O universo, diz a ciência, tem cerca de 14 bilhões de anos de existência. Nosso planeta, cerca de 4,5 bilhões de anos. Os primeiros hominídeos, aproximadamente 2 milhões de anos, e o Homo sapiens, algo em torno de 40 mil anos. Sabemos, também por meio da ciência, que a Terra passou por cinco grandes extinções em massa e que, em razão delas, a vida foi adquirindo novas formas e mecanismos de adaptabilidade. Há, porém, sobre esse assunto, mais perguntas do que respostas, uma vez que não se encontraram, ao menos por enquanto, provas fósseis que possam preencher todas as lacunas existentes na história da evolução das espécies.
O que podemos afirmar é que a vida se adapta às condições ambientais e que o fenótipo das criaturas está intrinsecamente ligado ao meio em que se desenvolvem. Assim, altura, distribuição de peso, proporções físicas, quantidade de pelos, presença de exoesqueleto, posicionamento dos olhos, tipo de narina e mais uma infinidade de outras características são moldadas, ao longo das eras, para que os indivíduos tenham maiores chances de sobrevivência. Também influi na aparência e proporções físicas a taxa gravitacional do ambiente, a proximidade em que um planeta está de sua estrela e a estrela em si, com o tipo de luz que emite. Isso vale para todos os seres vivos da Terra.
Com base nesses dados, podemos inferir que o universo deva abrigar muitos tipos de criaturas que para nós pareceriam estranhas e até assustadoras. Algumas mais altas, outras mais baixas, finas, largas, com escamas, com exoesqueleto, com vários olhos e vários membros e de todos os tons de pele, dependendo do tipo de pigmento que a vida precisou desenvolver para sobreviver — e mais uma infinidade de variações que sequer podemos imaginar. Assim, por mais esquisito nos possa parecer, não há, a priori, nada que impeça que existam planetas com seres-lagarto, seres-peixe, seres-insetos.
Muitos mundos, muitas vidas
Bem, mas se nada há que impeça diferentes configurações físicas universo afora, a questão, então, passa a ser a possibilidade desses seres terem evoluído, desenvolvido raciocínio lógico e alcançado um ponto tal de conhecimento que lhes permitisse, primeiro, desenvolver conhecimento científico e, segundo, evoluí-lo ao ponto de sair de seu próprio planeta e alcançar o espaço, explorando-o. Novamente, a priori, e dadas as condições certas, nada há que impeça a vida inteligente de existir em outros locais e nem que a inteligência dessa vida lhe permita estar muitos anos à nossa frente. Basta que tenha se organizado alguns milhares de anos antes de nós. Além disso, que provas nós temos de que a maneira como nossa inteligência funciona é igual para todas as espécies do universo? Quem disse que somos o padrão para alguma coisa?
Em dezembro de 2014, o coeditor da Revista UFO Thiago L. Ticchetti lançou um livro intitulado O Guia da Tipologia Extraterrestre [Biblioteca UFO, 2014] contendo a descrição de dezenas de espécies alienígenas relatadas por testemunhas. Embora a obra não tenha cunho científico e mesmo que muitas das descrições citadas possam soar estranhas e até fantasiosas, várias outras se encaixam perfeitamente em um estudo sobre a variação de fenótipos possíveis para a vida extraplanetária, feito há alguns anos por cientistas da Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Nunca é demais lembrar que, por mais acurados que sejam os estudos que fazemos, eles sempre serão baseados naquilo que conhecemos como vida — portanto, baseados nos arranjos do carbono. Nada impede, entretanto, que outros arranjos sejam possíveis e até mesmo prováveis.
Segundo o livro de Ticchetti, dentro da variedade de tipos alienígenas mais comumente relatados, três deles se destacam: os nórdicos, compostos por seres altos, loiros e de olhos azuis; os grays ou cinzas, de 1,4 m de altura, cabeça avantajada e grandes olhos negros; e o tipo reptiliano, composto por criaturas com pele e, às vezes, traços fisionômicos de lagartos, pupilas verticais e habilidade de mudar de aparência ou forma. Há subtipos dentro de cada uma dessas espécies, mas para o que nos interessa nesse estudo não vamos considerá-los. Aqui vamos procurar analisar o que sabemos sobre a terceira espécie mais citada por testemunhas, os reptilianos.
