Após minha apresentação no Simpósio Mondiale di Ufologia di San Marino, aproveitei a oportunidade para visitar a propriedade do famoso e polêmico contatado Eduard “Billy” Meier, um homem que há quase 30 anos garante que é amigo de extraterrestres e que, com eles, viajou por vários planetas do Universo e teve até uma experiência direta com Deus. Meier é de longe o ser humano na condição de suposto contatado mais conhecido da Terra. Eu tentaria ser recebido por ele, nem que fosse por apenas alguns minutos. Estava acompanhado do ufólogo e piloto norte-americano James Courant, que já esteve no Brasil várias vezes.
Duvidava que Meier nos recebesse, pois desde que suas experiências passaram por um processo de devassa, dado ao ceticismo mundial que os ufólogos demonstraram com relação às mesmas, o suposto contatado tem vivido de forma bastante isolada. Contribuiu para isso o fato de que sua ex-esposa Kaliope, que o deixara há dois anos, saiu da relação em clima mais que perturbador, acusando-o de ser um mentiroso e falsário. Kaliope era mais que sua mulher, era uma espécie de associada nas atividades do contatado. Sua ruptura e conseqüentes acusações estressaram profundamente não só Meier, mas seus seguidores.
Billy quase não sai de casa, recebe apenas algumas poucas pessoas que ele escolhe e evita expor-se publicamente. Mesmo sabendo disso, tentamos visitá-lo, na esperança de que fôssemos recebidos pelo menos dentro da propriedade, mesmo que Meier sequer desse o ar de sua graça. Para garantir que nossas chances fossem maiores, pedi a um amigo particular de Meier, Michael Hesemann, que também é meu amigo, que intercedesse a nosso favor.
Hesemann fez três telefonemas enfáticos para seu amigo sideral, mas apesar de seus esforços Meier disse que não nos receberia, exceto se fosse num dia em que ele determinasse e sob as circunstâncias que ele definisse. Mesmo assim, ainda que intimidados com nossas pouquíssimas chances, consideramos que somente uma visita ao local onde seus supostos contatos teriam se dado já valeria a longa viagem. Estar nos campos onde Meier obteve suas lindas, porém suspeitas, fotografias já valeria muito a pena. Mas se por algum acaso Meier nos recebesse, nem que fosse apenas para nos mandar embora e dizer que não queria ver ninguém, isso já seria lucro. Enfim, não tínhamos nada a perder e alguma chance, mínima, de ter sucesso.
Labirintos das estradas – Agora, querer ir à propriedade de Meier é uma coisa; achá-la, no entanto, é outra bem diferente. Meier mora num local que fica a meros 30 km de Zurique, mas para se chegar lá deve-se entrar num labirinto de estradas secundárias e remotas que realmente confundem e desanimam quem tenta visitá-lo. O interior da Suíça, onde reside o contatado, é um emaranhado de intermináveis estradas que cortam lindos pastos, passando ao largo de cidadezinhas que parecem de brinquedo. A paisagem é de uma beleza singular. Por todos os cantos se vêem paisagens idênticas às que aparecem nas centenas de fotos que Meier mostrou ao mundo como sendo de naves extraterrestres pleiadianas sobrevoando os arredores de sua fazenda.
Chegamos na tarde de 7 de abril na Suíça e fomos direto para a localidade de Rüti, um vilarejo onde, segundo quem já conseguiu visitar Meier, o contatado é bastante conhecido. Alguns o tacham de louco, outros o consideram um homem amável e solícito. Em Ruti, no entanto, não conseguimos achar ninguém que pudesse nos dar uma indicação de onde reside Meier, embora todos o conhecessem, pelo menos de nome. Mas, no diminuto restaurante Schönau, tivemos a sorte de fazer com que seu proprietário, movido a chope, fizesse uma ligação para o número que tínhamos em nosso poder. Pudemos aí constatar a hospitalidade do interior da Suíça, diferentemente de outras localidades européias.
