Um fato que aconteceu há décadas e que agora volta a ocorrer no Ceará pode ser a chave para algum mistério dentro do vasto campo da pesquisa ufológica. Já estão bem registradas as aparições da Virgem Maria para populares, ou do que se acredita ser ela, antes da manifestação de ocorrências ufológicas. O primeiro caso da história ocorreu em Fátima, Portugal, em 1917, e foi imediatamente transformado em um evento religioso pela Igreja Católica. Na ocasião, crianças da região assistiram uma série de fenômenos no céu, e poucos dias depois dos fatos terem se iniciado, uma fantástica romaria de fiéis se uniu aos meninos — já considerados “escolhidos”, “santos”, “predestinados” etc.
Segundo a pesquisadora portuguesa Fina d’Armada, toda aquela multidão viu no céu, em 13 de outubro daquele ano, um grande objeto esférico ou discoide fazer evoluções sobre os pastos, em plena luz do dia. Em um determinado momento, o artefato teria parado suas manobras e se aproximado do solo, quando então os meninos puderam observar uma criatura de pequena estatura que trajava um manto e portava uma bola luminosa na mão. O ser teria se comunicado com os jovens através de telepatia, dizendo-lhes uma porção de coisas sobre o futuro próximo do planeta Terra. Depois desse inusitado espetáculo, a entidade foi embora da mesma forma como chegara, desmaterializando-se em frente a todos.
A curiosa dança do Sol
Essa versão dos fatos foi apurada em detalhes por Fina na época em que foi bolsista da Unesco para um curso de pós-graduação — quando teve acesso a arquivos herméticos do Vaticano. Porém, não é exatamente essa a história contada pela Igreja. Segundo as autoridades católicas, que se apressaram em transformar o episódio em algo divino, o Sol teria “dançado” com movimentos irregulares no céu, de modo a demonstrar o poder de Deus — e, em um dado momento, Virgem Maria em pessoa surgiu para as crianças.
O manto da senhora passou a ser considerado sagrado e a bola luminosa em sua mão se transformou imediatamente no coração de Jesus, segundo os redatores do Vaticano. Ou seja, os fatos foram reinventados para que o caso não fugisse dos domínios da Santa Sé. Mas nada pode ser mais absurdo do que uma interpretação religiosa do ocorrido. Ora, com que propósito a mãe de Jesus se faria aparecer para três crianças simples de Portugal, segurando o coração de seu filho nas mãos e lhes ditando profecias?
Entre os fatos que se têm como certo está o de que o Sol nunca se movimentou no céu, como atesta a forçada interpretação — e para Fina d’Armada a Igreja sabe muito bem disso. O que se moveu, na realidade, foi outro objeto esférico gigantesco, certamente um disco voador, causando espanto a todos. E o coração de Jesus, o que seria? A resposta está na casuística ufológica, na qual é comum a observação de seres extraterrestres portando bolas luminosas na mão — muitas vezes essas esferas funcionam como uma espécie de tradutor entre ETs e testemunhas, e noutras parecem estar associadas à mobilidade dos visitantes. Existem centenas de episódios assim registrados em toda a literatura.
Por fim, a estatura do ser que as crianças viram — algo entre 90 cm e 1,10 m — é um fator mais do que determinante para corroborar a teoria da intervenção extraterrestre em Fátima. Essa é justamente a estatura da maioria dos seres observados em cenários de manifestações ufológicas, correspondendo a mais de 70% dos casos. Enquanto isso, o que se esperaria de Jesus e sua mãe é que tivessem, no mínimo, além de feições humanas, como preconiza a Igreja e está narrado na Bíblia, uma altura semelhante à da média dos mortais terrestres.
Um pouco de racionalidade
Como se não bastassem todos esses argumentos, convenhamos: quem, em sã consciência, pode mesmo crer que a Virgem Maria se daria ao capricho de arrancar o coração do peito de Jesus para levá-lo a três garotinhos portugueses ignorantes do começo do século passado? Enfim, acontecimentos semelhantes, mais ou menos aproveitados ou distorcidos pela Igreja, têm sido registrados em todos os lugares do mundo, do Japão ao Alasca — inclusive em países onde a crença católica é mínima.
Na antiga Iugoslávia, por exemplo, há mais de 30 anos a suposta Virgem aparece com alguma regularidade em Medjugorje. E no Paraguai, na cidade de Orqueta, um caso extraordinário volta e meia se repete. Essa pequena vila, a 60 km da fronteira com o Mato Grosso do Sul, presencia regularmente um fenômeno de misticismo religioso que une Ufologia e parapsicologia — o lugar, extremamente pobre e sem recursos, há anos é destino de milhares de fiéis. Lá, todos procuram a cura para suas doenças nas sessões gratuitas de imposição de mãos que uma jovem de pouco mais de 20 anos realiza.
A jovem não conversa com ninguém, não fala outra língua senão o guarani e sequer sabe por que é capaz de curar, fato que é comprovado por estudiosos de várias universidades norte-americanas. Segundo a mãe da moça, seu poder curativo surgiu quando ela viu Jesus Cristo. “Um dia ele veio em uma nuvem bem branquinha, que desceu do céu e pousou ali naquele pasto. Daí, saiu uma escadinha daquela nuvem e Jesus desceu por ela para procurar minha filha, tocando-lhe a cabeça”, disse a senhora, com forte sotaque guarani — foi a partir desse momento que a menina descobriu ter o dom da cura.
Jesus desce escadas?
Fenômeno semelhante parece estar ocorrendo também no Brasil — e em uma escala que pode gerar uma nova onda de peregrinações. Não se sabe se tudo começou no Nordeste, após quase duas décadas das ocorrências da Serra de Baturité [Veja matéria nesta edição], mas o fato é que visões da Virgem Maria se tornaram mais ou menos comuns. Também no Ceará, em Guaraciaba do Norte, outro vilarejo distante do mundo, testemunhas garantiram há alguns anos que a mãe de Jesus está por aí, tomando conta de nós.
Já no interior de São Paulo, outra entidade — ou a mesma? — contatou mais pessoas na década de 90. Segundo a imprensa de Jacareí, a 80 km da capital, a santa estaria enviando sinais a seus fiéis. O centro das atenções celestiais é o jovem Marcos Tadeu, através de quem Maria prometeu que enviaria sinais a quem nela acreditasse. Geralmente, as mensagens recebidas nessas manifestações pedem muita oração e afirmam que estamos próximos de tempos difíceis.