São poucas as histórias conhecidas sobre acidentes e apreensão de objetos voadores não identificados em áreas militares. A maioria é proveniente de civis, que estavam no lugar e na hora certos. O relato da destruição de uma aeronave próxima à Base Aérea de Nellis, nos arredores de Las Vegas, no estado de Nevada, em 1962, é uma exceção à regra. O vasto complexo militar abrigaria um UFO, como denunciaram dezenas de testemunhas de primeira mão. Contudo, como muitos dos relatos sobre acidentes com UFOs, o caso em Las Vegas foi negligenciado pela maioria dos ufólogos. Frank Edwards escreveu um pouco sobre o episódio no livro Strange World [Mundo Estranho, Penguin Group Editors, 1979]. Embora tenha tido apenas a ajuda de sua memória para a composição da obra, e verificado mais a fundo as informações, ele trouxe à tona as dados mais básicos sobre o caso antes de qualquer um. Segundo Edwards, um objeto avistado sobre Oneida, em Nova York, seguiu na direção oeste.
Houve relatos também em Kansas e Colorado e indicações de alguma coisa vista próximo ao solo em Eureka, Utah, todos nos Estados Unidos. Algo brilhante o bastante para iluminar as ruas de Reno, Nevada, como se fosse o Sol do meio-dia, e depois se dirigir para Las Vegas. Em seguida, desapareceu dos radares da Base Aérea de Nellis, a 3.000 m de altitude. Esse objeto foi visto por milhares de pessoas enquanto cruzava o céu do país na noite de 18 de abril de 1962. A Força Aérea Norte-Americana (USAF) e os céticos logo disseram que se tratava de um bólido, um meteoro tão brilhante que podia iluminar a noite escura como se fosse dia. Edwards afirmou que somente um jornal publicou notícias sobre o evento, o Las Vegas Sun. Ele não fez pesquisa alguma sobre o fato, apenas utilizou o material apresentado pelo diário.
A edição do dia 19 de abril estampava: “Brilhante explosão ilumina Las Vegas”. Não havia dúvidas de que algo, testemunhado por muitas pessoas, tinha acontecido. No parágrafo inicial, Jim Stalmaker, repórter do jornal, contou que uma grande operação de busca foi deflagrada naquele dia. O porta-voz do Comando de Defesa Aérea da América do Norte [North American Aerospace Defense Command, NORAD], em Colorado Springs, Colorado, tenente-coronel Herbert Rolph, disse aos repórteres que as primeiras testemunhas, em Oneida, viram uma bola vermelha brilhante indo na direção oeste da cidade. Ela estava a grande altitude, não emitia som e desapareceu em questão de segundos. Os radares detectaram o objeto, e os operadores observaram-no cruzando o país para o meio-oeste. O NORAD alertou várias bases, inclusive a de Nellis. Documentos indicam que aviões partiram da Base Aérea de Luke para interceptar o alvo.
Em Nephi, Utah, segundo o jornal de Las Vegas, outras testemunhas também disseram ter visto um objeto vermelho brilhante. Quando ele cruzou o céu da cidade, ouviu-se um barulho parecido com turbinas. Edward acreditou tratar-se dos motores dos aviões que perseguiam o objeto. Então, o UFO desceu próximo a Eureka, provocando uma pane na rede elétrica local. Minutos depois, rumou para o oeste, sendo novamente visto em Reno, Nevada, onde fez uma curva na direção sul, até desaparecer da tela dos radares, a leste da cidade de Las Vegas.
À procura de destroços — Naquele dia, as linhas telefônicas da delegacia de polícia do Condado de Clark, vizinho a Las Vegas, ficaram congestionadas por pessoas que queriam saber o que tinha causado aquela explosão. As testemunhas disseram que o objeto estava perto de Las Vegas quando explodiu. O ajudante do xerife, Walter Butt, que liderou a unidade de busca e resgate, vasculhou a área de Spring Mountain para encontrar os destroços. Em entrevista concedida em novembro de 1988, Butt disse que a operação foi realizada com o auxílio de aviões. Eles não encontraram nada de importante, exceto algumas cinzas que poderiam facilmente ser de uma fogueira. Como ninguém informou a queda ou o desaparecimento de uma aeronave, Butt cessou as buscas. Outra testemunha do fato foi o fotógrafo Frank Maggio, do jornal Las Vegas Sun.
