Como conselheiro da Revista UFO, há quase três anos fui instado e me dispus a comentar a opinião do até então inexorcizável ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, o advogado mineiro e ex-co-editor da publicação que lhe concedeu bombástica entrevista recente, a respeito do que a revista deveria ou não publicar. Na época, em contato com o respeitado professor de direito de Varginha, um dos temas que veio à tona foram as declarações de outro ufólogo, o sensitivo potiguar Rogério de Almeida Freitas, entrevistado da edição de outubro de 2006, que causou grande polêmica na Ufologia Brasileira com suas bombásticas declarações. O episódio ficou conhecido como “As Previsões de Jan Val Ellam”, seu pseudônimo literário, e se referia ao aparecimento de naves extraterrestres em todo o globo, em determinada data, confirmando o que ele supostamente previra: um contato final e definitivo com seres extraterrestres, em escala global. Como todos sabem, isso não ocorreu.
De qualquer forma, o agito criado por Freitas na Comunidade Ufológica Brasileira foi inédito e serviu como um tubo de ensaio para se testar posições de seus integrantes. No diálogo que tive com Rodrigues, ele sugeriu que a Revista UFO, ao publicar a referida entrevista [Veja edições UFO 126, 128 e 129], tinha assumido responsabilidade quanto ao seu teor, que era, em sua interpretação, propagar a idéia infundada e alarmista de que um contato oficial com ETs era iminente. A publicação, evidentemente, apenas veiculou as opiniões de Freitas, e fazendo-o no formato de entrevista, o que pressupõe que ele se responsabiliza pelo que afirma, como funcionaria com qualquer revista. Mas, como era de se esperar, céticos de plantão aproveitaram o episódio para, juntamente com a mal direcionada crítica do então ufólogo, empreender afirmações absurdas sobre a Revista UFO, que até hoje ecoam em recônditos sites de internet, onde obscuros pesquisadores se fazem passar por estudiosos de credibilidade.
Apesar do fato que narrarei a seguir ser diferente quanto à origem da contenda – que passou a ser mais a opinião do crítico do caso anterior do que a linha editorial da revista propriamente dita –, acredito tratar-se de situação semelhante, uma vez que o protagonista, o doutor Rodrigues, na referida entrevista à Revista UFO [Veja edições 153 e 154], novamente faz afirmações contundentes contra quem fez e quem faz da Ufologia Brasileira uma das mais respeitadas no mundo. O assunto requer nova abordagem, pois envolve, mais uma vez, uma visão dogmática de ciência, numa forma dissimulada de se praticar religiosismo filosófico. Neste caso específico, o clássico viés é muito provavelmente causado por informação distorcida e de origem duvidosa, ou simplesmente pela falta de informação, o qual baseia vários pontos da antiga crítica à ciência ufológica em falácias.
Insondável mudança de paradigmas
Desta vez não fui instado a nada. Mas, mesmo assim, não há como ficar indiferente ao que se viu, tendo em vista que o doutor Rodrigues, agora “ex-ufólogo” devidamente exorcizado pelas vertentes mais radicais do ceticismo míope, oriundos de correntes isoladas e retrógradas da Ufologia Brasileira, novamente declara equívocos sobre o modo como se dá o estudo dos discos voadores, sobre a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já e, como não poderia deixar de ser, sobre os rumos da Ufologia como um todo. É importante lembrar que as citadas correntes, que confessadamente contribuíram para a mudança de paradigmas do pesquisador – a ponto de fazê-lo negar quase todos os casos que ele próprio pesquisou –, são as mesmas que engendram em seu meio ufólogos que distorcem a verdade, inventam histórias com poucos fundamentos e criticam a pesquisa alheia sem sequer checarem os locais de incidência, no velho estilo “se não fui eu quem fez, então não vale”.
Não é de se admirar o festival de erros nas conclusões que os integrantes de tais correntes tiram quanto aos casos e situações que criticam, já que têm parâmetros obtusos e obscuros como fonte de informação e de conduta. São os mesmos que imputam à Ufologia o ônus da prova que, se eles não possuem ou resolvem abandonar, ninguém mais pode ter. Tal atitude, típica dos raciocínios subjetivistas que tanto os céticos criticam nos contatados, é corroída pela própria lógica dos fatos. Mas, neste artigo, meu foco e objetivo são mais específicos: apontar os erros na entrevista do doutor Rodrigues que envolvem aspectos técnicos da ação da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) durante a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que pede a abertura dos arquivos sigilosos sob posse do Governo Brasileiro. Para isso, no entanto, é imprescindível, ainda que superficialmente, citar outros erros que desembocam em conclusões infundadas sobre o movimento.
