Há uma tendência generalizada entre os povos ocidentais de considerar as civilizações islâmicas como sendo avessas a qualquer assunto que não se encaixe diretamente nos estudos do Alcorão. Isso não corresponde totalmente à verdade. Entre outras coisas, por exemplo, os países islâmicos são bastante avançados em diversos campos científicos, gozam de um sistema de saúde normalmente superior ao que se espera de potências em desenvolvimento e a prática de planejamento familiar não apresenta grandes tabus, em contradição com sua rígida moral sexual. Convém lembrar que durante a Idade Média foram os árabes que detiveram o conhecimento filosófico e científico, enquanto que os europeus se restringiam aos monastérios cristãos e a sociedade em geral se camuflava no obscurantismo.
Na religião islâmica de hoje existe o conceito de Aegaz, que é um conjunto de informações referentes às pesquisas científicas retiradas do Alcorão, que curiosamente incorpora o Fenômeno UFO como sendo um tema de estudo aceitável e não como algo marginal ao conhecimento científico. Evidentemente, as conclusões obtidas pelos professores islâmicos sobre o assunto visam adaptar os relatos ufológicos a passagens do Alcorão, em especial a referência aos djins, figuras consideradas pelos ocidentais como gênios, da mesma forma que o da lâmpada de Aladim, e que são constantemente citados na literatura [Veja box]. Eles teriam o poder de se materializar e desmaterializar, bem como flutuar e fazer coisas prodigiosas de todo tipo. Entretanto, não devem ser confundidos com o conceito de anjos, que também existem no Islam e seriam seres que trabalhariam diretamente para Deus, ao passo que os djins são constantemente associados ao demônio, com intenções maldosas ou desconhecidas.
Do Alcorão e das Sunnas, outro livro sagrado do Islamismo, podemos conhecer avançadas tecnologias que não estão presentes na Terra, mas sim no futuro. Segundo o doutor Walid Algorafi, a explicação para a existência de UFOs e alienígenas, do ponto de vista islâmico, está especificada nas publicações sagradas que afirmam que os objetos voadores não identificados seriam seres infravermelhos. Já os ETs seriam como os djins. As Aegaz mais avançadas mencionam que tais entidades teriam a cor vermelha, sendo como o diabo. Os UFOs são compostos por radiações e poderiam ser vistos com câmeras específicas. Os djins usariam a ciência para construir naves e adentrar o espaço. No entanto, o homem faria poucos progressos nesse sentido com sua ciência arcaica.
Visão infravermelha — Nas escrituras sagradas islâmicas há passagens que revelam a habilidade visual do profeta Maomé, que podia ver claramente à noite e de dia, bem como os demônios e os djins. A relação entre sua boa visão noturna e a habilidade em enxergar os djins indica que câmeras infravermelhas auxiliam no avistamento dos gênios. Contam as escrituras que Maomé viajou ao espaço com uma velocidade superior à da luz, sendo que, ao retornar à Terra, sentiu sua cama ainda quente como se a tivesse deixado por apenas um segundo. Isso poderia indicar que o tempo parou em seu planeta. “Verificou que percorrer por milhares de anos o espaço seria como 24 horas na Terra, ou ainda quatro dias seriam apenas um segundo em seu planeta. Ele foi à velocidade do noor, energia que pode ser obtida da luz ou do azeite de oliva da árvore, que não estão no Leste nem no Oeste”, registra o texto sunna. Nesta passagem há uma clara referência aos sintomas conhecidos da perda da noção de tempo [Missing time], que abduzidos de todo o mundo descrevem em suas experiências.
Também podemos estabelecer um paralelo entre a ascensão aos céus de Maomé e a de Enoque, descrita no já conhecidíssimo evangelho apócrifo tão comentado na Ufologia [Veja UFO 89]. “O profeta possui uma segunda visão, a de ferro, pois a de homem é fraca. Ela permite enxergar os anjos, os djins, bem com ver Allah. Tal habilidade localiza-se no peito, no coração invisível, que será acionada após sua morte, inerte no ser humano comum. Mas, como ativá-la em vida? A mesma é responsável pelos sonhos e as entidades aumentam sua atividade à noite, o que indica que o ultravioleta os perturba e assim nos protegeria do demônio, djins e aliens. O desaparecimento dos objetos voadores não identificados significa que, com sua habilidade visual limitada, o homem não consegue perceber que o mesmo ficou infravermelho, invisível aos olhos humanos. Os animais enxergam o ultravioleta, portanto veriam os UFOs”. O texto segue comentando que tudo que se liga a Deus – como orar, por exemplo – geraria luz ultravioleta, ao passo que aquilo que se relaciona aos djins e ao demônio seria infravermelho. Isso denota que a opinião desses acadêmicos com relação ao Fenômeno UFO é essencialmente negativa, já que lhe atribuem uma natureza demoníaca que deve ser combatida e evitada.