Maggio descreveu o objeto, em entrevista ao pesquisador Kevin Randle, como semelhante a uma grande espada incandescente e disse que houve várias detonações até a explosão final em Las Vegas. O alvo seguinte parecia óbvio. Em 1969, a USAF anunciava o fim do Projeto Blue Book. Seis ou sete anos depois, seus arquivos foram liberados. Qualquer um que fosse à Base Aérea de Maxwell, no Alabama, poderia acessar esses arquivos. Não muito depois disso, eles foram transferidos para o Arquivo Nacional, em Washington, e colocados em microfilmes.
No dia 18 de abril, conforme os arquivos do projeto, o radar da Base Aérea de Nellis detectou o que foi primeiramente chamado de “objeto voador não identificado”, mas depois mudou para “dados insuficientes para uma análise científica”. No documento ATIC Form 329, do Centro de Investigação Técnica da Aeronáutica [Air Technical Investigation Center, ATIC], o caso foi resumido como “identificação pelo radar”, com o seguintes detalhes: “A velocidade do objeto variava. Observação inicial a 060, sem elevação. Desaparecimento a 105º a 3.050 m de altitude. Direção nordeste, entretanto, desapareceu instantaneamente ao sul. Sem contato visual”. Essa última afirmação foi ridícula. Como sem contato visual, se as pessoas em Las Vegas ligaram para a delegacia de polícia? E Walter Butt, que relatou o brilho do objeto e liderou um grupo de busca e resgate no deserto? Kevin Randle continuou sua pesquisa à procura de referências do avistamento em Eureka, que estavam disponíveis no Las Vegas Sun, mas não nos arquivos da USAF.
Não havia qualquer notícia sobre observações no dia 18 de abril em Utah, mas no dia 19 falava-se sobre um meteoro – e notas futuras mostraram que houve avistamentos no dia 18. “Objeto veio da direção de Cuba e aparentemente pousou em algum lugar a oeste de Eureka, brilhante o bastante para confundir as células fotoelétricas que controlam as luzes das ruas. Vários relatos foram recolhidos pelo coronel Friend e pelo doutor Joseph Allen Hynek. A conclusão deles foi a de que era provavelmente um meteoro”. Existe também uma pasta de arquivos, que não estava no lugar dos acontecimentos ocorridos em 1962, com vários relatos de militares obtidos logo após o incidente. De acordo com o capitão Herman Gordon Shields, que foi interrogado na Base Aérea de Hill por Douglas Crouch, chefe da Seção de Investigações Criminais:
“Pilotava um avião C-119. Estávamos a aproximadamente 3 km de L
a Van, Utah, a 2.592 m de altitude. Ao completarmos uma curva, a cabine do avião iluminou-se. A iluminação vinha de cima. A primeira impressão que tive era de que se tratava das luzes de aterrissagem de outro avião. É claro que quando a intensidade aumentou descartei essa hipótese. Continuamos a fazer a curva lentamente. A intensidade da luz aumentou até que pudemos ver objetos no solo, tão brilhantes como o dia. Deveriam ter mais de 6 m de diâmetro. Eles apareceram também nas montanhas ao nosso redor. Suas cores eram claramente distingüíveis. Após algum tempo, a intensidade da luz diminuiu na mesma velocidade que tinha aumentado, mas ainda continuamos a ver sua fonte. Foi então que percebi um objeto à minha esquerda. Naquele momento, a luz já não era tão forte e não iluminava mais a montanha. O objeto tinha a aparência de um cilindro, sendo que a parte da frente ou inferior era muito brilhante, com uma intensa luz branca, parecida com fogo de magnésio. A parte de trás, no entanto, tinha cor amarelada. Posso dizer que se dividia em duas partes, uma intensamente branca e outra amarelada”.