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que, dentre os membros da CBU, nenhum aplica o subjetivismo como fator preponderante em suas pesquisas, assim como nenhum usa tal critério para afirmar tácita ou explicitamente a realidade de um caso ufológico, ou defender sua maior e mais confiável hipótese, a da origem extraterrestre. Todos, sem exceção, na medida do possível, buscam aplicar o método científico ao estudo da presença alienígena na Terra, isso ao mesmo tempo em que sabem que a ortodoxia pode não ser o melhor caminho.
Adeptos do cientificismo
Aliás, com o grande e crescente número de ufólogos afirmando o mesmo nestes 60 anos de estudo da Ufologia, e com uma gigantesca casuística vinda das mais seguras fontes, tal hipótese tornou-se filosoficamente imbatível. É o que já defenderam, por exemplo, os maiores nomes da Ufologia Mundial, como J. Allen Hynek, tantas vezes aqui citado. Um bom exemplo vem do historiador português Joaquim Fernandes, Ph.D., ufólogo e maior autoridade a suspeitar de que há indícios da ação alienígena no fenômeno ocorrido em Fátima, Portugal, em 1917. O pensamento catedrático de Fernandes é oportuno na situação que exponho aqui. Segundo ele, o motivo que faz com que alguns setores adeptos do cientificismo não aceitem a hipótese extraterrestre só pode ter origem no que ele define como “o peso de uma herança antropocêntrica cultural”. Ambos os exemplos – Hynek e Fernandes – foram citados propositalmente aqui, tendo em vista que as palavras destes verdadeiros ícones da Ufologia Mundial sempre “agradaram” o entrevistado, doutor Ubirajara Franco Rodrigues. E, certamente, não foram estes ícones que o fizeram mudar de idéia. Caso contrário, sua incongruência já começaria a se tornar explícita no início de sua entrevista.
Outro equívoco demonstrado pelo ex-ufólogo mineiro está em se basear na filosofia
da ciência para explicar sua visível rejeição à tese da origem extraterrestre aplicada à Ufologia – que, segundo ele, “não é uma hipótese séria”, uma vez que “é a mais frágil e menos embasada”. O embasamento a que se refere o doutor Rodrigues se apóia única e exclusivamente no fato de nenhum ufólogo ter colocado um disco voador dentro de uma universidade. Ou de nenhuma banca examinadora composta por cientistas civis, dispostos e com coragem suficiente para investigar e revelar o enigma, ter tido qualquer audiência com um ufonauta, retirando dele e traduzindo palavras como “olá, eu sou um extraterrestre!” Não existe nada mais materialista, reducionista e cartesiano do que tal postura. Redundantemente falando, o entrevistado está procurando ser mais objetivo do que o objeto, ou “mais real que o rei”, o que até seria louvável se tais afirmações não viessem de um estudioso que se nega a colaborar com os objetivos científicos da Ufologia, como veremos adiante.
Mas já que o entrevistado escolheu o caminho da filosofia para poder expor sua radical mudança, imaginemos então este caso transplantado para a época de Sócrates, o vanguardista filósofo grego considerado pai da filosofia, que acreditava na alma, na sua imortalidade e na reencarnação. Sócrates deu forma a todas as bases do pensamento científico, tendo como melhor hipótese para a origem dos seus silogismos os conhecimentos que sua alma imortal adquirira em outras vidas. O que seria de sua história e da filosofia da ciência se o mesmo que Rodrigues aplica aos ufólogos que consideram a origem extraterrestre dos UFOs a teoria mais lógica para fenômenos registrados, dentro de exigências acadêmicas, fosse também aplicado a Sócrates? Deveria a alma imortal deste fenômeno do pensamento, espírito ou seja lá que conceito se queira dar para uma coisa que não é matéria mas contém informação, ser levada hoje a essa mesma banca examinadora, para que a hipótese do filósofo grego se transformasse numa tese verificável, repetível e aplicável a todos os casos?
