No último mês de maio estranhas formações circulares surgiram nos canaviais das propriedades rurais de Campos dos Goitacazes, no norte do Rio de Janeiro, levando os estudiosos a imaginarem que tivessem ligação com o enigma nas plantações inglesas. O cultivo de cana-de-açúcar é muito comum na região e os proprietários de terras não têm qualquer explicação para os desenhos que estão se formando da noite para o dia em suas colheitas. Algumas suposições para o fenômeno já foram descartadas, como por exemplo a de que poderiam ser marcas provocadas pela irrigação de um pivô central, pois esse tipo de aparelho não é utilizado na área – e nos locais onde é empregado não foram encontrados tais círculos. Outra idéia é a de que as marcas seriam causadas pela ação de pragas nos canaviais, mas a perfeita simetria com que foram feitas contraria essa hipótese.
O professor e físico da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e presidente do Clube de Astronomia local, Marcelo Oliveira, está preparando uma análise aprofundada sobre o caso. Juntamente com sua equipe de pesquisadores vai recolher e analisar as amostras do solo onde as evidências foram encontradas, para verificar a existência de alterações biológicas ou substâncias incomuns na terra. Alguns círculos estão sendo observados, inclusive, nas áreas onde a vegetação já não existe mais, isso porque no local das marcas o terreno apresenta uma coloração desigual. O piloto de ultraleveMarco Antonio, que realiza vôos diários em suas reportagens para a rádio Litoral FM, do município, foi o primeiro a constatar as formações incomuns na vegetação. Ele verificou que no intervalo de um dia para outro os desenhos surgiram sem qualquer explicação. A área onde o fenômeno pode ser observado temmais de 60 km2, uma extensão tão absurda que chega a atingir propriedades distintas.
Nos locais das marcas a terra se tornou incomumente improdutiva, ao contrário do que ocorre nos círculos ingleses, onde continuam a manter bons níveis de fertilidade. Alguns moradores do Jardim Aeroporto, bairro afastado do centro urbano de Campos, afirmam que viram luzes estranhas sobrevoando a cidade durante a noite, mas nenhum depoimento pôde comprovar uma relação imediata com as estranhas formações circulares – como no caso russo. O caso foi divulgado na rádio Litoral e os círculos se tornaram conhecidos por grande parte da população. Atualmente, existe até uma rota aérea que permite aos turistas visualizarem todos os desenhos em um único vôo.
À frente das investigações está o publicitário e radialista João Oliveira, um entusiasta da Ufologia que quer uma resposta para o mistério e não mede esforços para encontrá-la. Oliveira, no intuito de descobrir formações similares em outras regiões do Estado do Rio de Janeiro e do resto do país, publicou na Internet diversas fotos dos círculos encontrados em Campos dos Goitacazes, as quais podem ser encontradas em sua homepage www.joaooliveira.com.br. “Vamos investigar o enigma a fundo, até encontrarmos uma explicação convincente”, declarou à Revista UFO.
Opinião de ufólogos e especialistas
Os círculos encontrados nas plantações, tanto no Brasil quanto na Inglaterra, Rússia, etc, têm dividido opiniões em busca de uma resposta para o fenômeno. Em todos os locais onde surgiram foram realizadas várias análises do solo, da vegetação e das condições gerais do ambiente, constatando-se algumas vezes radiações no terreno e, curiosamente, a improdutividade das terras afetadas em certas regiões – além de super adubação em outras. Mas o que realmente intriga os pesquisadores é a simetria com que os desenhos são feitos e a forma com que as hastes dos cereais são dobradas, sem apresentar qualquer danificação. O ufólogo Lafayette Cyríaco acredita, com base em suas pesquisas em Campos do Goitacazes (RJ), que os círculos foram feitos por sensores enviados por discos voadores, pois em uma das áreas estudadas encontrou um pequeno índice de radiação. Utilizando o contador Geiger – aparelho que mede a intensidade da radioatividade – registrou 0,4 roentgen (unidade de medida) em uma escala de 0 a 10. Apesar desses resultados, o ufólogo continuará fazendo outras análises. “Existe um tipo de adubo que contém a substância Natrium Phofoni Kalium, que possui uma pequena quantidade de radiação. Mas pode ser também que o material seja algum elemento de outro planeta”, sugeriu Lafayette.
Uma outra posição diante do fenômeno dos círculos de Campos de Goitacazes é a do agrônomo Hamilton Jorge de Azevedo, que também esteve no local realizando estudos no solo e acredita que os desenhos sejam conseqüências da intensidade da água expelida pelos borrifadores existentes nas plantações. “As marcas foram feitas por aspersores, que têm maior pressão. Os jatos de água pressionam as folhas da cana e realmente formam círculos. Isso não tem nada a ver com extraterrestres”, explicou.
Segundo Hamilton, a polêmica que tem se formado em torno do assunto é totalmente desnecessária, pois se tratam de marcas comuns feitas por aparelhos prosaicos. “Isso está bem claro. É um fato”, enfatizou. Contrapondo os argumentos apresentados, o ufólogo e editor da Revista UFO A. J. Gevaerd sugeriu que se fizesse uma melhor análise dos círculos, antes mesmo que se formule qualquer tipo de afirmação sobre sua origem. “Precisamos de um estudo mais detalhado sobre esse assunto. Sugiro a coleta de fragmentos do solo dentro e fora dos círculos e em uma distância de até 15 m para análise em laboratório”. A medida de cautela é importante, como demonstra o exemplo inglês: lá, desde o início do fenômeno dos círculos se proclama a origem extraterrestre, mas ela ainda não está provada.
O mistério de Goitacazes está sendo estudado e observado constantemente por especialistas para que se chegue a uma definição sobre a origem dos círculos. Nenhuma entidade oficial está envolvida no caso, por enquanto.