No mesmo relatório, o capitão Shields mencionou: “Vi somente um objeto delgado. Não sei qual era a sua forma… Não tinha exaustor e não deixava rastro. Observei-o por um ou dois segundos”. Disponível também nos arquivos de Eureka estava um relatório não classificado da inteligência [Espionagem], de seis ou sete páginas. Várias testemunhas relataram somente uma bola de fogo passando sobre suas cabeças. Eles contaram que ouviram também uma série de explosões e um rastro de fumaça. Um homem na cidade de Silver City, em Utah, cujo nome é mantido em sigilo pela USAF, afirmou que o objeto era uma esfera brilhante do tamanho de uma bola de futebol. Apresentava cor branca, com partes amarelas, e uma chama também amarelada na parte de trás, confirmando a descrição do capitão Shields. A testemunha não identificada contou que “quando o objeto passava sobre Robinson, diminuiu sua velocidade e parou no ar. Um som de motor engasgado foi ouvido e depois ele continuou. Em seguida, esse procedimento foi feito umas três ou quatro vezes, quando então o objeto começou a descer na direção do solo, antes de mudar sua cor para azul e no final escurecer totalmente, quando começou a balançar”. No final do seu relatório, Crouch concluiu:
“Análises preliminares indicaram que as duas testemunhas são pessoas equilibradas e maduras, e cada uma tem certeza de que viu um objeto tangível, não um balão ou algum tipo de aeronave. A teoria de que se tratava de uma aeronave foi abandonada devido à descrição da forma, da cor e da cauda ‘flamejante’ do objeto, acrescentado ao fato de que não houve informações sobre aeronaves perdidas. Nenhuma condição meteorológica ou astronômica foi apresentada para que pudesse identificar o fenômeno. Ademais, não foram conduzidos testes de mísseis no período. A hipótese de o objeto ser um meteoro é questionada devido à sua trajetória retilínea e ainda graças aos sons emitidos pelo mesmo. Em função da inacessibilidade ao vale, onde aparentemente o objeto caiu, nenhuma busca a mais foi realizada. Como complementação deste relatório, nenhuma explicação foi apresentada para a iluminação das áreas, do objeto em si ou para a explosão”.
O relatório final foi assinado por Douglas M. Crouch e pelo major Charles W. Brian, chefe da Divisão de Segurança, ambos lotados na Base Aérea de Hill, Utah. A investigação dos avistamentos pela Força Aérea Norte-Americana (USAF) também revelou que o objeto caiu próximo a Eureka. Era alaranjado e extremamente brilhante. Mesmo com as conclusões tiradas da primeira investigação, a USAF enviou J. Allen Hynek e o tenente-coronel Robert Friend para Utah no dia 08 de maio de 1962. Crouch os acompanhou nas investigações. Após um dia inteiro procurando as testemunhas, concluíram que os moradores da cidade tinham visto um fenômeno muito raro, conhecido como bólido. Esse seria o fim do caso. Posteriormente, Friend escreveria para o major Hart:
“O número de relatos gerados pelo avistamento no dia 18 de abril de 1962, e o fato de a investigação da USAF ter dado uma conclusão negativa de que seria um meteoro, incitou a Divisão de Tecnologia Estrangeira a investigar o caso. A investigação foi completada num dia inteiro e foi concluído se tratar de um bólido. Apenas uma tentativa de localizar o objeto foi feita, mas esse esforço falhou devido ao tempo transposto do dia dos avistamentos até a nossa investigação. Estudos mais profundos desse avistamento indicam que o meteoro caiu em algum lugar da Floresta Nacional de Watsch”.
A declaração de Friend, o fato de que ele e Hynek tinham ido ao local e a falta de datas que correspondessem ao fato indicaram que essa seria a resposta mais coerente. Mas este caso não termina aqui. Segundo o Nevada State Journal, o objeto sobrevoou a cidade de Reno, passando de leste para oeste, ao contrário do que disseram as testemunhas em Utah – que o UFO teria seguido de sudeste para nordeste. O objeto mudou seu curso, coisa que um meteoro não é capaz de fazer. Entre os primeiros a avistar o artefato estava o xerife Raymond Jackson, da cidade de Nephi. Segundo relatou, estava na rua principal da cidade quando ouviu um tipo de bramido. Ao olhar para cima, deparou-se com uma chama branco-amarelada indo para o oeste, ouviu alguns estouros e avistou as luzes de Nephi se apagarem. “As luzes apagaram-se e voltaram rapidamente”, disse. Esse fato se tornaria uma evidência importante mais tarde.