Como tudo na Ufologia, há mais controvérsias do que certezas sobre eles. Portanto, procuraremos peneirar as informações e buscar contextualizar aquilo que existe sobre o assunto na literatura ufológica. O que gostaríamos de lembrar ao leitor é que, independentemente de qualquer conclusão a que se possa chegar sobre o assunto, nada há que invalide a existência, em algum planeta, de um povo com características de lagartos. São muitos mundos e, assim, podem ser muitas vidas.
O fio da meada
Antes de entrarmos no assunto, entretanto, cabe tecer alguns esclarecimentos e também fixar os parâmetros segundo os quais vamos desenvolver este estudo. Falar sobre os reptilianos é, ainda que de maneira tangente, falar sobre abdução e contato. Isso por que a maioria das informações que existem sobre esse assunto veio justamente de contatados e abduzidos. “Experienciadores”, como se convencionou chamar agora pessoas que de alguma forma experimentam contatos de graus elevados ou que são contatadas, como o próprio nome diz, tiveram uma experiência pessoal e intransferível, e a nós, que não a tivemos, resta apenas acreditar ou não no que nos é dito.
E aqui se adentra um terreno ainda mais difícil, que é o da crença. Se você, leitor, acreditar nesta autora quando lhe conta uma experiência, isso significa que você crê que eu seja uma pessoa honesta e esteja lhe dizendo a verdade. Então, se eu lhe digo que eu fui abduzida por extraterrestres de pele azul com bolinhas brancas, que me trataram muito bem e me curaram de algum mal que me afligia, e você acreditar em mim, formará em sua mente a ideia de que os seres azuis de bolinhas brancas são nossos amigos.
De forma diferente de outros personagens que povoam a Ufologia, os reptilianos não têm um ponto de origem. Não há um começo para sua presença, um dado bibliográfico ou um momento a partir do qual eles passaram a surgir nos relatos das testemunhas
Agora, vamos supor que o leitor tenha ficado curioso com o meu relato e procure se informar melhor sobre os extraterrestres azuis de bolinhas brancas e que encontre em sua pesquisa relatos de pessoas que dizem ter s
ido torturadas e violadas pela mesma espécie que eu havia elogiado. O que pensar? Quando as informações são conflitantes, as fontes confusas e a única evidência que se tem são os relatos de pessoas que dizem ter tido contato com algo que não se pode provar de forma alguma, encontrar o fio da meada que nos levará à verdade, seja ela qual for, é muito difícil — e atente o leitor que aqui não levamos em conta as fraudes, as mentiras propositais, as confusões mentais, os delírios e nem as alucinações. Estamos partindo do princípio de que tudo se passou conforme os relatos.
As informações que existem sobre os reptilianos são tão desencontradas e muitas vezes tão cheias de contornos pirotécnicos, que encontrar algo em que se fiar é impossível. E se é assim, como vamos conseguir tratar do assunto sem cairmos nas armadilhas que ele impõe? Vamos fazê-lo com isenção e buscando levantar o máximo possível de evidências documentadas sobre seres que tenham a aparência de répteis, poderes sobrenaturais e grande conhecimento sobre tudo que há. Portanto, vamos viajar ao passado e tentar encontrar o começo dessa história. Apenas pedimos ao leitor observar o fato de que esta matéria não é opinativa, ela é apenas um registro daquilo que foi possível reunir sobre o assunto em um primeiro e breve estudo, muito possivelmente cheio de falhas.
Os répteis e o imaginário
De forma diferente de outros personagens com aspectos fortemente mitológicos que povoam a Ufologia, os reptilianos não têm um ponto de origem demarcado. Não há um começo para sua presença, um dado bibliográfico ou um momento a partir do qual eles passaram a surgir nos relatos das testemunhas. Como muitos outros seres que povoam a Ufologia, os reptilianos foram, claro, citados por Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, em suas diversas obras, mas principalmente em A Doutrina Secreta [Editora Pensamento, 1973]. Para os que conhecem as obras de Madame Blavatsky e sua maneira peculiar de descrever os mistérios, talvez soe estranha a forma como suas descrições e revelações, se assim quiserem, se amalgamaram ao longo do tempo. A verdade, porém, é que, se formos buscar na história dos povos, parece que a citação a deuses-lagartos, deuses-cobras e assemelhados acompanha a humanidade há milênios. E a descrição dada pelos povos antigos está mais próxima da ufológica do que da teosófica.