Para nossa mais absoluta surpresa, o próprio Meier atendeu e falou com o proprietário do Schönau, que nos passou o telefone. Meier falou comigo num perfeito inglês com ligeiro sotaque, foi extremamente amistoso e disse que nos esperaria no dia seguinte para uma visita! Nem eu nem James podíamos acreditar naquilo. Fizemos horas de viagem que, aos poucos, foram nos desanimando quanto às chances de ver Meier e, no entanto, o próprio praticamente nos convida para ir à sua casa! O contatado então marcou para as 14h00 nossa visita à sua propriedade, e ainda deu-nos instruções de como chegar lá, devidamente traduzidas pelo nosso amigo do Schönau.
Meier reside em Hinterschimidrüti, que nada mais é do que um local com a casa dele e de outros poucos moradores. Lá funciona o Semjase Silverstar Center (SSC) – grupo de pessoas reunidas em torno do contatado. O ponto fica a menos de um quilômetro de Schimidrüti, que é, digamos, a vila mais próxima de sua residência – um restaurante familiar, um posto de correio e outro estabelecimento cercado por não mais do que umas 20 casas. A cidade mais próxima é Hinwill, onde se chega vindo de Zurique, ao norte, ou Rappswill, ao sul.
De Zurique a Hinterschimidrüti se passa por mais de 10 vilarejos, num trajeto de 30 km, que se faz em cerca de uma hora. No pequeno restaurante da vila, eu e James paramos para um café e para aguardar uns 10 minutos, que era o tempo que nos separava das 14h00. Queríamos ser absolutamente pontuais, o que, com certeza, para os costumes suíços, dá uma excelente impressão. Chegamos à sua propriedade no horário marcado e fomos recebidos por Bruni, uma simpaticíssima senhora de seus 60 anos, alegre, falante e dedicada. Ela é uma das inúmeras voluntárias que cercam Meier – algumas são bem mais jovens. Nascida em Munique, decidiu mudar-se para mais próximo de Meier encantada com suas experiências. Muita gente já fez isso, algumas foram embora, outras moram lá até hoje, ou nas redondezas.
Contratos internacionais – Mais de 300 pessoas fazem parte do Freie Interessengemeinschaft für Grenz und Geisteswissenschaften und Ufologiestudien (FIGU), o grupo de Meier que se responsabiliza em publicar dezenas e dezenas de livretos e panfletos com o que o suposto contatado garante conter as mensagens que alega receber de extraterrestres – há um livro lá com mais de 5 mil dessas mensagens, ao preço de cerca de 150 Dólares, autografado e numerado. O FIGU também cuida dos interesses financeiros do movimento que o contatado erigiu, fazendo contratos internacionais e garantindo o recebimento dos royalties advindos. Ufólogos ilustres fazem ou fizeram parte do FIGU.
Guido Moosbrugger, da Áustria, e o falecido pioneiro brasileiro doutor Walter Buhle
r estão entre eles. Meier não estava em casa, disse-nos Bruni. Ele havia saído para fazer compras no vilarejo próximo. Assim, nossa anfitriã nos entreteve por mais de uma hora, com enorme disposição.
Ela nos levou a um trailler que Meier mantém numa espécie de garagem reformada de sua grande casa de dois andares (várias outras construções menores fazem parte da propriedade, de uns 20 hectares). Era um trailler de verdade, porém imobilizado no concreto e usado, segundo Bruni, para recebimento de visitantes. Não deixa de ser imensamente estranho ser atendido dentro de um trailler estacionado na garagem, e não numa sala de visitas, uma recepção ou ainda um escritório. Mas essa é apenas uma das esquisitices de Billy, toleradas por todos…
Pelo trailler já passaram ufólogos e simpatizantes de dezenas de países, segundo constatei ao assinar (e folhear) o livro de assinaturas. Vi centenas de assinaturas de pessoas que conheço do mundo ufológico, dos mais variados países, mas nenhuma de visitantes brasileiros de 1988 até hoje. Perguntei a Bruni se recebiam visitas de gente do Brasil e ela disse que, desde que está com Meier, há uma década, nunca recebeu qualquer visita de brasileiro algum.