Interrogados pelos militares — Também na área de Nephi estavam Maurice Memmott e Dan Johnson. De acordo com a história publicada no jornal Nephi Times News, de Utah, os dois homens encontravam-se no sul da cidade trabalhando em uma fazenda, quando o objeto apareceu. Memmott afirma não se recordar muito bem do evento, somente de uma luz brilhante no céu, que iluminava todo o solo. Dan Johnson, por outro lado, lembra-se vivamente do fato. “Nós dois estávamos no campo naquela hora. Não havia luzes e por isso estávamos na escuridão total. Aquilo veio na nossa direção e passou direto sobre nossas cabeças. Era uma luz muito brilhante”. Johnson não se recorda se o objeto emitiu algum som, mas afirma que desceu em algum lugar a não mais de 10 km de onde estavam. Ele também disse que vários homens apareceram e o interrogaram, juntamente com Memmott. Os homens então pediram para que apontassem para o local onde o objeto tinha pousado.
O Nephi Times News confirmou a história de Johnson e acrescentou uma nota interessante. A especulação é que aqueles homens não eram da USAF, mas soldados do Exército do Campo de Provas de Dugway, uma base localizada em Utah. Comparando-se as datas que constam no relatório de Friend com a informação disponível no Nephi Times News, parece que a conclusão está correta. Dois grupos de investigação fizeram seu trabalho em Nephi depois do ocorrido. E poucas pe
ssoas lembram-se de terem falado com o coronel Friend e com o doutor Hynek. Friend, ao que parece, estava uniformizado durante o dia que se encontrou no local. Não existe possibilidade de que dois grupos tivessem sido confundidos.
O sargento E. C. Sherwood, da Patrulha Rodoviária de Utah, também estava em Nephi naquela noite. Ele olhou para o céu, viu uma bola de fogo e pensou que fosse alguma coisa disparada da Base de Mísseis de White Sands. “Era uma luz muito brilhante, quase azul, e pareceu explodir sobre mim, criando uma nuvem de faíscas brancas”, disse. A esposa de Sherwood ouviu a explosão e correu para a rua. Ela viu a luz e nada mais. Outros vizinhos também correram para ver do que se tratava aquilo. Vários outros moradores de Nephi relataram a explosão ou um barulho estranho. Alguns deles contabilizaram uma série de 30 a 40 explosões. De Nephi, o objeto seguiu na direção nordeste, a caminho de Eureka, passando sobre Bob Robinson e Floyd Evans. Conforme Robinson, os dois estavam viajando para Eureka quando pararam para um descanso. Robinson viu a luz e apontou para Floyd. Eles pensaram que fosse um avião. O objeto aproximou-se rapidamente deles, mas seguiu direto. Era incandescente e Robinson acredita ter visto uma fileira de janelas, apesar da intensa luminosidade.
Ambos ficaram paralisados de medo, o que os fez entrar na camionete para se proteger. O motor do carro começou a estalar e a engasgar e seus faróis oscilavam à medida que o objeto passava sobre eles. Quando o artefato os alcançou, diminuiu a velocidade como se estivesse observando a camionete. O evento durou uns dois minutos. Quando o objeto desapareceu, os componentes elétricos do carro voltaram a funcionar. Ao chegar em casa, a esposa de Floyd olhou para o rosto dele e perguntou se havia visto um fantasma. Ele não precisou responder, pois ela também tinha avistado o estranho objeto. Tudo se deu quando se encontrava sentada dentro de casa e ouviu o barulho do objeto passando. Pôde observar somente uma luz, que iluminou o interior da casa por completo. Mas ela não foi a única a observar o fenômeno. Joseph Bernini, delegado de polícia, estava numa reunião no centro da cidade quando o grupo foi surpreendido por um estrondo. Ele relatou ter visto uma luz muito brilhante, embora não o objeto. Bernini permaneceu dentro da sala de reunião o tempo todo. À medida que o objeto passava sobre Eureka, as luzes das ruas se apagavam.
Em entrevista posterior, Bernini disse que a iluminação das ruas era feita através de um sistema fotoelétrico, e o brilho causado pelo objeto teria afetado esse sistema. Muitas pessoas que tinham observado aquilo também comentaram que o possível UFO estava a centenas de metros de altura e que havia outro objeto visível atrás daquele brilho. O doutor Robert Kadesh, professor de física na Universidade de Utah, cuja família havia testemunhado o evento, disse que as pessoas, do solo, ao olhar para cima, não tinham pontos de referência, tornando assim, para elas, impossível estimar o tamanho e a distância do objeto, especialmente porque não tinham certeza do que observavam. Kadesh, que não avistara o objeto, continuava dizendo que se tratava de um bólido. Quando perguntado sobre o que a tripulação do avião viu abaixo deles, apenas respondeu: “Essa informação é muito vaga. Poderia ser a curvatura da Terra”.
