O entrevistado desta edição da Revista UFO tem sua história praticamente amalgamada com a da Ufologia Mundial. Ele está por trás dos grandes momentos que esta disciplina já teve nas últimas décadas – como a descoberta do Caso Roswell, por exemplo – e seu nome é referência absoluta quando a questão dos discos voadores é discutida. O canadense Stanton Friedman é ainda figura indispensável nos mais importantes eventos do gênero, em todo o planeta, e só no Brasil já esteve inúmeras vezes – a última para participar do III Fórum Mundial de Ufologia, em junho passado.
Stan, como é conhecido, já proferiu mais de 700 palestras em todo o mundo, especialmente no meio acadêmico norte-americano, e tem centenas de artigos publicados em revistas especializadas, como o Mufon UFO Journal, do qual é colunista permanente. É mestre em física pela Universidade de Chicago e trabalhou como físico nuclear nas empresas General Electric, General Motors, Westinghouse, TRW Systems, Aerojet General Nucleonics e na gigante McDonnell Douglas, nas quais atuou em programas avançados de desenvolvimento de aeronaves e foguetes, em operações de fissão e fusão nuclear e em usinas atômicas.
O público brasileiro provavelmente vai se lembrar de suas inúmeras participações em programas exibidos pelo Discovery Channel, além de entrevistas que concedeu a âncoras como Larry King, da CNN, em cujo programa já é habitual. Stan já esteve também, e por duas vezes, na Organização das Nações Unidas (ONU) e no Congresso dos Estados Unidos para falar sobre Ufologia. Foi o primeiro investigador civil do Caso Roswell, que descobriu por acaso nos anos 70, dando início a uma pesquisa sobre o incidente que já mobilizou milhares de estudiosos de todo o mundo. É autor de vários livros, entre eles Flying Saucers and Science: A Scientist Investigates the Mysteries of UFOs [Discos Voadores e a Ciência: Um Cientista Investiga os Mistérios dos UFOs, Career Press, 2008], em fase de tradução para breve publicação através da coleção Biblioteca UFO.
Outras de suas recentes obras são Captured! The Betty and Barney Hill UFO Experience [Capturados! A Experiência de Betty e Barney Hill, Career Press, 2007], Top Secret Majic [Ultra Secreto Majic, Marlowe, 2005], Crash at Corona: The U. S. Military Retrieval and Coverup of a UFO [Queda em Corona: O Regaste de um UFO por Militares e seu Acobertamento, Marlowe, 1997], entre outros. Stan também produziu os documentários Flying Saucers Are Real [Discos Voadores São Reais], UFO Secret MJ-12: Do You Believe in Majic? [Segredo OVNI MJ-12: Você Acredita em Mágica?], Recollections of Roswell [Relembrando Roswell] e o CD The Real Story [UFOs: A Verdadeira História].
A FORÇA AÉREA CAPTURA UFOs
Muito se poderia dizer sobre a história de Stanton Friedman, mas são os brasileiros que assistiram às palestras que ele realizou aqui, em Brasília, São Paulo e Curitiba, que podem atestar que um homem com seu currículo é ao mesmo tempo simples e carismático, que encontra tempo e disposição para atender a todos que lhe procuram para tirar fotos ao seu lado ou resolver suas dúvidas [Veja edições UFO Especial 022 a 024 e edições UFO 40 e 156]. Por isso, talvez seja o único ufólogo no planeta que possui um dia em sua homenagem. Isso mesmo, a cidade de Fredericton, no Canadá, onde reside, declarou o dia 27 de agosto como O Dia de Stanton Friedman. “A cidade entendeu que a publicidade que dei a ela, quando fui a programas de TV como Larry King Live, me fizeram merecedor da honraria. Sou muito orgulhoso disso”, diz Stan.
O físico nuclear – atualmente o único em todo o mundo inteira e exclusivamente dedicado à Ufologia – é um ferrenho inimigo dos céticos e tem posições controversas. Quanto aos primeiros, diz que eles não se dão ao trabalho de examinar as evidências, mas se acham no direito de criticá-las. “São campeões em erros e repetem as mesmas ladainhas de outros céticos”. Stan afirma que sua forma de pensar sobre os UFOs é a mesma de sempre, sem renovação há décadas. Entre suas polêmicas afirmações está a de que o coronel Philip Corso é uma grande fraude e que teme pelo futuro do Caso Roswell. Corso é autor do livro The Day After Roswell [O Dia Depois de Roswell, Pocket Books, 1998. Traduzido no Brasil como Dossiê Roswell, pela Educare, e à venda no Portal UFO: ufo.com.br]. Stan não deixa por menos: “Se as pessoas se convencerem de que o livro tem informações genuínas realmente ligadas ao Caso Roswell, tudo que pesquisamos sobre ele durante décadas virá por água abaixo”. Ele sabe do que fala e, ao contrário do que muitos acreditam, afirma que foram dois discos voadores acidentados e resgatados em Roswell, em 1947, e não apenas um.
Para Stan, foi justamente após estas quedas que o governo norte-americano começou o que ele chama de “Watergate Cósmico”, para impedir a todo custo que a verdade viesse à tona. “As mentiras oficiais sobre o acidente das naves extraplanetárias próximo a Roswell, em julho de 1947, já duram mais de 60 anos. O entrevistado também é bastante crítico quanto a alguns nomes que fizeram a história da Ufologia Mundial. Para ele, Eduard “Billy” Meier, George Adamski e George Van Tassel, para citar alguns, não passam de aproveitadores. “Não conheço nenhum pesquisador sério que aceite as filmagens de Adamski ou de Meier como genuínas. Ashtar Sheran? Nunca ouvi falar dele”. E Stan não se deixa intimidar: já desafiou publicamente a Força Aérea Norte-Americana (USAF) para um debate sobre dois relatórios “oficiais” a respeito do Caso Roswell. “A USAF já deu todas as explicações que podia imaginar. Eu insisto: oficiais da Força Aérea, marquem data e hora que eu estarei lá para derrubar suas afirmações!” Ninguém aceitou até agora…
Os UFOs vêm de vários pontos, e um lugar de onde acredito que pelo menos alguns sejam provenientes é um planeta orbitando de Zeta 1 ou Zeta 2, duas estrelas da Constelação de Reticulum. Elas estão distantes de nós apenas 39,3 anos-luz e distam entre si 1,8 ano-luz. Astronomicamente, isso é muito próximo. As estrelas dessa constelação são um bilhão de anos mais velhas do que o nosso Sol
Além da poderosa USAF, Stan também já desafiou para um debate o canal de TV History Channel, os especialistas do programa de Busca por Inteligência Extraterrestre [Search for Extraterrestrial Intelligence, SETI] e inúmeros céticos. “Eu provo em cada palestra que apresento que a Agência de Segurança Nacional (NSA) e a Central de Inteligência Americana (CIA) estão envolvidas no acobertamento e escondendo fatos. Depois de trabalhar sob sigilo por mais de 14 anos, de visitar mais de 70 arquivos públicos e de ter conhecimento de verbas secretas destinadas às agências de espionagem norte-americanas, sei como é fácil continuar mantendo a presença alienígena na Terra longe dos olhos do público”. Estas são as declarações iniciais de um dos maiores e mais sérios ufólogos do mundo, que você conhecerá melhor a partir de agora.
