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Sondas: luzes que amedrontam e encantam no interior do Brasil

Eles são chamados de vários nomes folclóricos, que vão desde o boitatá ao fogo corredor, do minhocão à mãe d’água, e se espalham por todos os cantos do país. Descrições de suas manifestações estão por toda a história do Brasil, desde o século XVI e XVII. Para a Ufologia, são sondas ufológicas, objetos que nos observam de muito perto.

Daniel C. Carneiro
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O fenômeno das luzes andantes existe por todo o Brasil e um dos traços que é comum em todos os locais onde se manifesta é sua relação com a natureza
Créditos: RAFAEL AMORIM, EXCLUSIVO PARA A REVISTA UFO

Por todo o Brasil, especialmente nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e também no sul de Minas Gerais, a ocorrência de fenômenos luminosos de origem desconhecida da população e por ela interpretados e denominados de múltiplas formas, levam medo, espanto e encantamento aos observadores, despertando a atenção de ufólogos e pesquisadores no intuito de desvendar esses mistérios e esclarecer os fatos. Neste trabalho, apresenta-se uma compilação bibliográfica alicerçada nas melhores referências sobre o tema, bem como dados e informações derivadas de investigações, estudos e pesquisas ufológicas conduzidas por este autor ao longo dos anos pelo interior da Bahia.

Os registros mais antigos de fenômenos luminosos desconhecidos no Brasil remetem ao período anterior à chegada dos portugueses. Quando estes encontraram os nativos, passaram a ouvir narrativas de manifestações de luzes exóticas que eram por eles chamadas de Mbai-tatá, sendo esta a primeira denominação conhecida do fenômeno aqui abordado. É o que aponta o célebre pesquisador Antônio Faleiro, em sua obra Discos Voadores e Seres Extraterrestres no Folclore Brasileiro [Biblioteca UFO, 1991].

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Sobre este fenômeno que surgia naquelas paragens antigas, a título de exemplo, o eminente folclorista brasileiro Câmara Cascudo, em sua obra Geografia dos Mitos Brasileiros [Livraria José Olimpio, 1976], também registra a existência de uma carta do padre José de Anchieta, datada de 31 de maio de 1560, na qual o jesuíta espanhol citou pela primeira vez o Mbai-tatá, traduzindo-o por “cousa de fogo” ou “o que é todo fogo”.

O termo é tradução de mbai para cousa e tatá para fogo. A junção das palavras resultava, justamente, nessa versão. “Quando aquele fogo vivo se deslocava, deixava um rastro luminoso, um facho cintilante correndo para ali”, descrevia Anchieta. De igual forma, o escritor regionalista gaúcho João Simões Lopes Neto, em sua obra Contos Gauchescos e Lendas do Sul [Globo, 1957], descreve o fenômeno, que está amplamente inserido no contexto folclórico nacional, de maneira muito interessante: “No inverno, de antaguida, não aparece e dorme, talvez entoucada. Mas, de verão depois da quentura dos mormaços, começa então o seu fadário. A Boitatá, toda enroscada como uma bola-tatá de fogo, empeça a correr o campo, coxila abaixo, lomba cima, até horas da noite. É um fogo amarelo e azulado, que não queima a macega seca e nem aquenta as águas dos mananciais. E rola, gira, corre, corcovela e se despenca e arrebenta, apagando. E, quando um menos espera, aparece outra vez do mesmo jeito”.

Fenômenos luminosos

A riqueza dos fatos e a numerosa incidência dos acontecimentos também levou o escritor, jornalista e historiador paulista Hernani Donato a asseverar em sua obra Dicionário das Mitologias Americanas [Cultrix, 1973] que a denominação Mboi-Guaçu traduz uma lenda que faz alusão a fenômenos luminosos extraordinários e é associada a ambientes aquíferos, equivalente à famosa lenda da Cobra Grande, muito conhecida no interior do Brasil, ainda que apresente outras variações como Cobra Maria, na região amazônica, especialmente às margens do Rio Solimões.

Na mesma obra acima é apresentada uma descrição mais pormenorizada, revelando os desdobramentos lendários do fenômeno: “Mito ígneo, corrente no Prata e no Sul do Brasil, até Minas Gerais, originário do ciclo do ouro e, ao que parece, do nascimento missioneiro. A apresentação não varia: uma bola de fogo, com trovão ou sem ele, levanta-se de uma grota, marca violentamente a sua passagem no céu noturno e mergulha em um cerro ou laguna, sítio seguro, onde dorme um tesouro. Faz de certo modo o papel do Zaoris. No Paraná ganha fixação antropomórfica: mulher sem cabeça, ocupada apenas em custodiar o ouro oculto sob as serras. No Rio Grande do Sul, pelo testemunho de Simões Lopes, é a alma, o espírito que restou de certa gente em um tempo muito antigo e foi por castigo do céu, endureceu de repente e, caída, ficou onde estava…”

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