De acordo com os grupos islâmicos que mencionam os UFOs e os comparam aos djins, existem diversas características que os complementam. Dentre elas está que os referidos seres em seu estado normal não são visíveis ao homem, podendo se materializar e aparecer no mundo físico a qualquer momento, entretanto, tendo o poder de mudar sua forma. Os integrantes de tal corrente de pensamento acreditam que são mentirosos e enganadores. Deliciam-se em iludir a humanidade com toda espécie de tolice, além do gosto por seqüestrar seres humanos e apreciam a prática do ato sexual com os mesmos. Na literatura árabe há inúmeros relatos de casos de gênios bons ou maus, bem como encontros com tais entidades, santos da fé muçulmana e até com o poeta Jalal al Din Rumi. É notável que os seres são aceitos plenamente pela jurisprudência dos países islâmicos e seu status legal chegou a ser discutido primeiramente em questões de casamento e propriedade. Depoimentos de comércio sexual entre humanos e djins foram de grande interesse para a história árabe clássica, aguardando uma análise do ponto de vista ufológico.
No próprio Alcorão há uma passagem considerada como a confirmação da vida extraterrena, segundo a interpretação de catedráticos islâmicos. “Entre os sinais de Allah está a criação dos céus, da Terra e das criaturas que disseminou. Somente Ele tem o poder de reuni-las se assim desejar”. Esses pesquisadores árabes insistem que a palavra céu, ou Sama, não se refere à criação de aves, e sim ao espaço exterior do cosmos e que está repleto de seres viventes ou animados. Eles teriam corpo em contraste com os anjos, ou seja, seriam indivíduos físicos, não apenas de ordem espiritual habitando os céus. Em outro trecho do Alcorão há a menção de tais criaturas no Dia do Juízo Final islâmico. “Ninguém nos céus ou na Terra, exceto Allah, sabe o que é ocul
to, nem pode perceber quando eles serão revelados para o julgamento”. Ou seja, deve haver outras entidades no universo aptas à ressurreição. A citação também mostra que “…Ele [Allah] tem a contagem exata deles no céu e na Terra. Cada um virá a ter com Ele pessoalmente no dia do julgamento. E àqueles que crêem e praticam atos de retidão Deus outorgará seu amor”.
Cruzar o cosmos — Assim, segundo o Islam, haveria alienígenas crentes ou obedientes a Deus e aqueles que seriam infiéis, capazes de julgamento moral habitando nos céus. Os próprios djins explicam como isso se dá no Alcorão, no texto Surata capítulo 72, versículo de 14 a 15: “Entre nós há os submissos, como também os desencaminhados. Quanto àqueles que se rendem à vontade de Deus, buscam a verdadeira conduta. Já os outros serão combustíveis do inferno”. Destarte, a sentença de Allah no Dia do Juízo Final se estenderia aos seres humanos, bem como aos djins – já claramente interpretados alienígenas –, que compartilhariam a bem-aventurança do paraíso.
Quanto à possível localização dos mundos habitados segue-se o comentário no Surata capítulo 65, versículo 12, no qual o Senhor criou sete céus e terras que foram decifradas como sendo áreas distintas onde o espaço se subdivide, mas que segundo outras interpretações isso seria um erro. Outras passagens falam da expansão do universo. Ele produziria o universo com seu poder criativo e seria o responsável por expandi-lo constantemente. O livro sagrado ainda menciona a possibilidade de se cruzar o cosmos no Surata capítulo 55, versículo 33: “Ó assembléia de gênios e humanos, se sois capazes de atravessar os limites dos céus e da Terra, fazei-o! Porém, não podereis fazê-lo, sem autoridade”. Já no Surata capítulo 72, versículos de 08 a 09, os gênios disseram: “Quisemos inteirar-nos acerca do céu e o achamos pleno de severos guardiões e flamígeros meteoros. E ousávamos nos sentar lá em locais ocultos, para ouvir e quem se dispusesse a escutar agora, defrontar-se-ia com um flamígero meteoro de guarda”.
