Os níveis de radiação na superfície de Marte equivale aos que os astronautas são expostos a bordo da ISS [Estação Espacial Internacional]. A descoberta é mais uma feita pelo rover Curiosity, que pousou na Cratera Gale em 5 de agosto último. As medições do veículo são as primeiras a serem realizadas na superfície de outro planeta.
O Curiosity está equipado com um dispositivo chamado RAD [Instrumento de Avaliação e Detecção de Radiação], destinado a medir os níveis na superfície marciana. Essa sonda permite inclusive que se descubra os níveis passados de radiação, auxiliando a compor a historia do planeta e sua capacidade de abrigar vida, além de verificar a possibilidade de futura exploração humana.
Don Hassler, principal investigador da equipe do RAD, afirmou: “Absolutamente, astronautas podem viver nesse ambiente marciano”. Desde o pouso do rover, a quantidade de radiação se mostrou comparável ao que os astronautas experimentam a bordo da ISS. Tais níveis são metade dos que atingiram o Curiosity em sua viagem de nove meses até o planeta vermelho. Essa descoberta comprova que a atmosfera de Marte, embora extremamente rarefeita [com um por cento da pressão atmosférica da Terra], pode proteger contra partículas cósmicas perigosas. Vale lembrar que o campo magnético do planeta é insignificante.
Hassler apontou que o RAD detectou variações de 3 a 5 por cento nos níveis de radiação ao longo de cada dia marciano, concordantes com o movimento da atmosfera do planeta. Também disse que os dados são preliminares. Um dos experimentos que pretendem fazer é observar como as emissões solares em períodos de grande atividade são absorvidos pela camada gasosa de Marte. A questão chave para uma exploração tripulada é quanta exposição a radiação os astronautas vão acumular, contando com a jornada até o planeta, a estadia e a viagem de retorno à Terra.
Em uma noticia relacionada, alguns sites têm especulado a respeito da imagem que ilustra este texto, divulgada pela NASA pela primeira vez em 2 de novembro. É um auto-retrato do Curiosity feito graças a câmera MAHLI, instalada na ponta de seu braço mecânico de 2,10 m de comprimento. O robô está equipado com 17 câmeras de várias funções mais 10 instrumentos científicos, mas a MAHLI é a única que consegue fotografar certas partes dele, como os braços das rodas e a parte inferior.
Os cientistas da NASA utilizam esses auto-retratos para verificar o estado do rover e de seus componentes. O braço mecânico possui também uma broca capaz de perfurar até 2,5 cm no interior das rochas. A fotografia em questão é composta por 55 imagens separadas em alta resolução, montadas a fim de compor um quadro completo do Curiosity e do ambiente ao redor. Porém, certos sites apontam para a ausência do braço mecânico nas fotos, tecendo insinuações as mais despropositadas, quando evidentemente o instrumento foi apagado devido ao processo de composição das imagens. Infelizmente, os que desejam espalhar mistificações utilizam qualquer desculpa absurda em seus propósitos escusos.
Assista à conferência onde os dados do RAD foram apresentados
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa