Em milhões de anos, o afastamento das placas tectônicas árabe e núbia permitirá que o mar invada a região, formando uma extensão do Mar Vermelho. E graças à abundância de imagens de satélite, os cientistas têm conseguido pela primeira vez vislumbrar como as placas se separam. A crosta de rocha se move na superfície da Terra a até 12cm por ano.
Tim Wright, da Universidade de Leeds, e sua equipe internacional de pesquisadores, coletaram observações em solo e do espaço da ampliação de uma fissura no deserto etíope Afar. Entre setembro e outubro do ano passado, uma extensão de rocha com 60 km de comprimento aumentou até oito metros.
Magma de vulcões adjacentes preencheu a parte inferior da fissura, criando uma nova crosta continental e um dique de aproximadamente 2,5 km³ – o dobro do material ejetado pela poderosa erupção do monte Saint Helens em 1980 – mais de dois quilômetros abaixo da superfície.
“Muita cinza foi lançada no ar e surgiram rachaduras no solo com mais de 1 metro de largura”, diz Cindy Ebinger, da Universidade de Londres, e membro da equipe. “A região de Afar constitui uma área de estudo valiosíssima de ruptura continental e formação de novas bacias oceânicas”.
Isso porque trata-se de uma das poucas fissuras ativas que não está no fundo do oceano. Esse espraiamento da crosta continental prosseguirá ao longo da fissura, estendendo-se do Líbano à Tanzânia, com o bordo oriental da África possivelmente seguindo Madagascar, mar afora. O artigo relatando a pesquisa aparece na Nature de 25 de julho.