Ufologia ao preço de um dólar
Como teve início o seu interesse por Ufologia? De maneira acidental. Tinha 24 anos e trabalhava no Departamento de Propulsão Física da General Electric Aircraft, em Cincinnati, Ohio. Um dia, em 1958, estava pedindo alguns livros pelo correio e vi que precisava comprar mais uma obra para não ter que pagar a taxa de envio. Vi então que no catálogo havia um livro chamado Report on Unidentified Flying Objects [Relatório Sobre Objetos Voadores Não Identificados, Ace Books, 1956], escrito pelo capitão da USAF Edward J. Ruppelt, que havia chefiado o Projeto Blue Book. Estava na promoção, saindo de dois dólares e meio por apenas um dólar, e pensei: por que não? Eu não sabia nada sobre UFOs, mas a USAF estava co-patrocinando um programa que tínhamos na General Electric e Ruppelt sabia o que falava. Li o livro e me intrigou tanto que comecei a ler vários outros títulos sobre o assunto. Eu havia me mudado para a Califórnia e, para a minha surpresa, na biblioteca da universidade local havia uma cópia do chamado Relatório Especial 14 do Project Blue Book, que era até então o maior estudo já feito pela Força Aérea sobre o assunto. Curiosamente, não havia menção deste relatório em nenhum dos livros que havia lido. Ao lê-lo, vi que tinha anexado uma cópia do comunicado da USAF à imprensa, quando sua pesquisa chegou ao fim, decretando que não havia nada de sério sobre os UFOs, o que contrariava frontalmente tudo o que eu havia lido e todas as evidências. Para mim, estava claro: a Força Aérea estava mentindo sobre o assunto. Mas por quê? Isso me intrigou muito e ingressei de cabeça no tema.
Foi assim que você se deu conta de que havia em andamento uma espécie de acobertamento ufológico? Certamente. O Relatório Especial 14 dizia: “Baseados em nossas pesquisas, a Força Aérea acredita que objetos descritos como discos voadores não sobrevoaram os Estados Unidos. Mesmo os três por cento de casos analisados e dados como desconhecidos poderiam ser explicados como fenômenos convencionais ou ilusão de ótica se tivéssemos mais dados sobre os registros”. O relatório continha mais de 240 gráficos, planilhas, mapas e desenhos, ou seja, para um físico, aqueles dados eram um paraíso. Os tais artefatos dados como desconhecidos eram 21,5% dos 3.201 casos investigados, e não três por cento, como estava no documento. E mais, 9,3% dos casos foram classificados na categoria de “informações insuficientes” e completamente separados dos desconhecidos. Ou seja, quanto mais informações e qualidade um caso tinha, maior era a probabilidade de ser algo não identificado, de origem extraordinária. A partir daquele início, ingressei em duas organizações ufológicas e comecei tratando do assunto com colegas profissionais. Minha primeira palestra ocorreu em Pittsburgh, em 1967, depois de ter sido chamado às pressas por uma emissora de rádio. Uma pessoa que ouviu o programa acabou me convidando para também fazer conferência para seu grupo, quando passei a pertencer a este mundo que é a Ufologia. Nesta palestra discutimos, entre outros temas, o famoso livro Flying Saucers: Serious Business [Discos Voadores: Assunto Sério, Lyle Stuart, 1966], de Frank Edwards. Desde então a Ufologia tem feito parte da minha vida.
Na sua opinião, mesmo parecendo uma pergunta simples, você acha difícil dizer de onde vêm os discos voadores? Sim, e eu tento não especular a respeito. O que posso dizer, no entanto, é que não há razões para crermos que todos venham de um único lugar. Um ponto onde acredito que seja uma das origens dos UFOs é o descrito em meu livro Captured! The Betty and Barney Hill UFO Experience, que relata a abdução do casal Hill. Baseado nos estudos do acontecimento, tudo indica que os alienígenas que os raptaram vieram de um planeta próximo de Zeta 1 ou Zeta 2, duas estrelas da Constelação de Reticulum. Elas estão distantes de nós apenas 39,3 anos-luz e distam entre si 1,8 ano-luz. Astronomicamente, isso é muito próximo. As estrelas dessa constelação são um bilhão de anos mais velhas do que o nosso Sol. Seja como for, acho que a galáxia está cheia de civilizações mais avançadas do que a nossa, já que estamos por aqui há bem pouco tempo.
Muitas são as teorias tentam explicar a presença de outras espécies cósmicas na Terra. Você aceita a idéia de alguns pesquisadores, de que certos alienígenas seriam nós mesmos vindos do futuro, e que, por isso, não podemos interferir no presente para que isso não altere nosso destino? Algo como o filme De Volta para o Futuro [1985]? Como você mesmo disse, existem muitas teorias circulando no meio ufológico, mas não vejo nenhuma evidência de que esta em particular seja uma probabilidade. Penso que temos que seguir a ciência, e não teorias de ficção que não possuam base científica.
No dia 24 de junho de 1947 teve início a Era Moderna dos Discos Voadores, quando Kenneth Arnold, piloto experiente, viu nove objetos deslizarem pelo céu sobre as Montanhas Chehalis e Yakima, no estado de Washington. Após 62 anos, você já tem uma opinião definitiva sobre os UFOs? Sempre tento deixar claro que eu não estou interessado em UFOs. Meu interesse é nos discos voadores. O tema de meu trabalho, sobre o qual baseio minhas palestras, é Discos Voadores São Reais. É necessário que se entenda que todos os discos voadores são UFOs, mas somente uma pequena porcentagem, entre 15 e 20% dos UFOs, é que são discos voadores, ou seja, naves tecnológicas de origem externa ao planeta Terra. Estou convencido, após mais de 50 anos de pesquisas, de que as evidências disso são claríssimas. Basta você ler relatórios de profissionais experientes, para quem certos fenômenos nos céus, depois de investigados por pesquisadores competentes, são veículos avançadíssimos e não terrestres. Se algum país tivesse a tecnologia de fabricação destes artefatos, que fazem as manobras tão fantásticas com incrível facilidade na atmosfera, já teríamos sabido nestas mais de seis décadas. No entanto, continuamos sem esta tecnologia, ou melhor, nem sequer chegamos perto dela.