Há muitos pesquisadores que colocam a causa da ligação inconsciente que muita gente faz entre répteis e o mal na cultura judaico cristã, mas isso não é verdadeiro. Muito antes, já na Suméria, Egito, Grécia e também em outras culturas, havia a representação de seres que misturavam características répteis e humanas. Alguns simbolizavam o mal e outros o alto conhecimento, a iluminação e a sabedoria. Quando olhamos para a cultura dos povos nativos das três Américas, vemos que os deuses-serpente, vindos do céu, eram considerados benignos e donos do conhecimento.
Não apenas os maias, incas e astecas, mas também muitas tribos brasileiras viam nas serpentes o conhecimento e o elo entre a espiritualidade e a vida terrena — e não podemos nos esquecer dos dragões e tartarugas que inundam a mitologia asiática e que sempre são a representação da força, da sabedoria, do poder e da justiça. No caso dos dragões, os celtas os viam como os guardiões da força primordial, de tal sorte que se tornou símbolo daquela cultura. A visão de dragões cruéis, relacionados ao mal e ao demônio, é uma construção medieval e vem da época em que os cristãos lutavam contra os pagãos, tentando impingir a nova religião aos povos europeus.
Sobre o significado da serpente nas culturas judaico-cristãs que predominam no Ocidente, não há muito a ser dito além daquilo que nós todos conhecemos. Ela é o mal, a tentação, a transgressão, e aqui a parte importante, a condutora do conhecimento. Freud à parte, há muitas interpretações errôneas que dizem que, ao tentar Eva, a serpente a induziu a manter relações sexuais com Adão e que, em consequência, ambos foram expulsos do Paraíso. Mas não é isso que a “árvore do conhecimento” significa. O conhecimento que o casal adquiriu não foi o sexual, mas o de sua condição de humanos. Isso tanto é verdade que, ao saírem do paraíso, se juntaram aos outros humanos que já habitavam o mundo. Eles, na verdade, saíram de uma condição de protegidos [Pela inocência] para a condição de seres comuns, e, como tal, passíveis de experimentar todos os sofrimentos do mundo. Há muito que se pode dizer sobre a expulsão do Paraíso e a psicologia e a antropologia já o fizeram em diversas obras que o leitor poderá consultar.
No Velho Testamento as serpentes são citadas, além do Gênesis, também em Números, quando Deus teria enviado suas serpentes agressivas sobre as pessoas. Diz o texto: “Enquanto continuavam a viagem, depois de terem partido do monte Hor pelo caminho do Mar Vermelho, para contornar a Terra de Edom, o povo ficou cansado da viagem.E falava contra Deus e Moisés: ‘Por que vocês nos tiraram do Egito para morrermos no deserto? Aqui não há comida nem água e odiamos este pão desprezível’.Então Jeová enviou serpentes venenosas contra o povo e elas os picaram, e muitos israelitas morreram”.
Não apenas os répteis faziam parte dos panteões de nossos ancestrais. Leões, corujas, touros, vacas e falcões antropomorfizados estão em todas as culturas antigas, mas ninguém diz ter sido abduzido por um ET com cabeça de leão ou com chifres de touro
Mas a história não para por aí: “O povo foi então a Moisés e disse: ‘Pecamos ao falar contra Jeová e contra o senhor. Interceda junto a Jeová para que ele tire as serpentes do nosso meio’. E Moisés intercedeu pelo povo.Jeová disse então a Moisés: ‘Faça uma imitação de uma cobra venenosa e coloque-a em um poste. Quando alguém for picado, terá de olhar para ela para ficar vivo’.Moisés fez imediatamente uma serpente de cobre e a colocou em um poste. E sempre que uma serpente picava um homem e ele olhava para a serpente de cobre, continuava vivo”.
Pelo trecho, fica claro que não há qualquer associação entre a serpente e o demônio, mas que ela é uma enviada de Jeová, como uma representação da tr
aição do povo que, mesmo tendo sido tirado da escravidão no Egito, continuava reclamando. Há várias maneiras de se interpretar esse trecho bíblico tanto em relação ao envio das serpentes, quanto em relação à cura das pessoas. Elas precisariam encarar a serpente para se curarem, ou seja, teriam que confrontar a própria traição para se livrarem dela? Isso sem falar que uma serpente enrolada em um poste, ou cajado, é o símbolo do Caduceu de Hermes, que além de ser o mensageiro entre os homens e os deuses, era também um guia para o mundo subterrâneo — há toda uma construção simbólica muito antiga nessa passagem e inúmeras correlações mitológicas podem ser feitas a partir dela.
