Por volta de 4 bilhões de anos atrás, a tonalidade da Terra era bem diferente do azul que conhecemos hoje. Naquela época, pouco depois da formação de nosso planeta, há 4,5 bilhões de anos, boa parte dele ainda não havia se solidificado. Impactos incessantes de asteroides gigantescos ajudavam a manter incandescentes grandes porções da superfície. Foram nesses tempos infernais, a que os geólogos dão o nome de Hadeano, que se formou um minúsculo cristal que acaba de ser localizado — incrustado em um pedaço da Lua.
Uma equipe internacional de cientistas associados ao Centro de Ciência e Exploração Lunar (CLSE), parte do Instituto Virtual de Pesquisa de Exploração de Sistemas Solares da NASA , encontrou evidências de que a rocha foi lançada da Terra por um grande asteróide ou cometa. Este impacto lançou material através da atmosfera primitiva da Terra, no espaço, onde colidiu com a superfície da Lua (que estava três vezes mais próxima da Terra do que é agora) cerca de 4 bilhões de anos atrás. A rocha foi posteriormente misturada com outros materiais de superfície lunar em uma amostra.
Em um artigo publicado na última quinta-feira (24), no periódico Earth and Planetary Science Letters, a equipe internacional de pesquisadores descreve a descoberta da pedra mais antiga formada na Terra de que temos conhecimento, encontrada em uma amostra de rocha lunar trazida até aqui em 1971 pelos astronautas da Apollo 14. O time era composto por estudiosos do Museu Sueco de História Natural e da Universidade Curtin, da Austrália, liderados pelos cientistas Jeremy Belucci e Alexander Nemchin.
A pesquisa foi uma resposta ao desafio de localizar um pedaço de nosso planeta na Lua, proposto pelo especialista David Kring do LPI, operado pela Associação Universitária de Pesquisa Espacial (USRA), ambos dos Estados Unidos. “É um achado extraordinário que ajuda a pintar um quadro melhor da Terra primitiva e do bombardeio que modificou nosso planeta durante a aurora da vida”, diz Kring.
No estudo, os pesquisadores utilizaram uma análise química para traçar a extraordinária trajetória do fragmento de dois gramas composto por quartzo, feldspato e zircônio — elementos comuns na Terra, não na Lua. Todos os indícios apontam que ele tenha se formado entre 4 a 4,1 bilhões de anos atrás a uma profundidade de 20 quilômetros na crosta terrestre. Foi então que impactos de grandes proporções causados por asteroides ou cometas o desenterraram e o lançaram no espaço cis-lunar.
Como naquele tempo remoto nosso satélite natural ficava três vezes mais perto da superfície terrestre do que fica hoje, não foi tão difícil assim para que aquele pequeno fragmento cristalizado ir parar no satélite natural. Mas se ele pensou que a vida na Lua seria mais fácil do que na Terra, estava redondamente enganado: pouco depois, há 3,9 bilhões de anos, outro impacto colossal o acertou em cheio, fazendo com que fosse parcialmente derretido e, mais uma vez, chegasse bem mais fundo que sete palmos.
Dessa vez ele pôde descansar em paz, já que os impactos se tornaram menos frequentes e menores. Só foi trazido de volta à superfície lunar 26 milhões de anos atrás, bem depois da extinção dos dinossauros, com a colisão de um asteroide que produziu a Cratera Cone, com 340 metros de diâmetro. E foi exatamente ali, há 48 anos, que os astronautas da missão Apollo 14 coletaram a rocha na qual o fragmento esteve incrustado esse tempo todo, apelidada de Big Bertha.
Kring suspeita que, apesar de estar bem embasada, a pesquisa deva enfrentar certa resistência na comunidade geológica. Por ser o primeiro achado do gênero, é provável que muitos questionem se a rocha não teria se formado na própria Lua, o que até seria possível, mas bem menos provável, pois exigiria condições muito específicas no manto lunar. Há uma maneira eficaz de comprovar a teoria — deve haver muitos outros fragmentos do Hadeano em solo lunar. Com os planos da NASA e de outras agências espaciais de mandar humanos de volta à Lua, logo teremos a chance de acabar de vez com a dúvida.
A Dra. Katharine Robinson, pesquisadora de pós-doutorado do LPI, também esteve envolvida no estudo, assim como a Dra. Marion Grange (Universidade de Curtin), Dr. Gareth Collins (Imperial College de Londres), Dr. Martin Whitehouse (Museu Sueco de História Natural). Dr. Josh Snape (Vrije Universiteit Amsterdam) e Prof. Marc Norman (Australian National University). A pesquisa é apoiada pelo Instituto Virtual de Pesquisa de Exploração do Sistema Solar da NASA (SSERVI) através de um acordo de cooperação com o CLSE, LPI e o Centro Espacial Johnson da NASA.
Para mais informações visite:
Zircônio terrestre trazido da Lua pela Apolo 14
Vídeos ilustrando a Terra Hadeana
Fonte: www.lpi.usra.edu
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