No ano passado você publicou o livro Discos Voadores e a Ciência, que está para ser lançado no Brasil pela coleção Biblioteca UFO. Em seu site você o define como “um olhar científico nas informações atuais sobre o fenômeno dos discos voadores”. Quais foram seus objetivos com esse livro? Meu objetivo principal foi prover o máximo de evidências possíveis sobre todos os aspectos do Fenômeno UFO e dar às pessoas fatos interessantes que destroem os ridículos argumentos dos céticos e negativistas. Há muita informação baseada em estudos científicos que eles simplesmente ignoram, como sobre tecnologia avançada que pode estar ligada à viagem interestelar e à evidência clara que existe um “Watergate Cósmico” em andamento. Eu também tento sugerir respostas a algumas perguntas clássicas. E ainda, repasso as minhas últimas descobertas relacionadas ao Caso Roswell e aos documentos do Majestic 12 ou MJ-12. A resposta do público ao meu livro tem sido muito boa e algumas pessoas ficam surpresas ao ver que este físico nuclear tem um cheque de mil dólares assinado pelo famoso cético Phil Klass. Está no livro. Ganhei o cheque numa aposta que Klass fez, ao provar que ele estava errado sobre a tipografia usada no memorando de Robert Cutler para o general Twining, num dos quatro documentos do MJ-12, que eu provei serem genuínos, apesar de muitos pesquisadores tratarem-nos como uma fraude [Veja edição UFO 019]. Ocorre que estes documentos mostram detalhes de como os Estados Unidos abordam a presença alienígena na Terra e acobertam evidências há décadas.
O Majestic 12 seria um comitê composto por cientistas, chefes das forças armadas e oficiais do governo, criado para lidar secretamente com a questão ufológica. Mas os documentos que comprovariam sua existência ainda estão envoltos em muita controvérsia. Você afirma que são mesmo verdadeiros? Eu não afirmo que todos os documentos do MJ-12 são verdadeiros. O que afirmo é que quatro dos mais de 100 documentos são genuínos, e o resto é falso. Veja que o tal comitê teria sido criado em 1947 por ordem direta do então presidente Harry S. Truman, com o propósito de investigar a atividade ufológica após a queda de um UFO em Roswell. Entre os documentos que vazaram temos pelo menos quatro – envolvendo pessoas como os presidentes Eisenhower e Truman, o secretário de Estado James Forrestal, e o general Twining – que não podem ser tidos como fraude. Afirmo isso porque estudei mais de 20 volumosos arquivos oficiais. Também conto com meus muitos anos de experiência trabalhando em projetos secretos de várias companhias e tendo acesso a documentos sigilosos, conhecendo-os em detalhes. Também encontrei e conversei com familiares dos membros originais do MJ-12, hoje falecidos.
Certamente esta não é uma experiência que se possa descartar, mas ainda assim há um manto de ceticismo por cima dos documentos que comprovariam a existência do MJ-12. Como você reage a isso? Bem, eu tenho batido de frente contra todos os obstáculos levantados por pessoas que só falam o que pensam e não fazem pesquisa. Publiquei um livro inteiro sobre os documentos, provando que os céticos e os incrédulos estavam errados. Também listei fatos que eram considerados falsos antes da minha descoberta quanto à autenticidade dos quatro documentos a que me referi. Um exemplo típico é o do memorando de Cutler para o general Twining, um dos quatro documentos genuínos. Teve gente que alegava o contrário e precisou se redimir. Veja que até Klass me pagou mil dólares quando provei que mais de 10 documentos do Conselho de Segurança Nacional eram legítimos.
Você percorreu dezenas de arquivos públicos e bibliotecas em busca de dados para suas pesquisas, num período em que a liberdade de informação ufológica era muito pouca. Hoje em dia, com leis que garantem acesso à ela, é mais fácil obter documentos oficiais sobre o Fenômeno UFO? Depende do governo. A Lei de Liberdade de Informação [Freedom of Information Act, FOIA] que temos nos Estados Unidos tem muitas peculiaridades, e leis semelhantes são relativamente novas na maioria dos países. Não vejo nenhuma nação, possivelmente com exceção do Brasil, com vontade de liberar seus documentos mais secretos. Nem os EUA, que foram os precursores dessa lei, divulgaram algo novo recentemente – ao passo que no Brasil, graças à campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, os ufólogos fizeram o Governo liberar milhares de páginas. Normalmente os documentos liberados na América têm os dados mais importantes riscados em preto, sobrando apenas uma ou duas linhas legíveis.
Não estou interessado em UFOs. Meu interesse é nos discos voadores. O tema de meu trabalho, sobre o qual baseio minhas palestras, é Discos Voadores São Reais. É necessário que se entenda que todos os discos voadores são UFOs, mas somente uma pequena porcentagem, entre 15 e 20% dos UFOs, é que são discos voadores, ou seja, naves tecnológicas que vêm de fora da Terra
É verdade. No Brasil estamos trabalhando arduamente para conseguirmos liberar mais documentos, principalmente da Força Aérea. E isso é extremamente louvável. Tenho acompanhado os sucessos da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) através das palestras do editor da UFO, A. J. Gevaerd, e pela internet. O que vocês estão fazendo é fantástico.
Obrigado. Vamos tratar agora de sua maior especialidade, que é o Caso Roswell. Você foi o primeiro ufólogo a descobrir que havia algo muito sério lá, passados quase 25 anos após a queda, em julho de 1947. Como tomou conhecimento do caso? Tomei conhecimento dele pela primeira vez em 1972. Eu e um colega, Bobbi Ann Slate Gironda, entrevistamos um guarda florestal da Califórnia que havia visto um UFO. Ele nos apresentou sua mãe, Lydia Sleppy, que também havia visto o objeto, trabalhara numa rádio muitos anos antes e lhe contou que sua equipe havia recebido uma ligação da estação afiliada em Roswell falando da queda de um disco voador naquela cidade, dizendo ainda que ele estava sendo levado para a Base Aérea de Wright Patterson, em Ohio. Ela estava dando a notícia ao vivo quando foi interrompida pelo FBI, que a ordenou que desligasse imediatamente os transmissores. Como ela ainda se lembrava de alguns nomes da equipe na época, consegui encontrar várias daquelas pessoas ainda vivas, 25 anos depois do ocorrido. Mas não me aprofundei no caso, então.