Isso causou-me surpresa, pois há alguns anos um ufófilo paulista publicou um artigo na extinta revista Ano Zero em que garantia ter visitado a propriedade. Embora apertado, o trailler é aconchegante e tem uma prateleira abarrotada com os livros de Meier, centenas de panfletos, uns quantos livretos, postais e toda uma cacarecada para venda aos interessados – de camisetas a bottons. Bruni nos pareceu bastante empenhada na tarefa de nos vender o máximo possível das coisas que mostrou: oferecia-nos materiais, descrevia seus benefícios etc. Pareceu um pouco com uma balconista tentando empurrar produtos para clientes.
Deu resultado: eu adquiri cerca de 80 Dólares de souvenirs e fotografias para os acervos da Revista UFO, enquanto James gastou por volta de 400 Dólares. Cerca de 16h00 Meier chegou à propriedade. Vinha num carro dirigido por sua atual mulher, Ivy, bem mais jovem que ele e com quem já tem uma filha. Ao estacionar o veículo, Ivy pegou a menina, de 18 meses, e rapidamente entrou na residência, quase sem retribuir nossos cumprimentos, feitos em Inglês fluente e num razoável alemão. Meier então saiu do carro e foi até o porta-malas do veículo, pegando um engradado de vinho. Aproximamo-nos dele e me ofereci para ajudar a carregar a caixa. Foi um gesto de simpatia para quebrar o gelo, ao que aproveitei para apresentar-me e ao James. Deu certo: fomos bem recebidos. Carreguei a caixa para a cozinha de Meier e, pela primeira vez, entraria em seu quartel-general. Parecia irreal que estava na cozinha do mundialmente polêmico Eduard “Billy” Meier, um homem que há mais de 20 anos divide a Ufologia Mundial. Mesmo já apresentados, Meier foi curto e rápido em suas poucas frases trocadas comigo (James aguardava lá fora). Tentei “enturmar-me”, elogiando algumas coisas que vi na cozinha e a boa forma física do contatado.
Atento a tudo – Ele deve estar tão acostumado com paparicos que acho que a técnica empregada não funcionou, tanto que logo retomou suas atividades na propriedade e nos deixou por conta de Bruni. Afinal, sua missão ficou bem clara: vender tudo o que pudesse para nós. Aguardei mais alguns instantes prestando atenção em Bruni, mas atento a tudo que se passava. Olhava Meier, num canto da propriedade, dando instruções para um pedreiro fazer certo tipo de serviço.
Meier orientava o rapaz – o primeiro pedreiro que já vi trabalhar com um celular na cintura – a assentar tijolos num murinho sendo construído para conter a terra de uma horta doméstica que fica na encosta do morro. Vi nessa atividade um meio de chegar mais perto e, dentro de alguns instantes, lá fui eu de novo tentar um diálogo, sendo amigável e comentando fatos relativos à agricultura, plantações e coisas do gênero. Meier é um jardineiro excelente e achei que o assunto o atrairia. Deu certo! Aproximei-me como se quisesse tratar de plantações no Brasil e as diferenças com as da Suíça.
Para minha nova surpresa, o contatado interessou-se sobre o que plantamos e comemos aqui, dando-me a chance que precisava para estabelecer uma confiança. Pronto! Estava quebrado definitivamente o gelo. Passamos a conversar caminhando de um ponto a outro de sua propriedade, ele num inglês perfeito, nós de ouvidos atentos.
