Eram 18h00 e Suely sentia que algo não ia bem. Estava nervosa e sozinha, pois a filha Daniele dormia noutro quarto, enquanto o esposo, um capitão aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), viajara para Porto Alegre onde deveria demorar-se por alguns dias. Sua única companhia era seu enorme cão de guarda Veludo. Na ânsia de livrar-se da solidão, Suely ligou a televisão e ficou ouvindo a novela na cozinha. Veludo, que naquela hora sempre grunhia à espera de comida, encolheu-se no canto do alpendre de onde, vez ou outra, levantava o focinho e deixava Suely intrigada.
O cão já não era mais o feroz animal que depois das 18h00 circulava a casa, dando-lhe a certeza de que tinha um guardião de fibra. Preocupada com o irritante silêncio, abriu a porta e procurou por algo que fosse responsável por aquela mudança de comportamento no tempo e nos animais, mas foi em vão. Nada de novo apresentava-se em volta da casa. “Não estou gostando disso”, resmungou, quando de repente a TV começou a chiar como se estivesse faltando luz na transmissora. Um som eletrizante, longínquo, agudo e penetrante invadiu a casa. Teve medo e olhou para a porta a fim de verificar se realmente estava fechada. Suely lembrou-se da janela e correu para trancá-la, pois sabia que algo não estava normal.
Ao lembrar-se da filha, tentou correr, mas não conseguiu. Pela fresta da janela adentrava uma luz azulada que apoderava-se dos quatro cantos da cozinha. Um cheiro pavoroso de enxofre causou-lhe náuseas e ela procurou mover-se, mas estava paralisada. Tentou gritar, mas seu grito não tinha repercussão, então viu-se envolvida pela estranha luz que agora dava-lhe uma gostosa sensação de conforto e tranqüilidade, tirando-lhe todo o medo que sentia. A mulher notou que algo tentava sintonizar seu cérebro, pois ouvia estalidos parecidos com aqueles de um rádio quando se procura uma estação. “Não temas! Nada te faremos! És uma privilegiada… Somos de paz e precisamos de ti… Estamos usando a TV para contato”, disse uma estranha voz em sua cabeça. Suely, estática, sentiu que mãos desconhecidas apalpavam seus pés e massageavam seus tornozelos. Depois, acariciavam suas coxas e sua vagina, subindo até as axilas e voltando aos seios. Onde tocavam, deixavam uma vibração esquisita.
Suely notou que estava sendo deitada no chão, ficando suspensa alguns centímetros do solo. Alguém tirou sua calcinha e abriu sua vagina, penetrando alguma coisa metálica, morna e vibratória. Foi rápido, embora sua ânsia fosse de que aquela experiência não terminasse. Depois, algo ou alguém virou-a de costas e introduziu em seu ânus um objeto que a levou a uma estranha sensação de leveza. Agora, uma luz penetrava em seu cérebro e ela nada mais via – apenas ouvia alguém falar ao seu redor. Aos poucos foi voltando ao normal sem, entretanto conseguir se mexer. Estava tonta e seus olhos ardiam, quando ouviu dentro de seu cérebro a mesma voz que a saudara no início: “Terminou. Você está livre, mas voltaremos a procurá-la um dia…”
Menos tensa e confiante em seus pesquisadores – na falta de termo melhor -, Suely perguntou mentalmente quem eram, o que queriam, seus nomes e origem. A resposta veio de forma inusitada: “Somos de muito longe, mas não adianta lhe dizer de onde. Não temos nomes e sim códigos. Um dia vocês saberão o porquê de nossa presença. Você não foi a primeira e não será a última a ser contatada por nós”.
“Gostaria de vê-los”, pensou Suely, recebendo a resposta de imediato. “Você vai nos ver. Entretanto, não somos os seres que você verá, pois não podemos nos deixar enxergar como realmente somos!”, exclamou o visitante. Nesse instante, uma fumaça esverdeada foi surgindo na sala e, dentro dela, três seres foram se formando.
Aguardado retorno – Era uma linda mulher de aproximadamente 1,50 m, que possuía um corpo bem delineado e vestia uma roupa cinza e bem justa. “Ela olhava para mim com uma penetração incrível. Parecia que ia dominar meus pensamentos”, declarou Suely. Mais atrás, vinham dois seres com aspectos másculos. Tinham aproximadamente dois metros de altura, eram fortes, morenos e vestiam roupas esverdeadas, com cintos largos, botas e luvas amarelas. Estes seres usavam o que Suely pensou tratar-se de pistolas, de formato comprido e metálico. Não sorriam, mas transmitiam uma sensação de segurança e confiança. Aos poucos foram se desfazendo e a mulher não pôde mais vê-los. “Adeus, voltaremos! Agora você é nosso contato…”, disseram ao desaparecerem de vez. A sintonia desfez-se lentamente e a luz azulada que havia envolvido a cozinha foi se esvaindo, enquanto lá fora o estridente silvo voltou a encher os ouvidos, até ir desaparecendo.
Veludo grunhia na porta tentando abri-la, enquanto Suely, como que acordando de um sonho, correu em direção ao quarto da filha para verificar que a mesma dormia calmamente. Passaram-se seis horas e a TV voltara a funcionar, apresentando o Jornal da Meia-Noite. A mulher estava suada e sentia-se leve, meio zonza e sem saber se realmente tudo aquilo havia acontecido. Voltou à cozinha e viu que tudo estava como havia deixado. Sua calcinha estava estendida em uma cadeira, o que deu-lhe a certeza de que alguém a havia tirado e que tudo aquilo não se tratava de um sonho, e sim de um contato com seres de outro planeta. Quem sabe?