Não? O que então lhe chamou a atenção para este caso? Em 1978 eu estava numa emissora de TV em Baton Rouge, em Louisiana, dando entrevistas para promover uma palestra que faria naquela noite numa universidade local, e soube do paradeiro de Jesse Marcel, que havia sido major da Força Aérea e uma das pessoas pegou os destroços do disco que caiu em Roswell. Ele morava em Houma, Louisiana e logo na manhã seguinte, do aeroporto, telefonei para o serviço de informação de lá e consegui o telefone dele. Liguei e ouvi sua impressionante história. Infelizmente, no entanto, ele não tinha a data exata do evento.
Dá para imaginar a emoção de tomar conhecimento de um caso desta grandeza e de falar diretamente com seu protagonista. Como você procedeu em seguida? Quais foram seus próximos passos? As informações sobre o Caso Roswell iam se somando. Alguns meses depois dei uma palestra no Colégio Estadual de Bemidji, Minnesota, e ao final dela um casal me perguntou se eu havia ouvido falar da queda de um UFO no Novo México. Disse que sim, mas pedi que me falassem mais a respeito. Contaram-me então a história de Barney Barnett, o dono de uma das propriedades em que um UFO teria caído, e me deram o endereço de sua sobrinha, Ruth. Contei o caso a Bill Moore, um ufólogo amigo que era professor em Minnesota. Ele tinha uma terceira história sobre o caso, proveniente do ator inglês Hughie Green e que foi publicada na revista Flying Saucer Review. Naquela época, enquanto ia de carro de Los Angeles para a Filadélfia, Green havia ouvido no rádio sobre a queda. Seu filho, que estava junto, estimou a data da ocorrência entre o final de junho e final de julho de 1947. Moore foi à biblioteca da Universidade de Minnesota e encontrou vários registros da notícia nos jornais na época. Isso confirmava o que Jesse Marcel havia dito e nos deu muitos outros nomes, tais como o de Walter Haut e do coronel William Blanchard, também envolvidos no incidente.
Certamente deve ter sido um trabalho hercúleo localizar testemunhas e juntar seus depoimentos, como num grande quebra-cabeças. Sim, foi. Durante um ano e meio fizemos um grande esforço para encontrar um total de 62 pessoas ligadas ao caso. Isso foi antes da internet, é claro. Gastamos muito tempo e dinheiro em ligações, pois estas pessoas não vieram simplesmente ao nosso encontro. O primeiro livro sobre Roswell, The Roswell Incident [O Incidente Roswell, Putnam’s Sons, 1980], de William Moore e Charles Berlitz, foi publicado em 1980. Eu recebi uma porcentagem dos royalties de Moore. Seis anos depois, em 1986, já havíamos localizado 92 pessoas. Então, instiguei o programa Unsolved Mysteries, da rede de televisão NBC, a realizar um especial sobre o assunto, que foi visto por mais de 28 milhões de pessoas e trouxe ainda mais testemunhas do caso. O meu livro Crash at Corona foi publicado em 1997 e novos depoimentos vieram a público. Hoje em dia, a maioria das testemunhas de primeiro grau do Caso Roswell já faleceu e temos apenas seus relatos gravados. Outras, importantes como o doutor Jesse Marcel Júnior, filho do major, escreveu livros e deu seu testemunho dos fatos. Hoje Marcel Júnior é médico e serviu como coronel e piloto do Exército na Guerra do Iraque [Ele esteve no I Fórum Mundial de Ufologia, a convite da Revista UFO].
Apesar de Roswell ser indicado como o local da queda do UFO e onde toda a história se desenrolou, você acredita que houve duas quedas na ocasião? Sim, temos a queda na Fazenda Foster, a oeste de Corona, onde Mac Brazel descobriu os destroços, e outro local em Plains of San Agustin, alguns quilômetros dali. Há também, possivelmente, um outro caso mais próximo a Roswell, segundo os pesquisadores Don Schmitt e Tom Carey. O local da queda na Fazenda Foster foi visitado pelo major Jesse Marcel e pelo capitão Sheridan W. Cavitt, oficial da contra-inteligência na época. Lá havia indícios do choque no solo de um grande artefato e destroços dele espalhados por uma grande área. O UFO em si e os corpos dos alienígenas foram vistos por Barney Barnett em Plains of San Agustin. Assim, estou convencido de que o governo norte-americano recuperou pelo menos dois discos voadores em 1947, um próximo a Corona e o outro em Plains of San Agustin. Em ambos os casos foram resgatados cadáveres de tripulantes extraterrestres.
Há alguma teoria ou especulação sobre o que teria causado as quedas? Não posso dizer. Obviamente, não tenho os arquivos com as conclusões dos especialistas da Força Aérea Norte-Americana (USAF), que poderiam nos dar alguma luz sobre isso. O que se fala é que poderia ter havido a colisão dos dois UFOs entre si, causada por ondas de radar, um aparelho que estava sendo implantado nos arredores de Roswell na época, e que se sabe que estava funcionando. Ou o radar poderia ter afetado de tal forma os mecanismos de navegação das naves, fazendo-as caírem. Lembre-se que o 509º Grupo de Bombardeio, localizado na cidade, era a única guarnição militar do mundo, na época, a ter armamentos atômicos. Por isso, era alvo de avançados testes com novas tecnologias, como a do radar. E, evidentemente, alvo também de outras espécies cósmicas, vigilantes de nossas atividades bélicas [Veja detalhes no livro Terra Vigiada, código LIV-025 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Há também quem fale que as quedas poderiam ter sido causadas por um raio ou uma tempestade no deserto, além de falha mecânica nos UFOs ou erro de seus pilotos.