Mas em Reno, Nevada, havia outra complicação. Homer Raycraft afirmava que avistara uma enorme bola de fogo no céu, que desapareceu atrás de uma montanha. Pouco depois surgiu um grande brilho. Outras pessoas na mesma cidade, como Dwight Dyer, chefe da agência de notícias Associated Press em Reno, controladores aéreos do aeroporto local, assim como em Elko e Las Vegas e a tripulação de um avião também relataram ter visto a grande explosão. Segundo oficiais da Base Aérea de Stead, em Utah, um piloto da Bonanza Airlines afirmou que uma luz passou por baixo de sua aeronave, a 3.300 m de altitude. Aquilo fez duas outras tripulações relatarem também que o objeto passara abaixo de seus aviões.
Radares não detectam meteoros — Com base nesses relatos independentes, a teoria do bólido foi descartada, pois nenhum meteoro permanece no céu por tanto tempo. No entanto, outro problema apareceu quando todo o material de um jornal de Reno foi revisto. O tablóide publicou um desenho mostrando a rota do objeto quando atravessou Nevada. O problema é que a figura mostrava o possível UFO vindo do norte, e depois caindo perto de Eureka. Porém, conforme as testemunhas, ele vinha da direção oposta. Se fosse realmente uma bola de fogo, todos teriam dado a mesma direção de vôo. O Los Angeles Times publicou que o objeto foi visto sobre Reno. Então, a pergunta continua: como pode ter sido um meteoro?
Ademais, um porta-voz da Base Aérea de Nellis disse que os radares não detectam meteoros. O rastro ionizado pode algumas vezes ser detectado, mas essa possibilidade é remotíssima. Como sabemos que o objeto visto em Las Vegas é o mesmo relatado sobre Utah e Reno? Isso é possível se considerarmos dois avistamentos: um em Las Vegas, no dia 18 de abril, e outro no dia 19, em Utah. Não se tem muita coisa incomum para explicar. Um meteoro caiu perto da cidade de Eureka e algo foi detectado pelos radares em Las Vegas. Mas para alguns ufólogos isso não estava bem certo. Kevin Randle investigou o caso e chegou até um homem, que preferiu permanecer anônimo, que estava em Eureka na noite em que o “meteoro” caiu. Ele dirigia pela cidade quando avistou uma bola brilhante alaranjada próxima ao chão, que depois subiu novamente. Aquilo apagou as luzes das ruas da cidade. Algo que um meteoro não faz. O homem estava perto o suficiente para ver que o UFO tinha formato oval e emitia um zumbido. Depois, o objeto levantou vôo na direção do Nevada. Ele o observou até perdê-lo de vista [Veja o documentário em DVD Acidente em Roswell, código DVD-006 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
O ponto aqui é que existe uma testemunha que avistou o objeto cair próximo a Eureka, assim como outros. Mas diferente deles, este viu aquilo subir de novo e continuar seu trajeto, o que mostra que o objeto não terminou seu vôo sobre Utah. Ligando aos relatos em Nevada, sugere-se que um único objeto foi responsável por todos os avistamentos. A Força Aérea Norte-Americana (USAF), que tinha todos os relatos, partiu do mesmo princípio. Para tanto, cruzou os dados registrados. Os militares das Bases Aéreas de Stead, Nellis e do NORAD chegaram à mesma conclusão. Os relatos vindos de Utah e Reno afirmam que o avistamento ocorreu com uma hora de diferença entre as duas cidades: em Utah, às 20h15 e, em Reno, às 19h15. O radar de Nellis, segundo o arquivo oficial da USAF, registrou que o avistamento ocorre
u 60 minutos depois dos eventos em Utah, mas o porta-voz de Nellis disse que o Comando de Defesa Aéreo foi alertado sobre o rastro de fogo às 19h20. Ou seja, somente alguns minutos depois do de Utah.