Sabendo-se que recentes experimentos no campo da neurociência começam a confirmar a hipótese de Sócrates – de que realmente há transferência de informação por meios não usuais, desobedecendo limites espaço-temporais conhecidos –, pergunto se os ufólogos deveriam esperar o mesmo tempo, do início do período socrático até hoje, para que a origem extraterrestre para os UFOs passasse a ser considerada uma hipótese séria? Tudo o que se colheu de informação e que corrobora tal tese deveria então ser literalmente queimado na fogueira, por puro capricho de ufólogos individualistas enclausurados em seus limitados conceitos? Esta mesma atitude, típica dos tempos medievais, foi feita com a filosofia de Sócrates?
O ceticismo já não tem mais fundamento na realidade dos fatos
Frágil pensamento científico
A menos que existam outros interesses envolvidos, que certamente um dia virão à tona, a Comunidade Ufológica Brasileira – e este autor em particular – não consegue entender tal tipo de raciocínio vindo de alguém que se diz seguidor do pensamento científico, e que acha que “os ufólogos precisam urgentemente rever suas crenças em vida extraterrestre”, em suas próprias palavras. O fato se reveste de mais mistério quando justamente o entrevistado foi o revelador da mais intrigante e significativa ocorrência ufológica do país, talvez uma das maiores do mundo, e que por isso mesmo resultou em singular operação de acobertamento perpetrada pelo Exército Brasileiro [Veja detalhes na entrevista da seção Diálogo Aberto desta edição].
Não satisfeito com o desfile de falsos silogismos, o intransigente entrevistado, doutor Ubirajara Franco Rodrigues, desvia sua metralhadora sem mira para o movimento que, salvo algum engano histórico da Ufologia Brasileira, conseguiu até o momento levantar a maior quantidade de informação governamental sobre a ação extraterrestre inteligente no país, até então guardada a sete chaves pelo Comando da Aeronáutica. E isto porque só foram liberadas informações classificadas nas duas primeiras categorias legais previstas, que são os reservados e os confidenciais, respectivamente com cinco e 10 anos de ressalva, segundo Lei 11.111/2005 vigente. Restam ainda os classificados como secretos e os ultra secretos, respectivamente com 20 e 30 anos de resguardo do conhecimento público. É esta mesma informação que em uma democracia tem suas condições de salvaguarda e aparato de geração pagos pela sociedade, a quem o Governo deve satisfação e em nome da qual o poderdeve ser exercido.
Talvez esteja no sigilo de tais dados a razão para o advogado mineiro ter dado uma de suas poucas afirmações corretas, quando disse que a sociedade não se interessa pelo Fenômeno UFO, sendo indiferente a ele. Ora, isto é óbvio! Uma vez que não se conhece quase nada sobre determinado assunto, e o pouco de informação que chega vem coberto de dúvidas, dividido em partes e muitas vezes distorcidas, como é que vai se ter interesse pelo mesmo? No Brasil, a indiferença social quanto à Ufologia é resultado desta verdadeira cultura do acobertamento, ainda que tal comportamento esteja longe da unanimidade, tanto aqui quanto em outros países. E existem, é claro, os que estão de acordo com essa cultura absurda, que mantém o conhecimento estagnado. Contudo, o número de insatisfeitos com ela aumenta à medida que a democracia amadurece, a história crava seus marcos e a ciência avança.
A cultura da estagnação não deve mais ser tolerada
É oportuno ressaltar que não querer fazer parte de uma campanha que tem como objetivo a mudança do atual quadro descrito acima, como o movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, é opção de qualquer cidadão livre e consciente, mesmo que isso represente um retrocesso no estado de direito. Entretanto, o doutor Rodrigues, em seguida comete sua maior falha ao argumentar e se esquivar, na entrevista que concedeu à Revista UFO, de uma pergunta onde a referida Lei 11.111 – usada pela CBU para acionar o Governo – é mencionada como arma principal na luta pela liberação dos arquivos oficiais. Sua argumentação no velho estilo São Tomé sobre a inexistência dos discos voadores já era esperada, mas não o total desconhecimento do que contém a parte legal do Dossiê UFO Brasil, documento central da segunda fase da campanha. E o que é pior, seu total desconhecimento do conteúdo e do que manda a citada Lei.