Roswell é, sem dúvida, o caso mais famoso de queda de UFO, mas existem outros tão fantásticos quanto ele. Como o Incidente em Kecksburg, na Pensilvânia, ocorrido em 09 de dezembro de 1965, quando uma enorme bola de fogo brilhante foi vista por milhares de pessoas em pelo menos seis estados norte-americanos. Sem falar do Caso Shag Harbour, na Nova Escócia, Canadá, de outubro de 1967, em que um UFO caiu no mar, tendo como testemunhas inclusive policiais canadenses. Você chegou a pesquisar estes acontecimentos? Temos também o Caso Aztec, do Novo México, que foi exaustivamente pesquisado por Scott e Suzanne Ramsey. Eu, no entanto, tive a oportunidade de pesquisar pessoalmente somente Roswell, mas sei de muitos outros casos de quedas de naves alienígenas, inclusive a ocorrida em Varginha, em 1996. Estou convencido de que houve realmente um acidente com um UFO em Minas Gerais, pois tratei do assunto com vários pesquisadores. O ufólogo Leo Stringfield, em um trabalho publicado há décadas, relacionou mais de 60 quedas de discos voadores em todo o mundo, mas ele mais coletou do que pesquisou tais casos. Em Kecksburg e Varginha houve o resgate das naves acidentadas, e em Flatwoods, ao contrário, a espaçonave decolou novamente após cair [Veja também o livro Quedas de UFOs, código LIV-009 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Tendo pesquisado intensamente o caso por tantos anos, qual seria a prova mais contundente da autenticidade do evento em Roswell? Entre as melhores evidências estão os relatos de militares aposentados, como o do general Thomas Jefferson DuBose, que recebeu a ligação do general Clements McMullen, que na época era comandante do general Ramsey, instruindo sobre como deveria ser feito o acobertamento dos fatos, após ele ter sido inadvertidamente comunicado à imprensa pelo então major Jesse Marcel – ainda não havia política de sigilo na época. DuBose nos revelou como ela foi implantada a partir de Roswell. Temos também o testemunho do coronel William Blanchard, então comandante da Base de Roswell, que ao fim de seus dias resolveu revelar tudo o que sabia, uma tendência de vários outros militares. Além, é claro, do importantíssimo testemunho do major Marcel, que esteve no local da queda e levou um pedaço do objeto para casa antes de devolvê-lo aos seus superiores. Seu filho, Marcel Júnior, teve contato com este pedaço do disco e lembra-se dele até hoje. Existem outras pessoas que nos deram informações, como Bill Braze, Loretta Proctor – vizinha de Mack Brazel – e Judd Roberts, que trabalhou na estação de rádio em Roswell. Há ainda o memorando original do FBI informando que os destroços foram recolhidos e que não eram de um balão meteorológico, o que veio a ser inventado depois.
Eu não acredito que exista uma conspiração global para acobertar ou negar o fenômeno, mas até recentemente nenhum país queria colocar suas cartas na mesa e mostrar aos outros o que já tinha documentado. O nome deste jogo é nacionalismo. As pessoas no poder querem permanecer lá, e ninguém quer dividir as tecnologias que conseguiu ao resgatar uma nave acidentada
Roswell sempre pareceu um caso mais do que fascinante. Mas, após o lançamento do livro do coronel Phillip Corso, a idéia que prevaleceu era de que agora não havia mais como negar as evidências, que o relato de Corso seria uma peça muito importante deste quebra-cabeças, já que ele alegava ter visto documentos e até pedaços da nave resgatada [Veja edição UFO 114]. Como se chegou a descobrir que seu testemunho não é confiável. Sinto desapontar os leitores da Revista UFO, mas para mim Corso é uma fraude. Eu tomei conhecimento de sua existência e ouvi sua palestra no Instituto de História do Exército, antes de ele publicar seu livro The Day After Roswell [O Dia Depois de Roswell, Pocket Books, 1998. Traduzido no Brasil como Dossiê Roswell, pela Educare, e à venda no Portal UFO: ufo.com.br], em 1997. Fiz uma pesquisa sobre seu passado e descobri que realmente ele trabalhou na Segurança Nacional dos Estados Unidos entre 1953 e 1956, e que serviu sob o comando do general Arthur Trudeau no Pentágono, entre 1961 e 1963. Infelizmente, no entanto, seu livro é muito insatisfatório. Seu co-autor, William Birnes [Dono da revista UFO Magazine], escreveu outros livros sobre o assunto e suspeito que ele tenha “floreado” o livro de Corso com suas idéias, para deixá-lo mais atraente. Na obra não há referências, sumário e nem os prometidos documentos secretos. Ele fala em seu livro, como se fosse inédito, do Projeto Horizon, que tem de mais de 40 anos e está disponível há décadas nos arquivos do exército.
Há alguma coisa em Dossiê Roswell que se salva? Na primeira parte do livro, com exceção da estranha descrição de Corso vendo um ser alienígena, nada mais parece fazer sentido. Ele admitiu que não esteve envolvido no resgate da tripulação, nem na investigação ou na avaliação do que ocorreu em Roswell. Tudo o que disse está muito parecido com o que está escrito nos livros de Randle e Schmitt, de Moore e Berlitz e de Don Berliner e eu. São informações que já eram de conhecimento público quando Corso tomou a decisão de revelar seus “segredos”.
Mas isso não seria algo positivo, pois, afinal, ele estaria confirmando a investigação conduzida por você e os demais citados? Poderia até pensar assim, mas na segunda metade de seu livro, Corso parece estar querendo para si o crédito pela introdução de todas as novas tecnologias da indústria norte-americana. Ele lista na obra várias inovações e descobertas tecnológicas que, segundo ele, derivariam dos destroços da nave resgatada em Roswell. E é evasivo ao dar detalhes a respeito, além de não oferecer qualquer evidência que corrobore que coisas como a fibra ótica, o kevlar, as armas a laser, o micro-circuitos etc sejam oriundos daquela nave resgatada, como afirma em Dossiê Roswell. Falar é fácil. No meu livro Top Secret Majic [Ultra Secreto Majic, Marlowe, 2005] há um capítulo inteiro em que discorro sobre como a tecnologia extraterrestre poderia ser introduzida na indústria, mas sem que eu afirme que tenham de fato vindo de ETs. Já Corso fala de um grupo de controle de informações, supostamente composto pelos mesmos integrantes do MJ-12, o que não me surpreende, visto este também já ser um assunto conhecido quando ele lançou seu livro.
Há mais incongruências na obra? Sim. Por exemplo, os corpos dos alienígenas foram recolhidos no local do acidente, em Roswell, no dia 06 de julho, e levados para a Base Aérea de Wright Patterson, no Ohio. Mas ele disse ter visto o corpo de um dos alienígenas em uma instalação militar no Kansas. Sabemos que o local é extremamente quente no verão e ele não faz menção alguma quanto à refrigeração ou gelo seco conservando o cadáver. E ademais, 06 de julho foi a data que Mac Brazel foi ao escritório do xerife, em Roswell, relatar ter encontrado os destroços em sua fazenda, quando ainda não havia nada conhecido sobre corpo algum. Enfim, Corso comete erros que não poderia ter cometido. Bem, o tempo irá dizer que está certo, mas a minha maior preocupação é de que o livro será considerado uma fraude provavelmente apenas depois de faturar alguns milhões de dólares numa produção cinematográfica. E quando isso ocorrer, as pessoas dirão que todo o Caso Roswell foi uma farsa.
