A sonda européia Rosetta passou por Marte basicamente para obter aceleração à custa da gravidade do planeta vermelho, mas os cientistas não perderam a oportunidade de fazer estudos. As imagens enviadas pela espaçonave revelaram, por exemplo, a complexa dinâmica de nuvens daquele mundo.
Na imagem em cor natural (o equivalente ao que os olhos humanos veriam), elas são pouco perceptíveis. Mas, com a ajuda de filtros que incluem dados de luz ultravioleta e infravermelha, a Rosetta revelou a presença de muitas nuvens, algumas delas na alta atmosfera marciana.
As nuvens são compostas basicamente por dióxido de carbono evaporado. Como Marte está no inverno no hemisfério Sul, a calota polar austral está maior. Conforme o planeta avança em sua órbita e o inverno vai chegando ao hemisfério Norte, a calota boreal aumenta, enquanto a austral diminui – e a transferência do dióxido de carbono se dá pela atmosfera, na forma de nuvens.
Claro, como a atmosfera marciana é rarefeita, suas nuvens também o são, e por isso é mais difícil observá-las do que na Terra, quando vista do espaço.
A passagem por Marte ajudou no teste dos instrumentos da sonda – um ensaio para seu verdadeiro objetivo, que é encontrar e estudar o cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko.
Ao longo dos próximos meses, os cientistas continuarão analisando as imagens obtidas pela Rosetta, que agora tem um encontro marcado com a Terra, mais uma vez para ganhar velocidade em sua longa jornada à custa da gravidade do planeta. A chegada ao cometa deve ocorrer somente em 2014.