“Avistamentos de Papai Noel”
À essa altura da entrevista concedida pelo doutor Rodrigues, depois de rebaixar os mais de 60 anos de investigaç&
otilde;es ininterruptas de grandes ufólogos brasileiros, como Flávio Pereira, Húlvio Aleixo, Irene Granchi, Walter K. Bühler, Fernando Cleto N. Pereira, J. Victor Soares e general Alfredo Moacyr Uchôa, só para citar alguns, é comentado que não se sabe o que o Governo possui. No mesmo patamar de deboche que beira o cinismo que avança sobre a caserna, é afirmado que, se houver algo oculto, deve no máximo ser “uma ou duas gavetas de registros da Força Aérea”. Registros de avistamentos de “Papai Noel”, usando o exemplo de Rodrigues, que os ufólogos falhariam em indicar o que são e onde se encontram, quando pleiteiam sua liberação. E, pasmem, o entrevistado exige que os ufólogos saibam até mesmo seus “números de processos” e “o que contêm especificamente”, para que se possa tornar o pedido “juridicamente possível”, sempre usando suas palavras.
Após ler esse trecho da entrevista concedida por Ubirajara Franco Rodrigues à Revista UFO, justamente aquele que foi seu co-editor e consultor durante mais de uma década e meia, o espanto foi geral. Não se sabia ao certo se o agora ex-ufólogo apenas não lera os documentos da campanha, se sofrera um repentino surto de amnésia ou se estava achando que os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) não passam de patetas perdidos num conto, cujo enredo são histórias do outro mundo. Deve ter pensado que a CBU foi às instalações do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em maio de 2005, apenas fazer turismo, mesmo que tudo isso tenha ocorrido por convite de altas patentes militares, que ainda os receberam para almoço no Ministério da Aeronáutica, com direito a cafezinho.
Documentos protocolados e conhecidos
Em conversas reservadas entre os gestores do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, que completou cinco anos, o que se concluiu em relação às declarações e as versões veiculadas pelo doutor Rodrigues não foi nada animador. Com exceção da hipótese de que o entrevistado tenha se tornado um completo alienado em relação ao que vem ocorrendo na Ufologia Brasileira e Mundial, o que não cremos, a questão dos repetitivos deslizes argumentativos para explicar sua revisão de postura estão, no mínimo, indicando uma ação evasiva – sem que saibamos, no entanto, quais são suas verdadeiras intenções. O problema mais grave não foi a mudança de postura, que é seu direito, mas sim que ela veio eivada de críticas. E críticas que, além de infundadas, foram recheadas com luminosos indícios de que a mentira ronda o discurso sobre o que realmente aconteceu em Varginha, em janeiro de 1996.
Não pretendo me distanciar do foco deste artigo, mas é necessário dizer que, ao contrário do que supõe o doutor Rodrigues, todos os documentos e requerimentos entregues ao Governo pelos ufólogos da CBU foram devidamente protocolados na Presidência da República, com exceção da Carta de Brasília e do Manifesto da Ufologia Brasileira. O primeiro foi entregue às autoridades que se fizeram presentes no I Fórum Mundial de Ufologia, em dezembro de 1997, e, o segundo, diretamente ao chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, brigadeiro Telles Ribeiro, na citada visita da CBU ao Cindacta. Posteriormente, foram protocolados um original e seis cópias do Dossiê UFO Brasil, destinadas às instâncias do Poder Executivo legalmente estipuladas pela já citada Lei 11.111. Este último documento identificou os casos a serem desclassificados e liberados à consulta pública, suas datas de registro e seus locais de armazenamento, tudo devidamente descrito e informado publicamente nesta revista e no Portal UFO [Veja edições UFO 137, 140, 144 e 155].
É óbvio que, num caso desses, nenhum solicitante saberia dizer exatamente os números de processo dos documentos requeridos, as datas exatas de sua classificação numa das categorias de sigilo e nem muito menos especificidades de seu conteúdo, como quer o questionador advogado mineiro. Até porque este tipo de informação numérica varia de órgão para órgão, como podemos notar na identificação das pastas enviadas ao Arquivo Nacional, liberadas por força da campanha que o doutor Rodrigues condena em sua entrevista. Ademais, se fosse da forma como ele explica, ou seja, se em nossos requerimentos disséssemos “especificamente o que contém” os documentos, não estaríamos solicitando suas liberações, pois já saberíamos de tudo!