Mesmo que as pesquisas continuem, com ou sem Corso, você acredita que o Caso Roswell já está devidamente resolvido? Após estes anos ainda não tenho certeza se toda a história será divulgada algum dia pelo governo. Não há dúvidas de que destroços de uma nave e corpos de extraterrestres foram resgatados, porém este segredo talvez nunca venha à tona pelas mãos das autoridades.
Esperamos que sim. Porém, falemos agora de outro acontecimento que é uma de suas especialidades, o chamado Caso do Monstro de Flatwoods. Por favor, conte-nos um pouco a seu respeito. Essa é uma longa e complicada história, que foi muito bem pesquisada por mais de 15 anos por Frank Feschino e descrita em seu livro Shoot Them Down: The Flying Saucer Air War of 1952 [Derrube-os: A Batalha Aérea dos Discos Voadores de 1952, Paperback, 2007]. Um grupo de garotos viu uma estranha nave circular sobre a pequena cidade de Flatwoods, em West Virginia, no dia 12 de setembro de 1952. Eles observaram o objeto caindo numa propriedade e, juntamente com alguns adultos, subiram numa colina para terem uma visão melhor. Lá estava o artefato, possivelmente com um ser dentro, atrás de um carvalho. Os jovens se assustaram com o tamanho do ser, que parecia ter quase três metros de altura, e começaram a correr. O alienígena então teria jogado algum tipo de gás sobre eles, que os deixou enjoados por horas. O acontecimento foi relatado à polícia e depois a Guarda Nacional foi notificada para investigar. Eu conheci algumas testemunhas e estive no local duas vezes, constatando que outras pessoas da região também tiveram avistamentos de UFOs naquela noite, inclusive algumas aterrissagens. A explicação dos céticos para o caso é de que o objeto era um meteoro e o ser, uma coruja. Ora, um meteoro teria deixado uma cratera no solo e uma coruja de quase três metros de altura, convenhamos, deve ser realmente esquisita…
Vivemos em um mundo repleto de teorias conspiratórias e dúvidas quanto à veracidade das informações divulgadas pelo governo e meios de comunicação. Estamos ainda diante de uma trama mundial para se negar e acobertar o Fenômeno UFO, mesmo ele se manifestando por mais de seis décadas? Não acredito que exista uma conspiração global para acobertar ou negar o fenômeno, mas até recentemente nenhum país queria colocar suas cartas na mesa e mostrar aos outros o que já tinha documentado. O nome deste jogo é nacionalismo. As pessoas no poder querem permanecer lá, e ninguém quer dividir as tecnologias que conseguiu ao monitorar o vôo de um UFO ou mesmo ao resgatar uma espaçonave acidentada. Existe uma preocupação legítima relacionada ao fenômeno e os aspectos políticos, econômicos, religiosos e até técnicos que ele implica. Por décadas trabalhei com projetos secretos em várias empresas, e nem por isso acho que participei de alguma conspiração para não divulgar informações sobre foguetes, aeronaves e reatores nucleares, projetos aos quais tive acesso. Tanto os Estados Unidos quanto a extinta União Soviética não divulgaram na década de 50 que o caça U-2 norte-americano sobrevoava o território comunista. Os EUA não queriam admitir que estavam violando leis internacionais e os russos, que não poderiam fazer nada contra aquela intrusão. É assim que funciona.
Então, em sua opinião, os governos deveriam manter sigilo sobre suas descobertas relacionadas à pesquisa ufológica? Não, apenas aquilo que poderia servir para prejudicar pessoas ou destruir outras nações é que deveria ser mantido em segredo. Acredito que os governos deveriam confirmar às suas populações que a Terra está sendo visitada por seres extraterrestres, e que tentativas sérias deveriam ser feitas para a realização de debates mundiais sobre o impacto que tal revelação teria nas religiões, na política, na economia etc.
Em dezembro de 1997 você desafiou a Força Aérea Norte-Americana (USAF) para um debate, afirmando que reduziria a pó as afirmações deles de que UFOs não existem. O que o fez chegar a tanto? O que aconteceu com o desafio? Fiquei perturbado com os dois relatórios da USAF sobre Roswell, que incluíam mentiras a meu respeito e explicações ridículas sobre as quedas no Novo México. Eu os desafiei para um debate sobre eles mesmos, sobre seus projetos, sobre seus documentos! A história do balão do Projeto Mogul para explicar os destroços de Roswell e os bonecos de teste foram uma piada. Após 50 anos do Caso Roswell, a Força Aérea surge com a tese de que os fragmentos encontrados no deserto eram de um suposto projeto secreto, chamado de Mogul, e que os corpos dos seres resgatados eram apenas bonecos de teste que os balões levavam, que tinham a finalidade de testar o impacto contra o solo, quando os balões caíam. Estas eram mentiras grotescas. Incluí em meu livro Flying Saucers and Science uma foto da USAF mostrando dois oficiais e um dos bonecos de teste, que tinham 1,80 m e 90 kg, para simular as medidas de pilotos. Ora, não há como confundi-los com os seres que foram descritos como tendo 1,20 m e sem pêlos – e que certamente não eram de plástico. E mais: nenhum teste deste tipo foi feito antes de 1953, seis anos após Roswell. Em todas as palestras e debates que fui, desafiei a Força
Aérea publicamente.
E alguém de lá respondeu ao seu reiterado desafio? Nunca, mas ele continua de pé. Francamente, estou cansado de ouvir as mentiras da USAF. As respostas dela para Roswell são diversas. Ora era um disco voador, aí um refletor de radar com um balão meteorológico, depois balões do projeto Mogul e a última foi de que eram balões do projeto Mogul com bonecos de testes. Cada vez que colocamos em xeque a resposta deles para Roswell, inventam uma nova história. Já desafiei para um debate público o coronel Richard Weaver, autor do The Roswell Report: Fact versus Fiction in the New Mexico Desert [O Relatório Roswell: Fato versus Ficção no Deserto do Novo México] e o capitão James McAndrew, autor do The Roswell Report: Case Closed [O Relatório Roswell: Caso Encerrado]. O que esses dois oficiais fizeram foi uma palhaçada com anos de pesquisas de vários ufólogos. Eles utilizaram informações falsas, dados incorretos e mentiras para escreverem seus relatórios. Coronel Weaver e capitão McAndrew: escolham data e local que eu estarei lá para debater com os senhores.
