Usando dados da sonda Venus Express, cientistas criaram os primeiros mapas amplos das temperaturas do hemisfério Sul do planeta Vênus, onde o calor na superfície é suficiente para derreter chumbo. Com uma densa atmosfera de gás carbônico nuvens espessas, que torna a superfície do planeta invisível a partir do espaço, Vênus é um mundo imerso em um efeito estufa catastrófico, que aprisiona a radiação do Sol.
Os novos dados poderão ajudar a identificar “pontos quentes” na superfície do planeta, que podem representar sinais de atividade vulcânica. Para conseguir a informação, a Mars Express se valeu das chamadas “janelas” de infravermelho que existem na atmosfera venusiana.
Por meio dessas janelas, raios infravermelhos, dentro de faixas de freqüência específicas, conseguem vazar para o espaço, onde são captadas pela sonda.
A medida de temperatura, feita em agosto, sobre as regiões de Têmis e Febe, revelam variações de até 30º C entre as terras baixas e os picos montanhosos, uma correlação que confirma dados topográficos de radar, levantados por missões anteriores. A região de Têmis é um platô localizado a 270º Leste e 37º Sul.
Em Vênus, a temperatura não varia da noite para o dia. O calor está todo aprisionado pela atmosfera de gás carbônico, com pressão 90 vezes superior à da Terra. Em Vênus, as mudanças de temperatura devem-se, principalmente, à topografia. Como a Terra, as montanhas são mais frias e os vales, mais quentes. A diferença é que, em Vênus, o “clima de montanha” tem temperatura de 447º C.