
Os leitores devem se lembrar que, até pouco mais de 10 anos atrás, a simples idéia de planetas orbitando outras estrelas era considerada improvável, quando não era ridicularizada. Infelizmente, apesar dos esforços de Carl Sagan – idolatrado por quase todos os envolvidos em astronomia, mas cujos passos poucos seguem –, essa era a opinião reinante sobre os chamados planetas extrassolares ou exossolares. Mas tal visão limitada começou a mudar quando foi comprovado que a estrela Vega, distante 27 anos-luz de nós, possui ao redor de si uma vasta região de matéria, destroços, rochas e substâncias orgânicas, ou seja, um sistema estelar em formação. Na Constelação do Cocheiro, Vega é uma estrela jovem – com menos de um bilhão de anos – e tem massa duas vezes maior que o Sol. Seu sistema estelar em formação se estende por 12 bilhões de quilômetros.
O responsável pela extraordinária descoberta foi o IRAS, sigla em inglês para Satélite Astronômico de Raios Infravermelhos. Mas foi pura coincidência, pois como o brilho de Vega é constante, era muitas vezes usado para calibrar instrumentos. Um dia, ao fazê-lo, os cientistas responsáveis perceberam que o calor captado pelo IRAS não provinha apenas da estrela, mas de uma vasta região ao redor. A partir daí, foram encontradas condições idênticas também em torno de muitas outras estrelas. O telescópio foi um projeto conjunto entre Holanda, Inglaterra e Estados Unidos, e era tão sofisticado que seus sensores infravermelhos ficavam imersos em hélio líquido, a fim de que o calor do próprio equipamento não interferisse nas medições.
Fronteiras do Sistema Solar — O IRAS também teria captado, segundo o pesquisador Zecharia Sitchin, um grande corpo planetário nas fronteiras do Sistema Solar, que seria o lar de uma avançada civilização responsável pela criação da espécie humana há milhares de anos. Para Sitchin, emissários dessa raça foram tomados por deuses pelos antigos povos da Terra, especialmente os babilônicos e sumérios, quando eles aqui apareceram. Também no documento francês Dossiê Cometa [Veja UFO 73, de agosto de 2000] consta a afirmação de que o IRAS captou sinais de atividade estranha no cinturão de asteróides situado entre Marte e Júpiter. Seriam sinais infravermelhos que com certeza não foram causados por atividade terrestre.
Outro instrumento extraordinário que muito contribui para uma melhor compreensão do universo é o telescópio Hubble. Lançado em 1990 e reparado pela primeira vez numa missão do ônibus espacial em 1993, o Hubble simplesmente revolucionou nosso entendimento sobre o espaço e nosso lugar no cosmos. Após o desastre do Columbia, em 2003, chegou-se a declarar que o Hubble seria abandonado em órbita. Mas recentemente, diante de intensa pressão da comunidade científica, a NASA anunciou que uma nova missão será lançada em 2008 para um reparo final nessa extraordinária máquina, que poderá seguir nos encantando com suas maravilhosas imagens pelo menos até 2013.
Durante sua longa missão, o Hubble atingiu grandes façanhas. Mostrou o cometa Schumacher-Levy 9 se despedaçando a caminho de seu impacto contra Júpiter, em julho de 1994. Conseguiu captar o primeiro planeta extrassolar que conhecemos, pela passagem do mesmo diante de sua estrela – a HD 209458 –, chegando inclusive a determinar a composição desse mundo. Obteve dados flagrantes da vida das estrelas e provas científicas de que no centro da maioria das galáxias existem gigantescos buracos negros. O Hubble também registrou imagens de colossais explosões de raios gama e estimou que a idade do universo é algo em torno de 13,7 bilhões de anos.
Rotação e convecção — Em 27 de dezembro passado foi lançado mais um fabuloso satélite, escalado para uma missão muito especial. O Corot – sigla para convecção, rotação e trânsitos – acabou sofrendo um ano de atraso, mas foi finalmente lançado e ainda é motivo de muito orgulho para o Brasil, pois somos sócios do projeto, ao lado da França, Espanha, Bélgica, Alemanha, Áustria e Reino Unido. A sociedade surgiu devido à parceria de astrônomos brasileiros com europeus, envolvidos com o projeto, assim como a necessidade de fazer frente ao grande investimento necessário e à importante estação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em Natal (RN), que irá captar os dados obtidos pelo satélite.
O Corot destina-se a analisar milhares de estrelas próximas, verificando suas características de rotação e convecção [Movimento similar a água circulando em uma panela ao fogo]. Nas estrelas, a matéria circulando para cima e para baixo dá origem ao seu campo magnético. Mas é no estudo dos trânsitos que se encontra o maior destaque da missão Corot. Munido de um telescópio de 27 cm, mais quatro elementos CCD similares aos das câmeras digitais, embora muito mais poderosos, o Corot vai procurar por variações mínimas no brilho de estrelas semelhantes ao Sol, decorrentes da passagem de planetas orbitando-as.
Com o Corot, os cientistas planejam encontrar cerca de 1.000 planetas gigantes gasosos e perto de 100 telúricos, como a Terra – muitos deles dentro da chamada “zona habitável” –, que permitem a existência de água em estado líquido em sua superfície. Daqui alguns meses, poderemos ter o privilégio de testemunhar a primeira descoberta de um planeta habitável além da Terra. Não sendo afetado pela turbulenta atmosfera terrestre, já que estará a 850 km de altitude numa órbita polar, o Corot resultará em avanços inimagináveis para a astronomia, além de descobertas fundamentais para a sociedade terrestre.
Estamos assistindo ao começo de uma nova era, já antevista há muitos anos pelo grande pioneiro Carl Sagan. Uma era que será marcante também para a Ufologia, quando estaremos a apenas um passo de vislumbrar alguns dos mundos de onde podem vir nossos tão arredios visitantes.