Por todo o Oriente Médio, as serpentes eram adoradas como símbolo da sabedoria, e do Caduceu ao cajado de Moisés sempre representaram a sabedoria e proteção. Os faraós as usavam sobre a cabeça, os sumérios as viam como as donas da vida e os habitantes de Fiji como a força da vida que flui para o mundo. A serpente, por alguma razão ancestral que nos escapa, era vista por nossos antepassados como o símbolo máximo da sabedoria e do conhecimento. Dizem alguns estudiosos da Teoria dos Antigos Astronautas que a serpente está ligada diretamente aos extraterrestres que aqui aportaram, sendo usada por eles como símbolo de uma de suas castas.
A simbologia ligada aos répteis é imensa e não seria possível, aqui, falarmos de todos os povos que deram às serpentes, dragões, tartarugas, crocodilos e lagartos o título de representantes, portadores, senhores e guardiões da sabedoria, do conhecimento, do poder, da cura e da força vital que mantém e sustenta o planeta e toda a vida. A pergunta é: por quê? O que viram ou viveram os antigos humanos para criarem tal associação com seres tão perigosos e assustadores como as serpentes e os dragões? Nosso DNA, símbolo máximo da vida, tem a forma de serpentes entrelaçadas e para os povos da Índia a kundalini — força vital que une todos os chacras e que, quando despertada de maneira correta, “abre” a pessoa à iluminação — tem a forma de serpente.
É fato que não apenas os répteis faziam parte dos panteões de nossos ancestrais. Leões, chacais, corujas, touros, vacas e falcões antropomorfizados estão presentes em todas as culturas antigas, mas a questão é que ninguém, hoje em dia, diz ter sido abduzido por um extraterrestre com cabeça de leão ou com chifres de touro. Os relatos falam claramente em seres com aparência de répteis.
Reptilianos na agenda
Quando olhamos o que diz a literatura ufológica sobre tais criaturas, salta aos olhos que as testemunhas, contatados e informantes reafirmem todas as características que nossos ancestrais davam a seus deuses répteis — tanto as boas quanto as más. Muitos relatam que os seres reptilianos têm poderes de cura, conhecimentos profundos sobre ciências e filosofias, que conseguem manipular a força vital das pessoas e do planeta e que comandam os grays nas abduções. Há também quem diga que eles estão subordinados aos nórdicos, os altos loiros de olhos azuis.
Por outro lado, há os que declaram que os reptilianos são maus, cruéis, que escravizam e dominam outras espécies e que estão em nosso planeta há muito tempo, antes mesmo do surgimento da raça humana. Ou seja, contam mais ou menos as mesmas histórias que contavam nossos antepassados, mas com uma grande diferença. Nossos antepassados os viam como deuses e se beneficiaram de sua generosidade e sabedoria, e as teorias atuais os apontam como algo próximo a demônios, cuja intenção é sugar nossas almas.
Seguindo pela literatura ufológica encontramos outras teorias sobre os reptilianos. Utilizamos a palavra “teoria” porque não encontramos absolutamente nada que aponte no sentido de que há qualquer fato concreto apoiando o que é dito em relação ao papel dos reptilianos no jogo de forças que existe no mundo — e forças, aqui, não tem nada a ver com o sentido metafísico do termo, mas com o sentido real: falamos das forças econômicas e militares que controlam o planeta.
Há quem diga que os seres reptilianos não são malévolos, mas apenas cientistas, e que podem mudar de aparência quando quiserem para se misturarem aos humanos. Segundo essa vertente, eles já estariam infiltrados entre nós há muito tempo
Há muitas histórias sobre os reptilianos e suas origens. Alguns dizem que foram criados por uma raça guerreira muito evoluída tecnologicamente, estabelecida na Constelação do Dragão, e que a eles foi dado um planeta para viverem e a permissão para explorarem o universo. Outros dizem que são seres guerreiros extremamente militarizados, que obedecem a uma hierarquia rígida e que aqueles dentre eles que possuem asas e caudas são os comandantes dos demais.
Há também uma história, baseada em relatos de informantes e paranormais, que diz que a espécie reptiliana viaja de planeta em planeta, há milênios, denegrindo as espécies que encontra por meio da manipulação genética e as transformando em escravas. Segundo essa versão da história, os grays nada mais são do que uma das raças da Constelação de Lira que foi dominada e geneticamente degenerada pelos reptilianos — nessa versão, eles também viriam da Constelação do Dragão e seriam temidos por muitos povos.
