Nosso planeta já passou por algumas extinções em massas, sobre as quais pouco sabemos. Agora um novo estudo aponta para a explosão de uma estrela como causa de uma delas. Uma supernova que afetou todo o Sistema Solar.
Conforme publicamos no dia 17 deste mês, desde 2019 que astrônomos do mundo todo estão de olho em Betelgeuse, a gigante vermelha da Constelação de Órion, esperando para ver se ela entrará em processo de supernova.
Isso porque, além de ser um espetáculo celeste cuja lembrança durará por gerações, ela abriria uma oportunidade incrível de estudo para diversas áreas da ciência. Betelgeuse está a uma distância segura da Terra, portanto não nos afetaria diretamente.
Porém, um novo estudo recém publicado sugere que explosão de uma estrela próxima pode ter causado uma extinção em massa, que ocorreu há muito tempo na Terra. Essa é a conclusão de uma equipe internacional de cientistas, que sugere que esse cenário poderia ser confirmado procurando um isótopo de plutônio em fósseis.
O artigo com o estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science.
Crise de Hangenberg
Camada de ozônio Crédito: Socientífica
Há, aproximadamente, 359 milhões de anos, na fronteira entre os períodos Devoniano e Carbonífero, a Terra sofreu uma intensa perda de diversidade de espécies que durou pelo menos 300.000 anos.
Chamada de Crise de Hangenberg, acredita-se que o evento tenha sido causado pela destruição de longa duração do ozônio, que teria permitido que muito mais radiação ultravioleta (UV) do Sol alcançasse e prejudicasse a vida na Terra.
Uma possível causa desse evento é que o aumento do vapor de água na estratosfera inferior contribuiu o aumento do monóxido de cloro, prejudicial à camada de ozônio. No entanto, a duração desse efeito teria sido curta demais para explicar a longa Crise de Hangenberg.
Além disso, esse mecanismo teria causado a redução do ozônio em uma região geográfica limitada, o que contradiz as evidências de que esse evento de extinção foi global. Uma supernova teria entrado no processo.
Raios cósmicos
Crédito: NASA
Em uma publicação recente, o professor e doutor em física Brian Fields da Universidade de Illinois e colegas propõem uma nova explicação, argumentando que uma supernova poderia ter causado a Crise de Hangenberg.
Supernovas são estrelas em explosão que liberam grandes quantidades de fótons de alta energia, incluindo luz ultravioleta, raios-X e raios gama.
Esses fótons são conhecidos por colidir com o gás interestelar, que acelera as partículas carregadas, para criar os raios cósmicos.
Raios cósmicos vindos de uma supernova próxima poderiam ter derramado abundantemente sobre a Terra por até 100.000 anos de cada vez. Isso teria esgotado continuamente a camada de ozônio em uma escala de tempo que seria consistente com a Crise de Hangenberg, e seu impacto seria global.
Uma supernova poderia, portanto, explicar tanto a escala de tempo, quanto a grande extensão geográfica do evento de extinção, ao contrário das hipóteses anteriores.
Embora existam muitos outros eventos astronômicos candidatos que poderiam danificar a biosfera, como eventos de prótons solares e explosões de raios gama, eles impactariam a Terra por apenas alguns anos de cada vez.
Em busca dos isótopos
Grand Canyon. Crédito: NetNature
Pois é, não são apenas os asteroides e meteoros que oferecem perigo, nosso planeta já passou por várias extinções em massa ao longo de sua história, mas como dizem, “a vida sempre acha um jeito” e continua prosperando.
Outros planetas podem não ter conseguido se recuperar de eventos desta natureza e se tornaram estéreis ou com vida apenas microscópica, como acreditam os cientistas ser o caso de Marte.
“O universo é imenso, e não conhecemos praticamente nada sobre ele. Sabemos que há vida na Terra e sabemos que a depender do evento, ela pode desaparecer rapidamente”, disse um cientista recentemente.
A chave para a questão pode estar guardada no plutônio e samário, isótopos radioativos que podem estar presentes em rochas e fósseis da época da extinção. “Nenhum desses isótopos ocorre naturalmente na Terra hoje e o único jeito de chegarem aqui é através de explosões cósmicas”, finaliza Zhenghai Liu, coautor do estudo.
Fontes: Physics World e Olhar Digital
Assista, abaixo, um documentário sobre as eras geológicas da Terra: