
Dizem os céticos que a cidade de São Thomé das Letras, em Minas Gerais, nada tem de místico ou especial. Para eles, o município seria apenas um ponto de confluência de esotéricos, hippies, bêbados e drogados de todas as matizes, que lá se reúnem principalmente em eventos artísticos. Sob essa ótica, seria fácil entender as tão comuns histórias de observações de UFOs, sondas e até de seres extraterrestres que freqüentemente estariam rondando a região. Além da fama ufológica de São Thomé, há o fato de que a cidade está apenas a uma hora de carro de Varginha.
Para tirar isso a limpo, nada melhor do que conduzir investigações in loco e tentar descobrir o que há de real e o que é lenda sobre a comentada casuística de São Thomé das Letras. Assim, finalizados os trabalhos do I UFO Minas, ocorrido entre 19 e 22 de agosto passado, este autor e o também ufólogo José Raimundo, ambos da Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET), conduziram uma vigília noturna em um ponto de grande incidência da cidade, com equipamentos digitais e óticos capazes de registrar a presença de naves e eventuais sondas.
São Thomé, que nos dias de semana possui uma população de pouco mais de dois mil habitantes, sediou nos dias 21 e 22 de agosto uma festa de grandes proporções, com show de vários conjuntos e muitas atrações, que levaram quase 30 mil turistas às apertadas ruas do lugarejo. Essa revoada de gente transformou a cidade – que tem precária infra-estrutura –, num verdadeiro caos, com sujeira para todos os lados – fato que desagrada muito os moradores mais antigos. Pelo menos, foi o que transpareceram alguns, quando procuramos informações sobre o melhor local para se fazer uma vigília. Na cidade também estavam os consultores da Revista UFO Carlos Millan e Atílio Coelho, que, após o congresso em Varginha, resolveram passar o dia e conhecer a região. De partida para São Paulo, não puderam tomar parte da vigília.
Os moradores do local já estão habituados a receber pesquisadores e curiosos em busca de ocorrências ufológicas, e muitos ajudam os visitantes como podem. Esse é o caso de Tomé Fernandes, dono de uma loja de artigos esotéricos, e Oriental Luiz Noronha – mais conhecido como Tatá –, proprietário de uma pousada e ufólogo ativo da cidade, que forneceram todas as informações necessárias para realizarmos nossa vigília.
Assinaturas — Todos foram taxativos em garantir as qualidades ufológicas da cidade. “Com certeza vocês verão algo”, disse Tatá. “Cuidado com a nave-mãe, pois ela às vezes aparece”, advertiu dona Lucila Silva, proprietária de um restaurante conhecido de São Thomé. Ficamos impressionados com a certeza de nossos anfitriões. Nosso guia no município – um jovem chamado Júlio, parente de Tatá – conhece bem a região e nos levou ao local escolhido, um pequeno platô de areia defronte ao que é chamado de Vale do Disco, uma região rica em avistamentos ufológicos. É na encosta do Vale do Disco que se encontra o Morro do Areado, onde estão pinturas rupestres de mais de 1.000 anos de idade, descrevendo a performance de um disco voador. O local é muito visitado e causa espanto a quem não está familiarizado com a antigüidade da manifestação ufológica em nosso planeta.
Quando estávamos nos dirigindo ao local, por volta das 17h30 de 23 de agosto, de dentro do carro avistamos o que parecia ser um meteoro em trajetória descendente e retilínea, em direção ao vale – só que o bólido não deixava rastro algum. Era uma luz compacta e sua velocidade era impressionante, o que nos fez supor que poderia ser uma sonda ufológica, tão comumente relatada pelos habitantes e visitantes do local. No dia seguinte, uma das moradoras de São Thomé relatou que várias pessoas observaram essa luz descer. Sua visão fez lembrar as palavras da dona Lucila.
Às 19h30, já tínhamos nosso ponto de observação montado no platô e pronto para o que pudesse ocorrer. Barraca armada, lampiões acesos, madeiras colhidas para a fogueira e os tripés com as máquinas fotográficas e filmadoras a postos. Pouco depois começaria um verdadeiro show de inusitadas luzes que brindariam nossa vigília. Em menos de 20 minutos apareceram os primeiros objetos, que, a princípio, piscavam e se deslocavam à baixa velocidade. No entanto, estavam muito longe e não puderam ser captados pelas câmeras. Como alternativa de explicação, supomos que fossem automóveis trafegando em pequenas estradas sem asfalto que cortam a região.
Alguns minutos mais tarde, às 20h15, as luzes aumentaram de tamanho e brilho, e seus movimentos passaram a ficar incompatíveis com os de automóveis trafegando. A essa altura, já era possível registrar as luzes com as câmeras, e começamos então as gravações. Procuramos filmar todas as manifestações, mas algumas, apesar de terem sido observadas também a olho nu, estranhamente não entravam no campo de visão da filmadora. Um dos artefatos luminosos, por suas características de brilho e constante mudança em seu interior, era o que mais chamava atenção – por isso foi o mais filmado. Às 20h40, a luz principal se apagou, restando apenas duas, que, pouco depois, terminaram suas evoluções e desapareceram. Encerramos nossas gravações 10 minutos após.
Dados Técnicos — As características da observação foram detidamente analisadas e acabaram sendo descartadas explicações ordinárias que justificassem o fenômeno. Primeiro porque o ponto exato onde montamos o acampamento é bem elevado e deserto, encontrando-se numa altitude de 1.240 m. O platô localiza-se entre as cidades de São Thomé das Letras e a vizinha Cruzília. As coordenadas geográficas são 21º58’ de latitude sul e 44º52’. A região tem um ângulo de visão superior a 180º lateral e azimutal celeste de aproximadamente 160º. Todas as medidas foram tomadas com um aparelho de GPS [Global Positioning System], o qual também registrou a direção dos avistamentos captados pelas câmeras: 80% se deram a oeste do local, enquanto 20% ocorreram a sudoeste.
Um dado importante a ser destacado é que não há energia elétrica na região. Alguns casebres espalhados na área servem de retiro ou repouso para criadores de gado. A única fonte de luz era a Lua, os lampiões que levamos e a fogueira q
ue montamos, além de alguns carros que passavam distantes de onde nos encontrávamos, sendo facilmente identificados. Por outro lado, a distância entre o ponto de observação e o local onde estaria a luz principal, estática, era de mais ou menos 1,5 km, podendo chegar a 2 km. Pudemos averiguar, no outro dia, que tal objeto apareceu no meio de uma mata cerrada. Seria impossível calcular a distância e velocidade das demais luzes que se movimentavam próximas à principal.
O tempo durante toda a observação era bom, com poucas nuvens e umidade relativa do ar baixa, por volta de 40%. A temperatura era de cerca de 26º C e a Lua, em quarto crescente, apareceu a pino às 19h00. As imagens foram registradas com uma câmera filmadora digital Sony, modelo DCR-TRV250, com zoom ótico de 20 vezes e digital de 700 vezes, e uma câmera fotográfica digital Mavica MVC-FD73, com zoom ótico de 10 vezes. A ambas foi acoplada uma lente duplicadora, elevando a capacidade de ampliação ótica para 40 vezes e a digital para 1.400 vezes, em números máximos.
Intensidade de Brilho — As luzes observadas, com exceção de uma, apresentavam a mesma forma arredondada, variando apenas na intensidade de brilho e nos desenhos internos. Um artefato luminoso foi registrado com formato diferente e assemelhando-se a uma turbina em combustão. Dentre as luzes havia outro objeto que poderíamos chamar de “luz-mãe”, numa alusão ao termo nave-mãe, pois as outras demonstravam comportamento de satélites em relação à ela.
A maioria das luzes observadas desceu de uma determinada altura do céu até o ponto da manifestação. Algumas simplesmente acenderam no meio da mata, enquanto outras faziam evoluções e voavam com grande velocidade em direção à luz principal ou partindo dela. Em certa ocasião, o corpo do objeto principal abriu-se e, em sua lateral, viu-se uma cor lilás muito forte. Durante as manobras, a tal luz-mãe era vista a olho nu com um forte brilho. Quando observada através das câmeras, tinha a aparência de uma célula viva com um invólucro de cor amarela, mudando constantemente de espessura e brilho. No núcleo dessa célula apareciam ranhuras, semelhante a um cérebro redondo, mas com sua parte inferior semicortada e escura – mas ainda assim podia-se notar sua forma redonda.
Essa figura aumentava e diminuía de tamanho, como se estivesse pulsando. Em alguns momentos, a luz ficou totalmente branca, voltando depois à sua forma celular. Através da distância, calculamos o tamanho e a variação dessa bola entre 2 e 4 m de diâmetro, mas é muito difícil afirmarmos tal dado com certeza.
Conclusões — Com base na interpretação das imagens, não é possível afirmar que os fenômenos eram sondas ou naves extraterrestres. Mas, certamente, aquelas luzes não eram naturais nem tinham origem humana, uma vez que chegaram a movimentar-se a incríveis velocidades – algumas desciam do céu ou para lá partiam, demonstrando comportamento inteligente. Suas aparências eram, no mínimo, bizarras. Em alguns momentos, piscamos uma lanterna e uma caneta a laser na direção da tal luz-mãe. Incrivelmente, pudemos notar que seu comportamento mudava com essas piscadas.
O vídeo contendo as principais imagens dessa vigília está disponível no site da Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET), que pode ser acessado através do endereço www.ebe-et.com.br. As imagens estão sendo presentemente examinadas por especialistas, que deverão se posicionar a respeito dessa incrível manifestação. Enquanto buscamos resposta para o fenômeno observado, chamamos atenção para o fato de que muito daquilo que os visitantes e moradores de São Thomé das Letras afirmam pode mesmo ser verdade.