Desde que o estudo do Fenômeno UFO teve início, muita coisa mudou no mundo e conceitos tidos como verdadeiros pela ciência já não são mais. Para você, o estudo da presença alienígena na Terra mudou em algum aspecto nestas décadas? Comecei os meus estudos de forma neutra, sem me envolver demais. Estudei uma quantidade enorme de documentos e relatórios, principalmente do Projeto Blue Book, e gradualmente fui percebendo como o governo mentia a respeito das informações e dados que dispunha. Também notei como existem negativistas, velhos acadêmicos e físicos “fossilizados” que não aceitam outras opiniões ou simplesmente espalham inverdades para que sejam ouvidos. O mundo mudou e há uma aceitação geral da fenomenologia ufológica, mas há segmentos da sociedade que ainda não se
adequaram à esta nova realidade.
Francamente, estou cansado de ouvir as mentiras da USAF. As respostas dela para Roswell são diversas. Ora era um disco voador, aí um refletor de radar com um balão meteorológico, depois balões do projeto Mogul e a última foi de que eram balões do projeto Mogul com bonecos de testes. Cada vez que colocamos em xeque a resposta deles para Roswell, inventam uma nova história
Após tantos anos na área, você sente que a Ufologia necessita de novos pesquisadores ou de novos acontecimentos, ou que paira um estado de estagnação no setor, causando a baixa credibilidade dos relatos? Sim, a Ufologia precisa de sangue novo para substituir os mais velhos. John Greenwald, do site The Black Vault Community [www.theblackvault.com] é um deles, e só tem 27 anos. O ufólogo inglês naturalizado norte-americano Nick Redfern também não é velho, e está bem produtivo. Já quanto à falta de casos, não sei. Em vez de falarmos da hipótese extraterrestre, temos que falar sobre as visitas dos extraterrestres como uma realidade. Precisamos bombardear a imprensa com mais fatos. A internet é uma benção, mas, ao mesmo tempo, uma maldição. Qualquer um pode publicar qualquer coisa lá, pois não há um controle de qualidade. Hoje em dia, através dela, seria muito mais fácil encontrar as pessoas que eu procurei na época das minhas pesquisas sobre Roswell. Por isso, muita gente é mais cética quando a informação vem da rede mundial. De qualquer forma, a Ufologia está caminhando. Deveria estar a passos mais largos, sim. Mas, veja bem, ela é uma ciência que ainda não é uma ciência. Imagine acadêmicos analisando algo que, cientificamente, segundo eles, não pode ser encarado cientificamente…
A procura por vida fora da Terra é intensa e vem sendo conduzida de muitas maneiras. Tanto pela NASA, procurando água na Lua e bactérias em solo marciano, quanto por grandes telescópios apontados para os mais diversos pontos do universo. Mas você tem uma objeção especial quanto ao programa de Busca por Inteligência Extraterrestre [Search for Extraterrestrial Intelligence, SETI]. Por quê? Para mim, a sigla SETI, na verdade, significa Silly Effort To Investigate [Literalmente Esforço Tolo para Investigar], porque é baseado em conclusões que não têm base alguma. Os estudiosos do SETI afirmam que outras espécies cósmicas estariam nos enviando mensagens, por razões desconhecidas, usando comunicação por ondas de rádio similares à nossa. Isso é a mesma coisa que dizer que uma régua escolar, destas comuns, é a ferramenta mais avançada para se fazer cálculos. Ora, eles ignoram totalmente as tão abundantes evidências ufológicas, as pesquisas que se fazem do assunto em todo o mundo, suas conclusões e as ações do governo para acobertar a verdade. É uma tolice pensar que a resposta virá através do SETI.
Você também desafiou os especialistas do programa para um debate, é verdade? Sim, eu os confrontei sobre suas falsas afirmações com relação à viagem interestelar e os UFOs, mas não me responderam. Já fui a um debate com o doutor Seth Shostak, que foi diretor do SETI por longo tempo, no programa de rádio Coast to Coast. O debate durou três horas e, ao final, 57% da audiência concordou comigo e somente 33% com ele. O resto ficou neutro. Cheguei a mandar uma cópia do meu livro Flying Saucers and Science para ele, e Shostak disse que o livro fica na sua cabeceira, mas obviamente não o leu.
É nesse livro que você chega a se referir ao SETI como uma espécie de culto. Pode nos explicar por quê? Como se sabe, os cultos têm líderes carismáticos, giram em torno de um forte dogma, têm grande resistência a outras idéias e superestimam sua própria importância. É comum aos cultos fazerem afirmações sem terem evidências. E todas estas são precisamente as características que se vê no SETI. Seus membros estão procurando por sinais produzidos por civilizações avançadas existentes em diversos pontos do universo, mas constantemente dizem que UFOs não existem. Um absurdo! Então quer dizer que há civilizações avançadas no universo que enviam sinais para fora de seus planetas, mas que não têm capacidade de construir veículos para explorarem o espaço? Ora, se é assim, por que tais civilizações enviariam sinais para uma sociedade tão primitiva quanto a nossa?
Existem rumores de que o SETI já recebeu sinal de uma civilização extraterrestre e que estaria acobertando tal fato. Você acredita nesta possibilidade? Nunca vi nenhuma evidência de que isto tenha acontecido, e francamente ficaria surpreso se isso tivesse mesmo. Acho que civilizações avançadas têm técnicas de comunicação muito além da nossa capacidade. E o que o SETI faz é simplesmente assumir que os alienígenas pararam no nosso nível de tecnologia, que não foram além. Evidentemente é um tola conclusão.
Mas supondo que algum dia o SETI receba uma mensagem extraterrestre, qual deveria ser o procedimento adotado por ele? Se isso ocorresse, os radioastrônomos à frente do programa deveriam seguir seus procedimentos, o que inclui reduzir o impacto de tal revelação ao menor tamanho possível. Especialmente se o contato vier de alguma espécie a milhares de anos-luz, uma civilização que pode já ter desaparecido muito tempo depois de ter enviado o sinal. O anúncio de tal detecção deve ser feito internacionalmente, com cuidado, e ainda incluir conferências mundiais para se tratar de temas como religião, política, economia etc, que sofrerão impacto com tal descoberta.