James quase não se manifestou, deixando o diálogo praticamente todo para mim, que arrisquei um pouco de alemão, agradando Billy e ajudando a fluir a amizade. O contatado sugeriu-nos que subíssemos um morro nas imediações, para observar melhor a área em volta, e pediu que Bruni nos acompanhasse. No caminho, vimos a árvore que, segundo Meier, teria sido atingida por uma pistola a laser extraterrestre – o que provocou um furo que ainda pudemos verificar no caule da mesma. O fato teria acontecido durante um dos contatos de Meier com os pleiadianos donos do armamento, há mais de 20 anos. De cima do morro pudemos ver locais que imediatamente reconhecemos, por tê-los visto antes nas fotos de supostos UFOs que Meier espalhou pelo mundo. À direita do morro havia uma misteriosa câmera de vigilância, apontando para o nada.
À esquerda de onde estávamos havia um morrote forrado com um gramado verde impecável, em cujo topo havia uma pequena mata de pinheiros. Este era um dos locais preferidos de Meier para fazer suas fotos, que sempre apontavam uma clareza espantosa. Por todos os 360 graus de visão, havia locais semelhantes, o que me fez lembrar de uma declaração espantosa que o coronel da reserva norte-americano Wendelle Stevens fez num congresso em Las Vegas, em 1993.
Acesso a informações – Wendelle, representante da Revista UFO nos Estados Unidos, é amigo de Meier há duas décadas e foi um dos principais investigadores de seu caso. Pois bem, de alguma forma Wendelle teve acesso a informações que são muito importantes para a confirmação das polêmicas experiências do contatado – ou pelo menos parte delas. Contou o coronel que soube que a CIA tinha comprado um naco de terra em um dos morros em volta da propriedade de Meier, onde montou um sigiloso bunker de observação e vigilância diurna de tudo que se passava na fazenda do contatado. Os melhores equipamentos fotográficos e de espionagem óptico-eletrônica foram usados na
cobertura dos eventos, que duraram – ainda segundo Wendelle – 6 meses, em algum período no início dos anos 80. E qual não foi a surpresa dos agentes destacados para a operação ao conseguirem obter, com espantosa nitidez, fotos e filmes de UFOs semelhantes aos que Meier obtivera no início de suas experiências, que são bastante diferentes daqueles que fez de 1980 para cá.
Wendelle ainda garante que as confirmações que a CIA fez dos avistamentos foi total, até que a agência se convenceu da veracidade do Caso Meier, e se afastou com receio de expor-se ou ser descoberta. Voltando a descer o morro, já quase no fim da tarde, aproximei-me de Meier novamente, no canteiro de obras da futura horta. Puxei conversa e, aos poucos, consegui sua atenção. Era claro – e tínhamos sido avisados por Bruni – que não nos concederia uma entrevista formal, típica, pois o fazia apenas em raríssimas ocasiões e, menos de um mês antes de nossa chegada à Suíça, a equipe de Jaime Maussán, da Televisa Mexicana S. A., junto de Hesemann e membros do grupo de Giorgio Bongiovanni, tinha conseguido entrevistá-lo [Editor: a entrevista será publicada em breve em UFO].
Isso exauriu nossas possibilidades de fazer o mesmo. Assim, só nos restava arrancar algumas afirmações aqui e ali, que tinham que ser conseguidas com cuidado, evitando que Meier se irritasse. Vendo condições, iniciei uma conversa breve alegando ter conhecido o doutor Walter Karl Bühler, já falecido, que durante os últimos anos de sua atividade ufológica à frente da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores (SBEDV) dedicou-se a estudar e divulgar o Caso Meier, ao qual teve acesso por influência de seu amigo Moosbrugger. Meier ficou feliz em ver que eu o conheci e lamentou sua morte. Essa foi a chance que tive para perguntar-lhe se seus contatos ainda estavam ativos, se ele havia presenciado mais naves recentemente.
