PASADENA, EUA – A Missão Cassini-Huygen, lançada em outubro de 1997, chegou à órbita de Saturno nesta quinta-feira (01/07), depois de viajar 3,5 bilhões de quilômetros, já com novas descobertas. A primeira delas é o misterioso campo magnético do planeta dos anéis, que tem um mecanismo nunca visto antes. A nave Cassini, criada num projeto de parceira entre a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) e a Agência Espacial Européia (ESA), descobriu que os pólos magnéticos do sexto planeta do Sistema Solar estão nas duas pontas do seu equador: são pólos leste e oeste e não norte e sul como na Terra, em Marte ou em Júpiter. Esse sistema é absolutamente novo para os cientistas, que conhecem apenas planetas cujos pólos estão alinhados ao seu eixo de rotação e perpendiculares ao equador, como informou San Francisco Chronicle. Ao entrar na órbita de Saturno, a Cassini inicia as 76 voltas que dará em torno do planeta, mas, antes mesmo desta fase, 18 instrumentos funcionavam em seu interior, analisando o planeta e duas de suas 31 luas, a Titã e a Phoebe. Treze satélites do segundo maior planeta do sistema solar, depois de Júpiter, só foram descobertos após o lançamento da missão. ?Nós ainda estamos nas entradas do campo magnético do planeta?, disse o pesquisador Dennis Matson, do Laboratório de Jato-Propulsão da NASA. O campo magnético da Terra é formado por camadas de ferro no centro do planeta, que roda em torno de si. Apesar do magnetismo entre leste e oeste (e não norte e sul), Saturno tem o mesmo tipo de rotação da Terra. Mas o planeta é basicamente gasoso, composto de hidrogênio e hélio, e não parece apresentar ferro em seu interior. ?Talvez haja dois mecanismos como o da Terra (um norte e sul e outro, mais forte, leste e oeste). Talvez haja mais. Nós simplesmente não sabemos como funciona?, conta Matson. A Cassini estará a 20 mil quilômetros do planeta, e este é o vôo mais próximo que se fez até hoje de uma nave em órbita. A proximidade vai proporcionar uma oportunidade até então sem igual para estudar Saturno e seus sete anéis. “Não queremos que a Cassini ligue para casa se acontecer algum problema, queremos que ela siga adiante”, comentou o diretor de programação da NASA, Robert T. Mitchell.