Alguns minutos de diferença — O mais importante é que aviões decolaram da Base Aérea de Luke, em Phoenix, para interceptar o objeto depois que o radar o havia feito. Documentos dos arquivos do Projeto Blue Book indicam que outros aviões partiram também de Nellis. Vale ainda ressaltar que a cronologia dos relatos arquivados no referido projeto está equivocada. O caso de Utah tem a data anotada como zulu ou hora de Greenwich, ou seja, mais seis horas em relação à hora local. Acrescente seis horas à 20h15 e você estará tomando seu café da manhã! Em rápida olhada nos arquivos é possível constatar que o caso em Utah aconteceu no dia 19 de abril e o de Las Vegas, no dia 18. Acompanhando pelos papéis, os avistamentos parecem ter acontecido em dias separados, quando na verdade ocorreram com apenas alguns minutos de diferença.
A USAF trabalhou para esconder as informações sobre o incidente para que aparentasse uma série de simples avistamentos de fácil explicação. No entanto, investigações revelaram que o caso tinha estrita ligação com o Fenômeno UFO
— Wendelle Stevens, autor, ufólogo e coronel da Força Aérea Norte-Americana (USAF)
Existem outras notas interessantes nos arquivos oficiais. Um porta-voz da 28ª Divisão Aérea da Base de Stead admitiu que o fornecimento de energia elétrica em Eureka foi interrompido e que os aviões saíram de Nellis por causa do monitoramento dos radares. Então, no dia 21 de setembro de 1962, o major C. R. Hart, da Secretaria de Informação Pública da USAF, respondeu a uma carta enviada por um morador de Nova York, dizendo assim: “Os registros oficiais da USAF listam o avistamento do dia 18 de abril de 1962 como não identificado, sem dados suficientes. Existe uma nota adicional que indica, para todos os efeitos, que o alvo detectado é característico de um avião U-2 ou de um balão para grandes altitudes, mas as informações não são suficientes para uma avaliação final. O fenômeno relatado não foi interceptado nem foram disparadas armas contra ele”.
Não foi interceptado? Com relatórios que mostram claramente que aviões de combate foram enviados de Nellis e outros de Luke? E sobre a explicação de que o alvo detectado era um U-2 ou um balão? O que era aquilo? Um balão mudaria a rota ou iria contra o vento? Ou ainda, iluminaria uma cidade? Um U-2, controlado por um piloto, não poderia fazer movimentos erráticos. Com certeza o operador de radar poderia determinar se o objeto era um balão ou um avião U-2. A resposta dada ao homem que escreveu a carta foi uma mentira. As evidências nos arquivos mostram isso. Porém, o mais importante é o fato de que a USAF estava afirmando que o objeto podia ser um U-2 ou um balão. Não existem registros de balões ou vôo de avião daquele tipo. Poderia ser um balão como poderia ser um U-2. Mas não era nenhum dos dois.
Ademais, existe um relato de que o objeto era tão luminoso que apagou as luzes das ruas de Eureka. Essa é uma boa e lógica explicação para a falta de energia, mas não serve para todos os fatos. As luzes em Nephi, segundo Raymond Jackson, também se apagaram. E próximo a Eureka, Bob Robinson disse que o motor e os faróis de sua camionete foram afetados enquanto o objeto passava acima da sua cabeça. Parece que o UFO estava exibindo o mesmo efeito eletromagnético que tem sido relatado em vários avistamentos até hoje. Então, o que temos aqui? Temos a história de um objeto que foi visto iniciar sua viagem sobre Oneida, Nova York, por milhares de pessoas. Em Utah, aproximou-se do chão, pousou e depois levantou vôo, mas não no dia 19 de abril, como disse a USAF, e sim no dia 18. Ele estava tão perto do chão que moradores do centro da cidade puderam observá-lo muito bem. Logo depois, manobrou perto do solo lentamente e arremeteu [Veja o documentário em DVD Segredos Governamentais, código DVD-005 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
Várias testemunhas, em diversos locais de Utah, indicaram que o objeto tinha pousado em Eureka ou Nephi. Uma delas, inclusive, relatou tê-lo visto no chão e depois decolado. Ele continuou a sua jornada até chegar perto da cidade de Reno, virou para o sudoeste, voou sobre Las Vegas, onde foi detectado pelos radares, e explodiu. Documentação sobre os avistamentos estão disponíveis em vários jornais, como o Las Vegas Times, Los Angeles Tribune, Desert News and Telegram, Salt Lake Tribune, Eureka Reporter e Nephi News Leader. Há também informações acessíveis nos arquivos do Projeto Blue Book. Esse é um caso que demonstra a política de acobertamento dos fenômenos ufológicos desenvolvida pela USAF. Não há qualquer constrangimento em se trocar datas para despistar evidências que atestem a veracidade do Fenômeno UFO. O que deixa claro que os investigadores militares, quando apresentam alguma solução, não conseguem responder à perguntas básicas.