Por outro lado, há quem diga que eles não são maus, mas apenas cientistas, e que podem mudar de aparência quando quiserem para se misturarem aos humanos. Aliás, segundo essa vertente, eles já estariam infiltrados entre nós há muito tempo e trabalhariam com alguns governos no desenvolvimento de projetos secretos conjuntos. E aqui também encontramos divergências: há quem diga que os projetos são para nos favorecer e há quem diga que não, que tudo o que os cientistas reptilianos fazem é para o bem deles e não para o nosso. A única forma que teríamos para saber se a pessoa que está sentada ao nosso lado no metrô, ônibus, avião ou trem é humana ou reptiliana seria a observação de suas pupilas — se forem verticais, ainda que por alguns segundos, não são humanas.
s que muitos consideram absurdas sobre os reptilianos
Como dissemos no começo deste texto, não é fácil encontrar algo de consistente para nos apoiarmos, já que nem mesmo os estudiosos do assunto se entendem. Mas há, ainda, outra vertente de estudos que vale a pena citarmos. Já há muitos milênios, gurus que praticam a meditação profunda contam a seus discípulos sobre os seres que habitariam fora de nossa dimensão — dimensão, aqui, tem a ver com a frequência de vibração da matéria e com o espectro da luz visível. Seres cuja composição molecular vibra em intensidade maior do que a nossa seriam, em comparação com a frequência de nossos átomos, invisíveis aos nossos olhos. Isso porque a velocidade de vibração os tornaria mais etéreos e, portanto, só seriam visíveis em uma faixa do espetro que nós não conseguimos alcançar. Para os adeptos dessa concepção, os reptilianos então seriam de outra dimensão.
Conspirações e os Iluminatis
Quem acompanha a Ufologia sabe que há muitas pessoas que dizem terem sido abduzidas fora do corpo, ou seja, que suas almas foram tomadas. Explicando melhor, seus espíritos teriam sido levados enquanto seus corpos dormiam e atravessado paredes e telhados. Ao chegarem à nave, seriam examinados, inseminados e mais uma série de outras coisas que sempre envolvem muita violência e crueldade, antes de serem devolvidos a seus corpos. Ao acordarem, praticamente não se lembrariam de nada. Muitas dessas pessoas relatam que começaram a ter crises de pânico, angústia, depressão e paranoia sem fazerem ideia de por que aquilo acontecia com elas. A maioria foi buscar ajuda médica e algumas, consolo espiritual. Nesse último caso, os médiuns que as atenderam declararam que seus pacientes estavam sendo abduzidos espiritualmente por seres que se pareciam com lagartos.
Como se tudo o que já dissemos não fosse confuso e assustador o suficiente, ainda temos algumas pessoas cujas teorias conspiratórias e alarmistas lhes granjearam seguidores fanáticos, para quem tudo o que acontece de ruim no mundo, das guerras aos maremotos, das secas às inundações, faz parte dos planos dos Iluminatis. Mas, pode perguntar o leitor, o que os reptilianos têm a ver com uma suposta sociedade secreta? Isso é o que veremos em seguida. Aqui escolhemos falar das teorias de David Icke, por ser o mais famoso dos teóricos sobre o assunto, mas creiam, há outros.
Mutwa diz que por toda a África correm lendas sobre o povo lagarto e que se pode encontrá-las mesmo em tribos longínquas. São histórias ancestrais que contam como reptilianos vieram dos céus e se casaram com os humanos, gerando uma nova raça
Icke é um ex-jogador de futebol profissional, repórter, apresentador esportivo e porta-voz do Partido Verde na Inglaterra e País de Gales que atualmente é escritor e palestrante. Envolvido em várias confusões, foi acusado de propagar ideias nazistas e mais um sem número de outras coisas e seus livros chegaram, mesmo, a ser proibidos no Canadá. Polêmico e sem travas na língua, Icke arregimentou uma legião de fãs e seguidores fiéis, embora ele não tenha fundado seitas e nem tenha, segundo ele próprio, vocação para isso. Essa declaração, entretanto, bate de frente com outra que Icke fez em 1991, quando afirmou em alto e bom som, em uma conferência de imprensa: “Eu sou um canal para o espírito de Cristo. O título me foi concedido muito recentemente por Deus”. Não bastasse isso, ele ainda se arriscou a fazer previsões catastróficas que jamais se cumpriram. Mais tarde, Icke alegou que fora mal interpretado pela imprensa, mas suas palavras foram gravadas, algo difícil de desmentir.
