. Seus dirigentes não podem
mais incorrer no infantil erro da credulidade, nem tampouco deixar-se representar por um porta-voz de discurso pueril e sem sintonia com a situação conjuntural do cenário mundial. Da mesma forma, oferecer-lhe uma tribuna rodeada de céticos de senso crítico exclusivamente racional é colocar em risco todas as conquistas do movimento ufológico, em especial o do Brasil.
Pensar que o incrédulo investido de autoridade ignora as leis que regem o mundo visível é incorrer em argumentação insustentável. Perspicácia e persuasão são seus atributos naturais para arquitetar o acobertamento e o despistamento de informação. Uma aspiração como esta não pode vir com discurso eivado de expressões piegas ou fora de contornos cartesianos, lamentavelmente. A necessária blindagem para o renascimento do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), como proposto por este autor anteriormente no artigo Sinais Inteligentes no Firmamento [Edições UFO 155 e 156], parte de pessoas inteligentes.
Realidade obscura para a humanidade
Nem tudo é fácil. O ufólogo tem em seus ombros a responsabilidade em apontar, de forma comedida, a nova realidade, ainda que obscura para a humanidade. Portanto, na busca do sucesso em sua empreitada, a base de um argumento plausível só poderá surgir de um marco teórico racional e calcado nas diversas dimensões da ciência. Incrustado nas variadas camadas da sociedade, o perscrutador de insólitos cumpre suas obrigações como um cidadão correto, que participa e vive os desafios de sua profissão como qualquer outro, mas procurando olhar, identificar e interpretar o que está por trás das vãs aparências que tantos não enxergam.
O incrédulo investido de autoridade não tem essa percepção, e aí está sua vulnerabilidade diante do ufólogo. John Lennon, em 1972, na sua magistral canção Imagine, aclamava: “Talvez você diga que eu sou um sonhador, mas não sou o único. Desejo que um dia você se junte a nós e o mundo, então, será um só”. Da mesma forma, o perscrutador de insólitos está inserido em um grupo reduzido de pessoas, muitas das quais ainda mantêm suas posições veladas. Ele não é percebido nos segmentos sociais, mas ocupa, difusamente, cargos e posições em variadas escalas do poder decisório. Seu anonimato lhe dá a possibilidade de conhecer dados estratégicos em prol do esclarecimento de eventos ufológicos.
E tudo isso o ufólogo deve à credibilidade conquistada através de sua folha de serviço funcional, que o distingue com honradez e respeitabilidade de seus pares. Assim aconteceu com o astrônomo J. Allen Hynek, o “Pai da Ufologia”, com o coronel-aviador João Adil Oliveira, com o major-brigadeiro José Vaz da Silva e outros. Assim acontece com o lorde Hill Norton, ex-chefe do Estado-Maior da OTAN, com o congressista norte-americano Steven Schiff, do Novo México, e, porque não dizer, como acontece com o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) e do Comando Geral do Ar, ambas funções do mais alto escalão da Força Aérea Brasileira (FAB). Assim acontece também com todos os demais componentes de grupos de pesquisas ufológicas compromissados em rasgar o véu que encobre os intrigantes alvos desconhecidos.
São todos, inconscientemente, partícipes de uma grande teia dimensionada por conexões instaladas em pontos nevrálgicos, espalhados por todo o mundo com o objetivo de captar dados de interesse da Ufologia Mundial. Seu olhar transcendental, isento dos arroubos das teorias conspiratórias, interpreta qualquer política de ocultamento da presença alienígena na Terra, indicando posições sensatas diante das manifestações de discos voadores e seus tripulantes em nosso meio. Ainda para insistir no termo, é o perscrutador de insólitos o verdadeiro “mago” de hoje que, análogo ao alquimista da Idade Média, em vez de transmutar metais inferiores em ouro, traz um corpo de reflexões sobre as possibilidades do espaço sideral, visando à transformação de limitadas consciências individuais em mentes universais, característica do homem cósmico e integral.