Djins bondosos — Também foi anunciado por Deus no Alcorão, no texto Surata capítulo 16, versículo 08, que “…Ele [Allah] criou o cavalo, o mulo e o asno para serem cavalgados e para o vosso deleite, além de outras coisas mais que ignorais”. Esta reflexão profetiza a respeito dos meios de transporte que possuímos hoje e que as pessoas daquela época não conheciam. É por meio da mente e da genialidade do homem que o Senhor produz novas coisas até então desconhecidas. Autores asseguram que a mensagem islâmica foi revelada não somente para os seres humanos, mas também para os djins, embora a maioria deles seja considerada como Shaytans, ou demônios. Seja como for, o mais notável em tudo isso é a naturalidade com que o mundo islâmico admite a existência de entidades e mundos não humanos, além de habitantes inteligentes dos céus e submetidos às leis de Allah, em acordo ou desacordo às suas regras.
Surgem com grande freqüência na literatura islâmica diversos relatos sobre a relação entre os djins benévolos e santos muçulmanos. Também há uma compilação importante de textos clássicos árabes produzidos em 995 d.C. [Ano 373 no calendário muçulmano], nos quais há 16 histórias de relações sexuais de humanos com tais seres, de modo similar aos íncubos ou súcubos do Ocidente Cristão, que representam figuras demoníacas intimamente associadas aos vampiros, além de testemunhos atuais de abdução. Os catedráticos islâmicos citam o Caso Villas-Boas para comparação. Em ambas as situações há inúmeras narrações sobre entidades benevolentes e sedutoras.
Em outros casos, humanos são abduzidos por djins e levados a lugares incríveis em um piscar de olhos. Os estudos também surgem depoimentos de que, após a consolidação de uma relação interpessoal entre eles, os mortais envolvidos assumem poderes paranormais, como milagres e clarividência, às vezes voltados para o mal dependendo da aliança assim gerada. As criaturas também manifestam habilidades telepáticas e um irresistível poder de sedução para com os humanos. É desnecessário dizer o quão familiar são esses dois fatores na Ufologia atual. Ou seja, em todos os aspectos os relatos de djins na literatura árabe clássica nos remetem ao comportamento atual dos ETs, pois envolvem abdução, interação sexual, manipulação mental, viagens instantâneas e obtenção de paranormalidade após o contato, além de tudo aquilo que ouvimos atualmente.
Dentre os vários países islâmicos a Malásia se destacou na Ufologia através de diversos congressos ufológicos. O primeiro deles aconteceu em dezembro de 1995, na capital Kuala Lumpur. A Malásia não é somente um importante país islâmico, mas é também considerado um dos tigres do sudeste asiático, muito evoluído tecnológica e comercialmente. O presidente da Malaysian UFO Network Ahmad Jamaludin, correspondente da Revista UFO em seu país, aponta inúmeros fatos apresentados nesses eventos como o que ocorreu em 1970, na cidade de Johore Bahru, quando quatro meninos viram no caminho da escola um pequeno UFO e seis criaturas. As crianças relataram o acontecimento na instituição de ensino e pesquisadores foram analisar o local, onde encontraram apenas o solo chamuscado em alguns pontos. Um episódio semelhante ocorreu em 1973, na cidade de Gambang, próximo a Kuantan, onde dois jovens encontraram humanóides de aproximadamente 10 cm no colégio em que estudavam. Em determinado momento os seres foram capturados, mas de algum modo conseguiram escapar. No mesmo ano, em Bukit Mertajam, alguns rapazes avistaram um UFO pousando no campo de futebol. Naquele momento, criaturas de baixa estatura saíram da nave e tentaram seqüestrá-los. Um deles foi paralisado pelo ET por meio de um raio de luz.
Acontecimentos curiosos na Malásia — Nesta época também foram catalogados dois novos fatos curiosos. Em Ipoh foi registrado um pequeno objeto voador não identificado que pousou próximo a um educandário. Já em Miri Sarawak inúmeras pessoas notaram um grupo de pequenos seres usando roupa branca e máscara. Apesar de baixos pareciam com seres humanos normais, aparentemente homens e mulheres com cabelos longos. Mas não foi observado qualquer veículo. Dentre os principais temas discutidos nos encontros está a peculiaridade dos casos reportados na Malásia, que aconteceram na maioria das vezes em locais próximos às escolas, sendo que grande parte dos indivíduos tinha baixa estatura e apresentava um padrão de aparência e comportamento definido, ao contrário do que acontece em outras partes do mundo.