Visitas regulares – Sua resposta foi inesperada: “Tem gente que acha que os contatos pararam há tempos, mas não é verdade. Ainda agora, em fevereiro passado, os pleiadianos voltaram a me procurar”, disse-me. “Aqui, na fazenda?”, perguntei em seguida, ouvindo apenas um sim como resposta. A conversa então fluiu e Meier permitiu que tirasse umas fotos suas, o que fiz sem pestanejar, seguido por James.
“Os contatos nunca cessaram, mas existem períodos longos em que nada acontece. Às vezes, eles ficam meses sem aparecer. Depois, visitam-nos todas as semanas”. Meier também disse que os pleiadianos hoje estão contatando muita gente, em muitos lugares. “Muita gente de outros países já teve contatos com esses seres”, disse. “Mas a Ufologia desconhece fotos das naves pleiadianas feitas por outras pessoas além do senhor”, retribuí, um tanto curioso. Esse comentário esfriou a conversa, pois Meier detesta responder a perguntas que tenham um conteúdo contestativo. “Isso é outra coisa”, limitou-se a dizer.
Trocamos mais algumas frases e já percebia que Bruni vinha em nossa direção, trazendo nos braços alguns quilos de livros e material para venda. Ela havia passado quase uma hora no escritório do FIGU, num celeiro ao lado da casa de Meier que não conhecemos por dentro, separando do imenso estoque o material que havíamos selecionado para comprar.
Fomos então dar-lhe atenção e, no processo de descrição dos produtos e seus preços, ficamos quase outra hora inteira junto à senhora. O sol já estava se pondo, ainda que na Europa, nessa época, a noite só chega por volta das 20h00. Meier entrava e saía da casa pela porta a alguns metros da varanda onde Bruni nos vendia o material. Às vezes nos dizia algumas palavras, às vezes dirigia-se à Bruni. Num dado instante, ao ver que íamos comprar muita coisa, aproximou-se e instruiu Bruni a nos conceder um desconto. Aproveitamos a oportunidade e pedimos para que autografasse alguns livros e materiais. Dei a ele uma coleção dos últimos números de UFO, que Meier folheou sem muita atenção, já que não compreende português, e fizemos uma nova sessão de fotos – agora James batia fotos minhas ao lado do contatado e eu fazia as dele com Meier. Aproveitei ainda mais e pedi a Meier uma foto segurando as revistas UFO que lhe dei. Consegui. Acho que o suíço se impressionou com meu interesse, a tal ponto que concedeu posar para fotos com a UFO.
Entrou em sua casa e de lá saiu com uns presentinhos para nós – uns souvenirs típicos. Estava formalizada uma amizade, ainda que incipiente, mas com certeza algo que seria fomentado e ampliado, caso resolvesse pesquisar o fato e necessitasse de novas viagens à Suíça. Foi então que aconteceu o primeiro momento de descontração entre o grupo e demos todos umas gargalhadas por conta de umas piadas que Meier contou, que, por sinal, eu não entendi… O cIima ficou tão agradável que, surpreendentemente, Meier nos convidou para jantar em sua casa!
Eu não podia acreditar – muito menos o James, bem mais cético do que eu – que aquilo estava acontecendo conosco. Aceitamos no ato! Quando, depois, falei do convite para o Michael Hesemann, que é amigo do peito de Billy há muitos anos, ele me disse que o suíço convida apenas alguns muito poucos e escolhidos amigos para jantar em sua casa. Entramos na cozinha, onde três senhoras de uns 40 anos ou menos preparavam a comida que seria servida para cerca de 12 pessoas, sem contar nossa presença. Era macarrão com molho de carne de cavalo à moda suíça. Na grande mesa da cozinha havia frutas, pães, um panetone e refrigerantes. Meier não se sentou conosco, ficando sempre a andar pela casa e a ir a outras áreas da propriedade cuidar de coisas que não pudemos acompanhar. Mas vez ou outra entrava na cozinha e nos dizia: “Coma mais, coma bastante. A comida aqui é boa”. Era surreal.