A teoria básica de Icke diz que o mundo é controlado por uma rede de sociedades secretas denominadas Fraternidade, e que os Iluminatis, ou Elite Global, estão no topo da pirâmide dessas sociedades. Ainda segundo o autor, o objetivo da Fraternidade é a criação de um governo mundial e que o plano para tal intento teria sido criado no livro Os Protocolos dos Sábios de Sião, de Pierre-André Taguieff [Difel Editorial, 1989]. O livro, em poucas palavras e como é de conhecimento público, é uma obra que acusa os judeus e a Maçonaria de conspirarem para dominar o mundo. Para resumir a história, Icke afirma que no ponto mais alto da pirâmide estariam seres não humanos, a quem chama de “carcereiros”, que seriam subordinados à “consciência luciférica”. Para o autor, esses seres seriam os reptilianos, vindos da Constelação do Dragão.
A teoria segue dizendo que esses reptilianos viveriam em cavernas e túneis em nosso planeta e que teriam aparência humana. “Ao longo das eras, eles se misturaram aos humanos criando seres híbridos, e essa mistura dos dois DNAs permitiria que reptilianos puros assumissem os corpos dos híbridos, desde que bebam sangue humano”, diz Icke. Ainda segundo ele, membros de todas as famílias importantes do planeta, como os Rockfeller e a família real inglesa, são híbridos possuídos por reptilianos puros — ele também afirma que muitos humanos em posições importantes trabalham para os carcereiros sem perceberem que são escravizados. A lista de híbridos possuídos de Icke é longa e inclui, entre outros, o ex e o atual presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush e Barack Obama e a cantora Beyoncé.
Todos nós sabemos que conhecimento é poder. Não apenas poder financeiro, mas poder real, para saber como, quando e onde se deve agir para se conseguir o que se quer. O poder de manipular situações que, em seus desdobramentos, privilegiem esse ou aquele segmento de interesse, só quem tem conhecimento pode conseguir. É o famoso “criar dificuldades para vender facilidades” que todos nós conhecemos muito bem — é exatamente isso que Icke acusa a Fraternidade de fazer. Uma vez que os Iluminatis reptilianos controlariam instituições financeiras, corporações bélicas e farmacêuticas, políticos, militares, crime organizado e mais um sem número de empresas e pessoas importantes, eles manipulariam o aparecimento de epidemias, guerras, crimes e grupos terroristas para apavorarem a população e dela receberem o aval para que sejam tomadas certas medidas que, em tempos de normalidade, jamais seriam consentidas.
Ainda segundo Icke, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo foram “criados pelos Iluminatis para colocar o mundo em um conflito sem fim, e as divisões étnicas
e culturais são alimentadas pelos reptilianos para que a população, cada vez mais dividida e apavorada, não perceba o que se passa”. Muito mais poderia ser dito sobre o controverso, e na opinião desta autora, alucinado, David Icke, mas o espaço reduzido não o permite. Caso o leitor tenha interesse em conhecer mais pormenorizadamente as ideias, livros, entrevistas e DVDs desse estranho personagem, poderá fazê-lo acessando o site do autor [Endereço: www.davidicke.com].
Reptilianos na África
Deixando de lado as teorias conspiratórias de Icke, vamos falar de outro personagem, este um ancião sul-africano da tribo Zulu chamado Credo Mutwa. Mutwa é um sanusi, palavra usada para designar um xamã, mas cujo real significado é “guardião do conhecimento”. Um sanusi é uma pessoa que conhece a história passada, ancestral mesmo, não só de seu povo, mas da África em si — praticamente não há mais pessoas assim no continente, uma vez que as gerações mais novas têm outros interesses e a tradição tribal não está entre eles. Como disse o próprio Mutwa, “a África que eu conheci está morrendo”.
Mutwa é categórico sobre a origem extraterrestre não apenas de seu povo, mas também de outras etnias africanas e explica que, “quando se pergunta aos antropologistas brancos da África do Sul o que significa a palavra Zulu, lhe dirão que ela significa ‘o céu’ e então que os zulus se autodenominam de ‘o povo do céu’. Isso não é verdade. Na linguagem zulu, nosso nome para o céu é sibakabaka. Nosso nome para o espaço interplanetário é izulu e weduzulu, que significam espaço interplanetário”.