O que significa que um oficial que dê explicações sobre um avistamento como sendo um U-2 ou um balão saberia que todos os vôos acima dos 4.270 m de altitude são cuidadosamente monitorados. E que os U-2 não são um teco-teco que opera abaixo da altitude crítica dos 4.270 m. Vôos são planejados e registrados, e esses registros existem. Se realmente havia um U-2 naquele dia, a USAF poderia ter provado. A mesma coisa pode ser dita a respeito de um balão para grandes altitudes. Parece que a USAF adora oferecer a hipótese de um balão como explicação para o fenômeno, tal como em Roswell. Já em 1962, eles eram monitorados religiosamente. Com tantos aviões utilizando o espaço aéreo, os militares não podiam correr o risco de ter um acidente entre um balão e um avião. Eles sabiam onde os balões estavam e que tipo de rastros deixavam.
E, finalmente, os registros da USAF cruzaram os dados dos dois eventos, embora tenham eventualmente separado as duas ocorrências, de Las Vegas e Utah. Numa página do documento, que aparece antes do relatório de Douglas Crouch, um oficial não identificado escreveu: “No dia 18 de abril de 1962, o NORAD foi confundido por um objeto aéreo que explodiu e que parecia um meteoro, mas tinha uma diferença, foi detectado pelos radares de Las Vegas, Nevada, num flash cegante. Um alerta dado pelo NORAD informou que o objeto foi detectado e monitorado sobre Nova York, Kansas, Utah, Idaho, Montana, Novo México, Wyoming, Arizona e Califórnia, e sua luz iluminava área tão vasta quanto a atingida pela bomba de hidrogênio testada no Pacífico”.
Sem interesse verdadeiro — Essa notificação não está no caso de Las Vegas e sim de Utah, e mostra que radares de outros estados do país, de Nova York até a Califórnia, monitoraram o objeto. O tempo de vôo, segundo os
relatos de Las Vegas, foi de 30 minutos. É muito tempo para um meteoro! Com os casos isolados, a USAF podia lidar com eles facilmente. O de Utah, por exemplo, seria um bólido. Robert Kadesh, um cientista não envolvido com o Projeto UFO, da Base Aérea de Wright-Patterson ou Divisão de Tecnologia Estrangeira, deu um testemunho plausível sobre o fato. Suas declarações correram os Estados Unidos, pareceram convincentes e foram aceitas, mesmo que para isso os testemunhos de outras pessoas fossem ignorados. É fácil aceitar as explicações da USAF para o episódio se forem analisadas separadamente. Crouch e Brian disseram que não tinham explicações para os avistamentos.
Isso também revela que a USAF não está interessada em investigações ou em solucionar mistérios. Eles querem é esclarecer os casos, rotulando-os e pronto. Sabemos disso porque interrogaram as testemunhas em Utah, como Bob Robinson e Floyd Evans, além de dezenas de testemunhas, algumas das quais descreveram o objeto e disseram que estava bem perto do solo. Eles sabiam que uma pane elétrica havia interrompido o fornecimento de energia na área, mas relataram somente que a luz era tão forte que tinha afetado os sistemas de células fotoelétricas de Eureka. Ou seja, negligenciaram informações que não condiziam com a explicação de que se tratava de um bólido. Alguma coisa extremamente extraordinária aconteceu na noite do dia 18 de abril de 1962. A USAF ofereceu uma série de explicações, ignorando os fatos. Mas as testemunhas que estavam lá, na data do episódio, sabem a verdade. Elas viram alguma coisa do espaço e não era um meteoro. Tratava-se de uma nave extraterrestre.