Troca de idéias – Embora James tivesse iniciado com seu costumeiro e voraz apetite a devorar o primeiro de uma série de três pratos do quitute, eu, um tanto mais prevenido, ao saber que se tratava de carne de cavalo, parei no primeiro. Aos poucos foram chegando mais pessoas à mesa: dois rapazes de 30 anos e dois dos filhos de Meier de casamentos diversos. Matuzalén foi o que nos pareceu mais amistoso, um rapaz de 25 anos ou mais que trocou idéias conosco sobre os Estados Unidos, o Brasil etc.
Todos se serviam e, sem muita cerimônia (como orações ou preces, por exemplo), iniciavam sua refeição. Ao passar de uma hora, tínhamos à mesa q
uatro mulheres e quatro rapazes. Outros mais viriam e se revezariam nos bancos disponíveis. Ao fim do jantar, apareceu à mesa Meier trazendo sua nova esposa Ivy, que sentou-se rapidamente e comeu um pequeno prato de comida. Meier permaneceu em pé e, ao ver que Ivy tinha acabado sua refeição, acompanhou-a para outro compartimento da casa.
Foi neste instante que alguém, que cuidava de sua filha de um ano e meio, trouxe-a para a mãe, que então nos mostrou e foi embora com Meier. Mas nos mostrou apenas por alguns instantes, parecendo querer esconder algo, que no entanto logo percebi: a menina tem algum tipo de doença, com feições irregulares. Talvez isso seja oriundo do fato de que Meier e Ivy tiveram a filha quando o pai já passava dos 70 anos. Mesmo assim, esse fato só não foi mais estranho que o de Meier já ter nova esposa e uma filha naquela idade, sendo que sua separação de Kaliope mal se consumara…
Fato assustador – Seja como for, todos os ufólogos bem informados do mundo sabem da intensidade com que o contatado gosta de mulheres, especialmente as bem mais jovens que ele (Ivy deve ter no máximo 30 anos). No fim do jantar aconteceu um fato assustador, pelo menos para mim e James. Apareceu outro rapaz que juntou-se à mesa sem que pudéssemos, antes disso, ver direito seu rosto.
Já sentado, foi nos apresentado como Juhan. Ao olhar para ele tive uma sensação estranhíssima que variou da perplexidade ao medo. Aquele rapaz, de uns 30 anos, tinha um rosto muito incomum e olhar bastante diferente. Enquanto os outros à mesa pareciam normais em aparência e conversavam alegremente, Juhan era quieto, sisudo e tinha um semblante que verdadeiramente parecia – sem exageros – de um extraterrestre.
Seu rosto era delicado, sua pele fina, os cabelos bem caídos e seus olhos “diziam” algo misterioso a seu respeito. Não falava e só acompanhava tudo com os olhos. Parecia estar captando nossos pensamentos. Se tirássemos uma foto dele e publicássemos em UFO como sendo de um ET, dificilmente algum leitor deixaria de acreditar… A presença de Juhan na mesa, confesso, incomodou-me um pouco e esperei impacientemente James acabar seu terceiro prato de comida para irmos embora, o mais rápido que pudemos. Levantei-me da mesa e passei a caminhar pela propriedade, já à noite, encontrando Meier a algumas dezenas de metros de onde estava, conversando com seu filho menos social.
Aproximei-me, despedi-me e agradeci o jantar e a hospitalidade, ao que ouvi um “volte sempre, a casa é sua” que me pareceu mesmo bastante sincero. Voltarei. Fui para a cozinha de novo e, junto a James, despedi-me de todos. Foi um momento de emoção para nós e para eles, ainda que jamais imaginasse que laços de amizade tão fortes pudessem surgir de um encontro que julgávamos tão improvável e que, mesmo ocorrendo, foi tão curto. A experiência, no entanto, para mim e para James, foi inesquecível – seja Meier um contatado legítimo ou não.