E ele vai adiante, explicando que “o povo Zulu da África do Sul está ciente do fato de que se pode viajar através do espaço — não pelo céu como um pássaro — e diz que há muitos milhares de anos chegou dos céus uma raça de pessoas que eram comolagartos e que conseguiam mudar de aparência à sua vontade. Por toda a África do Sul se descobrirão histórias impressionantes dessas criaturas, quesão capazes de se transformar de um ser réptil para um ser humano e de réptil para qualquer outro animal de sua escolha”.
Mutwa diz que por toda a África correm histórias e lendas sobre o povo lagarto e que se pode encontrá-las mesmo em tribos longínquas que não mantêm contato com outras nações — são histórias ancestrais, que contam como os seres reptilianos que vieram dos céus e se casaram com os humanos, gerando uma nova raça, mais forte e poderosa, que se tornou dominante, assumindo a chefia das tribos. Isso, segundo o ancião, deu origem a uma nova linhagem, que logo se transformou em reis e rainhas e se espalhou pelo mundo.
Diz que “tais criaturas existem. De onde eles vêm, eu nunca soube. Mas elesestão ligados a certas estrelas e uma delas é um grande grupo que faz parte da via Láctea eque nosso povo chama de Ingiyab, que significa ‘A grande serpente’. E existe uma estrela vermelha próxima da ponta desta grande serpente de estrelas que nosso povo chama de Isone ou Nkanyamba. Eu descobri que este nome, em inglês, é Thuban e que fica na Constelação do Dragão.Agora, isso é algo que vale a pena ser investigado, por que também é o que mais de 500 tribos que eu venho visitando nos últimos 50 anos ou mais têm descrito”.
Existem muitas coisas interessantes nos relatos de Mutwa e é possível perceber que, ao longo dos séculos e com a colonização europeia, o sincretismo se entranhou nas culturas africanas tradicionais, transformando histórias que talvez pudessem fornecer pistas interessantes em uma bagunça cultural. Ainda assim, vale citar mais um trecho da entrevista que Mutwa concedeu ao jornalista Rick Martin, da antiga Revista Spectrum, em 1999. “Dizem que estas criaturas se alimentam de humanos e que eles, em uma época, desafiaram Deus para a guerra porque queriam controlar o universo. E então Deus travou uma terrível batalha com eles, que foram derrotados, feridos e forçados a se ocultarem nas cidades subterrâneas — eles se esconderam em profundas cavernas subterrâneas porque sempre sentiam frio. Dizem que nessas cavernas há imensas lareiras, mantidas por escravos humanos”.
“Barulho ensurdecedor”
Mutwa, em outro trecho de sua entrevista, diz que todo o povo da África vivia em paz e em comunhão com a natureza, sem guerras, fome ou sofrimento. Não havia comunicação verbal, mas telepática, entre humanos e animais e as pessoas conseguiam ver presente, passado e futuro, e também faziam viagens astrais para outros mundos. Mas, então, “seres chegaram em terríveis embarcações em forma de tigelas que flutuavam no ar, faziam um ensurdecedor barulho e provocavam labaredas nos céus”. Mutwa diz que os seres tiraram todas as faculdades psíquicas dos homens e no lugar delas colocaram a fala — e, ao fazê-lo, os desentendimentos e brigas começaram. Foi o fim da paz.
Contrariando os reptilianos bebedores de sangue de David Icke, com quem se encontrou há alguns anos para contar suas histórias, Credo Mutwa diz que os reptilianos não bebem sangue humano, mas fomentam o terror e a tragédia, pois se alimentam da energia que isso provoca. Diz ele: “Eu encontrei pessoas que fugiram da antiga cidade de Masaki, em Ruanda, alguns anos atrás porque ficaram horrorizadas com o que estava acontecendo nas suas cidades. Elas disseram que o massacre dos hutus pelos watusis e dos watusis pelos hutus estava alimentando os monstros Imanujela [Reptilianos]. É porque o Imanujela absorve a energia que é gerada nas pessoas quando elas estão sendo aterrorizadas ou assassinadas”.