Mudando um pouco de assunto, vamos falar sobre abduções alienígenas. Qual a sua posição sobre o tema? Baseado nas evidências provenientes de vários pesquisadores, acredito com firmeza que seres humanos estejam sendo abduzidos por alienígenas. Cada caso é um caso, pois temos pesquisadores que infelizmente não são tão cuidadosos e científicos em suas pesquisas, impedindo-nos de analisar melhor seus resultados. Alguns casos contêm evidências irrefutáveis, como efeitos físicos e o testemunho de terceiros. Já quanto ao propósito das abduções eu só poderia especular. Parece que os abdutores retiram material genético de suas vítimas, esperma e o óvulos, para criar híbridos. Poderiam estar procurando uma cura para alguma disfunção genética deles, pesquisando porque somos tão agressivos e raivosos com nossa própria espécie – pois deve haver algo errado em uma sociedade que matou mais de 50 milhões de pessoas e destruiu 1.700 cidades em duas guerras mundiais, e ainda permite que mais de 30 mil crianças morram diariamente por falta de cuidados básicos, de fome ou de sede.
Ou então podemos ser os ratos de laboratório deles? Talvez. Eles podem estar nos checando antes de levar-nos a outros planetas, com propósitos que desconhecemos. Ou ainda podem ter a sanha de nos dizimar, de roubar nossos recursos naturais, não sei bem. Talvez tenham que coletar um número x de espécimes terrestres para seu projeto de doutorado, tal como nós dissecamos sapos em aulas de biologia… Desculpe a brincadeira, mas o fato é que devemos levar tudo em consideração, até mesmo que as visitas extraterrestres sejam apenas curiosidade de algumas espécies, que sejam excursões de estudantes intergalácticos de férias, casais de alienígenas em lua de mel etc. É tudo apenas mera especulação.
Você escreveu um livro sobre a abdução de Barney e Betty Hill, em 1961, considerada um dos casos mais sólidos da história da Ufologia Mundial. E ainda assim há céticos que duvidam de sua veracidade. Como vê isso? Sempre haverá céticos em nosso meio, gente que não se deu o trabalho de examinar as evidências coletadas pelos pesquisadores, mas que se dá o direito de contestá-las. Em geral, eles repetem as mesmas mentiras de outros céticos e seguem quatro “regras”: “Não me venha com fatos, pois minha cabeça já está feita contra eles; o que o público não sabe, não tenho vontade alguma de lhe dizer; se você não tem argumento para contestar as informações, conteste as pessoas que as estão passando adiante; e faça sua investigação sentado confortavelmente na frente do seu computador, pois ir a campo dá muito trabalho”. No livro Captured! The Betty and Barney Hill UFO Experience, discuti os ataques que sofri e também foquei nas evidências físicas da abdução, como o vestido da Betty, as marcas no carro,
os sapatos do Barney etc.
Dentro da nave, Betty chegou a pedir um souvenir aos alienígenas, não foi? Isso mesmo. Uma das regressões hipnóticas revelou que ela tinha pedido a um dos seres um artefato do interior do disco voador, para que pudesse provar seu encontro. Ele lhe deu um livro cheio de símbolos dispostos em colunas. Mas quando ela e o marido estavam deixando a nave, o ser pegou o livro de volta. Ela reclamou veemente, mas o alien disse que, por ele, ela poderia levá-lo, mas seu comandante não queria que se lembrassem do evento.
E o mapa estelar que ela viu numa parede da nave? Betty perguntou ao alien de onde eles vieram, e em uma parede apareceu um mapa desconhecido por ela. Era um mapa do céu que mostrava várias estrelas e planetas. Havia tipos diferentes de linhas entre algumas estrelas que, segundo um dos abdutores, seriam rotas de comércio e de exploração. Mediante o interesse de Betty por aquele mapa, o ser então lhe perguntou se ela sabia onde ficava o planeta Terra. Ao ouvir dela que não, ele então disse que não adiantaria explicar, porque ela não conseguiria entender de onde viriam. Sob hipnose, Betty desenhou o mapa, que mostrava que os seres viriam de um planeta orbitando Zeta 1 ou Zeta 2, duas estrelas da Constelação de Reticulum.
Você concorda que a regressão hipnótica pode criar falsas memórias em abduzidos? A questão não é se falsas memórias podem ser induzidas, pois é claro que podem. Mas como trabalhar com as memórias verdadeiras. Ao mesmo tempo, não se deve generalizar que o emprego da hipnose não tem validade. Isso vai depender da idoneidade e da capacidade do hipnólogo. Se um padre molesta coroinhas, isso não significa que todos fazem o mesmo. Em todos os níveis da sociedade temos pessoas que são corretas e outras, não. No caso específico da abdução dos Hill, quem cuidou da regressão foi o doutor Benjamin Simon, um terapeuta mundialmente conhecido por utilizar a hipnose no tratamento nos traumas de soldados da Segunda Guerra Mundial.
Indo um pouco além das abduções, quando pessoas são levadas para UFOs contra sua vontade, temos também os chamados contatados, que seriam amigos dos ETs e poderiam se encontrar com eles quando quisessem, como Eduard Billy Meier, George Adamski e George Van Tassel, por exemplo. Qual é sua opinião sobre eles e os contatados em geral? Não vejo como acreditar em suas histórias. Não posso dizer que eles não tiveram um contato, já que 10% dos presentes às minhas palestras já viram UFOs, mas há muita mentira em todos os casos.
Após 51 anos de estudos do Fenômeno UFO, posso assegurar que temos evidências de que estamos sendo visitados por espaçonaves extraterrestres inteligentemente controladas, e também de que há um acobertamento renitente e mundial sobre o Fenômeno UFO, por parte de inúmeros governos. No entanto, a Terra não é o centro do universo e logo esta realidade será conhecida de todos
Como físico que trabalhou com foguetes, aeronaves e tecnologia nuclear, a maneira como os UFOs se deslocam e viajam pelo espaço deve ser particularmente intrigante. Como você vê sua extrema capacidade tecnológica? Temos dois aspectos diferentes a analisar quanto à esta questão, as viagens interestelares e as manobras em nossa atmosfera. Neste último ambiente, acredito que usem técnicas aerodinâmicas magnéticas, similares às utilizadas na movimentação de submarinos ultra avançados. Eles ionizariam o ar e interagiriam com os campos elétricos e magnéticos da Terra, controlando o aquecimento, a estabilidade e a manobrabilidade de seus veículos. Com isso, poderiam mudar de direção rápida e silenciosamente, como se vê nos relatos. A regra básica que aprendi é que o progr