A vida, como todos nós sabemos, não surge em qualquer lugar. Alguns ingredientes são necessários, como uma atmosfera, uma camada de ozônio, presença de água líquida e temperaturas habitáveis. Mas, antes mesmo de chegar a esse ponto, o próprio espaço precisa ser preparado com uma luz ultravioleta e ótica que resplandece de estrelas enormes e recém-formadas.
De acordo com uma nova pesquisa da Universidade Nacional da Austrália, esse tipo particular de luz estelar fornece uma espécie de pressão de radiação que neutraliza a gravidade, por sua vez retardando a taxa de formação estelar de uma galáxia.
De acordo com o astrofísico Roland Crocker, se a formação de estrelas acontecesse rapidamente, todas elas se uniriam em aglomerados gigantescos, onde a intensa radiação e explosões de supernovas provavelmente esterilizariam todos os sistemas planetários, impedindo o surgimento da vida. “As condições nesses aglomerados estelares possivelmente impediriam a formação de planetas em primeiro lugar”, complementa.
A gravidade é vital para a formação de estrelas. A maioria das estrelas nasce em berçários estelares – nuvens moleculares densas e ricas em poeira e gás. À medida que os ventos interestelares e por vezes ondas de choque gravitacionais se propagam, o material é empurrado para aglomerados mais densos, que depois colapsam sob a sua própria atração gravitacional. Esses aglomerados colapsados continuam a absorver material circundante, crescendo rapidamente em massa até que a fusão nuclear os faça brilhar.
De acordo com Crocker e sua equipe, o próprio ato de emitir luz das estrelas impulsiona o gás de aglomerados estelares densos e isolados que estão passando por uma taxa furiosa de formação estelar, impedindo que se aglutinem ainda mais. A luz ultravioleta e óptica de novas estrelas massivas se espalha entre esse gás. A absorção de fótons cria uma pressão direta de radiação, enquanto os fótons absorvidos pelo gás e reemitidos como luz infravermelha criam uma pressão indireta de radiação.
“O fenômeno que estudamos ocorre em galáxias e aglomerados estelares onde há muito gás empoeirado que está formando pilhas de estrelas com relativa rapidez”, disse Crocker. “Nas galáxias formando estrelas mais lentamente – como a Via Láctea – outros processos diminuem essa velocidade. A Via Láctea forma duas novas estrelas a cada ano, em média”.
Este não é um processo recém-descoberto, mas a modelagem matemática realizada pela equipe de Crocker coloca um limite na rapidez com que novas estrelas podem se formar. Eles descobriram que muito mais da metade do material em uma nuvem molecular precisa ser convertido em estrelas para a pressão direta de radiação afastar o gás restante. “Esta e outras formas de diminuição da formação de estrelas ajudam a manter o universo vivo e vibrante”, esclareceu o pesquisador.
Fonte: ScienceAlert
Colaboração: David Vanzin
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