Há muito mais que poderíamos dizer sobre as histórias e depoimentos de Credo Mutwa. [Veja edição UFO 174, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. E há muitos vídeos e transcrições de longas conversas que Mutwa teve com diversos jornalistas na internet. Para este artigo usamos a concedida à antiga Spectrum, em 1999. Há, ainda, outra entrevista que causou alguma agitação na comunidade ufológica nos idos de 2004 e que vale a pena ser mencionada neste artigo. A matéria, que segundo o site sueco Sabon [Endereço: www.sabon.org] foi concedida a Jimmy Bergman, teria sido realizada em 16 de dezembro de 1999.
Quem é Lacerta
A entrevistada, que pediu para ser chamada de Lacerta, seria uma reptiliana original de nosso planeta, que, por sinal, segundo ela, não seria nosso, mas dela e de sua espécie. Nós, os humanos, não seríamos frutos da Terra, mas teríamos sido feitos por alienígenas que aqui chegaram há milhões de anos. Diz Lacerta: “Sua criação foi artificial e feita atravé
s de engenharia genética, não por nós, mas por uma espécie extraterrestre. Se você me perguntar se eu sou um alienígena, devo responder que não — nós somos nativos terrenos. Tivemos, e ainda temos, algumas colônias no Sistema Solar, mas nós nos originamos neste planeta. Na verdade, este é nosso planeta e não de vocês. Nunca foi de vocês”.
Mais adiante, ao ser perguntada sobre os UFOs e se eles realmente existem, ela respondeu que sim, que existem e que alguns deles, os em forma de cilindro ou charuto, são de sua própria espécie — outros são alienígenas e que os de forma triangular são objetos construídos por governos humanos, mas usando tecnologia extraterrestre. Ainda sobre os UFOs de sua espécie, Lacerta diz que são mais facilmente vistos nos polos e no interior da Ásia, sobre algumas montanhas.
Sobre a evolução de sua própria espécie, Lacerta diz que seu povo foi praticamente dizimado quando, há 65 milhões de anos, eclodiu uma guerra entre dois povos extraterrestres que decidiram lutar logo acima de nossa atmosfera. Sim, leitor, segundo a entrevista, não foi um meteoro que dizimou os dinossauros, mas uma guerra interplanetária — a primeira, mas não a única guerra travada por alienígenas em nosso planeta. Este suposto conflito teria sido travado entre alienígenas com aspecto muito parecido com o nosso e que teriam vindo de Prócion, a estrela mais brilhante da Constelação do Cão Menor. Os que eram parecidos conosco, segundo diz a entrevista, mantinham uma colônia na Terra, e uma espécie reptiliana vinda de outro plano existencial, que ela chama de “Omniverso”, chegou para expulsá-los. O motivo disse ter ocorrido? Riquezas naturais, principalmente o cobre.
Limitados por projeto
Em sua longa entrevista ela fala sobre física, biologia e muitos outros ramos do conhecimento, sempre deixando claro que nós somos uma espécie de segunda linha, cujo cérebro foi construído para não alcançar determinados conceitos e conteúdos. Ou seja, somos limitados por projeto, nossa mente é ilógica e não temos alcance suficiente para entendermos o significado do conceito dos números. Apesar de não ser nada elogiosa, a entrevista é bem interessante, se alguém quiser se aprofundar em suas pesquisas sobre as esquisitices da Ufologia ou ter uma inspiração extra para escrever uma boa ficção.
O que foi mostrado neste artigo é apenas uma pequena parte do que existe sobre os reptilianos dentro e fora da Ufologia. Muito longe de encerrar a questão, nossa intenção foi somente abrir um leque de assuntos dentro de um assunto maior, dando assim ao leitor a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a questão e também, se quiser, fazer suas próprias pesquisas.
Alguns pontos destas circunstâncias, entretanto, quando despidos de sua parafernália sensacionalista natural e artificial, parecem oferecer um rico campo de estudos, com pesquisas específicas para explorá-los. Um deles diz respeito aos depoimentos de Credo Mutwa, que no meio de suas respostas levanta algumas possibilidades interessantes. Como tudo na Ufologia, os reptilianos escondem mais do que revelam, nos instigando a sabermos mais não sobre eles, mas sobre nós mesmos e sobre o estreito limite entre a análise racional de possibilidades e o delírio imaginativo. A frase de Carl Sagan não é nova, mas me parece uma boa maneira de encerrar este texto: “Devemos ter a mente aberta, mas não tão aberta a ponto de o cérebro cair dela”.