A mudança no clima é uma ameaça tão grande ao mundo quanto o terrorismo internacional e a guerra nuclear, disse ontem o professor e físico Stephen Hawking. Segundo o jornal britânico Times, ele afirmou que a comunidade internacional deve agir imediatamente para que as conseqüências do aquecimento global e da guerra nuclear sejam evitadas.
O professor Hawking, da Universidade de Cambridge, falou enquanto o grupo de cientistas adiantou em dois minutos o ponteiro do Relógio do Apocalipse, um instrumento que simboliza a iminência de um Armagedon nuclear universal.
O ponteiro grande do Relógio do Apocalipse, criado em 1947 para simbolizar os riscos das armas nucleares para a humanidade, agora marca cinco para a meia-noite para refletir a mudança no clima e os programas nucleares de Coréia norte e de Irã.
“Desde Hiroshima e Nagasaki, nenhuma arma nuclear foi usada em guerra, embora o mundo tenha estado inconfortavelmente perto do desastre em mais de uma ocasião”, disse Hawking.
“Nós estamos à beira de uma segunda era nuclear e próximos de um período de mudanças climáticas sem precedentes. Os cientistas têm, mais uma vez, a responsabilidade de informar o público e aconselhar as autoridades mundiais sobre o risco iminente à humanidade”, continuou.
Howking disse também que, como cientistas, eles entendem como as armas nucleares e as mudanças no clima podem ser prejudiciais ao planeta. “E como cidadãos do mundo, nós temos o dever de alertar a população a respeito dos riscos que convivem conosco a cada dia”, completou.
O Relógio do Apocalipse é operado pelo Boletim de Cientistas Atômicos (BAS, na sigla em inglês) e foi ajustado apenas 17 vezes em 60 anos de história. Ontem ele foi adiantado em dois minutos, e agora marca cinco para meia-noite.
“Os perigos das mudanças climáticas são tão horríveis quanto às provocadas por possíveis armas nucleares”, disse a BAS. “Os efeitos das mudanças podem ser menos dramáticos em curto prazo, mas as nas próximas três ou quatro décadas o aquecimento global pode causar irremediáveis danos aos habitats que a humanidade depende para sobreviver”, disse a entidade.
A última alteração havia sido feita em 2002, quando os cientistas avançaram para sete minutos para meia-noite depois dos eventos do 11 de setembro de 2001 e do retrocesso no tratado de mísseis anti-balísticos.