Em segundo lugar, também é necessário que se diga que o doutor Rodrigues foi convidado a participar das primeiras fases das ações do referido movimento, recusando-se terminantemente em todas com o frágil argumento de que somos “infantis e não sabemos o que estamos fazendo”. O pior veio quando soube que a CBU incluíra, em 2005, o Caso Varginha entre suas petições, e que pretendíamos usar reservadamente as declarações gravadas com os militares envolvidos na captura das criaturas e resgate da nave. Foi a gota d’água que levou o entrevistado a ser até ofensivo com os membros da Comissão, e certamente deve ser o que o está levando a atacar a campanha da forma mais sem fundamento possível. Quais seriam as razões para todo esse destempero do principal investigador do Caso Varginha?
Fazendo o que manda a lei
Não obstante tais mazelas, mas de olho nos esperneios alheios, a CBU seguiu em frente, ciente de que, percorridos todos os meandros, esgotados todos os recursos no âmbito do Executivo e devidamente registrada toda a informação gerada neste processo, se fará um levantamento final para a identificação do que foi solicitado e do que foi efetivamente liberado. Se faltar alguma informação requerida, cuja existência seja do conhecimento dos ufólogos – e at&eacut
e; o momento estão faltando várias –, a Justiça será acionada por meio de um mandado de segurança a ser impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF). Qualquer advogado sabe que assim deve ser feito, antes que se recorra ao Judiciário.
Fato é que o resultado de todo esse esforço minuciosamente projetado, que ainda está sendo executado dentro dos percalços e detalhes que surgem no caminho, como se pôde ver depois de cinco anos de trabalho, contradiz quase tudo que o entrevistado alegou sobre a inocuidade da campanha e sobre o que a Ufologia Mundial vem afirmando. Ela é um sucesso absoluto, tanto pelo ineditismo, quanto pela independência e pelo comprometimento da parte da Comunidade Ufológica Brasileira ao movimento. E tem tudo para chegar muito mais longe. Mas parece que a limitada visão do doutor Rodrigues não entende desta forma. Pelo menos foi o que disse, ao lançar comentário abafador numa de suas respostas, relativa ao primeiro lote de documentos enviados pela Aeronáutica, sugerindo ser apenas aquilo o que deveríamos esperar dali para frente, só “decepções”. Caberia agora fazermos a mesma pergunta ao novo cético, e repeti-la mais algumas vezes, assim que outras categorias de sigilo sejam disponibilizadas. Não custa nada lembrar ao ex-ufólogo que este é um processo dinâmico, e que ele não vai parar com o primeiro lote enviado ao Arquivo Nacional. Isto está escrito na edição UFO 149 e repetido nesta.
Outra coisa que deve ser dita é que um ufólogo que não vê o futuro no seu objeto de estudo, não serve para ser ufólogo. Em resposta à esta visão estagnada, surgiu o terceiro lote de pastas enviados ao Arquivo Nacional, em maio passado [Veja UFO 155], evidenciando o quão correto está o andamento do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já desde o seu início, em 2004. Mas, ao mesmo tempo, este fato nos diz que ainda há muito a ser feito. Neste sentido, a CBU uniu-se recentemente ao Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, um grupo respeitável de ONGs composto por órgãos de imprensa e instituições da sociedade civil organizada, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que acompanham de perto movimentos como o criado pela Revista UFO, divulgando seus resultados e prestando auxílio técnico para o alcance dos objetivos propostos.
Renovando procedimentos legais
A última novidade é que todas essas forças, que visam resgatar a sociedade brasileira de seus resquícios de obscurantismo, estão agora concentradas no novo projeto de lei enviado pelo Executivo ao Legislativo, de número 5.228/2009, já em tramitação na Câmara dos Deputados e acompanhado de perto por este membro da CBU, juntamente com o deputado federal Wilson Picler, igualmente conselheiro especial da Revista UFO. Quando sancionado, o projeto deverá substituir com avanços a Lei 11.111/2005, que por enquanto é nosso arcabouço com apoio jurídico na Constituição Federal, e que também já conseguiu provas suficientes para calar os céticos de plantão.
Enquanto a nova lei não vem, a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já e seus ufólogos signatários não darão trégua, até que todos os objetivos traçados sejam atingidos, entre os quais está o alicerçamento de uma nova ciência, que por enquanto ainda merece ser chamada de Ufologia. Religiosismos à parte, isto ocorrerá sem dúvida, assim como está ocorrendo com as hipóteses de Sócrates, o velho filósofo grego. Mesmo que mude a geografia, o tempo e a história prevalecerão como os senhores do destino, mesmo que a despeito dos ataques sofridos pelos necessários pensadores do contraditório, que, no linguajar popular, acostumaram-se a ser
chamados de “advogados do diabo”.