Em nenhum outro local ocorreu tamanha coincidência nos relatos, como se somente uma única espécie estivesse visitando aquele país. Recentemente novos testemunhos surgiram, apresentando outras características, tais como alienígenas de estatura normal, com orelhas pontiagudas, UFOs de grande proporção etc. Segundo o parecer de ufólogos internacionais, a Ufologia Malaia teria ainda muito a se desenvolver e estaria apenas engatinhando, ao menos no que se refere à coleta desses dados, que são algumas vezes vagos e contaminados por idéias preconcebidas da cultura local [A edição 123 de UFO apresentou um completo panorama da Ufologia Turca, outro país de ampla maioria muçulmana, onde observações de naves alienígenas e até contatos com seres extraterrestres tornam-se cada dia mais freqüentes].
Nuvem gasosa — Segundo acadêmicos de universidades islâmicas, muito do que a ciência diz atualmente já foi anunciado no Alcorão. Por exemplo, a nuvem gasosa que origina todos os corpos celestes do universo está presente nos textos sagrados como no Surata capítulo 51, versículo 47. “Ele voltou-se para o céu quando ainda era apenas fumaça e construímos o firmamento com poder e perícia, e nós o estamos expandindo”. Como se sabe, as estrelas foram criadas pelos gases e vemos que hoje elas ainda estão se formando com o que resta deles. Além disso, as constelações continuam se afastando umas das outras e, como conseqüência, o universo está se expandindo. Essas passagens foram interpretadas como sendo alusões evidentes à nuvem de gás primordial posterior ao Big Bang e, do mesmo modo, uma alusão à idéia do universo em expansão comumente aceita pela ciência hoje.
Outra reflexão considerada como tendo confirmação científica está no Surata capítulo 21, versículo 30. “Não vêem acaso os incrédulos que os céus e a Terra eram uma só massa, que desagregamos e criamos todos os seres vivos da água? Não crêem ainda?” Tal momento é considerado como uma referência à origem cósmica de todos os planetas sólidos a partir da matéria cósmica inicial e, portanto, céu e Terra são essencialmente semelhantes. Além disso, o Alcorão menciona a função protetora da atmosfera terrestre na qual “Ele, o Criador do dia e da noite, fez do céu um teto seguro que afasta os males”. Naturalmente uma referência à camada que nos defende contra os meteoritos e radiações cósmicas, ou aspectos de cunho biológico que hoje parecem óbvios, mas que não eram tão bem compreendidos na Idade Média. Evidentemente os termos utilizados no livro sagrado islâmico são diferentes daqueles que os cientistas empregam atualmente, mas nem por isso são errôneos considerando-se a linguagem empregada na época. Daí a possibilidade de se buscar uma conjugação entre ciência e religião no Islam, ainda que por vezes pareça forçada, permitindo que se complementem em vez de estarem em oposição.
Quem foi Jalal al Din Rumi?
Jalal al Din Rumi é considerado o maior poeta místico do Islam. Nascido na Pérsia em 1207, era um vidente poderoso e muitos acreditavam que era auxiliado pelos djins, o gênios da cultura islâmica, devido a seus incríveis poderes. Tendo escapado dos exércitos mongóis, vagou pelo Oriente Médio por vários anos como peregrino. Em Konya, Turquia, trabalhou para o sultão e fundou no século XIII a Irmandade Mevlevi Sufi. Alguns comparam o pensador a São Francisco de Assis, pelo seu amor aos animais e a tolerância com pessoas de outros credos. Há relatos de seus poderes com relação aos animais, tais como a habilidade de pedir a eles que fizessem silêncio enquanto recitava. Entre outras coisas, Rumi explicou em certa ocasião que “ao se dividir um átomo, era possível encontrar em seu interior algo semelhante a um sistema solar em miniatura e que dentro de cada elemento havia poder suficiente para reduzir o mundo a cinzas”. Ele também se antecipou em muitos séculos ao astrônomo Nicolau Copérnico que afirmou que a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário. O mais espantoso é que o místico revelava que havia no Sistema Solar nove planetas e não sete como se acreditava naquela época. Ao morrer, Rumi alegrou-se com seu “casamento com a eternidade” e aguardou ansiosamente sua noite de núpcias. Deixou uma mensagem para aqueles que quisessem encontrá-lo em tempos futuros: “Não me procurem no túmulo, mas sim no coração dos homens educados”.